Posted por em 17 jun 2022

Estudo oferecido ao Grupo Evangelização, da Sede do GFEIE Paranoá, em 17-06-22, em reunião online

Folheto distribuído virtualmente (PDF) – Cura do cego de Jericó 

Dizendo: – Que queres que te faça? – E ele respondeu: – Senhor, que eu veja. (Lucas, 18:41)

Esta passagem foi narrada por  três evangelistas.

Em Mateus encontramos referência à cura de dois cegos. Eles pedem misericórdia a Jesus. O Mestre pergunta “Que quereis que vos faça?” (Mt 20:32) e eles respondem “que nossos olhos sejam abertos”. Acrescenta o Evangelista: “Então, Jesus, movido de íntima compaixão, tocou-lhes nos olhos, e logo seus olhos, viram; e eles o seguiram” (Mt 20:34).

Em Marcos e Lucas, encontramos referência a um só cego.

Marcos o identifica como Timeu, filho de Bartimeu. Também faz menção de o cego pedir misericórdia a Jesus, identificando-o como Filho de Davi.

Diante da insistência de ser curado pelo Mestre, muitos o repreendiam. No entanto, Timeu insistiu em pedir a sua cura.

Jesus, então, pediu que o trouxessem à sua presença, o que foi feito. Disse então Jesus: “Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho. (Mc 10:52).

Em Lucas, texto que foi escolhido por Emmanuel para seu comentário, também há referência a um só cego.

Ouvindo este a movimentação de uma multidão, quis saber do que se tratava. Responderam-lhe ser Jesus Nazareno que por ali passava. Clama então o cego: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim.

Ainda que repreendido pela multidão que lhe pedia que se calasse, insistiu ele em pedir misericórdia ao Mestre.

Por certo sensibilizado pela rogativa do cego, Jesus pediu que lho trouxessem e perguntou: “Que queres que te faça?” E o cego lhe respondeu: “Senhor, que eu veja.” (Lc 18:41)

Disse então Jesus: “Vê, a tua fé te salvou.” (Lc 18:42)

Algumas diferenças são encontradas nas três narrativas, mas sem grande expressão para a nossa busca pelo entendimento da mensagem.

Em Mateus, há dois detalhes que nos chamam a atenção pela sua singularidade, com relação aos outros evangelistas:

33 Disseram-lhe eles: “Senhor, que os nossos olhos sejam abertos”.

34 Então Jesus, movido de íntima compaixão, tocou-lhes nos olhos, e logo seus olhos viram; e eles o seguiram.

Quanto a que “nossos olhos sejam abertos”, poderemos identificar estar além do simplesmente serem cegos e quererem ver fisicamente. A expressão “Abrir-se-lhes os olhos” poderá remeter-nos a um entendimento muito mais profundo. Receberem a bênção de serem capazes de compreender o que lhes ocorria, a razão de suas vidas, a melhor percepção do mundo e, mais ainda, dos ensinamentos do Mestre. Poderão alguns de nós levantar a questão de as diferenças serem tão só decorrentes de traduções dos textos originais. É verdade. No entanto, poderemos aproveitar a oportunidade para termos um olhar mais amplo sobre a questão.

Na verdade, o texto permite-nos identificar que os olhos dos cegos já estavam sendo abertos ao reconhecerem em Jesus a capacidade de lhes permitir ver – essa percepção da identidade do Mestre como instrumento de cura e de misericórdia.

Quanto à expressão “movido de íntima compaixão”, é indubitável que Jesus só poderia agir dessa forma. No entanto, a menção desse sentimento demonstra que aquele momento se mostrava muito especial, valia a pena dar destaque à compaixão do Mestre por aqueles pedintes, tão insistentes pela crença que abrigavam em seus corações – poderiam ser curados por aquele Ser.

O que ainda nos sensibiliza nessa passagem é a expressão “e eles o seguiram”.

Lembrando Emmanuel “É natural peçamos o auxílio do Mestre em nossas dificuldades e dissabores; entrementes, não nos esqueçamos de trabalhar pelo bem, nas mais aflitivas passagens da retificação e da ascensão, convictos de que nos encontramos invariavelmente na mais justa e proveitosa oportunidade de trabalho que merecemos…(2)

Diz-nos Emmanuel ainda: “É um erro lamentável despender nossas forças, sem proveito para ninguém, sob a medida de nosso egoísmo, de nossa vaidade ou de nossa limitação pessoal.

Coloquemos nossas possibilidades ao dispor dos semelhantes.

Ninguém deve amealhar as vantagens da experiência terrestre somente para si. Cada espírito provisoriamente encarnado, no círculo humano, goza de imensas prerrogativas, quanto à difusão do bem, se persevera na observância do Amor Universal.” (3)

Em Marcos, também observamos que o cego que fora curado pedira a Jesus que tivesse “vista”, como também seguiu a Jesus.

Em Lucas, não só foi dito que o seguiu, como também glorificou a Deus.

Nas narrativas de Marcos e Lucas constam que Jesus dissera: “a tua fé te salvou”.

É uma expressão muito utilizada por Jesus após suas curas. Sabemos que ter fé verdadeira implica já em transformações no Espírito que somos. Leva-nos a mudar caminhos e buscar uma relação mais íntima com o Pai e, por decorrência, com o Mestre. Jesus detinha a capacidade de observar, naqueles que viera a curar, essa condição espiritual e reconhecia estarem já prontos para receberem a graça a ser concedida.

A interpretação seja do Evangelho, seja da vida, passa, inevitavelmente, pelo aprendizado intelectual, moral e ético. Conhecimentos que vão se agregando à nossa bagagem na jornada física e espiritual.

Precisamos nos acostumar a olhar o mundo com olhos atentos, mesmo, ou principalmente, aos pequenos detalhes.

A vida torna-se mais bela e útil quando percebemos a riqueza que nela existe.

Sermos capazes de interpretar um olhar, um gesto, uma palavra, faz-se importante para saber apreender os ensinamentos dos quais temos estado à procura.

Quanto ao fato de em as três passagens dos Evangelistas Mateus, Marcos e Lucas percebermos a ênfase no fato de o Mestre ter sido sensibilizado pelo pedido da cura, gostaria de trazer uma outra reflexão de Emmanuel, também em o livro Caminho, Verdade e Vida, no texto “Acharemos sempre”, de número 109. A referência do Evangelho a que recorre Emmanuel para sua reflexão está em Lucas 11:10: “Porque qualquer que pede, recebe; e quem busca, acha.” Palavras de Jesus.

Alerta-nos Emmanuel:

Ao experimentar o crente a necessidade de alguma coisa, recorda maquinalmente a promessa do Mestre, quando assegurou resposta adequada a qualquer que pedir.         

Importa, contudo, saber o que procuramos. Naturalmente, receberemos sempre, mas é imprescindível conhecer o objeto de nossa solicitação.

Asseverou Jesus: “Quem busca, acha”.

A essência desta referência é que nós achamos o que buscamos. Nem sempre esse “buscar” nos é perceptível.

Nossas atitudes e pensamentos explicitam, ainda que de forma sutil, o que buscamos.

Se agimos corretamente, se o que almejamos é consentâneo com os ensinamentos do Mestre, encontraremos correspondência no que encontramos ou recebemos em nossas vidas.

Afirma Emmanuel neste texto:

– “Quem procura o mal encontra-se com o mal igualmente.

– “A fim de encontrarmos o bem, é preciso buscá-lo todos os dias.

– “É indispensável, pois, muita vigilância na decisão de buscarmos alguma coisa, porquanto o Mestre afirmou: “Quem busca, acha”; e acharemos sempre o que procuramos.

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