É impressionante como somos focados no que nos ocorre no agora, no status quo em que nos encontramos.
Se algo ocorre e exige mudanças, surge ansiedade, insegurança, angústia, sentimo-nos fragilizados.
Vemos as dificuldades como obstáculos, impedimentos para seguir em frente.
Se pudéssemos, gostaríamos de fugir, encontrar lugares onde possamos nos sentir seguros, em situação de conforto, sem precisarmos enfrentar o que identificamos como impedimentos para seguir em frente.
O caminho que interpretamos como sendo o mais cômodo, mais fácil.
Será que seria mais confortável abstrairmo-nos da realidade que se mostra evidente?
Pensemos primeiro como alguém que visualiza os acontecimentos com olhar de quem vê o mundo e os seres que nele habitam sem repercussões espirituais. Tão somente o dia após dia, a evolução da matéria e suas implicações materiais.
Estamos vivenciando um acontecimento impactante nesses dias – a doença, a velocidade do processo de contágio, a necessidade do recolhimento a ambientes restritos, o impedimento, ou a restrição do contato físico, fechamento de fronteiras, a busca por alternativas para que se possa cumprir da forma mais segura essas exigências de segurança.
Pessoas passando necessidades – vários servidores autônomos sem alternativas de renda que lhes viabilize viver, empregados sem vínculos trabalhistas e por isso sem salários garantidos.
Por outro lado, relações familiares complicadas sendo provocadas para serem revistas. Consciências adormecidas sendo despertadas. Algumas são fortalecidas pelo amor.
A fraternidade surgindo em singelos gestos de bondade e simpatia.
Será que não estaria aí alguma motivação para refazimento de princípios, valores éticos e morais?
Olhando de uma forma mais ampla e espiritualizada… reavaliação da própria vida, como valor maior, que não restrita a alguns anos de experiência terrena.
Ver a existência como experiência global.
Não uma vivência de valores e conceitos restritos a grupos, ou “tribos”, que se fecham e não admitem olhar diferente. Divergentes. Literalmente se apresentando oposicionistas.
Visualizando ainda os acontecimentos de forma espiritualizada…
Falamos que a Terra, nossa Gaia, está sempre passando por processos de transformação. Podemos verificar isso acompanhando os acontecimentos aos longo dos milênios.
Vários deles denominados de catástrofes. Não se identificava, à época de cada um deles, soluções para amenizar as dores e as dificuldades experienciadas.
No entanto, com o passar do tempo, alternativas iam surgindo, novas descobertas, provocadas pelas necessidades de cada momento. E, então, a humanidade tomava novo rumo, alavancada pelo desenvolvimento da ciência, em suas mais variadas especialidades – medicina, física, química, tecnologia, humanas, sociais, até mesmo a arte.
Muitos de nós, da humanidade terrena, percebemos a vida pelo estrito espaço de tempo em que vivemos no corpo material. É o que a grande maioria consegue abranger com o olhar de quem não desenvolveu a capacidade de visualizar além do seu pequeno mundo individual, ou, no máximo, do ainda pequeno mundo que abrange aqueles que fazem parte do seu grupo, ou “tribo”.
“Somos seres em evolução. Fizemos parte de grupos sem individuação de consciência. Evoluímos, adquirindo informações que nos permitiram participar de novas espécies, até conquistarmos nossa individualidade espiritual. Passamos a ter consciência de nossa existência, temos a oportunidade de levantar questões sobre nós mesmos e o mundo que nos cerca. Temos acesso a conhecimentos importantes e podemos trabalhar as informações e tirar nossas próprias conclusões.
Temos nosso próprio acervo, adquirido através de várias existências e experiências.
Nenhum de nós, certamente, está vivendo como Ser Humano pela primeira vez. Cada um já conquistou sua base intelectual, emocional e espiritual e tem sua própria Sabedoria Interior.
