Posted por em 3 ago 2016

Decors-Evange

Estudo oferecido na FEB Federação Espírita Brasileira, em 01-08-2016.

Áudio do estudo (mp3) – Gratidão e alegria de Jesus na prece – FEB 

Separador-Evange

Evangelho e os momentos de preces de Jesus – A alegria de Jesus na prece

Mateus 11: 25-30

Naquele tempo falou Jesus, dizendo: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.

Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.

Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.

Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.”

Separador-Evange

A gratidão e a alegria de Jesus na prece

A prece, sobre a qual ora nos cabe refletir, tem como foco a gratidão.

Jesus, nesse momento, eleva seus pensamentos ao Pai e faz uma prece:

“Graças te dou, ó Pai…”

Joanna de Ângelis, em seu livro Psicologia da gratidão, diz: “A gratidão, filha dileta do amor sábio, enriquece a vida de beleza e de alegria porque com a sua presença tudo passa a ter significação enobrecida, ampliando os horizontes vivenciais daquele que a cultiva como recurso de promoção da vida em todos os sentidos.”

Traz-nos, ainda, o significado da gratidão: “O verbete gratidão vem do latim gratia que significa literalmente graça, ou gratus que se traduz como agradável. Por extensão, significa reconhecimento agradável por tudo quanto se recebe ou lhe é concedido.”

“A ciência da gratidão surge como a mais elevada expressão do amadurecimento psicológico do indivíduo, que o propele à vivência do sentimento enobrecido.” (Joanna de Ângelis)

Explica ainda Joanna de Ângelis: “A gratidão deve ser um estado interior que se agiganta e mimetiza com as dádivas da alegria e da paz.”

Com essas palavras, podemos tentar alcançar o sentimento do Mestre naquele momento em que dá graças ao Pai.

Agradece por ter sido concedida a Ele, Jesus, a oportunidade de partilhar, o que havia de mais valioso dentro de si, com as pessoas que careciam tanto de amor, de consolo, de conforto, de aprendizados importantes que viriam a transformar suas vidas, ou, pelo menos, trazer novas oportunidades para reflexão e esperança em suas vidas.

Diante de seu estado de graça pela oportunidade concedida pelo Pai, certamente sua Alma brilha de alegria. Nada melhor do que acolher uma missão e alcançar a beatitude do dever bem cumprido.

Passara por tantas experiências ao longo da sua jornada terrena, tendo observado tudo o que lhe ocorrera e àqueles com quem estivera; bem como as repercussões de seu apostolado: ensinamentos, curas, manifestações extraordinárias, tidas como milagres pelos que as presenciavam, bem como por seus próprios discípulos e apóstolos.

Percebera que os mais sensíveis a acolher os ensinamentos que ele viera trazer e a registrar seu exemplo nos corações foram os mais simples; os mais condoídos pelos acontecimentos; aqueles que viviam à margem da sociedade da época; os pobres e doentes, sejam do corpo ou do espírito.

A mensagem do Mestre abria um novo horizonte para aqueles que estavam sensíveis a acolher o amor, o respeito, a compaixão, a ética nas relações interpessoais, justiça, igualdade, inclusão, harmonia.

No entanto, aqueles que detinham o poder (supostamente sábios e entendidos), por não quererem abrir mão do prestígio, da autoridade, da supremacia sobre os menos favorecidos, mostraram-se rígidos nas suas verdades; nos princípios que pregavam; na observância de rituais e leis que, para Jesus, eram menos importantes do que acolher as pessoas e oferecer-lhes amor, conforto, ensinamentos que lhes trariam esperança de uma vida melhor.

Na prece, Jesus expressa sua gratidão e eleva seu pensamento ao Pai, louvando-o como Senhor. A partir de então, expressa as razões por sentir-se grato.

Com relação às palavras de Jesus: “porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos…” também interessante refletir sobre as grandes descobertas que vieram a transformar o mundo, proporcionando grandes avanços tecnológicos. Recursos a serem aplicados na medicina, na química, na física. Alguns desses desenvolvidos para serem aplicados na área de saúde; em equipamentos para facilitarem o dia a dia do Ser Humano, seja em nível doméstico, seja para uso industrial de ampla escala; viagens para pesquisas e descobertas espaciais.

No entanto, observamos muitas vezes que o novo conhecimento foi aplicado para usos bélicos; facilitou a vida das pessoas de tal forma a ponto de, por vezes, estimular uma vida de ociosidade e desinteresse intelectual; mesmo alguns utilizados para o campo da medicina tiveram uso inadequado culminando em mortes, extermínios por conta da busca pelo poder, pela supremacia territorial e outras que tais.

