Posted por em 17 ago 2017

Aprender com o Mestre - Ilustração msg siteEstudo oferecido no Grupo Espírita Casa do Caminho – Guará II, em 17-08-2017

Áudio do estudo (mp3) – O Porvir e o Nada

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Convidada a explanar sobre alguns aspectos de nossas expectativas quanto ao futuro, após a morte do corpo físico, levantei várias possibilidades de abordagem sobre o tema O porvir e o nada, tendo como referência o livro O Céu e o Inferno.
A intenção é de falar, primeiramente, sobre algumas teorias existentes e seus fundamentos, ainda que de forma simples, sem preocupação em querer defender ou rejeitar qualquer uma delas, tão somente de trazer ao conhecimento daqueles a quem iremos nos dirigir, seja o público presente, sejam aqueles que virão a ler o texto que ora vem a nascer.
Não só a visão panorâmica do que contém o Capítulo I, mais do que isso, despertar o interesse na leitura ampla desse trabalho de Kardec, que abrange princípios fundamentais da Doutrina Espírita – O Céu e o Inferno.
Kardec oferece-nos uma oportunidade importante de fazer contato com conceitos sobre o Céu, o Inferno, o Purgatório, entre outros. Faz-nos refletir sobre o mundo corporal e o mundo espiritual e o nosso caminhar como seres encarnados e desencarnados.
Fala sobre a nossa jornada evolutiva, levando-nos a refletir sobre nossas experiências, aprendizado e o exercício que devemos fazer para nos tornarmos puros espíritos, ou anjos, como ele mesmo define.
Depois da abordagem preliminar, buscar um olhar mais aprofundado dando ênfase ao Porvir, segundo o espiritismo, e a diversidade de situações que viríamos enfrentar, em decorrência de nossas opções de vida, vivências enquanto encarnados.
A literatura sugerida foi o Capítulo I de o livro O Céu e o Inferno – A Justiça Divina segundo o Espiritismo, quarto livro do Pentateuco Kardequiano, publicado em 1865.
Esta obra é composta de duas partes, sendo:
– Primeira parte – abordagem doutrinária, contemplando fundamentos filosóficos e religiosos;
– Segunda parte – exemplos de situações vivenciadas por vários espíritos, trazidas em forma de depoimentos pessoais.
Em o Capítulo I, da Primeira parte – O porvir e o nada, começa Kardec:
“1. – Vivemos, pensamos e operamos – eis o que é positivo. E que morremos, não é menos certo.
Mas, deixando a Terra, para onde vamos? Que seremos após a morte? Estaremos melhor ou pior? Existiremos ou não? Ser ou não ser, tal a alternativa. Para sempre ou para nunca mais; ou tudo ou nada: Viveremos eternamente, ou tudo se aniquilará de vez? É uma tese, essa, que se impõe.”
A partir dessas questões, ele desenvolve um raciocínio sobre algumas teorias, ou podemos dizer conceitos filosóficos ou doutrinas: Niilismo e Panteísmo.
– Niilismo – a existência restringir-se-ia unicamente no momento presente, nada restando após a morte do corpo físico. Em assim sendo, a tendência do ser humano será concentrar toda a sua vida no hoje. Basicamente usufruindo de tudo o que viesse a conquistar, afetos, família, aquisição de conhecimento, acreditando nada disso vir a permanecer após a morte do corpo material.
Não acreditando na continuação da vida após o desvanecimento do corpo físico, intensifica seus interesses unicamente em si próprio, exacerbando um perfil egoísta e descuidando-se dos laços de solidariedade e fraternidade. Não se valoriza como um ser social.
– Panteísmo – a origem da palavra vem do grego – Pan (significa tudo) e Theos (significa Deus). Deus é ao mesmo tempo Espírito e Matéria. Todos os seres e corpos de a Natureza compõem a Divindade. Deus é o conjunto de todas as inteligências reunidas.
O Ser nasce como parte da Divindade e depois da morte do corpo físico retorna para o “Tudo”, mantendo-se como parte dessa mesma Divindade. Não seríamos seres com individualidade, sempre seremos parte do “Tudo”, a própria Divindade.
Coloca-nos Kardec:
“10. – Demais, estes sistemas não satisfazem nem a razão nem a aspiração humana; deles decorrem dificuldades insuperáveis, pois são impotentes para resolver todas as questões de fato que suscitam. O homem tem, pois, três alternativas: o nada, a absorção ou a individualidade da alma antes e depois da morte.
É para esta última crença que a lógica nos impele irresistivelmente, crença que tem formado a base de todas as religiões desde que o mundo existe.” (1)
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Tentemos manter nosso foco, a partir de agora, no Porvir, a sobrevivência do Espírito além da matéria. A nossa existência como seres individualizados, com características próprias: conceitos, inteligência, conhecimento, idiossincrasias, emoções, compromissos, livre-arbítrio.
Dando prosseguimento, a partir de considerações oferecidas por Kardec: 
“E se a lógica nos conduz à individualidade da alma, também nos aponta esta outra consequência: a sorte de cada alma deve depender das suas qualidades pessoais, (…) Segundo os princípios de justiça, as almas devem ter a responsabilidade dos seus atos, mas para haver essa responsabilidade, preciso é que elas sejam livres na escolha do bem e do mal; sem o livre-arbítrio há fatalidade, e com a fatalidade não coexistiria a responsabilidade.” (1)
Somos Seres imortais, nossa verdadeira identidade, neste Universo multidimensional, é o Espírito que dá vida ao nosso corpo e, através dele, assume uma personalidade com valores, compromissos, responsabilidades éticas, particularidades bem específicas, bem como características físicas que nos identificam junto a outros espíritos também vivenciando experiências únicas, com compromissos e responsabilidades que dizem respeito ao processo evolutivo de cada um.
Enquanto no corpo com que nos identificamos por alguns anos, passamos por vários processos de experiências, aprendizados, conhecimento que nos alavancam na jornada evolutiva, por vezes no sentido de nos oportunizar progresso espiritual, em outros momentos não nos permitimos evoluir e estacionamos, postergando nossa ascensão espiritual, o que nos leva a ter de repetir experiências até que consigamos encontrar o nosso verdadeiro caminho em direção ao que o Mestre nos convida: “Sede perfeitos como perfeito é nosso Pai celestial.” Bem como nos aconselha Paulo em II Coríntios 13:11: “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco.”
Antes de nos apresentarmos em corpo físico, no plano terreno, já vivíamos independente dessa matéria a nós emprestada. Como também, depois de abandonarmos a matéria, continuaremos a nossa jornada como se não tivéramos qualquer interrupção, é um continuum, certamente.
Somos Espírito em um corpo físico que nos proporciona a oportunidade de aprendizado e evolução intelectual e espiritual.
Então, sob esta perspectiva, quais seriam as opções a nosso dispor?
Em o texto Porta Estreita (2), Emmanuel fala sobre escolhas que fazemos, seja no plano espiritual, seja no plano físico. Traçamos metas, mas nem sempre atingimos os objetivos, resultando em novas buscas e novos projetos.
No plano espiritual, no mais das vezes, quando identificamos erros que foram cometidos em oportunidades da vivência no corpo material, seja na experiência imediatamente anterior, seja em outras mais remotas, conscientizamo-nos da necessidade em tomar decisões que remetem a escolhas, a refazermo-nos moralmente e elaborarmos um novo futuro mais lúcido e equilibrado.
Traçamos uma dinâmica de ações que entendemos mais adequada para o atingimento das metas, sempre sob a coordenação de amigos do plano sutil a orientar-nos de forma a sermos mais comprometidos e mais eficazes que nos for possível.
Elaborado todo o projeto e definidos os objetivos, passa-se a programar o retorno à vida física.
A partir de então, estaremos engajados a realizar nossa experiência física de modo a sermos melhores; ajustar pendências com inúmeras pessoas com as quais temos acertos a fazer; resgatarmo-nos moralmente, através do autoconhecimento e reforma interior. Enfim, buscarmos a nossa evolução espiritual de forma mais efetiva.
Reiniciamos, então, uma nova experiência em corpo, cheios de sonhos e projetos visando nossa evolução. No entanto, somos beneficiados com o embaçamento da memória pretérita.
Normalmente é oferecida a percepção de que este obscurecer da memória se dá para proteger-nos emocionalmente, pois não conseguiríamos lidar com as informações sobre o que fomos ou fizemos. É um benefício, um presente para que tenhamos melhores condições de seguir de forma mais saudável, sem angústias exacerbadas pelas escolhas e ações inadequadas no nosso passado.
Interessante trazer neste momento uma reflexão oferecida por Joanna de Ângelis (3) a respeito do esquecimento temporário de nossas ações por ocasião de uma nova vivência física.
Ela oferece-nos um outro olhar sobre esta mesma questão, eventualmente não percebido por nós, apesar de a Doutrina oferecê-lo em seus postulados:
“Ninguém transita na Terra sem experienciar o resultado dos seus atos anteriores, o que é perfeitamente compreensível.
Grande número de queixosos afirma que não se lembra do momento em que delinquiu, o que lhe serviria de justificativa para não resgatar afrontas nem crimes.
Deus concede o parcial olvido do passado, por compreender que as lembranças boas ou más não se restringem apenas ao indivíduo, mas ao grupo no qual se movimentou, facultando-lhe, então, caso recordasse, tomar conhecimento das ocorrências que foram praticadas pelos demais da esfera fraternal.” (grifo nosso)
Podemos interpretar como, mais uma vez, a presença da misericórdia Divina a proteger a privacidade daqueles com quem convivemos, hoje ou no passado, não permitindo que tenhamos acesso a detalhes de suas vidas que viessem a trazer obstáculos e até mesmo severas dificuldades no convívio entre as partes porventura envolvidas.
Voltando à reflexão sobre a nova oportunidade de vivência em corpo físico.
Reencarnamos com propósitos sublimes de experimentarmos uma nova forma de viver, comprometidos com acertos e reajustes, empenhados em fazer as melhores escolhas, até mesmo de expiações e provas, visando reparações em momento oportuno, e seguirmos por caminho de realizações úteis de trabalho, fraternidade, caridade, normalmente nominado de “porta estreita”.
Ao longo desta caminhada que se inicia, muitas são as alternativas que se nos apresentam, inúmeras escolhas são oferecidas ao longo da jornada e impõe-se a nós a necessidade de promovermos escolhas.
As que nos proporcionariam uma jornada mais coerente com o projeto elaborado na espiritualidade por certo exigem de nós sacrifícios, dedicação, revisão de princípios e adequação de comportamentos. Escolhas que eventualmente não são as que normalmente acolheríamos para nosso viver.
Nossas opções tendem às que são mais exuberantes ao nosso olhar, as mais fáceis de serem executadas, as que nos oferecem mais prazer do que oportunidades de luta e realizações que visam objetivos salutares e espiritualizados.
É importante que estejamos atentos, vigilantes. Lembrando as palavras de Jesus: “Vigiai e orai.“ (Marcos 14:38)
Em procedendo a escolhas incoerentes com os compromissos assumidos e inadequados ao nosso caminhar espiritual, em determinado momento percebemo-nos perdidos por não termos aproveitado bem a oportunidade oferecida e escolhida no plano sutil.
Muitas das vezes este acordar se dá em momentos de muita dor, por doenças graves ou incidentes com consequências muitas vezes irreparáveis na presente jornada.
Este despertar se mostra difícil e exacerba a dor já existente, com sentimentos de arrependimento e culpa.
Neste momento queremos fazer mudanças, recuperar o caminho original, fazermos a nossa reforma. No entanto, nem sempre será possível. Faz-se presente em nosso íntimo o desejo de uma nova oportunidade para voltar e recomeçar.
Percebemos, na maioria das vezes, que é tarde para esta retomada de propósitos e sentimo-nos infelizes e decepcionados com nossas escolhas. Podemos até traçar um novo caminho para seguir a partir daquele momento, mas temos consciência de termos desperdiçado muitas oportunidades maravilhosas e abençoadas.
Como diz Emmanuel (2): “Mas… é tarde. Rogaram a “porta estreita” e receberam-na, entretanto, recuaram no instante do serviço justo. E porque se acomodaram muito bem nas “portas largas”, volvem a integrar as fileiras ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem.”
Por certo Emmanuel refere-se a entrar de novo na “porta estreita” na mesma experiência física. A misericórdia do Pai proporciona a nós, em novas experiências no corpo, inúmeras oportunidades, tantas quantas sejam necessárias, para que nos despertemos e encontremos o caminho da “porta estreita” e consigamos entrar e cumprir a jornada de forma plena e abençoada.
Mesmo sabendo que precisaremos resgatar erros do passado, podemos usufruir da felicidade por termos alcançado essa consciência, preparando-nos para isso.
Mais conscientes, por certo admitiremos a necessidade de refazimento de conceitos, valores, atitudes, com mais afinco e determinação. Não devemos pensar exclusivamente no que encontraremos quando da morte do corpo físico, esta será tão-somente uma das fases da nossa jornada espiritual a caminho de novos estágios evolutivos. Nosso olhar precisa ir mais além, prepararmo-nos, como espíritos que somos, para o caminhar em direção à nossa purificação.