A cada existência no mundo físico e nos planos mais sutis, cumprimos etapas no processo da evolução, tanto cultural, tecnológica, quanto espiritual. Somos um somatório de conhecimentos e emoções.
A morte, como o nascimento, é impulso no processo da evolução.
Quando nascemos, trazemos os conhecimentos adquiridos em outras existências, como também aqueles do período em planos sutis. Devemos utilizá-los na nova existência em corpo carnal, sempre objetivando o melhoramento interior.” (1)
“É importante não reter para si seu acervo pois, para evoluir, faz-se necessário compartilhar. Voltamos a afirmar, não somos sós no Universo, nós somos o Universo.
Tudo o que fizermos refletirá no todo, sempre, mesmo que de forma imperceptível a curto prazo.
É importante registrar que não se fala de mero relacionamento Homem/Homem, falamos de relacionamento Homem/todos os seres, indistintamente. Somos responsáveis pela evolução do todo, além da nossa própria.
A evolução espiritual caminha de “braços dados” com o crescimento intelectual.
Temos o compromisso muito sério de evoluir e fazer evoluir o Universo em que vivemos.” (1)
Alguns aspectos que podemos trazer:
— qualquer processo evolutivo se dá de forma lenta e contínua;
— a evolução, de um nível para outro, se processa com o ir e vir entre os vários planos de seres, onde quer que vivam; no aprender e no exercitar o aprendizado; no exercício do livre arbítrio e da paciência, do perdão e do amor;
— as fases se interpõem e se confundem, pois o processo se dá na convivência de seres em vários níveis evolutivos e todos eles aprendem, uns com os outros, o que é viver, conviver, aprender, evoluir;
— todo esse processo ocorre ao longo de milênios, pois o Ser Humano ainda está longe de conseguir aprender com a experiência do outro. Precisa, essencialmente, experimentar a própria dor, inquietação e de reconhecer a necessidade da mudança pessoal. Precisa querer, de forma verdadeira e consciente, a mudança interior, a reforma íntima e, consequentemente, a própria evolução. Esse exercício exige um longo tempo, pois ainda estamos lentos em reconhecer o próprio erro e em buscar a verdadeira mudança espiritual.” (1)
“Assim, com a evolução intelectual e espiritual do Homem, foi possível que se implementassem várias ações no sentido de proporcionar melhores condições de vida e de sobrevivência às intempéries que se apresentavam sob a forma de acomodamentos geológicos, ajustamentos emocionais e espirituais, como também pela busca de melhores condições de convivência.
Diante das condições precárias e impiedosas em que viviam os seres nas cavernas, aprenderam eles a buscar novos modos de moradia para protegerem-se dos animais, das chuvas, do frio ou do calor excessivo; preservarem seus alimentos; ampliarem suas possibilidades de sobrevivência.
Em se tomando consciência das doenças, busca o Homem, na própria Natureza de que faz parte – rica em propriedades medicinais —, possíveis soluções para melhorar suas condições de saúde. Importante repetir, sob a orientação de nossos mentores espirituais a compartilharem, amorosamente, conhecimentos e técnicas já existentes em outros planos mais elevados, restringindo-se àquelas mais adequadas às condições intelectuais e espirituais dos que viessem a ser intuídos a respeito.
Condições insalubres na atmosfera terrestre e no solo, proporcionadas por cataclismos e pela ação do próprio Homem, foram e têm sido sanadas ocasionalmente por aplicações do conhecimento adquirido nas experiências com as propriedades oferecidas pela própria Natureza.
Buscamos a implementação de saneamento básico nas cidades. Aqui e ali percebemos a luta pela despoluição dos rios.
Vivenciamos dificuldades com o intercâmbio do conhecimento e no compartilhar produtos e saber. No entanto, com o surgimento da tecnologia da comunicação, venceu-se esse obstáculo e hoje podemos ter acesso ao que ocorre em praticamente qualquer lugar do Planeta quase instantaneamente, seja pelo rádio, pelos meios de comunicação televisivos, impressos e, sobremaneira, pela rede internacional de comunicação. A internet, bem como o próprio telefone, minorou a angústia em que vivíamos quando, distanciados fisicamente de entes queridos, mantínhamo-nos ansiosos e inquietos por notícias.
