Posted por em 16 fev 2013

509Como está o nosso projeto para encontrar a felicidade?

Será que temos algum plano? Realmente temos feito algo a respeito?

Para planejarmos precisamos conhecer o assunto sobre o qual estaríamos a planejar.

Então, se queremos desenvolver um projeto com o objetivo de encontrar a felicidade precisamos saber, antes de tudo, o que seria felicidade.

Será a felicidade que imagino para mim a mesma felicidade que outras pessoas imaginam para elas? É um assunto de conceito unânime?

Caso a minha felicidade esteja baseada em alguns valores iguais ou semelhantes aos de outras pessoas, essas pessoas conseguiram encontrar a felicidade ou também ainda estão procurando?

Se ainda estão procurando, ou melhor, se ainda não a encontraram, os valores que foram definidos para a felicidade delas são válidos para elas, ou ainda, seriam válidos também para mim?

É importante definirmos essas questões para então começar a fazer o nosso projeto visando à felicidade.

Muitas vezes queremos, mas não sabemos como ser felizes, em que nos basearíamos para encontrar a nossa felicidade. O quê realmente significa felicidade para nós.

A felicidade é algo palpável, de visualização clara, explícita, ou seria tão-somente um estado de espírito, de foro íntimo?

Vamos tentar trazer alguns conceitos que nos poderiam auxiliar nessa jornada.

A felicidade depende de algumas variáveis como:

– contexto social em que estamos inseridos;

– do nível de consciência de quem busca ser feliz;

– da maturidade psicológica do Ser.

Quanto ao contexto social, o ser feliz depende das aspirações das pessoas que vivem nesse contexto, o que a cultura dessa sociedade estabelece sobre o significado de ser feliz.

Sobre consciência e maturidade, a felicidade vai depender do estágio em que nos encontramos. Se o nível de consciência e maturidade leva a buscar a felicidade no prazer, o resultado é efêmero, não permanente nem profundo. Quando os valores que sustentaram essa busca se modificam, o prazer resultante dessa busca perde seu sentido, o seu valor. Surgem novos conceitos e valores e a base de sustentação da nossa felicidade também se modifica e precisamos retomar o nosso projeto.

A felicidade tem relação estreita com o Ser, o que ele é ou pensa ser. Identifica-se com seus sentimentos, sensações, emoções, aspirações de ideal, sejam culturais, artísticas, religiosas.

A busca legítima se dá na perfeita união entre o seu Ego (o Ser material) e o seu Eu (o Ser espiritual). O que pensa ser e o que realmente é.

Para que nos encontremos no nosso Eu, o Ser espiritual, precisamos promover o autoconhecimento. Esse processo não é muito simples, mas muito necessário para que o nosso projeto em direção à felicidade resulte em algo profundo e duradouro.

O que normalmente ocorre com a maioria de nós é sustentar a nossa felicidade no prazer, no satisfazer nossas necessidades e evitar a dor (seja física ou emocional).

As necessidades variam de acordo com interesses ocasionais e a dor é fator natural em nossas vidas, é um instrumento de que a vida se utiliza para nos proporcionar balizamento para nossas atitudes.

Enquanto nossa felicidade estiver fundamentada nesses valores ligados à matéria, ao prazer físico ou às sensações, ela será frágil e não duradoura.

Faz-se necessário que compreendamos que as dificuldades, os obstáculos e as dores proporcionam oportunidades de reflexão e de aprendizado, de evolução emocional e espiritual.

A busca pelo autoconhecimento passa, primeiramente, por dificuldades, desconforto, eventualmente por sofrimentos. Isso enquanto ainda não tivermos consolidado o nosso processo de conscientização, compreensão plena do que estamos realizando.

Quando conseguirmos alcançar, mesmo ainda sem profundidade, a identificação com o nosso Eu, nosso Deus interno, as dificuldades, o sofrimento, darão lugar à harmonia, ao bem-estar.

Nesse processo em que convivem o prazer e o sofrimento, visando à busca pela felicidade, pode ocorrer que o indivíduo desenvolva a concepção de que a felicidade sempre deverá estar condicionada ao sofrimento e não se vê merecer a felicidade se a dor e o sofrimento não estiverem presentes. O sentimento de culpa resultante desse conflito conspira contra o poder ser feliz. Devemos ter muito cuidado quando isso acontece, pois pode gerar, ao contrário do que pretendemos, a infelicidade e até mesmo o desenvolver um estado doentio, seja emocional ou físico.

Mais ainda devemos buscar o autoconhecimento e trabalhar esse conflito buscando a libertação. Lembremo-nos aqui das palavras de Jesus: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” (João 8:32).

Como o sentimento de culpa pode impedir-nos de buscar momentos de alegria, é bom que utilizemos recursos que promovem vigor, renovação de energias e empenharmo-nos na prática de alguns exercícios como: esportes, convívio com o belo, com a Natureza, leitura, arte; prece, meditação. São ações geradoras de felicidade. São estímulos para a criatividade, libertação de estados depressivos.

Até agora refletimos sobre a felicidade terrena, que nos fala de forma mais direta e imediata.

Precisamos refletir sobre a felicidade plena, a espiritual. A felicidade com a qual estaremos envolvidos hoje, amanhã, na da vida futura, ou melhor, também na nossa vida em oportunidade vindoura.

Como espíritos em busca da evolução, do convívio com companheiros de jornada em um plano espiritual mais elevado, visamos encontrar o Reino de Deus. Disse Jesus: “Meu reino não é deste mundo” (João 18:36); mas disse também: “o Reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17:21).

Com o olhar sobre a eternidade da vida espiritual, dispomo-nos a mergulhar de maneira profunda nesse objetivo e transformamos nossos conceitos e valores de forma a serem mais sólidos, consistentes e condizentes com os ensinamentos de Jesus. Ele nos disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém irá ao Pai se não por mim”.

Só com os valores e conceitos preconizados por ele atingiremos o estado de graça, a felicidade desejada – o reino a que ele se referiu.

Como alcançar essa graça:

– treinamento mental e emocional para uma consciência compatível com os objetivos;

– equilíbrio e ampliação da capacidade de percepção;

– conquista do conhecimento, da sabedoria decorrente da ação do amor.

Alcançando essa condição, nosso nível vibratório permite o relacionarmo-nos com faixas espirituais mais elevadas.

A consciência iluminada é fator de atingimento da verdadeira felicidade.

Ainda distantes dessa condição de graça plena e de verdadeira felicidade, podemos ter, pelo menos, vislumbres, intuição do que venha a ser. Depende tão-somente da nossa reforma íntima, da reformulação da nossa forma de viver, do relacionarmo-nos com o mundo à nossa volta – Natureza, pessoas, conosco mesmo.

A felicidade é resultado de um processo que começa dentro de nós, no íntimo do nosso Ser.

O caminhar em direção à felicidade começa quanto direcionamos o nosso olhar para o que realmente é importante. Priorizamos a descoberta do nosso verdadeiro Eu – o autoconhecimento, observando nossos erros, transformando-os em alavancas de crescimento, de aprendizado sólido, consistente. A experiência auferida com os erros corrigidos resulta na maturidade espiritual e harmonia interior.

A felicidade pode ser alcançada quando buscamos a consciência de nós mesmos e permitimos que a luz existente em nós brilhe. Quando encontramos o nosso Deus interno e deixamos que Ele se apresente de forma constante em nossas vidas.

do livro “Reflexões Evangélicas II”, de Elda Evelina Vieira,
Tema de palestra proferida na “Casa do Caminho”, em 16 de fevereiro de 2013, Guará II, Brasília (DF)

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