Posted por em 20 jun 2015

Decors-Evange

Estudo oferecido no Grupo Espírita Casa do Caminho, Guará II – A Lição da vigilância (mp3)

Separador-Evange

Começamos por um texto de Mateus em que ele discorre sobre o encontro de Jesus com seus discípulos, em momento que antecedeu sua ida a Jerusalém:

“Tendo Jesus chegado às regiões de Cesareia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?

Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas.

Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou?

Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.

Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 16: 13 a 17)

Mais adiante Jesus revela a eles as experiências pelas quais iria passar:

”Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse.

E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá.” (Mateus 16: 21 e 22)

Neste momento Jesus olha para Pedro e lhe diz que ele não mais estava falando por revelação do Pai e sim por inspiração de espíritos não esclarecidos, como que a tentá-lo, à semelhança de adversários do Evangelho que só compreendem as coisas sob o olhar dos homens.

Simão Pedro pede a Jesus que esclareça a ele por que razão o Mestre repreendera-o, ainda sem compreender o que se passava, pois em momento anterior Jesus dissera que ele falara inspirado por Deus e, em outro momento, dissera que estivera inspirado por adversários do Evangelho.

Jesus então esclarece que ele, Pedro, ainda não compreendera o sentido da vigilância. Faz-se necessário que observe em todas experiências a oportunidade de iluminação interior, em sua jornada para o encontro com o Pai. Vigiar sempre o espírito para manter o equilíbrio e a sensatez na condução dos seus pensamentos, tendo como fundamento os ensinamentos, a confiança e a fé.

Nossas reflexões e conclusões transitam pelos valores elevados, bem como pelos valores terrenos com muita facilidade, sendo imprescindível que estejamos atentos e vigilantes quanto ao que pensamos e dizemos.

Vale refletir um pouco mais sobre a passagem em que Jesus esclarece sobre as experiências pelas quais iria passar quando retornassem a Jerusalém, culminando na morte e ressurreição no terceiro dia.

Em determinado momento em que Jesus discorria sobre as dores que iria vivenciar, Felipe pergunta:

– “Mestre, como pode ser isso, se sois o modelo supremo da bondade? O sofrimento será, então, o prêmio às vossas obras de amor e sacrifício?: (1)

Jesus responde esclarecendo ser a sua experiência tão-somente o cumprimento da vontade do Pai que o enviou para a missão de acolher e auxiliar os espíritos escravizados pelo sofrimento e pela expiação.

Houvera o Mestre dito:

“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.

Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia.

Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6:37 a 40)

Ele viera ao mundo para dar legítimo testemunho e este só se faz com plena demonstração dos valores íntimos legítimos.

Exemplifica esclarecendo que não se oferece conforto a um náufrago simplesmente dirigindo-lhe uma voz amiga na praia. Para salvá-lo é indispensável mostrar-lhe o caminho que permitirá a ele sair da situação, dispondo-se mesmo a atirar-se às ondas, enfrentando dificuldades e perigos para resgatá-lo.

Para auxiliar um amigo devemos ser acolhedores e fraternos, avaliando bem as palavras para que não sejamos inoportunos. Devemos atenuar-lhe as dores e o peso da jornada. Levarmos a mensagem e o conforto espelhados no amor de Jesus.

Vale lembrarmo-nos da passagem do Evangelho em que Mestre nos diz:

“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.

Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.” (Mateus 11:29 e 30)

Esta passagem remete-nos ao tema Compaixão, que podemos interpretar assim:

“Eu estou em você e você está em mim.

É assim que nos sentimos quando a compaixão vibra em nosso Ser.

Quando sinto uma dor, não é só eu quem a sente. Sentem todos aqueles que estão conectados pela compaixão.

Quando alguém sofre, sofrem também as pessoas que têm sua alma interligada, pois serão uma só pessoa, uma só alma.

Na realidade, mesmo quando não existe a compaixão no coração de alguém, ele sofre, pois somos um só no Universo.

O que a compaixão proporciona é a consciência desse sentimento e nos impulsiona à ação de querer encontrar um caminho para reduzir o sofrimento do outro.