Antes o Homem se sentia sobrecarregado fisicamente no exercício do labor diário em busca do alimento, na construção de moradias feitas com pedras e outros materiais de difícil obtenção. Hoje podemos contar com produtos industrializados, produzidos em série e disponíveis, de certa forma, em quantidade suficiente.
As viagens que antes se realizavam por meses, podemos hoje realizar em dias, ou até mesmo horas, em razão de veículos mais seguros e ágeis a disposição. Esses deslocamentos ocorriam com grande dificuldade, enfrentamento de perigos inesperados. Hoje contamos com aparelhagem de detecção que minoram os obstáculos a serem enfrentados, ou pelos menos mantém-nos de sobreaviso para nos desviarmos ou nos defendermos deles.
Na medicina conquistamos a bênção dos recursos de bloqueio da dor, como também do acesso a medicamentos, proporcionando oportunidades menos dolorosas de tratamento e de busca pela saúde.
Observamos hoje movimentos de proteção e preservação do meio ambiente; produção e utilização de alimentos saudáveis; busca de uma vida mais conectada à Natureza.
Há uma mobilização no sentido de conscientizar as populações que vivem perto de nascentes de rios. São os “Protetores das águas”. Tem-se percebido um número razoável de adeptos a essa iniciativa, com apoio das prefeituras e fazendeiros que perceberam a relevância desse projeto.
Importante reavivar aqui o quanto devemos ser gratos pelo auxílio dos missionários do Plano Maior que diuturnamente mantêm-se disponíveis nesse trabalho de amor e compartilhamento do conhecimento e de seu próprio amor.
Ao longo das épocas podemos observar o quanto temos conseguido alcançar melhorias no nosso bem-estar: físico, emocional, de convivência, de sobrevivência.
No entanto, há um aspecto que nos deixa ainda à mercê do quanto não conseguimos avançar na nossa jornada evolutiva espiritual.
As guerras ainda assolam nosso Planeta. Homens, que com seu orgulho, vaidade, ambição, são sequiosos de conquistas nas mais diversas áreas: poder, dinheiro, bens materiais, territórios. Buscam o poder sobre seus próprios semelhantes. Não respeitam as necessidades daqueles com quem vivem, pelo contrário, lutam pela supremacia e imposição de seus valores.
Esses indivíduos procuram sombrear as oportunidades de elevação intelectual e espiritual de seus semelhantes, tendo por finalidade a manutenção de sua condição de dominante, por assim ser mais fácil o controle sobre aqueles que os cercam. Por certo, auxiliados por irmãos de outros planos que pretendem, por sua vez, exercer o controle e o poder, fato de que os indivíduos que se acham dominadores nem se dão conta, imaginando-se no exercício pleno da autoridade.
Não devemos nos esquecer nunca de que, apesar de todo esse modelo nefasto de ambição e de orgulho, temos ao nosso dispor a misericórdia e o amor dos amigos de planos mais elevados. Eles proporcionam a nós oportunidades maravilhosas de aprendizado, entendimento, auxílio e elevação moral e espiritual.
Aqueles que se mostram disponibilizados a acolherem essas benesses estão sempre em condições de resistirem aos bombardeios do orgulho, da vaidade e da ambição. Podem prosseguir no seu caminhar seguro e inefável.
Para estarmos disponíveis para essa oportunidade maravilhosa de mantermo-nos refratários a esses bombardeios só há um caminho eficaz – o conhecimento, internalização e prática dos ensinamentos do Mestre em nossas vidas. Esses preceitos fundamentam-se na prática da humildade, da caridade, do auxílio fraterno aos semelhantes; a simplicidade e o exercício da verdade; o perdão e o auto perdão; testemunho pessoal; abnegação e renúncia; perseverança e determinação.
