Posted por em 21 jan 2022

Estudo oferecido no GEAEF Grupo Educacional e Assistencial Espírita Fraternidade, em 21-01-2022

Folheto no Facebook do GEAEF (PDF) – CoracaoPuro-21-01-22-folheto

“Não se turbe o vosso coração.” (Jo 14:1)

A este versículo que Emmanuel colocou como referência, para o estudo sobre o tema “Coração puro”, segue-se este mais à frente:

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (Jo 14:27)

Por certo temos aqui uma referência que nos leva a compreender que não há como estarmos transitando por esta experiência terrena sem vivenciar dificuldades, tentações, provas ásperas, como o próprio Emmanuel coloca em suas reflexões.

Se essas experiências são inevitáveis, importa que tenhamos tranquilidade, consciência e bom ânimo para seguirmos em frente, tomando tais experiências como oportunidades de aprendizado, objetos de reflexões e busca de entendimento para uma vida saudável, sem temor ou desespero pelo caminho a seguir.

As experiências decorrentes de convívios difíceis são reflexos de experiências anteriores em que cometemos erros e não compactuamos amor, serenidade, paz e compreensão para com nossos companheiros de jornada.

Essas vivências compelem-nos a comportamentos difíceis inevitáveis, a não ser quando já tenhamos alcançado algum nível de elevação moral, discernimento quanto ao que significa o verdadeiro amor nas relações entre os companheiros de jornada, seja como familiares, amigos ou simplesmente companheiros de caminhada no Plano Físico da vida na matéria.

Quando alcançamos um nível de consciência próximo ao ideal conseguiremos vencer níveis de perturbação por alcançarmos em nós a luz radiante que iluminará nossas mentes e nossos passos na caminhada.

Entendo interessante acrescentar uma reflexão que teria sido partilhada entre Francisco de Assis e Frei Leão.

Teria começado assim a interlocução entre os dois:

Francisco pergunta a frei Leão: Irmão, sabe acaso o que é a pureza de coração?

Responde-lhe o frei: É não termos falta alguma de que nos acusemos.

Francisco acrescenta, percebendo a tristeza de frei Leão: porque temos sempre alguma coisa de que nos acusar.

Leão concorda.

Oferece então Francisco uma reflexão muito interessante a respeito do que deveria ser ter puro o coração.

Não dever preocupar-se tanto com a pureza da própria Alma e sim voltar o olhar para Deus. Ainda somos imperfeitos e é um sentimento humano compreensível, mas não deveríamos deixar que a distância que existe entre nós e Deus acarrete tristeza e insegurança.

Precisamos elevar o nosso olhar para mais alto.

O coração puro é aquele que toma profundo interesse pela própria vida em Deus.

Sugere esvaziar-se da insegurança e fragilidade interior e vibrar na alegria em Deus. Esse vazio ocorrido em nós, ao aceitarmos Deus, abrirmo-nos à Sua plenitude, é preenchido pela presença inefável do Pai e Criador.

Não devemos guardar o que nos pesa, inclusive as próprias falhas.

O nosso desejo de perfeição muda em um simples e puro querer de Deus. (1)

A partir do momento em que temos consciência dessa necessidade e buscamos mudar nossas atitudes, tentarmos identificar a presença de Deus em nós. Essa busca, em razão das fragilidades que ainda se mantêm em nós, precisará ser constante – abrirmo-nos à Sua plenitude e deixarmo-nos preencher pela Sua presença.

Quando Jesus disse aos discípulos: “Deixai que venham a mim as criancinhas e não as impeçais, porquanto o Reino de Deus é para os que se lhes assemelham. – Digo-vos, em verdade, que aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará.” (Mc 10:13-16), faz despertar em nós o interesse em compreender a essência das palavras do Mestre.

Tomando como referência as reflexões de Francisco de Assis, poderemos interpretar as palavras do Mestre dizendo que uma criança, ainda em sua inocência, frágil, simples e humilde, tem puro o coração. Deixa-se ser preenchida do que lhe podemos oferecer. É nossa responsabilidade saber proporcionar o que lhe é útil e necessário ao seu desenvolvimento intelectual, moral e espiritual.

A partir do início do seu desenvolvimento, suas ideias tomam gradualmente impulso. Não obstante ser um Espírito com vivências anteriores e experiências que lhe proporcionaram conhecimento, emoções agradáveis ou não, encarna com a bênção do esquecimento, as ideias que lhe formam o caráter acham-se ainda adormecidas.

Devemos então, como responsáveis pelo encaminhamento desse Ser, a nós legado pela divina providência, preencher esse vazio (na acepção de Francisco de Assis) com os ensinamentos de Jesus – deixar irem a Ele as criancinhas -, mostrar-lhes o aceitar Deus, fazê-los conhecer o Seu amor e sentir a Sua presença em suas vidas.

É o momento mais oportuno para esse proceder, enquanto seus instintos se conservam moldáveis, mais acessíveis aos ensinamentos que lhes possam transformar o caráter e facilitar sua evolução. Torna mais fácil a tarefa, o compromisso assumidos pelos pais ou responsáveis.

O transitar pelo período da infância, temporariamente vestido da roupagem da inocência, reflete a sabedoria divina me ação. E Jesus demonstra, na sua orientação a seus discípulos, conhecer e aplicar bem o que o Pai lhe confiou para nos ensinar nesse processo de aprendizado,  não só do nosso Ser como também daqueles que fazem parte de nossa jornada,  nossos companheiros nesse momento na eternidade.

Há um texto de Emmanuel em que nos fala precisamente sobre essa orientação de Francisco de Assis, quanto a deixar-se preencher pela presença de Deus. Assim nos fala o mentor de Francisco Cândido Xavier (2):

Em o texto sob referência para o estudo deste tema, Emmanuel assim conclue suas reflexões:

“Todavia, recomendou-nos o Mestre: – “não se turbe o vosso coração”, porque o coração puro e intimorato é garantia de consciência limpa e reta e quem dispõe da consciência limpa e reta vence toda perturbação e toda treva, por trazer em si mesmo a luz irradiante para o caminho.”

Gostaria de concluir com um poema, tendo como referência o texto de Emmanuel:

“O pretérito ominoso para a grande maioria de nós outros, os viandantes da Terra levantará no território de nosso próprio íntimo os fantasmas que deixamos para trás, vagueantes e insepultos, a se exprimirem naqueles que ferimos e injuriamos nas existências passadas e que hoje se voltam pra nós, a feição de credores inflexíveis, solicitando reconsideração e resgate, serviço e pagamento.”

  • Fonte de consulta retirada do sistema. Entendo que, mesmo assim, continua válida a publicação desse texto.
  • Coração Puro – Palavras de vida eterna, Cap. 36.
  • Aprender, transformar-se e amar – Elda Evelina Vieira – https://youtu.be/N5haEaFi3SQ

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