Havia um rio cheio de vida… – Rio Doce (MG)

Posted por Elda Evelina em 24 nov 2015

Sinto imenso prazer em deleitar-me a observar o ir e vir de águas límpidas, sejam salgadas, sejam doces.

Acompanhar o movimento dos peixes, senti-los em meus pés quando imersa nas águas. Mostram vigor como a brincarem em várias direções e me beliscarem, por vezes quem sabe, por sentirem-se invadidos em seu habitat.

Nas águas do alto mar gosto de observar os golfinhos, baleias e outros seres lindíssimos, exuberantes, tendo toda aquela imensidão para se expressarem em movimentos, em sons, em beleza.

Em uma época distante – ainda hoje alguns ainda o têm -, os Seres Humanos sentiam no seu Eu mais profundo prazer em ter toda a Natureza intacta ao seu redor, até mesmo para que também pudessem eles mesmos terem vida, e em abundância, pois desta Natureza fazemos parte todos nós.

No entanto, hoje alguns desses seres humanos pensam estarem acima de qualquer expressão de vida. Sentem-se donos com direito a consumir o que chamam de Natureza, tirando tudo o que acham dela ter direito. Fazem isso até o mais profundo da Alma maior de que fazemos parte todos nós.

Esquecem-se de que não há um só Ser, em todo o Universo, a viver isolado. Estamos integrados a todas as espécies, cada um de nós, sem exceção.

Quando pensamos poder consumir tudo o que está à nossa volta, no usufruir até o mais íntimo da vida de algum ser, estamos consumindo a nós mesmos.

Há um ditado profundo, ainda que singelo: “Tudo que acontecer à terra acontecerá aos filhos da Terra.”

É simples assim. Quando alguém consome de forma desenfreada e predatória, o que a Natureza lhe oferece, está consumindo a si mesmo.

Quando não demonstramos amor pela Natureza é porque não temos amor por nós mesmos.

O desrespeito no lidar com o que nos cerca, seja um ser vivo, seja uma simples pedra ou a água, demonstra não termos respeito por nós mesmos.

Hoje estamos tristes, profundamente tocados pela destruição de um rio, o Rio Doce. Não é só a destruição de suas águas, de suas margens. É a destruição da vida.

Não é só a destruição da vida da água em si mesma, é a destruição da vida que ali pulsava em suas mais variadas expressões – plantas, peixes e outras espécies.

Não é só pela destruição do poder de vida que vigia em suas águas, mas toda a vida que ele proporcionava a todos nós, seres viventes ao seu redor.

Não só os humanos, animais e vegetais que vivem à sua volta, mas todos aqueles que têm visto serem consumidas suas esperanças ao longo do correr das águas enlameadas e contaminadas.

Não só aqueles que vivem às margens ou eram beneficiados por aquelas águas… Não, não só eles.

Muitos creem que a destruição só afeta aqueles que vêm ao longe, por notícias e publicações nas redes sociais. Alguns destes podem até se sentir envolvidos emocionalmente, mas de forma superficial, pois não se percebem integrados a uma grande família que se chama Humanidade.

Precisamos nos conscientizar de sermos todos um só – SOMOS UM. O que acontece com cada um de nós reflete-se em todos, de alguma forma e em algum momento.

Enquanto não tivermos esse perceber no nosso Eu mais profundo viveremos em um mundo onde não haverá respeito, nem fraternidade e muito menos amor.

Não pelos outros… não haverá respeito, nem fraternidade e muito menos amor por nós mesmos.