Posted por em 7 abr 2016

Decors-EvangeEstudo oferecido no Centro Espírita Paulo de Tarso, em 7 de abril de 2016

Áudio do estudo (mp3) – Testemunho e Fé – Estêvão – Centro Espírita Paulo de Tarso

Separador-EvangeEm estudo a respeito da história do nosso personagem, muitas ideias foram surgindo à medida que os fatos eram descritos.

Em estudo a respeito da história do nosso personagem, muitas ideias foram surgindo à medida que os fatos eram descritos.

Reflexões que tomaram por base os relatos oferecidos por Emmanuel, no livro Paulo e Estêvão.

A própria introdução, com o título Breve Notícia, já proporcionava ricas oportunidades para elevarmos nossos pensamentos e buscarmos entendimentos a respeito dessa história tão densa e repleta de testemunhos e promessas.

Fala-nos do chamado ao ministério que pode chegar de maneira sutil e inesperada, mas muitos resistem a esse chamado. Deixam passar a oportunidade de servir ao Senhor.

O livro basicamente remete à conversão de Saulo, no caminho de Damasco, e sua trajetória como Apóstolo dos Gentios. O intenso chamamento de Jesus e a entrega sem reservas com a simples frase: – “Senhor, que queres que eu faça?” É a expressão da total confiança de um discípulo a seu mestre.

No entanto, essa conversão não ocorreu pelo chamamento puro e simples. Muitas experiências vivenciadas pelo então Saulo, em seus encontros com nosso personagem, foram de profunda importância para que o doutor da Lei, jovem de grande cultura e candidato a ingresso no Sinédrio, pudesse, naquele momento em que o Mestre lhe surgiu em intensa luz, entregar-se de pronto à vontade do Senhor.

Que fatos foram esses que a pouco e pouco sensibilizaram o então doutor da Lei, ainda intenso em suas atitudes, áspero, orgulhoso? Quem fora aquele que, com a profundeza da sua convicção e fé por vezes conseguira levar ressonância ao coração desse romano por ter nascido em uma província romana, judeu por ter como origem a tribo de Benjamim. Defensor intrépido da Lei de Moisés, convicção que o leva a atitudes indômitas para levar à frente a manutenção das crenças judaicas nos textos sagrados.

Diz Emmanuel: “Sem Estêvão, não teríamos Paulo de Tarso. (…) A vida de ambos está entrelaçada com misteriosa beleza. A contribuição de Estêvão e de outras personagens desta história real vem confirmar a necessidade e a universalidade da lei de cooperação.” E, para verificar a amplitude desse conceito, recordemos que Jesus, cuja misericórdia e poder abrangiam tudo, procurou a companhia de doze auxiliares, a fim de empreender a renovação do mundo.

Este personagem de vital importância na vida de Saulo, e mais tarde do próprio Paulo, é Estêvão, nosso tema de estudo.

Seu nome antes era Jeziel.

Sempre tinha uma palavra de conforto e de incentivo.

Mostrara-se durante todo o tempo, um fiel servidor à Lei de Moisés. Grande conhecedor do Testamento, principalmente do conteúdo do livro do profeta Isaías, que lhe tocara profundamente pela beleza das promessas divinas, anunciando a vinda do Messias.

Passou por vários revezes em sua vida: morte da mãe; perda dos bens; morte do pai; prisão; afastado de sua irmã, por quem tinha profundo carinho; condenado à escravidão nas galeras romanas; contrair doença grave. Não obstante tudo isso, manteve-se fiel aos princípios religiosos que aprendera com sua mãe.

A cada situação que lhe ocorria, ou a seu pai, sabia encontrar uma citação dos textos sagrados que viessem a alertar, consolar, orientar.

As circunstâncias acabaram por levá-lo a encontrar Pedro, João e Tiago, na igreja do “Caminho”, em Jerusalém.

Ali soube que o Messias que tanto aguardava, inspirado pelas profecias de Isaías, já estivera entre eles e fora crucificado e ressuscitara no terceiro dia.

Recebeu das mãos de Pedro o Evangelho escrito por Levi (Mateus). Ficou profundamente tocado pelos ensinamentos do Cristo. Descobrira ali o tesouro da vida, pressentia ali a chave dos enigmas humanos.

Soube, por intermédio de Pedro, que o Mestre amparava todos os sofredores e havia recomendado que seus discípulos fizessem o mesmo.

Cristo trouxe a mensagem de amor, completando a Lei de Moisés.