Emmanuel, em seu texto Supercultura, oferece uma reflexão sobre a relação entre a ênfase na inteligência e a ausência de empenho na educação espiritual. (Vide Anexo)

Mais à frente Jesus esclarece:

“Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.

Todas as coisas me foram entregues por meu Pai…”

Demonstra, neste momento, que tudo o que viera fazer enquanto conosco fora por cumprimento de uma missão delegada pelo Pai. Assim, Jesus coloca-se respeitoso, confiante, submisso, agradecido e gratificado.

Além desses aspectos, logo em seguida o Mestre mostra-se a serviço de todo aquele que sente necessidade de consolo, e descanso para sua Alma.

“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.

Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.”

Quanto a ser leve o fardo com Jesus, seria interessante fazer algumas reflexões sob o aspecto científico – o Portal da Dor. (1)

Quando lemos um texto evangélico, um ensinamento de Jesus, será que buscamos o entendimento que ali está inserido ou simplesmente assumimos a literalidade do texto sem uma reflexão mais acurada sobre o que a passagem possa nos oferecer?

Kardec, em o Evangelho Segundo o Espiritismo, coloca-nos de forma contundente que a nossa fé deve ser raciocinada. “A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.

Em assim sendo, vamos fazer uma reflexão sobre o que contém as palavras de Jesus em Mateus, segundo o olhar científico, a respeito da dor, do sofrimento, das dificuldades pelas quais passamos.

A ciência nos traz esclarecimentos com relação à dor e ao controle que nosso cérebro exerce sobre o senti-la.

Nós temos um Portal da Dor e ele é comandado pelo cérebro, ou melhor por uma das partes do nosso cérebro, que é constituído de três partes (divisão para fins didáticos) e, entre elas, o arquicórtex e o neocórtex.

O arquicórtex é a parte mais primitiva do nosso cérebro, a que gerencia nossos mecanismos mais instintivos e primários ligados à autopreservação e à da própria espécie, como também o medo e a raiva. Ali está o controle de duas substâncias que, se ativadas, promovem o alívio da dor – a endorfina e a encefalina.

Caso nossa atividade mental fique concentrada na região do arquicórtex, há menor produção dessas substâncias analgésicas e o portão de controle da dor se abre e o indivíduo sente mais dor.

Caso contrário, se nossa atividade mental – os impulsos elétricos -, na região do neocórtex está mais intensa, há a liberação do sistema analgésico central. Há uma diminuição da atividade elétrica no arquicórtex, gerando maior produção de endorfina e encefalina, e o fechamento do portão da dor.

O neocórtex é a parte que se tem desenvolvido à medida que evoluímos no conhecimento, nas relações interpessoais, nas emoções como a fraternidade, a confiança, o perdão, o amor. Oferece suporte nas atividades cognitivas e voluntárias.

Quando utilizamos a parte mais recente do nosso cérebro nós administramos melhor as dores do corpo, sejam emocionais ou físicas. O Portal da dor se fecha.

No entanto, quando nos conectamos com sentimentos como o medo, a mágoa, o rancor, o Portal se abre e ficamos mais sensíveis ao sofrimento.

Quando nos conectamos com os ensinamentos do Mestre Jesus, esta conexão ocorre com a parte mais recente do cérebro, aquela que tem evoluído conosco e, assim, ficamos menos afeito ao sofrimento e à dor.

Por consequência, as dificuldades que se apresentam a nós, sejam físicas ou emocionais, são muito melhor administradas, nossas dores são mais amenas e nos sentimos mais em condições de prosseguir na nossa jornada.

Lembra-nos Joanna de Ângelis (2) que emoções como a fraternidade, a confiança, a ternura, a bondade, são essenciais para uma boa harmonia do nosso corpo. Nós mesmos construímos o nosso Ser de acordo com o nosso comportamento moral e mental.

O Universo é resultado da Mente Divina. Nós somos cocriadores, como o próprio André Luiz expõe em seu livro “Evolução em dois mundos”. Assim, o que nos cerca é o resultado da nossa afinidade mental.

Pensamentos negativos, autodepreciação, desequilíbrios emocionais são resultado de mentes em desarmonia que, permanecendo nesse estado, promovem mais desequilíbrios e reafirmam os pensamentos negativos e, por consequência, vitalizam esse estado fortalecendo as energias desorganizadoras de que se deveriam libertar.

Por outro lado, quando nos mantemos em estado de alegria, realizações edificantes, mantemos nossa sintonia com a ordem universal e somos vitalizados com a energia pura e saudável que promana da ordem Divina.”

Não nos devemos sentir desanimados por, no mais das vezes, verificar serem ainda frágeis nossas forças nessa busca pela elevação moral e espiritual. O Cristo conhece nossas potencialidades e nos aguarda. Ele nos auxilia nessa caminhada em busca do caráter, do amor, da fé, paciência e esperança, conquistas para a vida eterna.

Do livro “Evangelho é Amor II – Elda Evelina, Reflexões”, Bookess Editora

(1) Portal da dor – Palestra de Anete Guimarães fala sobre a comprovação fisiológica da afirmação de JESUS: “Vinde a mim vós que estais aflitos e eu vos aliviarei, pois comigo todo fardo é leve, todo jugo é suave”. Link para acesso: https://youtu.be/nXkUv04p99Q

(2) Dias gloriosos, Joanna de Ângelis, por Divaldo Franco

Separador-Evange

Anexo

O Reformador de março de 1964

Supercultura (Emmanuel, por Chico Xavier)

Alfabetizar e instruir sempre.

Sem escola, a humanidade se embaraçaria na selva; no entanto, é imperioso lembrar que as maiores calamidades da guerra procedem dos louros da inteligência sem educação espiritual.

A intelectualidade requintada entretece lauréis à civilização, mas, por si só, não conseguiu, até hoje, frenar o poder das trevas.

A supercultura monumentalizou cidades imponentes e estabeleceu os engenhos que as arrasam.

Levantou embarcações que se alteiam como sendo palácios flutuantes e criou o torpedo que as põe a pique.

Estruturou asas metálicas poderosas que, em tempo breve, transportam o homem, através de todos os continentes, e aprumou o bombardeio que lhe destrói a casa.

Articulou máquinas que patrocinam o bem-estar no reduto doméstico, e não impede a obsessão que, comumente, decorre do ócio demasiado.

Organizou hospitais eficientes e, de quando em quando, lhes superlota as mínimas dependências com os mutilados e feridos, enfileirados por ela própria, nas lutas de extermínio.

Alçou a cirurgia às inesperadas culminâncias, e aprimorou as técnicas do aborto.

E, ainda agora, realiza incursões a pleno espaço, nos albores da astronáutica, e examina do alto os processos mais seguros de efetuar aniquilamentos em massa pelo foguete balístico.

Iluminemos o raciocínio, sem descurar o sentimento.

Burilemos o sentimento, sem desprezar o raciocínio.

O Espiritismo, restaurando o Cristianismo, é universidade da alma. Nesse sentido, vale recordar que Jesus, o Mestre por excelência, nos ensinou, acima de tudo a viver construindo para o bem e para a verdade, como a dizer-nos que a chama da cabeça não derrama a luz da felicidade sem o óleo do coração.

 

Caminho, Verdade e Vida, Emmanuel, por Chico Xavier

Lágrimas

“Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Mt 11:28

Ninguém como Cristo espalhou na Terra tanta alegria e fortaleza de ânimo. Reconhecendo isso, muitos discípulos amontoam argumentos contra a lágrima e abominam as expressões de sofrimento.

O Paraíso já estaria na Terra se ninguém tivesse razões para chorar. Considerando assim, Jesus, que era o Mestre da confiança e do otimismo, chamava ao seu coração todos os que estivessem cansados e oprimidos sob o peso de desenganos terrestres.

Não amaldiçoou os tristes: convocou-os à consolação.

Muita gente acredita na lágrima sintoma de fraqueza espiritual. No entanto, Maria soluçou no Calvário; Pedro lastimou-se, depois da negação; Paulo mergulhou-se em pranto às portas de Damasco; os primeiros cristãos choraram nos circos de martírio… mas nenhum deles derramou lágrimas sem esperança. Prantearam e padeceram e morreram leais na confiança suprema.

O cansaço experimentado por amor ao Cristo converte-se em fortaleza, as cadeias levadas ao seu olhar magnânimo transformam-se em laços divinos de salvação.

Caracterizam-se as lágrimas através de origens específicas. Quando nascem da dor sincera e construtiva, são filtros de redenção e vida; no entanto, se procedem do desespero, são venenos mortais.

Separador-EvangeLink para o vídeo mencionado – ://m.youtube.com/watch?v=wbApuwt2eeA&autoplay=1

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