Li certa vez sobre a experiência de uma pessoa que, na busca pelo encontro com seu íntimo, em processo meditativo, começou a perceber seus “inimigos” interiores. Características de sua personalidade que lhe vinham trazendo dificuldades no seu caminho de evolução espiritual. Aqueles desvios de comportamento, pequenos ou até mesmo grandes defeitos morais. E tomou consciência de que deveria acolher cada um deles em seu coração, expressando seu amor.
A cada atitude de acolhimento amoroso que promovia, diante de cada “inimigo” que encontrava, foi percebendo uma mobilização interior em direção à libertação da sua Alma. O amor se fazia instrumento de transformação alquímica. Era o amor perdoando tudo o que, em sua Alma, estivera impedindo a sua evolução moral e espiritual.
No entanto, para que consigamos fazer esse contato profundo com nós mesmos precisamos buscar o silêncio interior para que o nosso interior possa se expressar com intensidade e de forma verdadeira.
Importante ressaltar que, mesmo quando demonstramos determinação em promover essa mudança em nós, haverá momentos em que ainda venhamos a fraquejar.
É o processo de transformação que ainda se faz em nós.
Poderão ser, provavelmente, algumas particularidades da nossa personalidade que ainda não alcançaram a transformação almejada, ou mesmo outras que não tenhamos conseguido identificar no procedimento anterior de busca pela autotransformação.
Nosso ego (orgulho e vaidade) muitas vezes camufla nossos “inimigos” interiores não nos permitindo identificá-los de pronto.
Precisamos nos lembrar de buscar o silêncio que apazigua nossa alma e afasta o nosso ego, deixando-nos mais fortalecidos e disponibilizados ao autoconhecimento e ao encontro com o que há de melhor em nós – o amor e o autoperdão.
Esse processo requer uma atitude firme e constante.
Ao percebermos um impulso em nós que demonstre o desabrochar de algum daqueles “inimigos” interiores, é o momento de parar, avaliar nossos sentimentos e tentar acolhê-lo em nosso coração buscando a alquimia do amor.
É um processo dinâmico incessante.
O não despertar para a necessidade de processo de autoconhecimento e autotransformação proporciona em nós um sofrimento, muitas vezes nem o percebemos conscientemente. Fica escondido, camuflado pelo burburinho que não nos permite silenciar a nossa Alma. Até mesmo como um processo de autodefesa, instinto de autopreservação. Não queremos ver o que nos incomoda.
No entanto, esse comportamento só faz agravar nossa perturbação interior. Precisamos trazer à superfície o nosso “lixo” mental para então promover a reciclagem desse conteúdo. É preciso proceder à transformação.
Mais uma vez lembrando que é a alquimia do amor em ação – autoperdão.
A disposição, determinação e perseverança na dinâmica desse processo abre em nós uma nova perspectiva para a vida.
Não será tão-somente a nossa própria transformação com relação a nós mesmos, estaremos também abertos a algo ainda mais grandioso no nosso processo em direção à evolução espiritual, despertamento para o encontro com o poder do perdão dirigido ao nosso próximo.
O amor desenvolvido em nós, no acolhimento do nosso eu em nossos corações, passará a acolher também aqueles com quem partilhamos nosso momento na eternidade, indistintamente.
A partir de então, estaremos cumprindo o segundo grande mandamento: Amar ao próximo como a nós mesmos.
A paz, a luz e o amor estejam sempre em nós.