Posted por em 21 nov 2019

Estudo oferecido no Grupo Espírita Casa do Caminho-GECAM, em 21-11-2019

Folheto distribuído ao público (PDF – Relações familiares – GECAM

Áudio do Estudo (mp3) – Relações Familiares-GECAM

Vereda Familiar – Relações Familiares – Capítulos do livro


Falar sobre relações familiares é de grande responsabilidade.

Envolve inúmeros conceitos, valores, comprometimentos. Cada um desses itens pode ser analisado sob óticas diferentes, dependendo da origem das pessoas e família envolvidas:  regiões geográficas, valores religiosos, conceitos filosóficos, culturas e tantos outros itens que poderíamos enumerar.

É verdade que aqui temos, como propósito para o estudo, a Doutrina Espírita, seus fundamentos filosóficos, morais e religiosos.

Temos como base o Evangelho do Cristo, o Evangelho Segundo o Espiritismo, Livro dos Espíritos e literatura complementar: Emmanuel, Joanna de Ângelis e outros.

Ainda temos que considerar o entendimento de Família no plano físico, Família espiritual, tendo ainda que considerar a grande Família Universal.

No caso específico deste Estudo, basicamente vamos nos deter na Família no Plano Físico. Como nos define Joanna de Ângelis, em o livro Estudos Espíritas, cap. 24:

Família

“Grupamento de raça, de caracteres e gêneros semelhantes, resultado de agregações afins, a família, genericamente, representa o clã social ou de sintonia por identidade que reúne espécimes dentro da mesma classificação. Juridicamente, porém, a família se deriva da união de dois seres que se elegem para uma vida em comum, por meio de um contrato, dando origem à genitura da mesma espécie. Pequena república fundamental para o equilíbrio da grande república humana representada pela nação.

A família tem suas próprias leis, que consubstanciam as regras de bom comportamento (1) dentro do impositivo do respeito ético, recíproco entre os seus membros, favorável à perfeita harmonia que deve vigorar sob o mesmo teto em que se agasalham os que se consorciam.”

Espiritualmente

A família, em razão disso, é o grupo de espíritos normalmente necessitados, desajustados, (2) em compromisso inadiável para a reparação, graças à contingência reencarnatória. Assim, famílias espirituais frequentemente se reúnem na Terra em domicílios físicos diferentes, para as realizações nobilitantes com que sempre se viram a braços os construtores do mundo. Retornam no mesmo grupo consanguíneo os espíritos afins, a cuja oportunidade às vezes preferem renunciar, de modo a concederem aos desafetos e rebeldes do passado o ensejo da necessária evolução, da qual fruirão após as renúncias às demoradas uniões no mundo espiritual…

(…) A família é mais do que o resultante genético… São os ideais, os sonhos, os anelos, as lutas e árduas tarefas, os sofrimentos e as aspirações, as tradições morais elevadas que se cimentam nos liames da concessão divina, no mesmo grupo doméstico em que medram as nobres expressões da elevação espiritual na Terra.

Alguns conceitos que poderão nos auxiliar a refletir sobre esses aspectos colocados por Joanna de Ângelis:

(1)    Ágape – amor incondicional, sem exigir nada em troca. É o amor baseado no comportamento e escolha.

Podemos considerar que o sentido utilizado nesta passagem bíblica: Amai os vossos inimigos, é Ágape. O amor-comportamento.

Nem sempre conseguimos controlar o que sentimos por alguém, mas conseguimos controlar nossos comportamentos.

Ágape é o mesmo que comportar-se amorosamente (ser paciente, honesto, respeitoso), não se comportar inconvenientemente, não compactuar com a maldade, mas com a verdade, não conservar um erro cometido, desistir de manter o rancor.

(2)    Precisamos ter em mente que as dificuldades que ocorrem, em razão de algum comportamento, muitas vezes reconhecido como de desvio moral e ético, se deve não só pela necessidade de aquele que detém esse comportamento vir a aprender e evoluir, como também para que os companheiros de jornada venham a aprender e evoluir com a convivência.

Esses ditos comportamentos de desvio moral muitas vezes são tão somente formas de viver diferentes a que estão acostumados aqueles com quem vivem. Aprendizados de ambas as partes.

Não somos detentores de verdades absolutas, somos seres que trazem uma carga emocional, moral e ética de origens diferentes e que precisamos ampliar e reprogramar nossos conceitos de convivência.

