Estudo oferecido no Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita, no GFEIE, em 25/10/2012 e 02/11/2017
Estavam dois dos discípulos de Jesus caminhando pela estrada, como era costume na época, a caminho da cidade de Emaús, cidade da Palestina (em hebraico Hammat cujo significado é “riacho quente”).
Ao contido nesse texto de Lucas 24:13 precede os acontecimentos da crucificação e posteriormente, ao terceiro dia após o sepultamento do corpo de Jesus, do encontro de Maria Madalena com os Anjos que estavam junto ao Sepulcro vazio, quando disseram a ela que Jesus estava vivo.
Enquanto caminhavam Cleopas e seu companheiro, surgiu junto a eles um viajante que lhes perguntou o que sucedia e sobre o que conversavam. Diz o texto evangélico que os dois tinham seus olhos como que fechados, pois não reconheceram Jesus.
Os dois discípulos estavam tristes e se mostraram de certa forma inconformados por aquele peregrino não saber o que se sucedera com Jesus. Estavam eles tão esperançosos na ação do Mestre em libertar Israel! Ele profeta, poderoso em obras e palavras e, mesmo assim, fora entregue pelos sacerdotes para que fosse crucificado.
Mostravam-se espantados, pois algumas mulheres afirmaram que o corpo de Jesus não mais estava no sepulcro e que Anjos disseram que Jesus estava vivo. Alguns discípulos também ali estiveram e não encontraram o corpo de Jesus.
Tomando esses primeiros acontecimentos à reflexão, podemos inferir que o coração e a mente desses discípulos estavam de tal sorte impregnados pela tristeza e decepção, como também, e de maior importância para a análise, esvaziados de confiança e fé, que se mostravam obscurecidos a ponto de não terem a capacidade de refletir sobre o contidos nos textos dos profetas sobre a passagem do Messias pelo Planeta, bem como seus olhos bloqueados a enxergarem a verdade que se apresentava à sua frente – a presença de Jesus.
É assim que ficamos quando deixamos que a dor se transforme em sofrimento. Nós ficamos com o coração e a mente fechados à possibilidade do sentimento de alegria, de paz interior, de capacidade de transformação.
Quando das ocorrências de que nos fala o evangelista Lucas, os discípulos ainda sentiam a necessidade da presença física de Jesus, pois ainda não se sentiam firmes, confiantes a respeito do que sucedia. Os ensinamentos ainda não se haviam impregnado em suas mentes e corações. Pouco tempo haviam convivido com o Mestre e só tinham contato com Seus ensinamentos no dia-a-dia com Ele.
No entanto, hoje nós temos os ensinamentos à nossa disposição, ao tempo que quisermos, mas mesmo assim nós nos mostramos como aqueles discípulos do Caminho de Emaús – sem confiança, decepcionados. Muitas vezes, sem fé, inseguros, sem esperança. Sabemos do poder do Mestre, do Seu amor. No entanto, pensamos que Ele deveria estar sempre a nos corresponder aos caprichos. Não nos apercebemos, ainda, que Sua missão está muito além dos anseios pessoais.
O Mestre Jesus, o Cristo, está a serviço sim do engrandecimento espiritual de todos nós. Ele nos oferece o Seu amor, ensinamentos, envolve-nos diuturnamente para que encontremos o nosso caminho de redenção, de evolução. O encontrar a nossa essência divina e o caminho de retorno à Comunhão com Deus.
Voltando ao texto evangélico de Lucas, Jesus chama-lhes a atenção por não compreenderem e não crerem no que lhes disseram os profetas e fala-lhes do que fora dito a respeito da passagem do Messias sobre a Terra, desde Moisés.
Porque já se fazia tarde, Cleopas e o companheiro sugerem que fique com eles, o que veio então a ocorrer.
Estando com eles, Jesus toma o pão e abençoa-o, e partindo-o oferece a eles. Nesse momento abrem-se-lhes os olhos e o reconhecem. Nesse momento Jesus desaparece de diante deles.
Voltando à reflexão sobre essa passagem evangélica, podemos afirmar mais uma vez sobre como nos colocamos diante dos acontecimentos em nossas vidas.
Aqueles discípulos precisaram estar frente a frente com o Mestre, observar as ações simples que se fizeram tão comuns em seu dia-a-dia para reconhecerem-no naquele momento. Não bastara Sua presença e os ensinamentos que lhes oferecera durante a caminhada.
E nós, do que precisaríamos para finalmente termos abertos nossos olhos para a verdade que se mostra tão explícita nos ensinamentos do Mestre, deixados pelos evangelistas. Suas obras, seu exemplo de uma vida, expressão de amor sem limites.
A história se mostra tão exuberante no que diz respeito à passagem de Jesus, o Cristo, sobre a Terra que até hoje Sua vida se apresenta como referência para todo o mundo. Para os cristãos o Mestre, o Messias; para os não cristãos, um grande profeta que merece respeito pelo que ensinou e demonstrou na Sua maneira de ser.
Ainda falta efetivamente convencermo-nos do Seu Amor verdadeiro, do significado da Sua missão entre nós. Da grandiosidade da Sua obra. De ser Ele um enviado divino para proporcionar a nós a oportunidade do aprendizado; da reformulação de valores e conceitos; da internalização da fraternidade em nossas vidas; da necessidade de encontrarmos o nosso Caminho de Emaús no momento em que nossos olhos se abrem para a verdade e para o reconhecimento do Mestre Jesus, o Cristo, em nossas vidas.
Em chegando esse momento, o Cristo estará pleno à nossa frente, com uma beleza indescritível e, a partir de então não mais precisaremos vê-lo com os olhos do corpo, pois ele estará gravado em todo o seu esplendor na nossa visão espiritual, eternamente.
Reflexão desenvolvida para o EADE, realizado no Grupo Fraternidade Espírita Irmão Estêvão em 25/10/2012, como também em 02/11/2017