Posted por em 1 nov 2012

499Ocorre-nos a pergunta: – Como entrar em comunhão com Deus?

A oração proporciona a comunhão com o Criador, fortalecida pelo fluxo de amor. À medida que canalizamos a aspiração do amor, da saúde, da paz em direção à Verdade, surge em nós a sensação de harmonia e felicidade. Em nos dispondo a orar precisamos criar o clima favorável à Comunhão com Deus.

Jesus, na passagem do Sermão da Montanha, em seguida às Bem-aventuranças, ensinou-nos a orar dizendo que devemos ser sinceros no momento de fazer contato com o Pai, como também devemos buscar esse contato com o íntimo de nosso Ser mostrando-nos a Ele como realmente somos, pois Ele assim nos vê. Orienta ainda que nossas orações devem ser simples. O Pai, antes mesmo de pedirmos algo, já sabe o que nos ocorre no íntimo.

Se Deus já de antemão conhece nossas necessidades, por que razão precisaríamos expor o que queremos? Faz-se necessário que nos coloquemos humildemente expressando o que nos ocorre no coração. É a maneira pela qual dizemos a Ele que precisamos e queremos Sua ajuda, Seu amparo, Sua bênção.

O abrir nosso coração a Deus, falando do que nos ocorre, das nossas angústias, dúvidas, nossas dores, sejam físicas, emocionais ou espirituais, é uma forma de confidenciar, compartilhar o que nos faz sofrer e esse ato promove certo alívio à nossa alma, atenuando nosso cansaço.

Ao nos colocarmos de coração e expressarmos nossos sentimentos de forma clara e verdadeira, proporcionamos a nós mesmos a oportunidade de observar com mais lucidez o que ocorre no nosso íntimo. A partir de então, somada ao ato de buscar o auxílio da Providência Divina, também oportunizamos uma condição de ter um olhar dirigido à busca de soluções.

Esse movimento é importante, pois compete a nós encontrar soluções para nossos problemas. O auxílio Divino, através dos amigos do Plano Maior, virá na forma de conforto, clareza de intenções, oportunidades de aprendizado, lucidez, equilíbrio, coragem, determinação.

O momento de prece é de interação – oferta e escuta. Colocarmo-nos nas mãos da Providência Divina, reconhecendo o Seu poder, Seu amor, conscientes de Sua sabedoria, ao mesmo tempo estarmos disponíveis a ouvir as orientações que poderão nos chegar pelos mais variados meios: intuição, um bom livro, palavras de um amigo dileto, um filme, uma palestra esclarecedora.

Precisamos ter claro em nós que a oração deve revestir-se de emoções de louvor, de entrega, de reconhecimento das Leis de Causa e Efeito. Fé e confiança nas diretrizes traçadas pelo Nosso Pai que, em Sua sabedoria, conhece melhor do que nós o que é mais importante para o nosso processo de evolução.

Submetendo-nos a essa Sabedoria, com fé e confiança, seremos capazes de enfrentar momentos e situações perturbadoras com serenidade e até mesmo alegria, por entender que fazem parte do nosso processo de aprendizado e evolução espiritual.

A prece deve revestir-se não só do pedir, mas também do louvar e agradecer. É como exteriorizamos a nossa convicção na Sabedoria do Pai, pois confiamos no que Ele nos oferece como sendo o melhor para o nosso progresso, a evolução do nosso Ser verdadeiro que é o Espírito.

Muitas vezes pedimos o que pensamos ser o melhor para nós, o que mais nos convém para nosso prazer imediato. No entanto, nós nos esquecemos de que muitas de nossas lutas do dia-a-dia, como problemas físicos, dificuldades familiares e outros, são decorrentes de escolhas nossas, sejam conscientes ou não. Ao reencarnarmos pedimos ou nos foram oferecidas oportunidades de refazer caminhos, reparar erros e por isso devemos ser gratos pois, se cumprirmos corretamente aquilo a que nos propusemos, ampliaremos nossos horizontes e conquistaremos novos planos de vida para o nosso Espírito.

Orar é buscar harmonia em Deus e com Deus na tentativa de encontrar a plenitude. Podemos comparar a prece a uma ponte entre nós e o Plano Maior da vida. Aprendendo a transitar por ela com naturalidade nosso caminhar será um contínuo estado de oração.

Estarmos em comunhão com Deus é envolvermo-nos de corpo e alma no que fazemos e sentimos e nos elevarmos espiritualmente mantendo nossa vibração em ondas de amor e de paz.

Assisti recentemente a um filme(1) em que um dos personagens tinha características autistas. Ele, por circunstâncias da vida, passou a ser morador de rua e ficava a tocar um violino com apenas duas cordas.

Foi descoberto por um jornalista que se interessou por sua história e passou a publicá-la à medida que conseguia informações sobre sua infância e adolescência.

O que me chamou a atenção foi a transformação por que passou o músico quando recebeu de presente, de uma leitora do jornal, um violoncelo, instrumento de sua preferência. Sua expressão, ao tocar, era de quem estivesse em outro plano da vida. De fisionomia enlevada pelo prazer de poder se expressar através da música, ele demonstrava de forma clara estar em comunhão com Deus.

Em certo momento do filme sua mãe dissera a ele, quando ainda adolescente, que quando o ouvia tocar era como se ouvisse a voz de Deus.

É assim com qualquer um de nós, quando fazemos algo verdadeiramente com amor somos como que intérpretes de Deus, pois estamos em real comunhão com Ele.

  • (1) O Solista
Texto do livro “Reflexões Evangélicas II”, pela Bookess Editora
Texto/tema de palestra proferida no Grupo Fraternidade Espírita Irmão Estêvão em 26 de outubro de 2012

 

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