Laços de Família (1)

Parecem-nos estranhos certos sentimentos que nos ocorrem e não compreendemos nem sabemos lidar com eles na maior parte das vezes.

Precisamos recorrer à reencarnação para buscarmos explicações que nos levem a compreender e a lidar com o assunto de forma lúcida e saudável.

Temos oportunidades inúmeras de convívio com várias pessoas em diversas vidas. Ora somos irmãos. Vez por outra pais ou companheiros. Algumas vezes amigos, em outras algozes ou vítimas.

Quando temos a oportunidade de conviver com antigos companheiros de jornada, muitos sentimentos guardados de forma quase sempre inacessível em nossa memória podem aflorar, sem que consigamos compreender a razão, e sentimos simpatia ou desconforto sem entendermos o porquê.

São as nossas ligações do passado que vêm à tona.

Nossas relações familiares são muito mais abrangentes do que podemos imaginar.

Estamos sempre conectados uns aos outros, mesmo que não nos lembremos, saibamos ou compreendamos.

Relação Pais e Filhos (1)

Ainda no tema das relações familiares, gostaria de refletir a respeito do que costumamos chamar de ingratidão ou incompreensão dos filhos.

Normalmente abordamos essa questão sob a ótica de os filhos serem rebeldes, terem outros valores, não compreenderem o mundo, à nossa volta, com sua falta de experiência e conhecimento.

É verdade que eles olham o mundo de forma diferente da nossa, estão começando a vida cheios de incertezas, como também de esperanças. Querem desbravar o mundo e conquistar os seus espaços e estão sedentos de conhecimento e experiências novas.

Não têm medo de enfrentar o novo.

Nós, depois de alguns anos, tivemos várias experiências, ora positivas, ora negativas. Criamos nossos próprios valores. Já aprendemos que nem sempre conseguimos o que queremos ou sonhamos.

As experiências novas nem sempre são as que nos trazem maiores alegrias e começamos a resistir ao que não conhecemos, queremos nos sentir seguros e termos tranquilidade.

Tudo isso é normal.

O que gostaria de refletir aqui é sobre a nossa atitude como pais, se nos sentimos injustiçados ou incompreendidos por nossos filhos:

– por havermos feito de tudo e não percebermos a retribuição ou gratidão por parte deles;

– por vermos fazerem exatamente o inverso do que pensamos ter ensinado.

Precisamos parar por alguns momentos e refletir a respeito do assunto:

– será que realmente fizemos o que deveríamos e poderíamos por nossos filhos?

– ensinamos a eles com o nosso exemplo de vida ou simplesmente passamos informações que gostaríamos que fizessem parte do rol de comportamentos desejáveis?

– mostramos a eles como devem respeitar os seus pais, nós, respeitando os nossos próprios pais?

– nós soubemos valorizar a sabedoria dos mais velhos, tentando aprender com eles, dando aos nossos filhos o exemplo?

– mostramos a eles que todas as pessoas são merecedoras do nosso respeito e compaixão e que todos fazemos parte de uma grande família chamada Humanidade?

Nada é tão intenso quanto a atitude do dia-a-dia! A forma mais óbvia de se oferecer uma lição!

A mensagem mais convincente é a mensagem do exemplo.

Devemos procurar nos observar e pensar de forma sincera, buscando correção nas nossas atitudes para que ofereçamos exemplo com atitudes autênticas, verdadeiras.

Família Universal – Convivência Sagrada (2)

O relacionamento entre as pessoas é algo extremamente complexo. Estão envolvidos muitos fatores que interpõem obstáculos para uma fluência melhor nas trocas de emoções, na exposição de interesses, mesmo daqueles que não estão diretamente envolvidos.

Esses obstáculos podem se originar de vivências anteriores que, por trazerem uma carga de experiências negativas, limitam nossa capacidade de oferecer a outrem o nosso amor, compreensão.

Em outros momentos, pode ser pelo receio de sermos criticados, de vermos frustradas tentativas de aproximação e, por isso, na maioria das vezes não nos damos oportunidades que poderiam resultar em ricos momentos de evolução e crescimento pessoal.

Inúmeras são as vezes em que, antecedendo uma abordagem de nosso interesse, apresentamos a nós mesmos prováveis problemas a surgirem, criando uma barreira sem nos permitir, sequer, a oportunidade da tentativa.

