Posted por em 21 out 2011

Viagem interior IIEstava passando alguns dias em Alto Paraíso.

Fizera caminhada por várias trilhas e tomara banho em várias cachoeiras.

Caso você não conheça, a região de Alto Paraíso é abundante de recantos maravilhosos com vegetação exuberante do cerrado, com plantas de formas por vezes rústicas e flores de uma beleza especial, cores vivas e vibrantes.

Após o passeio por todo o dia, chegara a hora de nos recolhermos para um bom banho quente. Vale registrar que as águas dos rios e cachoeiras daquela região são frias e até por vezes gélidas.

Seguimos para a pousada onde estávamos hospedados, cantinho repousante e acolhedor.

Após o banho, nós nos arrumamos para tomar um saudável e revigorante lanche, restaurando nossas energias e nos preparando para um novo dia de caminhadas e descobertas de novos caminhos e recantos encantadores.,

Chegara a hora então do recolhimento para o sono reparador, aquele momento em que deitamos o corpo, mas deixamos a alma divagar perscrutando novos caminhos. Na condição de Ser mais leve, nosso espírito pode flutuar e sentir a energia do Universo de forma mais vibrante e encontrar caminhos impossíveis quando presos ao corpo denso que nos acompanha nessa vida.

Fiz a minha prece e deixei-me embalar pelo sentimento de libertação e aventura por planos mais sutis.

Permiti que o meu Ser interior divagasse ao encontro da beleza e da paz.

Senti-me leve e observei diante de mim uma paisagem … uma mata com suas árvores intensas e belas. O céu azul de um dia claro e ensolarado. Águas, de um riacho límpido, a correr preguiçosamente por entre a vegetação, sobre pequenas pedras de cores e formas as mais variadas, mas todas já arredondadas, gastas pelo movimento constante das águas.

Observei extasiada aquela paisagem sentindo que aquele momento era muito especial, um precioso presente.

De repente eu me senti como que voando, mas não em direção ao céu. Muito pelo contrário, eu estava fazendo uma viagem em direção à vegetação do solo – pequenas flores e gramíneas.

Eu me aproximava da terra, de forma rápida e ao mesmo tempo com plenas condições de sentir cada segundo desse movimento estranho em direção ao interior do solo.

Senti o toque da terra, o roçar das plantas, a umidade do solo. Senti a água do riacho a tocar o meu corpo. Eu conseguia penetrar no solo sem dificuldade, sem qualquer obstáculo que me impedisse de fazer aquela viagem.

Percebi um novo mundo que havia naquele lugar, novas formas de vida e, mais do que isso, sentia o pulsar da vida do próprio solo.

Era estranho, intrigante e ao mesmo tempo acolhedor e revigorante.

Deixei-me envolver pelo sentimento, pela emoção de fazer parte daquele lugar de uma forma diferente – eu e o que me envolvia éramos um só, sem fronteiras, sem limites.

Foi uma experiência fascinante que ainda hoje, depois de alguns anos, me emociona e me conforta por saber que eu e a Natureza que me cerca somos um só Ser.

Texto do livro “Viagens”, pela Bookess Editora – http://www.bookess.com/read/3624-viagens/
Texto selecionado pela Editora Delicatta para a publicação “Antologias Projeto Delicatta VI”, com lançamento em outubro de 2011, no Itaú Cultural e na Saraiva Mega Store Shopping Center Norte, São Paulo (SP)

 

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