Posted por em 25 dez 2012

Asas 2O caminho para o perdão passa por sentimentos como o respeito, a tolerância, a compreensão, a compaixão.

Quando chegamos à consciência da necessidade do perdão e efetivamente conseguimos alcançar essa graça, chegou o momento de seguirmos em frente, pois há, ainda, um caminhar mais firme e condizente com os ensinamentos do Mestre – o caminho do amor.

Ao alcançarmos essa meta, que certamente ainda está algo distante de muitos de nós, a necessidade do perdão não mais terá lugar.

Por qual razão estaríamos a fazer tal afirmativa? Como não precisaríamos mais da aplicação do perdão se é uma das maneiras de demonstração de estarmos livres do orgulho nos relacionamentos interpessoais?

Para responder trago a seguinte reflexão:

– por que razão o perdão se faz necessário nesse estágio em que nos encontramos?

Nós falamos em perdão tendo em vista a ocorrência da mágoa, do ressentimento, do sentirmo-nos feridos por atitudes de outrem em relação a nós.

Falamos em perdão face à incompreensão, intolerância, raiva, que chegam até mesmo a dilacerar nossa alma, como muitas vezes ouvimos algumas pessoas dizerem.

Falamos em perdão quando da ocorrência de agressões que podem até mesmo marcar o nosso corpo físico.

Falamos em perdão porque ainda ocorre em nós o sentirmo-nos ofendidos. Pelo egoísmo que ainda existe em nós valorizamos o nosso próprio Ser em detrimento do bem-estar daqueles com quem convivemos. É o Eu se sobrepondo ao Nós.

O perdão ainda se faz necessário porque nós ainda não conseguimos nos libertar das amarras trazidas pelo orgulho, pela vaidade.

Precisamos expressar, seja com palavras, seja com atitudes como o perdoar, que estamos dispostos a demonstrar o quanto já conseguimos caminhar nessa jornada de progresso espiritual. Faz-se necessário que intencionalmente queiramos demonstrar nossa tentativa de nos melhorarmos, de buscar sermos humildes, mansos e pacíficos, puros de coração, como Jesus nos recomenda ser.

A expressão do perdão simboliza o quanto já conseguimos quebrar a armadura que construímos ao nosso redor para nos protegermos do mundo exterior que vemos como inimigo do nosso bem-estar, do nosso conforto físico e emocional.

Voltando ao início de nossa reflexão. Dissemos ali que o caminho para o perdão passa por sentimentos como o respeito, a tolerância, a compreensão, a compaixão.

Se alcançarmos a etapa do respeito mútuo dificilmente haverá agressões, sejam emocionais, sejam físicas.

Seguindo nesse caminhar, ao alcançarmos a etapa da compreensão e da tolerância teremos iniciado o processo de libertação do ressentimento, da incompreensão. Entenderemos que, na realidade, não foi o outro que nos ofendeu, não foi a agressividade do outro que nos machucou, nós mesmos é que nos permitimos sentir ofendidos por causa do nosso orgulho e vaidade.

Chegando à etapa da compaixão teremos alcançado o patamar da libertação da mágoa, da raiva, do impulso pela reação e chegamos até mesmo a buscar o acolhimento, ainda que tão-somente emocional e intencional, daquele que agiu com desamor contra nós.

Prosseguindo nesse processo de valorização e internalização dos ensinamentos do Mestre, estaremos com o olhar direcionado ao amor por excelência, o sentimento incondicional.

Quando efetivamente alcançarmos essa etapa da nossa jornada, quaisquer atitudes de nossos companheiros de jornada serão acolhidas pelo nosso espírito como compatíveis com as fragilidades espirituais e emocionais desses irmãos. Estarão de acordo com nível de evolução espiritual em que eles se encontram. Compreenderemos que estão ainda em fases de sua jornada que não lhes permitiram encontrar o respeito, a compreensão. Ainda se orientam pelo orgulho que os cegam com relação aos próprios erros e só tem o olhar para os defeitos alheios. Como dizia o Mestre, o homem que tem uma trave dificultando sua visão e, no entanto, vê o cisco no olho do seu próximo.

Compreenderemos nossos companheiros de jornada porque reconheceremos neles o Ser que fomos anteriormente e saberemos o quão importante se tornou para nós essa mudança interior. Acolheremos esses companheiros de forma espontânea, sem precisarmos pensar para assim agir. Nossa emoção e atitudes serão reflexo do que já passou a fazer parte de nós, do nosso verdadeiro Ser – o Espírito.

O amor nos liberta de todas as amarras que nos impedem de viver com serenidade, lucidez, fraternidade, confiança. O amor preenche-nos de esperança, paz interior, de fé.

Quando o amor fizer parte de nossas vidas não mais precisaremos do perdão, pois não mais seremos afetados negativamente pelas atitudes alheias; não mais nos sentiremos ofendidos. Seremos só tolerância, compreensão e compaixão.

Nesse caso, alguém poderá nos perguntar: como fica nosso companheiro de jornada que agiu de forma indevida para conosco? Se ele não recebe o nosso perdão ele poderá ter dificuldade em se reerguer; seria prejudicado espiritualmente; manteria sua relação de desafeto para conosco?

Vale aqui mais uma reflexão a respeito dos nossos sentimentos com relação àquele que, de alguma forma, tentou nos prejudicar. O não explicitar o nosso perdão não implica em sentimento de indiferença, pelo contrário, é o acolher amorosamente esse irmão em nosso coração. A energia que estaremos vibrando em sua direção proporcionará a ele bem-estar e permitir-lhe-á perceber o carinho especial que estamos sentindo e o nosso desejo de que ele encontre um novo caminho em sua vida.

Nossos laços de desafeto se romperão e formar-se-á uma relação de confiança, de gratidão, de elevação espiritual que auxiliará a ambos ao longo de suas jornadas.

Tema abordado em palestra no Grupo Fraternidade Espírita Irmão Estêvão,
SGAN 909 mósulo G, em 17-12-2012

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