Somos seres que vivem em sociedade. Não temos vocação para uma vida solitária, à exceção de poucos. Temos de trocar emoções, não necessariamente por contato físico, pois o olhar é expressivo o bastante para transmitir toda uma carga de emoção, de carinho; as palavras carregam uma força de comunicação importantíssima.

Precisamos aprender a utilizar todo o nosso potencial de expressão, trabalhando nossos limites, medos e, principalmente, nossa excessiva exigência com nossos próprios padrões de comportamento, que impedem a naturalidade na forma de nos expormos perante o mundo, até de fazê-lo em sua forma mais simples.

Além de aprender a melhorar nossas atitudes, com relação aos limites que formos incorporando no decorrer de nossas experiências com o outro, seria muito bom que pudéssemos estar atentos à possibilidade de também estarmos sendo geradores de limites, medos e obstáculos em outras pessoas.

Assim, seria excelente colocarmo-nos na condição de observadores, buscando sempre oferecer aos outros o que de melhor temos em nosso interior, abrindo canais cada vez maiores de comunicação, fazendo fluir nossa emoção de forma cada vez mais edificante para nosso desenvolvimento pessoal e do grupo a que pertencemos.

Precisamos conhecer melhor a nossa lente de observações do mundo, pessoas, circunstâncias e conscientizarmo-nos da necessidade de perceber melhor o que fazemos, sentimos e pensamos, pois com o nosso modo de viver interferimos em tudo o que nos cerca (sejam outras pessoas, animais, plantas, matéria inanimada). Nossas ações, pensamentos, palavras, emoções não só podem ajudar como também desajustar, dependendo do padrão vibratório que emitimos ao nosso redor – diz-nos a ciência ser esta ambientação todo o Universo ou Multiverso, considerando que tudo está interligado por uma rede de energia a que, no Espiritismo, damos o nome de Fluido Cósmico Universal.

Identificamos sermos responsáveis pelo nosso bem estar, pela nossa saúde e processo evolutivo, como somos também responsáveis por tudo o que nos rodeia, na proporção direta de nosso próprio cometimento.

Um pequeno pensamento, uma ideia que se mostra interessante, em decorrência procedemos a conjecturas, elaboramos ações… a partir de então, essas ações como que tomam vida e estaremos disponibilizando nossas ideias àqueles que têm sensibilidade para percebê-las, seja no plano físico da vida, seja um espírito no plano invisível.

Compartilhamos, a todo momento, informações, ideias, conhecimento e, muitas vezes, não temos percepção de o estarmos fazendo. Somos agentes constantes. Devemos considerar então: que tipo de agente temos sido? Somos praticantes de boas causas; buscamos a nossa reforma moral; temos como meta o aprimoramento nas relações sociais; visamos a transformação, para melhor, do meio em que vivemos?

São perguntas que nos devemos fazer e almejarmos alcançar, dentro do nosso possível, respostas afirmativas para todas elas.

A dinâmica do aprender, fazer e transformar é determinante da nossa evolução espiritual, principalmente se envolvidos pela energia do amor, conjugada à fé em realizar.

Em procedendo assim, encontraremos a alegria em viver, a satisfação em ser útil através da caridade em sua mais forte expressão.

Convivemos diariamente com a diversidade, seja de raça, de credos, de escolhas de diferentes caminhos para o exercício do viver, até mesmo de concepções artísticas. Somos muito apegados a formas de ver, de sentir, de crer, de olhar e muitas vezes não nos permitimos ampliar nossos horizontes.

Sejamos solidários, companheiros e fraternos para que possamos alcançar nossos objetivos de forma plena, pois isso só dar-se-á se estivermos juntos, compartilhando o que conseguimos amealhar no caminhar solitário.

Creio que podemos transformar este caminhar solitário em solidário e promovermos juntos a transformação individual e, por decorrência, a transformação coletiva, quiçá planetária.

Pode ser um sonho, mas os sonhos existem para serem realizados.

Diz-nos Emmanuel em o livro Vinha de luz, por Chico Xavier):

 “Quando Jesus recomendou o crescimento simultâneo do joio e do trigo, não quis senão demonstrar a sublime tolerância celeste, no quadro das experiências da vida.” (Emmanuel, do livro Vinha de Luz, por Chico Xavier)

Quando salientamos a diversidade de forma negativa, intensificamos nosso preconceito e exacerbamos nossas ações sectaristas.

