Posted por em 5 maio 2023

Pai e filho

“E, lembrando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, o pai chegou a vê-lo, moveu-se de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.” Jesus (Lucas 15:20)

Esta referência corresponde à passagem a que chamamos “Parábola do filho pródigo”.

Comentando um pouco sobre a Parábola, tendo o texto original como referência…

“E disse: Um certo homem tinha dois filhos;

E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.

E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.” (Lucas 15:11 a 13)

Trazendo uma reflexão sobre esta parte da parábola.

Somos todos filhos do Pai. Alguns ainda frágeis e inexperientes. Queremos conhecer o que ocorre à nossa volta, por vezes curiosos. Em outras circunstâncias, somos aventureiros. Queremos conhecer o mundo à nossa volta sem pensarmos nas consequências de nossas ações.

Assim ocorreu com o Filho pródigo.

Os pais terrenos, por vezes, são bondosos e nos permitem ir à busca de novas experiências, diferentes lugares.

Outros são mais rígidos e cautelosos. Querem nos proteger das agruras e dificuldades porventura existentes pelos caminhos do mundo.

No caso de pais que nos permitem seguir nossos caminhos, podemos tentar avaliar o que lhes ocorre ao se nos apresentarem como bondosos e meigos. Alguns podem ser confiantes quanto às escolhas que fazemos, na expectativa de termos aprendido as lições e saibamos como nos conduzir. Outros virão a ser condescendentes e nos permitem seguir em frente para um aprendizado pela experiência direta no viver.

No caso da Parábola, o pai assim também agiu. Permitiu que o filho viesse a conhecer o mundo proporcionando a ele condições financeiras para alcançar o intento de experimentar a vida.

Este veio a gastar tudo o que tinha sido entregue a ele, por seu pai.

O outro filho manteve-se junto a seu pai. Ajudou na administração da terra e dos bens.

Creio que a passagem proporciona a nós muitas reflexões a respeito de como procedemos no nosso caminhar como filhos do Pai.

Muitos de nós querem usufruir os bens que nos são destinados, ao vivenciarmos as experiências terrenas.

Poucos avaliam, com seriedade e cuidado, as consequências de suas ações. Vêm a experimentar o que resulta de suas atitudes, falta de cuidados com si próprio e com os “bens” que lhes foram oferecidos.

Por consequência, experimentam necessidades e dificuldades no vivenciar suas escolhas.

O pai da Parábola procedeu de forma amorosa. Passado algum tempo, quando vê, de longe, o filho que se afastara, correu até ele e demonstrou seu carinho, com um abraço e um beijo, e preparou uma festa demonstrando sua alegria.

Diz-nos Lucas quanto à reação do filho que se mantivera junto ao pai por todo o tempo:

“E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;

Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado (1).

E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;
Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.”

A lição que podemos acolher, desta passagem no Evangelho de Lucas, é como somos acolhidos pelo Pai, independente de nossas ações.

Li há algum tempo um texto do Papa Francisco, em seu primeiro livro “A Igreja da Misericórdia”, no que se refere à Parábola em estudo neste momento. Gostaria de concluir nossas reflexões com duas afirmativas do Papa.

  1. “Causa-me sempre grande impressão a releitura da parábola do pai misericordioso, impressiona-me pela grande esperança que sempre me dá. Pensai naquele filho mais novo… quando tocou o fundo, sente saudades do calor da casa paterna e regressa. E o pai, teria esquecido o filho? Não, nunca! … com paciência e amor; com esperança e misericórdia, o pai não tinha deixado nem um instante sequer de pensar nele, e logo que o vê, ainda longe, corre ao seu encontro e o abraça com ternura – a ternura de Deus, sem uma palavra de censura.: voltou! Isso é a alegria do pai; naquele abraço ao filho está toda a alegria: voltou! (1)
  2. Jesus mostra-nos essa paciência misericordiosa de Deus, para sempre reencontrarmos confiança, esperança! Um grande teólogo alemão, Romano Guardini, dizia que Deus responde à nossa fraqueza com a sua paciência e isso é o motivo da nossa confiança, da nossa esperança. É uma espécie de diálogo entre nossa fraqueza e a paciência de Deus – um diálogo, que, se entrarmos nele, nos dá esperança.

Assim concluiu Emmanuel suas reflexões sobre o tema:

“O pai não esperou que o filho se penitenciasse o rojo, não exigiu escusas, não solicitou justificativas e nem impôs condições de qualquer natureza para estender-se os braços; apenas aguardou que o filho se levantasse e lhe desejasse o calor do coração.

  • Bezerro cheio, gordo e bem nutrido, deveria ser imolado em uma ocasião especial, como o nascimento de um filho.

 

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