Posted por em 28 maio 2018

Estudo oferecido na FEB Federação Espírita Brasileira, em 28-05-2018

Áudio do estudo (mp3) – Diálogo de Jesus com Pedro

Folheto distribuído ao público (PDF) – Diálogo de Jesus com Pedro


 Mt  26:31-35  Mc 14:27-34  Lc 22:31-34 ZC 13:7 e 8

Este diálogo de Jesus com Pedro ocorreu após os preparativos para a celebração da Páscoa com os discípulos.

Jesus havia estado na casa de Simão, o leproso. Em lá estando, uma mulher derramara-lhe unguento sobre a cabeça, pelo que Jesus afirmara tê-lo antecipadamente preparado para a sepultura. Acrescenta que esta ação seria contada todas a vezes em que se falasse sobre o Evangelho.

Judas fora à procura dos sacerdotes para entregar o Mestre e combinaram com se daria e o momento.

Os discípulos perguntaram onde iriam fazer os preparativos para comer a Páscoa.

Tão logo orientados, prosseguiram como Jesus lhes dissera, para a preparação da Ceia Pascal.

Em certo momento, Jesus informa que um dos doze irá traí-lo. Houve entristecimento dos discípulos indagando-se um e outro quem faria tal coisa.

Tomaram do pão e beberam do vinho. Cantaram um hino e saíram para o monte das Oliveiras.

Jesus então disse: “Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim; porque está escrito: Ferireis o pastor, e as ovelhas se dispersarão. Mas, depois que eu houver ressuscitado, irei adiante de vós para a Galileia.” (Mc 14:27 e 28)

Disse então Pedro: “Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu.” (Mc  14: 29)

Jesus acrescentou: “Em verdade te digo que hoje, nesta noite antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás.”

Pedro, então, afirma com veemência: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo algum te negarei.” (Mc 14:31)

Há vários aspectos que a respeito dos quais poderíamos fazer algumas reflexões.

No primeiro versículo da passagem, objeto deste estudo, encontramos a referência de Jesus ao que está escrito: “Ferireis o pastor, e as ovelhas se dispersarão.” (Mc 14:27)

O que foi citado por Jesus encontra-se no livro do profeta Zacarias 13:7 a 9. A passagem faz parte de um conjunto que tem como título “Ferido o pastor de Deus”

“Ó espada, desperta-te contra o meu pastor, e contra o homem que é o meu companheiro, diz o Senhor dos Exércitos. Fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas; mas volverei a minha mão sobre os pequenos.

E acontecerá em toda a terra, diz o Senhor, que as duas partes dela serão extirpadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela.

E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é o meu Deus.”

Podemos perceber aqui uma evolução de um povo até que alcance a condição de ser o povo de Deus.

Por certo não se refere ao privilégio desse ou daquele povo, como temos verificado ser o entendimento de alguns, até o momento presente, mas um processo evolutivo de purificação moral e espiritual. Que alcancemos a condição de verdadeiramente dizermos: “O Senhor é o meu Deus”, no mais profundo da Alma.

Pedro afirma estar livre de escandalizar-se, como sugerira Jesus. No entanto, Jesus, então, afirma que ele, Pedro, o negaria por três vezes antes de o galo cantar por duas vezes.

O discípulo diz que isso não acontecerá, ainda que tenha que morrer com o Mestre.

Pedro demonstra, naquele momento, uma fragilidade quanto a assumir compromissos. Viria a negar Jesus, como o Mestre o dissera.

Creio que aqui está o cerne da questão dos nossos estudos.

Diz-nos Emmanuel em o texto Protestos verbais (1) :

“É indispensável que o aprendiz sincero do Evangelho esteja sempre de mãos dadas à vigilância, no capítulo dos protestos verbais de solidariedade. (…)

Ainda nas vésperas do sacrifício culminante, vemos os discípulos protestarem fidelidade e devotamento. Pedro e os companheiros declaravam-se unidos a Ele até o fim, hipotecando-lhe amor e dedicação.”

Jesus, não obstante as promessas de comprometimento para com Ele, viu-se só na sua trajetória rumo ao sacrifício. Ele que compartilhara talentos recebidos do Pai; sua dedicação sem reservas a tantos quantos se apresentaram à sua frente buscando socorro. A outros, mesmo que não tenham solicitado qualquer interveniência a seu favor.

