Posted por em 7 out 2014

Decors-Evangelho-04Áudio da palestra proferida no GFEIE, em 6-10-2014 (mp3) – Não julgueis-Elda Evelina

Decors-Evangelho-04

Analisar o comportamento de alguém que se dispõe a julgar a atitude de outro é um desafio de certa complexidade. São muitas as razões que impulsionam a isso, é um ímpeto demonstrado por quase todos os seres racionais vivendo em nosso Planeta. Normalmente é uma atitude com características de certa dureza e até mesmo perversidade o querer avaliar a conduta do companheiro de jornada, sem uma postura ética, justa e digna.

Para fazer essa análise precisaríamos adentrar o inconsciente daquele que se crê no direito de julgar, de oferecer uma crítica, de penetrar na intimidade do outro sem conhecimento suficiente de sua vida, de suas razões, de particularidades pessoais. Ao se desconhecer essas variáveis estaríamos também assumindo uma atitude não ética, justa e digna.

O comportamento a que nos referimos – julgar – sem o devido embasamento sobre as razões que porventura tenham levado alguém a tomar essa ou aquela atitude, compromete de forma demasiada aquele que se propõe a tal cometimento. Este mostra manter comportamento mais danoso, demostra necessitar de mais correção e censura do que aquele a que se propõe ou pretende punir, caluniar.

Quando Jesus disse no Sermão da Montanha: – “Hipócritas, tirais primeiro a trave do vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão.” (Mateus 7:5), ele se referia àqueles que dominavam a arte de dissimular os desvios morais interiores e empanavam suas desditas buscando revelar os desvios morais nos outros como forma de compensação de sua infelicidade. É uma atitude, podemos mesmo dizer, de projetar em companheiros de jornada o que detestam em si mesmos.

A pessoa que se coloca no papel de juiz do seu irmão assume esse papel, em grande parte das vezes, por não conseguir perceber em si, conscientemente, as imperfeições morais que identifica no outro. Isso acontece porque encontra-se atribulado por características muito mais graves e muito mais perturbadoras.

A prática legal do julgamento tem base no reconhecimento do direito, baseado na ética, na conquista do desenvolvimento cultural dos povos e dos homens. Está no conceder àquele em que se questiona o comportamento a oportunidade de apresentar motivos de seus atos, bem como de se verem preservados seus valores e suas conquistas como cidadão.

As duas formas de agir – julgar de forma caluniosa e indigna em contraposição ao julgamento ético e justo – compara-se à do homem mergulhado no seu lado sombrio e à do homem vencedor de suas imperfeições.

Alguém que em determinado momento venha a incorrer em algum erro não perdeu sua condição de Ser Humano, mantendo o direito a tratamento digno e misericordioso, por maior que tenha sido o seu desvio moral. Não nos devemos manter em atitudes primitivas e rudes, como que equiparando-nos àqueles que cometeram um crime ou se encontram em desvios morais.

O julgar de forma insensata e arbitrária é a expressão da inferioridade de quem julga, pois que vê apenas a sua própria forma de ser refletida no outro e tem por essa imagem grande repulsa. Em decorrência desse sentimento, quer destruir essa imagem naquele em que se vê projetado, ferindo-o, por se ver incapaz de libertar-se da própria deficiência que lhe pesa sobremaneira na consciência.

Diante dessas reflexões, é importante venhamos a perceber que, quando nos encontrarmos em uma situação em que nos defrontamos com o impulso de querer proceder a algum julgamento, devemos examinar a atitude, o proceder do outro, não como um censor, um juiz, mas como alguém observador que busca a compreensão e o autoconhecimento, como recurso para não incidir do mesmo erro.

Desta forma estaremos demonstrando um comportamento maduro, de alguém que procura compreender e agir de forma dignificante e saudável.

Observar o outro de forma isenta, sem julgamento e sim com compreensão e misericórdia, e aproveitar essa oportunidade para uma autoavaliação é o instrumento mais eficaz para alcançar o autoconhecimento e a autotransformação, ao que denominamos, na Doutrina Espírita, de Reforma íntima.

Jesus conduziu os seus ensinamentos de forma a nos oferecer mais compreensão sobre as relações humanas. Não nos submetia a julgamentos, pelo contrário, demonstrava misericórdia, compaixão e, principalmente, conduzia-nos à compreensão da necessidade de perdoar.

Importante lembrar, novamente, as palavras do Mestre advertindo-nos quanto ao impulso que nos acomete para julgar nossos companheiros de jornada: “Hipócritas, tirais primeiro a trave do vosso olho e pois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão.” (Mateus 7:5)

 

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