Posted por em 4 set 2017

EAprender com o Mestre - Ilustração msg sitestudo oferecido na FEB Federação Espírita Brasileira, em 04-09-2017

Áudio – Jesus e os Fariseus

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O tema está contemplado em Mt 12:1-8, Mc 2:23-28, Lc 6:1-5

Considerações iniciais

Nossos estudos a respeito dos diálogos de Jesus, mantidos com os Fariseus, têm sido enriquecedores por levantarem várias questões sobre ritos, costumes, regras a serem cumpridas pelo povo judeu ao longo dos séculos – Leis judaicas.

Várias dessas conversas de Jesus com os Fariseus deram-se por ocasião de realizações de curas e comportamentos dos discípulos, e do próprio Mestre, ocorridas em dias de sábado.

O sábado para os judeus – Shabat é, na verdade, o dia dedicado às orações e considerado o dia mais importante da semana. A palavra Shabat deriva-se do verbo Iashévet, “descansar” ou “sentar”. O trabalho era proibido, mesmo os afazeres domésticos – de acordo com o que está escrito em Êxodos 34:21:

“Seis dias trabalharás, mas ao sétimo dia descansarás na aradura e na sega descansarás.”

Está associado à obra da criação. Em Gênesis 2:3 encontramos: “E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera.”

Momento para recordar que a necessidade de ganhar a vida não deverá sobrepor-se à importância de viver. É dia de reunião da família (avós, pais, filhos, netos), todos usando suas melhores roupas. Momento para alimentos especiais (de acordo com a condição econômica/financeira), pães trançados, vinhos doces para a bênção, toalha alva e limpa, velas, a melhor louça, flores em um vaso polido.

Encontramos em o Decálogo, Êxodo 20:8-11:

“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.
Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra.
Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.
Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.”

Os judeus ortodoxos vivem a alegria do Shabat – Oneg Shabat. Não há atividades relacionadas ao trabalho, não só para que se veja cumprida a lei. Também para que se dediquem ao estudo das Escrituras, cantar Salmos ao Senhor e orar.

É um dia em que se verificam 39 restrições, em variadas circunstâncias, como: arar, semear, colher, agrupar a colheita, debulhar, dispersar o grão ao vento, selecionar e separar, moer, peneirar, fazer massa, assar/cozinhar/fritar, tosquiar, lavar, desembaraçar a lã não trabalhada, tingir, fiar, esticar o fio para prepará-lo para tecer, passar o fio entre dois anéis, tecer, desfazer s fios a fim de retocá-los, atar, desatar, costurar, rasgar intencionando suturar, caçar, abater, pelar o couro, curtir o couro, alisar o couro, demarcar o couro (para cortá-lo, cortar (seguindo uma certa medida), escrever, apagar, construir, destruir ou demolir (com a intenção de reconstruir no local), acender fogo (aumentar, prolongar ou propagá-lo), apagar fogo (ou diminuí-lo), terminar a manufatura de qualquer objeto, transportar de propriedade particular para pública e vice-versa.

Além das 39 restrições mencionadas, seguem outras instituídas por ordem rabínica.

Guardam o sábado não só os judeus, mas também algumas denominações cristãs: Adventistas do Sétimo Dia, Batistas do Sétimo Dia (Sabatistas).

Há várias ocasiões em que o sábado, ou o sétimo dia, é citado no Velho Testamento como um dia em que aconteceu algo importante:

– quando do Dilúvio, Noé recebeu prévio aviso da iminência da tempestade sete dias antes de começar a chover;
– também Noé libertou aves de sete em sete dias para saber se as águas haviam baixado;
– outras situações, durante o Dilúvio, ocorreram em períodos de sete dias: a tempestade sessou no fim do sexto dia e no sétimo dia o sol surge em esplendor; Deus ordenou que Noé, seus familiares e os animais saíssem da Arca no sétimo dia, quando foram então oferecidos sacrifícios de ações de graça;

á referências de que o sétimo dia representa uma das manifestações da benevolência divina para com o homem.

Mateus foi o evangelista que  escolhemos para o presente estudo, no Capítulo 12 encontramos:

“1 Naquela ocasião Jesus passou pelas lavouras de cereal no sábado. Seus discípulos estavam com fome e começaram a colher espigas para comê-las.
2 Os fariseus, vendo aquilo, lhe disseram: “Olha, os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido no sábado”.
3 Ele respondeu: “Vocês não leram o que fez Davi quando ele e seus companheiros estavam com fome?
4 Ele entrou na casa de Deus, e juntamente com os seus companheiros comeu os pães da Presença, o que não lhes era permitido fazer, mas apenas aos sacerdotes.
5 Ou vocês não leram na Lei que, no sábado, os sacerdotes no templo profanam esse dia e, contudo, ficam sem culpa?
6 Eu lhes digo que aqui está o que é maior do que o templo.
7 Se vocês soubessem o que significam estas palavras: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’, não teriam condenado inocentes.
8 Pois o Filho do homem é Senhor do sábado”.

Tomando cada versículo do capítulo 12 para reflexão:

̶  Jesus passava pela lavoura de cereal no sábado. Estando os discípulos com fome colheram espigas para comê-las. Colher e debulhar são duas das atividades restritivas para o dia de sábado;
̶  os fariseus questionam Jesus quanto ao que estavam fazendo, por não ser permitido tal procedimento nesse dia;
̶  lembra o Mestre uma ocorrência que se deu com Davi e seus companheiros quando estavam com fome – I Samuel 21:1-9. Nesta passagem, o próprio sacerdote ofereceu os Pães da proposição, ou Pães da presença (pois deveria haver sempre pães na presença de Deus, no templo;
̶  esses pães a que se referiu Jesus, no caso de Davi e seus companheiros, estavam postos em um lugar santo. São trocados a cada sete dias, sendo que os pães recolhidos pertenciam aos sacerdotes e seriam consumidos por eles no lugar santo. Os sacerdotes os consumiam no sábado e, por ocorrer em lugar santo, creio podermos concluir ser a esse fato que Jesus estivera se referindo quando disse: “os sacerdotes no templo profanam esse dia e, contudo, ficam sem culpa?”

Buscando entendimento para aprendizado

Tomando como referência o texto contido no Evangelho Mt. 12 6-8:

“Eu lhes digo que aqui está o que é maior do que o templo.
Se vocês soubessem o que significam estas palavras: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’, não teriam condenado inocentes.
Pois o Filho do homem é Senhor do sábado”.

Jesus, por certo, referia-se ao que realmente importa em nossas vidas – sermos coerentes quanto ao falar e ao fazer.

Nossos discursos, muitas vezes, são totalmente diversos de nossas atitudes.

Temos conhecimento das leis, consciência quanto ao que se espera do cumprimento. No entanto, criamos maneiras de agir de forma a tentar contornar, aos “olhos” do mundo, as exigências legais, éticas e morais.
É usual não agimos com dignidade nas relações pessoais. Não somente nestas, mas também em nossas atitudes para com a Natureza como um todo.

Com relação às palavras de Jesus “aqui está o que é maior do que o templo”, poderíamos interpretar de o fato em si e as razões que levaram ao cometimento, questionado pelos fariseus, terem muito mais significado, mais importância, do que as leis a que se referiam  ̶  o “ceifar” (colher espigas para comer) em um dia de sábado. Lembra Jesus, naquele momento, que Davi e seus companheiros tiveram a oportunidade de comer os Pães da proposição no próprio templo, com autorização do sacerdote, pois estavam com fome.

Também referiu-se a os sacerdotes, no templo, profanarem o sábado e nem assim são considerados culpados. Eles consumiam, no templo, os Pães da proposição quando da substituição pelos pães novos.

O desejar misericórdia e não sacrifício… Por certo Deus não espera que sejamos condenados por erros cometidos. Com Seu amor e misericórdia só contemplaria procedimentos que visem nosso progresso espiritual. Medidas corretivas decorrentes da Lei de Causa e Efeito. A Lei de Amor e Caridade não faz excessões. A Justiça Divina está sempre presente em qualquer que seja a circunstância.

Quanto às palavras “Pois o Filho do homem é Senhor do sábado“, afirma Jesus que ele, o Filho do Homem – o Messias, tinha poder em decidir o que estaria lícito ou não em um dia de sábado.

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