Estarmos dispostos a oferecer auxílio e solidariedade não deverá estar restrito a palavras. Estas são frágeis e voam ao vento dos interesses, apegos, inseguranças e medos.

Hipotecarmos nossas promessas requer comprometimento irrestrito, em qualquer circunstância. Sob qualquer hipótese.

Estarmos prontos a lutar contra as intempéries; inveja, despeito, sofrimento, traição, esquecimento e ingratidão.

O que nos levaria a romper com os desvios morais, às fragilidades espirituais e aos descaminhos que porventura se nos apresentarem?

É estarmos inteiramente devotados ao amor e, por decorrência, à dedicação.

Seguirmos com fé e determinação, abraçando o Evangelho do Cristo em nossas vidas.

É com essa força que iremos alcançar metas propostas e viremos, um dia, fazer parte do povo que dirá, com verdadeira intenção, “O Senhor é o meu Deus”, quando Deus vir a dizer “É meu povo”.

Creio ser interessante, com relação ao tema sob enfoque – Diálogos de Jesus – com Pedro, abrirmos nosso olhar para outro contexto, tendo como referência o Amor, dedicação, empenho, comprometimento.

Em o Evangelho de João 21:17 encontramos: “Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me?”

Esta passagem está no seguinte contexto:

– Jesus já havia sido crucificado;

– Maria Madalena fora ao sepulcro e o encontrara aberto e não estando mais ali o corpo de Jesus. Encontrara dois Anjos;

– à porta do sepulcro Maria Madalena viu um homem que a ela perguntou: “Por que choras? Ao dizer-lhe Maria, ela o reconheceu. Dali foi Maria Madalena anunciar aos discípulos que vira o Senhor e o que Ele lhe dissera”;

– à tarde desse dia, estando os discípulos a portas fechadas, chegou Jesus e disse: “A paz esteja convosco.”

Depois desse encontro, Jesus esteve novamente com os discípulos junto ao mar de Tiberíades. Foi quando se deu o que veio a ser conhecida como a “pesca milagrosa”.

Em certo momento Jesus diz a Pedro: “Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes?” Pedro responde: “sim, Senhor, tu sabes que te amo. Jesus então lhe diz: “Apascenta os meus cordeiros.”

Mais duas vezes pergunta a Simão Pedro: “Simão, filho de Jonas, amas-me? Volta Pedro a responder: Sim, Senhor, tu sabes que te amo.” Como também volta a afirmar Jesus: “Apascenta as minhas ovelhas.”

A respeito desta passagem, Emmanuel (2) nos traz reflexões que nos poderão remeter a conclusões importantes para nossas vidas, para os nossos “olhares” em direção ao que verdadeiramente estamos apreendendo dos ensinamentos do Mestre e aplicando nas nossas atitudes para com nós mesmos, para com o próximo e para a vida como um todo.

Diz-nos Emmanuel que, por certo, o que Jesus pretendia ao perguntar a Pedro se este O amava, não era saber exatamente o sentimento que o discípulo tinha por Ele. O objetivo seria de Pedro refletir sobre seu sentimento pelo Mestre, pois Jesus, naquele momento, estava entregando a ele, Pedro, o apostolado dos ensinamentos que trouxera para o povo, que depois seria oferecido a toda a humanidade terrena, através dos evangelistas e pelo trabalho de Paulo, o Apóstolo dos Gentios.

Outra observação que Emmanuel faz em seu texto é de que Pedro, com o amor dedicado ao Mestre, todas as dificuldades se resolveriam.

Diz Emmanuel textualmente:

“Se o discípulo possui suficiente provisão dessa essência divina, a tarefa mais dura converte-se em apostolado de bênçãos promissoras.

É imperioso, desse modo, reconhecer que as tuas conquistas intelectuais valem muito, que tuas indagações são louváveis, mas em verdade somente serás efetivo e eficiente cooperador do Cristo se tiveres amor.”

Por certo podemos ver, nas colocações de Emmanuel, uma assertiva remetida a todos nós que nos dispomos a ser propagadores do Evangelho, trabalhadores do Cristo. Podemos ler essas duas frases transcritas acima como referência imperiosa não só para Pedro, como para todos os demais discípulos, como também a Paulo de Tarso… Também a todos nós trabalhadores na seara do Evangelho do Mestre.

(1)   Em o Reformador, Emmanuel, por Chico Xavier, jul 1943, pág. 153

(2)   Caminho, Verdade e Vida, Emmanuel, por Chico Xavier

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *