Posted por em 27 nov 2011

Estudo oferecido no GECAM, 2m 26-11-2011

Folheto distribuído ao público (PDF) –  O sonho sob a ótica espirita

Tenho tido em minha vida várias experiências em estado meditativo e em sonhos.

São vivências muito interessantes que podem proporcionar oportunidades de trabalho espiritual, como também podem ser momentos lúdicos que nos oferecem gratas lembranças no futuro.

No entanto, também podem ocorrer experiências desagradáveis que, certamente, são decorrentes de invigilância nossa.

Essas experiências podem ocorrer de forma intencional ou espontânea.

Quando intencional, no caso de pessoas imbuídas de religiosidade, normalmente se referem a trabalho no plano espiritual. Nós nos recolhemos ao sono, buscamos contato em oração para nos disponibilizar ao trabalho e ficamos preparados com o auxilio de nossos irmãos do Plano Maior.

Nem sempre temos consciência do que ocorre, mas podem restar, na nossa lembrança, fragmentos da experiência.

Quando espontâneas, elas podem ocorrer por vários fatores. Por vezes, são oportunidades de contato com amigos do Plano Espiritual para nos estimular a alguma ação necessária a nossas vidas. Em outras, temos a oportunidade de participar de grupos de estudo, o que por si só já nos oferece uma rica experiência que nos ajudará no engrandecimento de nossa caminhada terrena, seja para nossa própria evolução, seja em auxílio a nossos companheiros de jornada.

O importante, nessa disponibilização ao contato durante o sono, é estarmos sintonizados em harmonia espiritual e recolhimento em oração. Buscar o contato com o Plano Maior para estarmos protegidos nesse momento de emancipação da alma, libertação relativa do espírito, enquanto em estado de sono.

Também André Luiz nos relata, em seus livros, várias situações de comunicação e oportunidades de trabalho do Plano Espiritual, aproveitando o estado de sono de alguns encarnados, seja para tratamento, orientação, intercâmbio de familiares, ou mesmo para estudo.

Há, ainda, exemplos de ocorrências de intercâmbios infelizes entre espíritos já libertos da carne e de outros ainda encarnados, durante seu estado de sono. Ocorrências essas que nos remetem à necessidade de vigilância quanto ao nosso comportamento e nossos pensamentos.

Mesmo quando temos boas intenções em estado de vigília, nossos verdadeiros intentos, as inclinações vibratórias do nosso Espírito, prevalecem na condução de nossas atitudes e buscas durante o estágio de sono, como se fossem sonhos. Por vezes, ficamos incomodados em razão dos conflitos existentes entre o que a razão nos induz a buscar e aquilo a que realmente estamos induzidos a fazer, em face do comprometimento de nosso verdadeiro Ser.

A literatura espírita nos apresenta os sonhos como sendo de três espécies: sonhos comuns, sonhos reflexivos e sonhos espirituais. Entre esses últimos, podemos incluir os proféticos que nos fazem lembrar a experiência do Faraó do Egito, cujo sonho foi interpretado por José, da Tribo de Israel, que, inspirado pelo Plano Maior, consegue antecipar-se a um longo período de seca e fome, protegendo o seu povo.

Vale acrescentar que o intercâmbio de experiências durante o sono não ocorre somente entre o Plano Espiritual e o Plano Físico. Há muitos relatos de vivências que acontecem entre encarnados. Com suas almas emancipadas, fazem contato entre si, seja para vivenciarem encontros prazerosos, lúdicos, mesmo de aprendizado, como também em busca de acertos e ajustes muitas vezes infelizes e até violentos.

É importante buscar o estudo da Doutrina, em seus fundamentos, a compreensão do que nos ocorre espiritualmente e, mais do que isso, empenharmo-nos no exercício fraterno e na manutenção do nosso equilíbrio vibratório. Martins Peralva nos diz, com relação ao que nos ocorre durante o sono: — “A atividade extracorpórea passará a refletir, sem dissimulações ou constrangimentos, as nossas reais e efetivas inclinações, superiores ou inferiores.”

O espiritismo nos remete sempre à responsabilidade e à vigilância.

Apesar de sempre ouvirmos em palestras, encontrarmos em livros e em estudos, informações sobre a importância de mantermo-nos firmes no propósito da reforma íntima, sabemos que não é fácil uma mudança em curto ou médio prazo. É um exercício constante de conscientização e faz-se necessário muita dedicação e empenho.

Muitos acabam se afastando por não se sentirem em condições de abraçar a causa acreditando que precisam cumprir todos os preceitos legados pelo Mestre, revigorados por Kardec.

Precisamos ter consciência de que ainda estamos na jornada do aprendizado, da incorporação dos ensinamentos à nossa vida, e temos toda a eternidade para encontrar o nosso caminho de evolução. É verdade que o ideal seria de conseguirmos maior elevação moral e espiritual ainda nesta encarnação, mas não podemos nos deixar abater por não alcançar o nível que almejamos.

Ser Espírita e, por conseguinte, ser Cristão, é ter a consciência da nossa necessidade de evoluir e buscar os meios de alavancar esse processo e alcançar a nossa meta.

É a persistência nesse caminhar que nos identifica como espiritas. A determinação em buscar os acertos e o aprendizado dos ensinamentos maiores e, por consequência, estar mais pertos de Deus.

Não nos afastemos da luta, precisamos persistir, apesar das dificuldades. Aos poucos vamos conquistando novos valores e mudando o nosso caminhar.

A fé e a confiança nos proporcionarão a força necessária.

Elda Evelina
palestra proferida na Casa do Caminho, Guará, Brasília (DF)
do livro “Reflexões Evangélicas II”, de Elda Evelina Vieira, Bookess Editora

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