Disse-lhe Pedro: A Lei Antiga é justiça, mas o Evangelho é amor.

Ao contar ao Apóstolo tudo o que lhe ocorrera, Pedro deu-lhe um novo nome, Estêvão, para que mantivesse o anonimato. Acolheu-o como filho.

Estêvão dedicou-se ao serviço com os doentes e indigentes de Jerusalém, ali na igreja do “Caminho”. Estes o tinham como servidor de Deus para alívio de suas dores.

Surge Saulo nesse contexto. Homem de grande cultura com pretensões a cargo no Sinédrio.

Ouve falar sobre Estêvão, suas pregações e curas que promove.

Entende que o trabalho de divulgação do Evangelho, pelos homens do “Caminho” é uma afronta à Lei de Moisés. Marca de ir para ouvir uma das pregações de Estêvão e avaliar o tom de suas prédicas e o quanto seriam ou não inofensivas.

Saulo entra na igreja humilde de Jerusalém, observando os pobres e miseráveis que ali se encontravam com esperança nos olhos.

Estêvão entra. Frequentadores daquele ambiente, sempre em busca de um lenitivo, recebem-no com sorriso. Estes o têm como desdobramento do amor do Cristo e ouvem sua prece em que suplica a inspiração do Todo-Poderoso. O jovem pregador lê uma passagem de Mateus.

“Seu reino é o da consciência reta e do coração purificado ao serviço de Deus. Suas portas constituem o maravilhoso caminho da redenção espiritual, abertas de par em par aos filhos de todas as nações.”

Acrescenta

“Dia virá em que o seu reino abrangerá os filhos do Oriente e do Ocidente, num amplexo de fraternidade e luz. (…) A Lei é humana; o Evangelho é divino. (…) Com a Lei, éramos servos; com o Evangelho, somos filhos livres de um Pai amoroso e justo!”

Saulo, não obstante sentir em si a ressonância do que pregava Estêvão, percebeu o perigo que sua mensagem acarretaria para o Judaísmo.

Salientou em alta voz que ali eles ousavam dizer que a mensagem daquele carpinteiro estaria em superioridade à lei de Moisés.

Estêvão, não obstante ter empalidecido, manteve-se sereno e imperturbável.

Volta Estêvão a falar:

“O Filho de Deus trouxe a luz da verdade aos homens, ensinando-lhes a misteriosa beleza da vida, com o seu engrandecimento pela renúncia. Sua glória resumiu-se em amar-nos, como Deus nos ama. Por essa mesma razão, Ele ainda não foi compreendido.” (…)

“O Cristo edificou, entre nós, seu reino de amor e paz, sobre alicerces divinos. Sua exemplificação está projetada na alma humana, com luz eterna! Quem de nós, então, compreendendo tudo isso, poderá identificar no Emissário de Deus um príncipe belicoso? Não! O Evangelho é amor em sua expressão mais sublime.” (…)

“O Cristo é vida, e a salvação que nos trouxe está na sagrada oportunidade da nossa elevação, como filhos de Deus, exercendo os seus gloriosos ensinamentos.”

Saulo, naquele momento, coloca-se para revide, mas Estêvão finaliza sua fala pedindo as bênçãos do Cristo para todos ali presentes.

Saulo o ameaça dizendo que Estêvão aprenderá a renunciar ao nazareno. Responde então o jovem pregador que o Sinédrio teria meios de fazê-lo chorar, mas não poderes para obrigá-lo a renunciar ao amor de Jesus Cristo.

Aproxima-se uma mulher com sua filha que ficara muda. Pedia a graça da cura para ela.

Estêvão disse que nada tinha para oferecer, mas poderia esperar do Cristo as dádivas que lhes fossem necessárias.

Naquele momento a enferma falou.

Diante do que ocorrera, Saulo busca uma forma legal para abrir um processo contra Estêvão.

Estêvão, tomando conhecimento do fato, manteve-se sereno para responder ao que fosse requerido. Rogou a Jesus o amparo para testemunhar sua fé no Evangelho.

No Sinédrio, o Sumo Sacerdote anuncia, para interpelar o denunciado, Saulo, conforme sua própria solicitação.

Chamado a identificar-se, Estêvão responde com firmeza que pertence à tribo de Issacar, o que trouxe surpresa a seu inquiridor. Em razão de sua condição de israelita, teria o direito de replicar livremente às interpelações que lhe fossem dirigidas.

