Posted por em 11 fev 2013

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Estudo oferecido no Grupo Fraternidade Espírita Irmão Estêvão em 11-02-2013

 

Essa reflexão começa pela indagação de quem são os nossos inimigos.

Normalmente nós só reconhecemos como nossos inimigos o outro, aquele que nos magoa, que interfere em nossas vidas, que impede que façamos algo que nos dá prazer, por exemplo.

No entanto, muitas vezes em nossas vidas nós somos nossos próprios inimigos quando agimos de forma a nos prejudicar, seja física, emocional ou espiritualmente.

Não nos amamos de forma verdadeira. O sentimento que normalmente expressamos por nós mesmos tem relação com o que somos, representamos e sentimos como seres materiais: beleza física, status, poder, capacidade intelectual etc.

Importante lembrar aqui, para uma reflexão mais profunda, os mandamentos maiores trazidos pelo Mestre Jesus: “Amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a nós mesmos.”

Podemos perceber que devemos amar a nós mesmos para podermos oferecer o nosso amor ao próximo.

Alguns podem interpretar como uma atitude egoísta a busca pelo autoamor.

Faz-se interessante mudar o nosso olhar para o que chamamos de autoamor e amor ao próximo. Se entendemos esse amor de forma linear – amar a si mesmo tão-somente – a interpretação será de amarmos na forma de Ego para Ego.

No entanto, acreditamos que o amor a que Jesus se referia era o amor de Eu para Eu (sendo o Eu a nossa parte divina, nossa essência, o Deus em nós). Nesse caso, o amor é transcendente. Eu amo a mim mesmo a partir do amor de Deus que existe em mim.

O mesmo poderemos dizer do amar ao próximo como a si mesmo. Estarei amando a parte divina que há no meu próximo, o Deus que há nele?

Com essa reflexão será muito mais fácil para nós encontrarmos a capacidade de amar a nós mesmos e ao próximo, pois estaremos vendo o Deus que existe em cada um.

Essa é a verdadeira fraternidade humana.

Há uma história em que a personagem foi ao encontro de uma oportunidade de aprendizado espiritual onde exercitou a meditação e recebeu ajuda de orientadores nesse caminho de auto conhecimento e reforma interior.

Em certo momento desse caminhar, ela identificou em si mesma vários “inimigos” que a impediam de prosseguir sua vida de forma saudável e compreendeu que precisava libertar-se para prosseguir sua caminhada espiritual.

A forma que encontrou para essa libertação foi muito especial. Identifica-se sobremaneira com os ensinamentos do Mestre.

Em processo meditativo e em oração, ela procurou cada um de seus “inimigos” internos e a cada um que identificava procedia ao exercício de oferecer-lhe o seu coração mentalizando-o envolvido pelo seu amor dizendo a si mesma que compreendia sua fragilidade, mas que a partir daquele momento queria libertá-lo e permitir que ele encontrasse o caminho do amor em seu coração.

Ao final desse exercício sentiu uma paz interior intensa e a presença do amor por sua própria vida.

Muitas vezes precisamos enfrentar nossa sombra, reconhecer a sua existência para então exercitar a nossa libertação. Enquanto mantivermos os nossos “inimigos” velados eles permanecerão em nós, fortalecidos a cada instante, tornando-se verdadeiros obstáculos ao nosso crescimento e evolução. No entanto, caso nos predispusermos a nos libertar teremos que reconhecer a sua existência e dar a eles a oportunidade de serem libertados e consequentemente proporcionaremos a nossa própria libertação.

O rancor, o ódio são sentimentos que nos aprisionam. Só o amor e a compaixão nos liberta.

Buscamos ajuda, nos templos de várias denominações religiosas, para nos libertar da influência de irmãos que tentam nos envolver e muitas vezes nos prejudicam no seguir pela vida de forma produtiva e saudável.

Precisamos nos conscientizar de que essa libertação se faz a partir da nossa própria reformulação de valores e sentimentos.

Quando nos propomos a mudar o nosso modo de ser, de agir, nós ajudamos esses companheiros que tentam nos influenciar a ter um novo olhar a respeito de nós mesmos. Eles sentem que passamos a ser um espírito diferente, melhor, e aprendem também a serem melhores com o nosso exemplo.

Nós os libertamos e somos também libertos.

Somos instrumentos importantes nesse processo de evolução.

Diante dessa reflexão, podemos concluir com muita tranquilidade: nós somos os principais responsáveis pelo que nos ocorre emocional e espiritualmente.

É importante que busquemos ajuda, pois muitas vezes sentimo-nos frágeis e sem condições de vencer sozinhos. No entanto, a nossa participação nesse processo é imprescindível e não podemos delegar ao outro a responsabilidade que é nossa.

A prece, o passe, o tratamento espiritual são coadjuvantes no processo, mas o componente principal na nossa cura são a nossa conscientização e determinação em promover a grande mudança em nossas vidas.

Já nos dizia o Mestre “Conheça e verdade e a verdade vos libertará.”

O caminho já nos foi oferecido há muitos séculos, resta a nós querer tomar esse caminho como objetivo de vida e seguir em busca da nossa libertação e da nossa felicidade.

Buscar o amar a si mesmo e ao próximo, reconhecendo em si e no outro a parte divina que tem ali morada.

Precisamos reconhecer que a essência divina reside em nós e em todos os seres. A partir de então, estaremos mais preparados a encontrar o autoamor e o amor ao próximo, através do amor de Deus que existe em cada um de nós.

Texto do livro “Reflexões Evangélicas II”, de Elda Evelina Vieira, Bookess Editora

 

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