Faz-se necessária a mudança de vibração e de conceitos de vida e essa só se realiza a partir do nosso íntimo. Não serão promoções externas que proporcionarão condições de nos modificarmos, só a internalização dos ensinamentos e a exteriorização das mudanças promovidas demonstrarão a verdadeira reformulação de nossos valores e da transformação substancial que ocorreu em nós.
O Evangelho do Cristo é o verdadeiro caminho da redenção. Diz-nos Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.” (Jo 14:6)
Ele é o caminho, o porto seguro.
A paz que tanto almejamos só será alcançada quando o Evangelho estiver impresso verdadeiramente no Coração do Homem.” (2)
Sugestão de leitura nesta obra: Cap. Esforço para tomar o Reino de Deus.
Sofrimento e evolução
É frequente ouvirmos que quanto mais sofremos mais evoluímos espiritualmente. No entanto, acredito que poucos compreendem o que realmente significa essa afirmativa. Há pessoas que acreditam que precisam sentir esse sofrimento de forma visceral, intensa e só assim irá conquistar o seu caminho de evolução.
Precisamos refletir sobre esse assunto, pois é muito importante que compreendamos o que realmente significa evoluir, a partir do sofrimento.
Em que circunstâncias o sofrimento é alavanca de evolução?
É quando através dele identificamos que precisamos aprender a lidar com o sentimento que nos toma e qual é a sua causa.
A partir desse momento nós promovemos uma mudança em nós. Uma mudança para melhor e crescemos, passamos a um outro patamar evolutivo e, assim, aumentamos o nosso arcabouço de referências. Ampliamos nossa capacidade de pensar sobre o que nos ocorre, porque novos valores e informações estarão registrados em nossa memória.
A partir desse instante, nossos horizontes se ampliam e o nosso olhar fica mais atento, mais perceptivo ao que nos ocorre, aumentando assim as nossas chances de acertar mais no dia a dia.
A cada experiência positiva no sentido de aprender com nossas dores e dificuldades, mais perto ficamos de reduzir os riscos de reagirmos de forma inadequada nos relacionamentos, na nossa vida.
O aprender com os nossos sentimentos e dificuldades deve ser a nossa meta, pois com o aprendizado é que realmente evoluímos.
E quando estiver difícil conviver com as dificuldades, qual será o remédio que poderá nos trazer alívio e conforto?
O Evangelho nos fala que o remédio para os nossos sofrimentos é a fé em Deus. E a atitude mais acertada quando estivermos em dificuldades é orar, com a sua voz cantar ao Senhor.
Confiar em Deus, ter fé, é saber que Ele só quer o melhor para nós. É sermos gratos por tudo que recebemos em nossas vidas.
A prece oferecida ao Pai, fortalecida pela fé em Seu amor e poder, envolve-nos com uma energia renovadora e reconfortante, que nos transforma. A prece tem o poder de nos fortalecer e dar-nos melhores condições de enfrentarmos as dificuldades. Abre a nossa percepção e mostra-nos novos horizontes, através dos quais encontramos a esperança de dias melhores, mudando nossa perspectiva perante a vida.
No Evangelho Segundo o Espiritismo podemos encontrar mais a respeito do sofrer e da fé. No item 19 do Livro Reflexões Evangélicas, Cap. A Morte e a relação Homem/Universo, Elda Evelina Vieira, Bookess Editora
- Livro Reflexões Evangélicas, Cap. Transformação e Evolução, Elda Evelina Vieira, Bookess Editora
- Livro Reflexões Evangélicas II, Cap. Evolução planetária, Elda Evelina Vieira, Bookess Editora
Este texto poderá ser lido em PDF – Momento de Transição Mudanças
Sim, ensinamentos eternos que necessitam ser recordados sempre. Gratidão, querida amiga. Que maravilha! Você escreveu sobre evolução planetária, também. Parabéns por sua sabedoria e constante inspiração. Luz e paz!
Fraternal abraço