Saulo explica a Estêvão que, em razão de sua resistência em prestar esclarecimentos quando do primeiro encontro com ele na igreja do “Caminho”, fora considerado inimigo das ordenações do judaísmo. Ali seria Estêvão obrigado a responder a todas as interpelações, bem como que a condição de israelita não o livraria da punição reservada aos traidores.

Acusado de caluniador, feiticeiro e blasfemo, pergunta Estêvão em qual sentido. Responde Saulo que blasfemo por afirmar que o carpinteiro de Nazaré ser o Salvador; caluniador por desqualificar a Lei de Moisés e os princípios sagrados que regem os destinos, de acordo com os princípios do judaísmo.

Estêvão lhe responde que reconhece o Cristo como o Salvador prometido pelo Eterno, por meio dos profetas. Quanto à Lei de Moisés, nunca deixou de venerar a Lei e as Sagradas Escrituras, mas o Evangelho do Cristo é seu complemento. A lei de Moisés e as Sagradas Escrituras “são o trabalho dos homens”, o Evangelho do Cristo é o “salário de Deus aos trabalhadores fiéis.”

Afirma Estêvão que Moisés é a justiça pela revelação, mas o Cristo é o amor vivo e permanente. Sente-se honrado em ser instrumento humilde em suas mãos. Complementa que, para Deus, Israel significa a Humanidade inteira.

Nesse ponto, Saulo apresenta a sua primeira condenação, por Estêvão considerar toda a Humanidade como filhos de Deus.

Com relação à denúncia sobre ser feiticeiro, esta em razão da cura da jovem muda, Estêvão, então, responde dizendo que na história do judaísmo muitos desses fatos ocorreram. Moisés fez jorrar água de uma rocha; abriram-se ondas revoltas do mar para que a fuga do cativeiro; Josué atrasou a marcha do sol.

O doutor de Tarso, percebe a dificuldade em que se encontrava para apresentar uma argumentação, diante da resposta concisa e lúcida, embasada na própria história do povo judeu. Considerou urgente sua tomada de decisão e dirige-se ao sumo sacerdote.

Saulo, naquele momento, confirma a denúncia e diz que o denunciado acaba de confessar que é blasfemo, caluniador e feiticeiro. No entanto, como israelita, tem direito à última defesa. Estêvão assim se expressa:

Muito falais da lei de Moisés e dos profetas; todavia, podereis afirmar com a mão na consciência a plena observância dos seus gloriosos ensinamentos? Não estaríeis cegos atualmente, negando-se à compreensão da mensagem divina? Aquele a quem chamais, ironicamente, o carpinteiro de Nazaré, foi amigo de todos os infelizes. Sua pregação não se limitou a expor princípios filosóficos. Antes, pela exemplificação, renovou nossos hábitos, reformou as ideias mais elevadas, com o selo do amor divino. Suas mãos nobilitaram o trabalho, pensaram úlceras, curaram leprosos, deram vista aos cegos. Seu coração repartiu-se entre todos os homens, dentro do novo entendimento do amor que nos trouxe com o exemplo mais puro.”

Ouviu-se então a voz daqueles que o acusavam condenando-o ao apedrejamento. Apressou-se Estêvão a acrescentar, antes que lhes tirassem a oportunidade da palavra: “– Vossa atitude não me intimida. O Cristo foi solícito no recomendar não temêssemos os que só podem matar-nos o corpo.”

Saulo, naquele momento, pelo direito que lhe fora concedido em caso de defrontar-se com um irmão desertor, bateu-lhe no rosto de punhos fechados, inúmeras vezes. Recorria à força física por mais não ter o que dizer diante da lógica do Evangelho.

Estêvão roga a Jesus o necessário auxílio para manter-se no testemunho. Se conseguira enfrentar as dificuldades pelo conhecimento de Moisés e dos profetas, mais ainda agora poderia testemunhar com o Cristo no coração. Sentiu Estêvão as lágrimas verterem pelo rosto.

Neste momento Saulo observou o pranto misturar-se como sangue a jorrar da ferida causada por sua cólera. Conteve-se não compreendendo como o agredido recebera sua agressão com tanta passividade.

Pergunta então a Estêvão se ele não iria reagir.

O pregador Cristão responde com firmeza:

– A paz difere da violência, tanto quanto a força do Cristo diverge da vossa.

O doutor da Lei, então, verificando a superioridade de concepção e pensamento, no auge da irritação profere finalmente:

– Analisando a peça condenatória – acrescentou ufano – e, considerados os graves insultos aqui expostos, como juiz da causa rogo seja o réu lapidado.

 

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