Diz-nos Kardec em o Código Penal da Vida Futura:
“16º – O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação.
Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.” (1)
Saber o como vivenciar nossas experiências em corpo físico, sabermos da necessidade de aprendermos mais e melhor sobre nossa responsabilidade em relação às Leis Divinas inscritas em nossa consciência. Acreditar na vida futura, o que nos aguarda como seres em processo evolutivo, a importância de nos reconhecermos como seres eternos. O encadeamento das experiências vivenciadas, a interação de tudo o que nos ocorre e nas relações com outros espíritos, independente de estarmos encarnados ou não.
A vida continua e é de grande valor assumirmos essa verdade.
Importante internalizar esse conceito e aprender mais e mais sobre viver, seja no plano físico ou no plano sutil; a interação entre essas experiências, implicações de nossas atitudes, não importando o onde, o quando, mas sendo de profundo valor o como. Assim, teremos probabilidade de acertar em nossas escolhas e beneficiarmo-nos dos resultados a serem obtidos com essa noção de responsabilidade, consciência e dever junto à espiritualidade mais elevada que nos acolhe, orienta, consola e instrui. Mais ainda, junto ao Amado Mestre que nos aguarda com confiança e esperança em nós.
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Ação e reação
As dificuldades e/ou doenças são a consequência de ações desequilibradas, das infrações que cometemos ao longo de nossas vidas, podendo repercutir na vida em curso ou em alguma vindoura.
Precisamos ter a consciência de que não há castigo de Deus. Há justiça divina.
A doença, como outros obstáculos com que nos deparamos, é um recurso de que nos utilizamos para a revisão de conceitos e valores, objetivando o crescimento espiritual que todos buscamos e almejamos.
Quando passamos por momentos difíceis, que nós mesmos escolhemos, seja por pedido consciente, seja por condições de aprendizado compulsório, voltamos nosso pensamento ao Pai e rogamos por auxílio.
O auxílio sempre virá como recurso de elevação e aprendizado. Poderá não ter a forma que esperamos, mas podemos ter a certeza de que virá na forma que melhor nos convier, porque Deus sabe dos objetivos que devemos alcançar e oferece os melhores recursos para tanto.
A prece nos envolve com energia benéfica e possibilita a aproximação dos grandes benfeitores que nos auxiliam na organização de roteiro para a caminhada segura.
É consoladora e fundamentalmente amorosa a oportunidade de aprendizado e crescimento espiritual. Sabemos que Deus nos oferece todas as oportunidades necessárias para que encontremos o nosso caminho e alcancemos a perfeição que Ele espera de nós.
Quando nos dispomos a observar e aprender diante das dificuldades, nós promovemos uma mudança interior e abrimos novos caminhos. É aprendendo que seguimos em frente, abrindo novas portas.
Quando resistimos e nos indispomos com os obstáculos, normalmente eles se mantêm até que consigamos perceber a lição que eles estão trazendo para nós.
De início, a mudança ocorre só no nível da emoção, mas depois a mudança se projeta para o exterior e o mundo à nossa volta torna-se melhor, principalmente porque o vemos com um novo olhar.(4)
(1) O livro O Céu e o Inferno, Kardec
(2) Livro Fonte Viva, Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier
(3) Livro Atitudes Renovadas, texto A bênção da reencarnação, Joanna de Ângelis, por Divaldo Franco
(4) Ação e reação, em o livro Reflexões Evangélicas, Elda Evelina, Bookess Editora
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 O suave navegar
A vida é um eterno navegar, seja em corpo, seja em espírito
São experiências que nos enriquecem a cada momento.
No entanto, para que efetivamente aprendamos com essas experiências precisamos estar abertos aos ensinamentos que elas nos proporcionam.
Se nos mantivermos resistentes às dificuldades, mantemos nosso foco na dor, no medo, e não conseguimos observar o ensinamento que as oportunidades nos oferecem.
Se, por outro lado, só tivermos olhar para os momentos prazerosos, ficamos tão embevecidos por eles que também não nos disponibilizamos ao aprendizado que eles podem nos proporcionar.
É interessante que estejamos prontos e disponíveis a aprender, todo o tempo. Em assim sendo, perceberemos a beleza da vida e, provavelmente, compreenderemos a verdadeira razão de estarmos aqui nessa jornada.

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