A compaixão é um sentimento que promove uma ação positiva em direção ao equilíbrio e à harmonia do Universo.” (2)

Temos consciência de que não é fácil internalizarmos tantos conceitos e fazer deles uma prática constante em nossas vidas. Ainda estamos em situação de discorrermos sobre nossas frustrações e fragilidades para nos desculparmos diante do que o Mestre espera de nós.

A prática dos ensinamentos em nossas vidas mostrar-se-á mais fluente a partir do exercício constante e de forma disciplinada dos preceitos evangélicos.

De início, essa prática se dará como um exercício de disciplina e determinação, tendo em vista o nível evolutivo em que ainda nos encontramos.

O importante, portanto, é tornar a prática desses ensinamentos um caminhar de compaixão, de entendimento, de respeito, de caridade, de amor.

Será o repetir, o corrigir, o observar, retornar ao ponto original de eventuais erros, perseverar na prática dos ensinamentos. É a formação do hábito na prática das Leis, com consciência e compreensão dos desígnios maiores; firmeza de propósitos no caminhar em direção à nossa evolução espiritual.

O exercício constante dessa prática fará com que internalizemos os conceitos de tal forma que, a partir de determinado momento, nossas ações serão coerentes com os ensinamentos evangélicos de forma natural, espontânea.

Este nível de conscientização do aprendizado passa, inevitavelmente, pelo conhecimento de si mesmo. Ao darmo-nos conta da essência do Evangelho do Cristo passaremos a nos observar melhor – comportamento, valores, conceitos, emoções, sentimentos – e identificaremos em que ainda precisamos melhorar para efetivamente termos coerência entre o que estamos a aprender e o nosso agir. É a efetivação do aprendizado em nossas vidas.

Diz-nos Kardec na apresentação do Evangelho Segundo o Espiritismo: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”

A fé verdadeira decorre do conhecimento, como resultado da busca pelo aprendizado.

No que diz respeito ao Evangelho do Cristo, é buscar entendimento sobre os ensinamentos trazidos pelo Mestre. “Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.” (João 6:45)

Precisamos ser ensinados por Deus, aprender com Jesus, o Cristo.

Para tanto não basta conhecer o Evangelho, é aprender a essência dos seus ensinamentos. E não é só deter profundo conhecimento das passagens inseridas no Evangelho, é imprescindível que façamos desses ensinamentos nossa diretriz de vida. Praticar as orientações traçadas por Jesus e exemplificadas em todas as suas atitudes.

Emmanuel alerta-nos sobre as diferentes maneiras de nos apresentarmos perante Deus e perante o mundo que nos cerca. Quando estamos em prece, colocamo-nos com brandura e entendimento buscando a misericórdia do Pai, aguardando tolerância e Amor diante das nossas necessidades. No entanto, quando estamos nos nossos afazeres do dia-a-dia, ficamos invigilantes nas relações interpessoais, nem sempre de forma branda ou fraterna. Diz-nos Emmanuel textualmente:

“Urge, porém, reconhecer que Deus está em toda parte, e, em toda parte, é forçoso comportarmo-nos como quem se sabe na presença Divina.

Tanto se encontra o Criador com a criatura na oração quanto na ação. (…)

De que nos valeria apresentar uma fisionomia doce a Deus e um coração amargo aos companheiros do cotidiano, se todos eles são também filhos de Deus quanto nós?” (3)

Poderemos então afirmar que conseguimos ser ensinados por Deus, através de Jesus, o Cristo.

Separador-Evange

  1. Boa Nova, Humberto de Campos, por Chico Xavier
  2. Livro “Reflexões da Alma II”, Elda Evelina, Bookess Editora
  3. Livro “Alma e Coração”, Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier

 

Um Comentário

  1. 21-6-2015

    Ótima e completa reflexão sobre o tema. Gostei da afirmação de que, conhecendo-nos melhor, temos várias oportunidades de continuar a
    caminhada buscando nossa evolução espiritual. O Pai está sempre pronto a desculpar um erro, ao mesmo tempo, um recomeçar de nossa parte: um caminhar de compaixão, entendimento, respeito, de caridade e de amor.

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