Posted por em 12 dez 2015

Decors-EvangeEstudo oferecido no Centro Espírita Casa do Caminho (Guará II), em 12 de dezembro.

Áudio do estudo oferecido (mp3) – O “Mas” e os Discípulos

Separador-Evange

Por vezes, na jornada terrena nós nos flagramos inseguros, com muitas dúvidas e sem condição de assumirmos tarefas e compromissos.

Há algo em nós que impede sermos ativos e produtivos. Ficamos à margem dos acontecimentos, contemplando a vida sem empenho em agir, reagir e até mesmo produzir.

Quando somos chamados a realizar algo, por vezes encontramos motivos para não fazê-lo e, nessas ocasiões, colocamos um “mas” para justificar a nossa não ação. Algo como: gostaria muito de realizar esta tarefa, mas agora não tenho tempo; muito interessante esta ideia, mas não tenho conhecimento suficiente para concretizá-la; nossa, este projeto parece-me muito útil e seria muito bom empenhar-me para implementá-lo, mas não tenho dinheiro nem condições no momento.

Diz-nos Emmanuel em o livro Pão Nosso:

“O discípulo aplicado assevera:

– De mim mesmo, nada possuo de bom, mas Jesus me suprirá de recursos, segundo as minhas necessidades.

– Não disponho de perfeito conhecimento do caminho, mas Jesus me conduzirá.

O aprendiz preguiçoso declara:

– Não descreio da bondade de Jesus, mas não tenho forças para o trabalho cristão.

– Sei que o caminho permanece em Jesus, mas o mundo não me permite segui-lo.”

Muitas vezes pensamos que trabalhar, agir ao longo da nossa jornada, requer grandes conhecimentos, alguma soma de dinheiro, capacidade intelectiva de expressão, competência para tomadas de decisão, acesso a recursos da mais variada ordem.

É um engano pensar assim, pois temos em mãos algo de muito valor que nos permitiria agir e realizar: força de vontade, desejo de ser útil. O que nos falta, muitas vezes, é a coragem, a confiança, a fé em nossa capacidade pessoal e no poder do Pai.

Há vários olhares que podemos ter a respeito desta questão.

Em nosso estágio evolutivo, muitas vezes mantemos tão só o desejo de realizações imediatistas e por vezes não conseguimos visualizar a possibilidade de resultados, ainda que a longo prazo, a partir de realizações hoje.

Diante desta forma de pensar, preferimos não agir por entender não valer a pena envidar esforços, não acreditando em seu efeito prático. Agindo assim, poderemos agir com indiferença e mantermo-nos anestesiados o que nos leva a um estado de tédio.

No entanto, em algum momento, algo promove um despertamento para a necessidade de outros valores. É quando a consciência, presente no Eu íntimo, começa a despertar para a necessidade de buscar novos conceitos.

A partir de então, percebendo as novas emoções que brotam dentro de si, percebe a beleza do realizar, do ser útil, não consegue mais interromper esse processo e busca projetos cada vez mais condizentes com a sua proposta de aprendizado; compromissos certamente assumidos quando de seu preparo para o retorno na vida física.

Não é só por causa do despertar intelectual, emocional e ético. É, essencialmente, pelo despertar espiritual, mesmo que ainda de forma incipiente. É a fase de transição entre o Ser conectado às suas condições ainda primitivas e o Ser que amplia seus horizontes. Vislumbra um futuro mais enriquecido pela beleza da consciência de que há algo além de si mesmo. Começa a abandonar a sua forma egoísta de olhar e observa um universo de oportunidades a serem descobertas e experimentadas. Essa vivência irá proporcionar, a cada momento, mais e mais vigor para a jornada e, a cada sucesso nesse caminhar, mais confiança e determinação em continuar.

Adquirindo mais saber sobre o mundo, as pessoas e sobre si mesmo, suas capacidades, este Ser se permite investir em novas jornadas descortinando um universo de possibilidades.

