Posted por em 18 abr 2012

Asas 2O Ser Humano é, por natureza, um ser livre que traz em sua consciência os parâmetros para delinear suas ações ao longo de sua existência.

Esses parâmetros se modificam ao tempo em que o Ser Humano amplia seus conhecimentos e modifica seus valores e conceitos.

Ele detém a liberdade de agir e de pensar, não obstante essa liberdade ser, a todo tempo, avaliada e mensurada de acordo com o seu grau evolutivo.

É importante que tenhamos isso em mente, pois, como seres racionais e inteligentes, precisamos balizar nossas ações avaliando não só os nossos direitos à liberdade, mas também, e sobremaneira, os direitos daqueles que partilham conosco a existência ao longo de nossa jornada. Entre esses companheiros de evolução não só estão aqueles que fisicamente caminham conosco, como também aqueles que já partiram para outros planos, pois também fazem parte da grande irmandade universal.

As relações entre os seres devem estar fundamentadas no respeito e no reconhecimento de que todos somos iguais. Não deveria haver, portanto, qualquer tentativa de domínio físico, psicológico ou espiritual entre eles. Não somos propriedades de ninguém, como também não somos proprietários de quem quer que seja.

No entanto, podemos afirmar que ainda estamos na infância espiritual na Terra e ainda podemos encontrar aqueles que se acham no direito de impor sua vontade e exigir total obediência a seu mando, coagindo e submetendo os que, no seu modo de entender, estão ainda em condição inferior.

Podemos encontrar até mesmo aqueles que, a título de quererem manter a sua liberdade e hegemonia, procuram a usurpação dos direitos do outro com violência, desconsiderando valores ético e morais.

As desigualdades intelectuais, econômico/financeiras, de raça, religião ou cor, nunca deverão ser justificativa ou pretexto para imposição do poder, da submissão. Muito ao contrário, aqueles que se encontram em condições mais favoráveis com relação a outros deverão empenhar-se em compartilhar para que possamos todos nos elevar de forma digna e caminharmos juntos em direção ao progresso intelectual, emocional e espiritual.

A liberdade deverá iniciar-se no interior de cada um de nós. É um processo de dentro para fora. Só seremos verdadeiramente livres encontrando a paz interior. A verdadeira liberdade não pode ser limitada ou coibida. O Ser Humano a encontrará quando se libertar das paixões, de que muitas vezes se faz escravo.

Sob o aspecto espiritual, interessante observar os vínculos que se formam entre vencedores e vencidos, ditadores e submetidos à sujeição. Aqueles que vencem as batalhas pela violência e brutalidade acabam por se fazerem servos daqueles que violentaram e brutalizaram. Formam-se laços invisíveis que imantam as partes envolvidas, fortalecidos pelo ódio, pelo rancor, pela mágoa, pela dor e sofrimento sem perdão.

Esses laços se mantêm, muitas vezes, por séculos, impedindo o progresso espiritual desses seres. Esse processo só será interrompido a partir da conscientização de, pelo menos, uma das partes, pois, a partir de então não haverá a realimentação do ódio, da mágoa e aquele que conseguiu compreender a necessidade de buscar a liberdade, através do perdão e do entendimento, envidará esforços para partilhar esse aprendizado com seu adversário do passado, levando até ele o sentimento de fraternidade e, quem sabe, até mesmo de amor.

Sobre o livre-arbítrio podemos tecer algumas considerações interessantes.

Essa faculdade distingue o Ser Humano das máquinas. É através dela que nos expressamos e agimos de acordo com a nossa vontade.

Podemos perguntar se é pleno o exercício do livre-arbítrio.

Muitas vezes somos cerceados a agir não em razão de ter-nos sido retirado o livre-arbítrio e sim por nossas condições físicas, emocionais, psicológicas ou espirituais nos levarem a tomar decisões diferentes do que se poderia esperar das predisposições instintivas do Espírito.

Quando nascemos com deficiências mentais ou físicas, ou sofremos algum tipo de acidente que nos leva a essa condição, nosso corpo, por si só, já sofre limitações que impedem determinadas atitudes. Nosso Espírito está em processo de aprendizado a partir dessa experiência que nos constrange os atos. É a Lei da Ação e Reação e a do Progresso Espiritual agindo a nosso favor no processo evolutivo.

Exceto na condição de limitações de ordem mental que nos tira a capacidade de exercer a vontade nas nossas atitudes, sempre temos consciência de nossos atos e sabemos de suas consequências.

Somos responsáveis pelas nossas ações e mesmo por pensamentos que têm capacidade criadora e, portanto, expressam resultados concretos, ainda que, por vezes, invisíveis a nós. Nossa responsabilidade nesses resultados está na mesma proporção da nossa condição intelectual. Quanto mais conhecemos sobre o mundo à nossa volta, suas leis, sobre a moral e a ética, mais responsáveis somos pelo que fazemos e, por conseguinte, mais seremos cobrados pela nossa própria consciência – fator regulador no processo evolutivo do nosso Espírito.

Vale retornar à abordagem inicial desta reflexão.

Somos, por natureza, seres livres e que trazem na consciência os parâmetros que nos orientam nos pensamentos e ações ao longo de nossa existência. Nossa autocobrança se fortalece e torna-se mais efetiva na medida em que nos transformamos interiormente com a aquisição de novos conceitos e valores favoráveis à evolução do Espírito.

Quando nos tornamos seres melhores, Espíritos mais conscientes, buscamos no compartilhar nosso propósito de vida, mantendo relacionamentos saudáveis, gratificantes e nobilitantes com nossos companheiros de jornada. Exercemos nosso direito à liberdade de forma a nos respeitar e, principalmente, ao direito de nossos irmãos à sua liberdade. Lembrando que entre esses estão incluídos, também, os que já não estão fisicamente conosco, pois todos fazemos parte da mesma irmandade universal.

do livro “Reflexões Evangélicas II”, Bookess Editora
http://www.bookess.com/read/11777-reflexoes-evangelicas-ii/
Palestra no Grupo Espírita “Casa do Caminho”, Guará II, Brasília (DF)

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