No entanto, quando buscamos, no outro, características positivas e as tornamos evidentes aos demais, além de fortalecermos nas pessoas a vontade de continuar agindo de forma positiva, também abrimos a oportunidade para que outros possam passar a vê-lo de forma diferente a partir daquele momento. Ampliamos o raio de ação da gentileza e da bondade à nossa volta.

Por vezes, pensamos já termos alcançado a indulgência, a tolerância, em nossas vidas, para com nós mesmos e para com os demais. No entanto, precisamos prestar atenção ao que realmente poderá estar ocorrendo no íntimo do nosso Ser. Estamos sendo indulgentes ou estamos agindo de forma a parecer sermos indulgentes? Podemos até expressarmo-nos de forma tolerante quando conversamos ou expomos alguma opinião mas, interiormente, continuamos com um olhar preconceituoso, traçando várias reflexões que ainda condizem com nossa recusa em aceitar as diferenças? É a intolerância que se mantém camuflada dentro de nós.

Se assim for, ainda há muito o que fazer na busca pelo autoconhecimento. Procurar entender o que realmente está ocorrendo em nós; o que de fato já tenhamos alcançado em nossa autotransformação. Precisamos ser honestos com nós mesmos, desenvolver um olhar mais consciente e crítico sobre nosso verdadeiro Ser; abandonarmos as máscaras e olharmo-nos de frente, com rigor, mas também com bondade e retidão de propósitos.

Ao tempo que sejamos críticos, também tenhamos um olhar tolerante, gentil, bondoso. É o deixar emergir da profundeza da Alma todos os nossos deslizes, imperfeições, e sermos indulgentes, pois a bondade proporciona a oportunidade de olharmos para nós mesmos sem medo, sem culpa, sem mágoa. Sendo gentis e tolerantes, nós nos permitimos o olhar profundo.

Reconhecendo nossas imperfeições, com bondade e tolerância, não haverá obstáculos a transpor para o reconhecimento e o arrependimento. São os primeiros passos para um processo evolutivo eficaz.

Finalizando nossas reflexões perguntamos: Quem somos nós, eu, você, nossos amigos, vizinhos, familiares?

Eu sou um espírito que vive aqui e agora  – uma personalidade – , com nome, um corpo físico que me identifica para relações de trabalho, de relacionamentos sociais e de realizações e conquistas intelectuais, espirituais e até mesmo materiais .

Já passamos por personalidades diferentes das que hoje nos identificam.

Estamos nesta jornada terrena não pela primeira vez, certamente inúmeras vezes tivemos oportunidades as mais distintas, abrigados por uma matéria que nos deu forma física para sermos reconhecidos e mantermos uma convivência de experiências e aprendizados.

O Eu espírito abriga conhecimentos e experiências que nos fortalecem e proporcionam nosso caminhar mais firme e seguro, com mais definições do que pretendemos e do como podemos realizar. Abre-se um caminho de alternativas a partir do nosso conhecimento e da nossa capacidade de escolha. E se conquistamos mais equilíbrio e bom senso, temos maiores condições de atingir sucesso nas nossas escolhas e realizações.

Diante dessas reflexões, como poderíamos nos perceber como seres espirituais convivendo em um Universo?

Seríamos espíritos independentes, sem vínculos permanentes uns com os outros? Ou experienciamos outras vidas, por vezes encontrando-nos, relacionando-nos, com vínculos afetivos, vínculos familiares consanguíneos?

Creio que somos, sim, espíritos interdependentes que por vezes se encontram e se relacionam em experiências físicas.

Não obstante nem sempre  venhamos a nos encontrar em alguma vivência corporal, fazemos parte de uma grande família – a Família Universal.

Somos todos irmãos, já que somos filhos do mesmo Pai – o Criador.

(1)                  Mensagens – Livro VII, Elda Evelina, Bookess Editora

(2)                  Aprender com o Mestre – Sobre o Amor – Elda Evelina, Bookess Editora

Sugestões de leitura, pelo GECAM

Vereda familiar – Tereza de Brito, por Raul Teixeira

Relações familiares – José Medrado / Eurípedes R. dos ReisRelações Famiiares – Capítulos do livro

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