Posted por em 10 jul 2019

Um momento de encontro interior

Gostaria de ter palavras bonitas para dizer o que sinto, mas não encontro estas palavras, pois o que sinto é tristeza e minh’Alma só encontra lágrimas que enuviam meu pensar.

Sinto por não ter como dizer sobre a falta de lucidez que encontro a cada esquina de páginas do cotidiano, pois lucidez exige pensar e refletir… e as matérias são postas como a quererem que o pensar e o refletir de quem as leem não encontrem entendimento, tão somente palavras de efeito que as levem a um entorpecimento mental.

Palavras bonitas, por vezes, fazem brilhar nosso olhar que se encanta pela magia do “bem dizer” de quem sabe dizer, de forma a envolver-nos por cores e emoções das letras, como as tintas e pinceis nas mãos de um artista.

No entanto, se observarmos bem esse dizer, poderemos encontrar tão só palavras que tocam a nossa superficialidade. Palavras que a mente absorve de imediato e segue em frente buscando novas palavras que não lhe exigem pensar e refletir. São deglutidas e esquecidas.

As palavras bonitas que gostaria de trazer não poderiam ser as que são absorvidas de imediato… gostaria que fossem outras, as que exigiriam o debruçar sobre elas, levando-nos a olhar à volta a tentar encontrar entendimentos, exercitando a mente e o coração… a razão e a emoção.

Palavras que saem, não como um turbilhão perturbado e envolvente.

Palavras, sim, que exigem um exercício de trazer cada sentido para seu próprio lugar. Saber dizer de forma direta e clara, sem manipulação, sem envolvimento que não seja só aquele de expressar sentimento de verdade, puro e simples.

Os olhos vêm, a mente decodifica, o sentir procura se expressar… Nem sempre é fácil!

Precisamos fazer conexão com o âmago de nossas entranhas… não aquelas viscerais. Ainda que o sentimento por vezes expresse de forma visceral o que lhe ocorre, pois a expressão visceral também traz o sentido de ser algo que movimenta o mais íntimo e profundo de nosso Ser.

Gostaria de trazer, com as palavras, a esperança, o sentimento fraterno. Acalentar corações, fazer ver a beleza da vida – oportunidade do realizar algo que faça sentido e que dê sentido à nossa existência.

Se não consigo com as letras, tento fazer com as cores e as formas. Não são tão explícitas quanto o dizer, mas permitem tocar de formas diferentes as emoções que trago em mim e pretendo compartilhar.

Quando comecei eu disse que gostaria de ter palavras bonitas para dizer o que sinto. Falei sobre a tristeza que não me permitia alcançar o meu intento.

A tristeza… bem, é por ainda perceber corações perdidos, partidos, sem esperança.

O que posso dizer depois de toda essa expressão de minh’Alma?

O desejo que carrego em mim, no mais profundo do meu Ser… encontremos a paz e a alegria de viver.

Elda Evelina Vieira

No livro “Textos em contextos”, Bookess Editora

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