Paralelamente a este despertar, há o desvelar para o valor moral da vida. É o perceber que tem deveres a cumprir com seus companheiros de jornada e com a própria vida. Não pode mais ficar inoperante, nem usufruir quase tão-somente do trabalho de seus semelhantes. Precisa empenhar-se em realizações que lhe proporcionem melhores condições, bem como àqueles com quem partilha esse momento na eternidade.

Citando a parábola dos trabalhadores da vinha (Mateus 20:1-16), interpretada no Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX – Os trabalhadores da última hora -, itens 2,3 e 5.

  1. Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade. Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado. Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!””

Interessante sempre pensar na transformação do Planeta em um mundo de regeneração. No entanto, precisamos estar conscientes de que a regeneração do nosso orbe ocorrerá na medida em que nós nos mobilizarmos para a nossa própria regeneração.

Queremos viver em um mundo melhor, mais ético, uma sociedade mais justa? Precisamos, em primeiro lugar, buscar isto dentro de nós.

A partir do momento em que despertamos para essa realidade, para a necessidade de participarmos do processo de resgate da nossa espiritualidade e cumprimento dos compromissos que assumimos no plano espiritual, mudamos nossa atitude perante o que ocorre à volta. Percebemos a necessidade de ações mais efetivas na busca pela real transformação – nossa e do Planeta.

Encontramos em o texto Acordar e erguer-se (Fonte Viva, Emmanuel, por Chico Xavier):

“Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e o Cristo te iluminará.” Paulo na carta aos Efésios 5:14

“Esforcemo-nos por alertar os nossos companheiros adormecidos, mas não olvidemos a necessidade de auxiliá-los no soerguimento. (…)

Não basta recomendar.

Quem receita serviço e virtude ao próximo, sem antes preparar-lhe o entendimento, através do espírito de fraternidade, identifica-se com o instrutor exigente que reclama do aluno integral conhecimento acerca de determinado e valioso livro, sem antes ensiná-lo a ler.”

Diz-nos ainda Emmanuel:

“Há milhares de companheiros nossos que dormem, indefinidamente, enquanto se alonga debalde para eles o glorioso dia de experiência sobre a Terra. (…)

Percebem vagamente a produção incessante da Natureza, mas não se recordam da obrigação de algo fazer em benefício do progresso coletivo. (…)

Chega, porém, um dia em que acordam e começam a louvar o Senhor, em êxtase admirável…

Isso, no entanto, é insuficiente. (…)

É preciso que os corações despertos se ergam para a vida, se levantem para trabalhar na sementeira e na seara do bem, a fim de que o Mestre os ilumine.”

Há momentos em que poderemos nos encontrar buscando respostas a inúmeras indagações e isto proporcionar uma certa ansiedade. Talvez até venhamos a buscar reflexões que nos possam proporcionar entendimento que venha a pacificar-nos internamente.

Um estágio em que poderemos afirmar que acreditamos no Evangelho, queremos ser úteis à luz dos ensinamentos do Mestre. No entanto, ficamos pensando nas pessoas e no como poderíamos amenizar suas dores com o conhecimento e a fé que acolhemos em nossos corações.

Há uma reflexão muito oportuna para o estudo em questão (desconheço o autor): “O primeiro passo não o leva para onde você quer ir, mas tira você de onde você está.”

Precisamos dar o primeiro passo, mesmo que dele resulte algo que não nos é ainda perceptível, mas será o alavancar de um novo processo de descobertas de valores e conquistas.

 

2 Comentários

  1. 14-12-2015

    Lendo o texto todo, percebe-se um crescendo de orientações, afirmações para se chegar ao primeiro passo que não leva para onde se quer ir… mas tira a gente de onde se está…Ótima reflexão amiga!

    • 14-12-2015

      No áudio há algumas reflexões complementares que enriquecem o texto. Abraços fraternos, amiga.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *