Posted por em 31 mar 2022

Algo muito interessante aconteceu há poucos dias.

Uma pessoa fez contato demonstrando interesse em conhecer um pouco sobre a vida do meu avô Nephtali Vieira, como também obter informações a respeito de algumas fotos onde ele, em três dessas, se mostrava figura de destaque.

Recebi as mencionadas fotos através de minha irmã a quem a referida pessoa enviara.

Pareceu-me bem curioso o interesse demonstrado por ela. Apresentou-se como Fernanda Torquato (citação autorizada). Eu irei explicar o fato que nos levou a esse contato.

Ela se apresentou como pretendente ao alcance da condição de Doutora pela UFU – Universidade Federal de Uberlândia.

Esclareceu sobre a busca por esse contato com a família de Nephtali Vieira, que primeiramente foi realizado por intermédio da minha irmã.

Informou-nos sobre o motivo de seu interesse.

Ela está desenvolvendo um trabalho sobre um profissional que fez excelentes trabalhos em nossa Terra Natal – Araguari, no Estado de Minhas Gerais, no Triângulo Mineiro.

O referido profissional é Geraldo Vieira. Conheci de perto em minha tenra infância. Convivência fraterna, lembro-me bem. À época eu tinha entre quatro e seis anos. Eu estou em duas das fotos, também minha irmã e meu irmão. À exceção de minha irmã, fizemos nossa mudança para Brasília, quando ainda a Capital estava sendo construída. Meu pai – Luthero Vieira –, veio primeiro para Brasília em 1958. Depois viemos minha mãe e eu em 1959, depois meu irmão que, à época, estava estudando em um colégio – internato, pois em Brasília ainda não havia escolas, que foram inauguradas em 1960, ainda só no nível Primário, como se intitulava o estágio inicial das escolas.

Bem, procurando ser mais objetiva, sem desviar-me da meta deste trabalho que é tentar explicar o que as fotos representam para esta narrativa.

Afinal de contas qual o motivo de procurar explicar as fotos?

Como disse inicialmente, o interesse dela é conhecer um pouco mais sobre o profissional a que me referi no início. Por qual razão? Talvez alguns estejam se perguntando, por certo já curiosos. Outros, talvez por conhecerem o profissional muito especial que fora Geraldo Vieira, já devem ter alcançado a que se deve esse trabalho abraçado por ela, em busca de sua meta.

Geraldo Vieira não era só um bom profissional. Ele foi um excelente profissional. Realizava um trabalho com um diferencial importante. Não só pelo profissionalismo. O trabalho que ele realizava era primoroso. Detalhista como profissional, não só na captura das imagens com sua máquina fotográfica. À época tudo tinha que ser realizado manualmente – controle de foco, busca pela nitidez e clareza das imagens, uso ou não de flash e outros detalhes.

Não satisfeito plenamente com o resultado alcançado, ele colocava os negativos das fotos em um equipamento no seu Studio de trabalho e retocava cada detalhe, em minudências inimagináveis.

Poderiam me perguntar – como poderia eu saber disso se era tão pequena à época.

Alguém poderá até mesmo questionar o que estou afirmando. Como uma criança de cinco ou seis anos poderia estar observando tudo isso com esse nível de detalhes.

Eu só posso dizer, com segurança e verdade, que eu ia ao Studio do Geraldo Vieira para observar o trabalho de retoque de negativos, estágio anterior ao da cópia em papel, que só ocorria depois que o Geraldo Vieira estivesse satisfeito com o trabalho alcançado. Studio esse que ficava em um prédio do meu avô Nephtali Vieira. Nossa casa ficava em um terreno ao fundo. Casa na parte interior do terreno e o prédio, que tinha o nome Casa Nephtali Vieira, de frente para a Avenida Tiradentes. Avenida mais importante, no Centro da cidade de Araguari.

Eu me flagro nesse momento da minha narrativa a divagar mais do que gostaria, mas como ficar sem mencionar fatos que foram tão importantes em minha infância?

Ainda hoje essas lembranças tocam minha Alma. Memórias que guardo com muito carinho, amor mesmo que aprendi a ter pelo trabalho de busca pela perfeição que me foi transmitido pelo Geraldo Vieira, sem que ele, por certo, nem poderia imaginar – cuidado, dedicação, autoexigência pela perfeição que poderia ser alcançada. Uma criança de 5 ou 6 anos ter tido essa atenção que, de tal maneira importante para ela – que era eu – ainda está guardada carinhosamente em sua memória e, de certa forma, interfere positivamente em muitas de suas realizações na área da arte a que se dedica atualmente, em suas mais variadas expressões.

Bem, depois de tanta divagação por alguns momentos da minha infância, busco um outro olhar, agora, em algumas memórias sobre o meu VovôTali, como o chamávamos quando éramos pequenos.

Com relação a ele, o VovôTali, minha missão é explicar algumas das fotos enviadas pela Fernanda. Fotos que ela encontrou e selecionou para o trabalho dela, visando o doutorado sobre a vida de Geraldo Vieira.

O VovôTali sempre foi uma pessoa muito especial para mim, creio que para a maioria dos netos. Eu sempre tive uma ligação muito profunda e especial com ele. Sempre atenta às histórias que ele contava sobre a vida dele, desde a sua juventude.

A busca por outros caminhos, longe da fazenda onde nasceu e foi criado até a adolescência. As lutas que enfrentou para conquistar uma condição de vida que efetivamente lhe permitisse independência e uma vida saudável, honrada, justa e com fundamentos cristãos.

A vida dele foi de uma jornada nada fácil. Com fé, confiança, muito trabalho e empenho ele conseguiu vencer. Também soube passar aos filhos os princípios que acolheu na sua jornada.

Sempre tive imensa admiração por ele. As memórias de sua vida estão gravadas em minha mente e coração. Eu ficava sempre atenta ao que ele se interessava em me contar. Enquanto pude, fui companheira de muitos momentos e ouvinte fiel de todas as histórias. Vivenciava dentro de mim as palavras que ele me dedicava com muito amor e paciência.

Novamente eu estou me divagando… fugindo do foco que seria principal, passando este a ser só um detalhe de segundo plano.

Bem, vamos às fotos.

O que chamara a atenção da Fernanda, nas fotos, fora a de ter observado a Bíblia nas mãos do VovôTali. Ela ficou curiosa e nos procurou para dizermos algo a respeito. Como eu estive junto com ele sempre que me era possível, quase inseparáveis, ficou para mim a tarefa de tentar explicar.

O VovôTali, quando jovem, se viu forçado a sair da fazenda em que vivia com seu pai e outros parentes. Ele queria estudar e não seria possível se ali se mantivesse.

Nessa busca por novas oportunidades na vida, encontrou um grupo de Missionários Ingleses que desenvolviam um trabalho de evangelização pelo interior de Goiás e de Minhas Gerais. Com esses Missionários, o VovôTali encontrou o estudo da Bíblia, principalmente do Evangelho. Viajou a cavalo, com esses missionários, por vastas regiões do interior desses dois Estados.

Dedicou-se a este estudo que foi, a partir de então, uma referência para sua vida.

Em dado momento fixou residência em Araguari. Criou sua família. Transmitiu esse conhecimento, sobre o Evangelho, a seus filhos e netos. Fazíamos culto em nossa casa. Estudávamos a Bíblia e foi-nos transmitido o interesse pelo estudo aprofundado dos princípios Cristãos.

Aí está a explicação pela presença do livro sagrado em suas mãos – a Bíblia.

Foram enviadas outras fotos. No caso dessas, são eventos ocorridos na Casa Nephtali Vieira, dentro e em frente ao prédio. Esta, na área externa, em particular, pareceu-me ser um encontro de pessoas por algum evento na Igreja Presbiteriana de Araguari, frequentada pela família Vieira, trabalhadores comprometidos e profundamente dedicados aos trabalhos litúrgicos e de Assistência Social junto a famílias menos assistidas e mais vulneráveis socialmente.

As fotos na área interna são de um evento festivo. Ocasionalmente havia uma movimentação social na loja. No caso específico, as imagens da foto levam a concluir que tenha sido um sorteio de uma bicicleta e a festa era para entregar ao ganhador. Esses eventos poderiam acontecer por vários motivos. Sempre ocorria um momento de festa. Meu pai, o Administrador da loja, sempre se mobilizava para esse tipo de movimento no estabelecimento.

As festas de Natal eram incríveis, movimentando a cidade com músicas de Natal, distribuição de alguns presentes para as crianças. Um caminhão todo decorado para o Natal, um Papai Noel sentado na carroceria é que fazia a festa ser mais encantadora aos olhos das crianças que seguiam o caminhão pelas ruas.

Pelo menos é o que a minha memória de criança guardou como lembrança. Memória talvez um pouco fantasiada pela mente de uma criança que vivenciava essas festas quando muito pequena. Como já mencionei no início, eu vivi em Araguari até os meus 7 anos. O que a memória de uma criança cria quando o que viveu era alegria, prazer e encanto, não é?

Só posso dizer o que minha mente guardou como memória.

Bem, quanto ao que poderia falar sobre o meu VovôTali, seu carinho e dedicação ao estudo bíblico, sua presença e importância em nossas vidas, a conexão com a Casa Nephtali Vieira, é o que eu teria para dizer.

A conexão com o Geraldo Vieira foi o fato de ele ter tido seu Studio no prédio – Casa Nephtali Vieira. O que de alguma forma criou laços importantes entre nós. Até mesmo por termos o mesmo sobrenome, mesmo sem laços familiares, pelo menos não temos conhecimento sobre isso. Não deixa de ser bem interessante, não é?

Vou ficando por aqui com minhas memórias. Há outros acontecimentos e histórias que guardo em minha mente e no meu coração, mas estas vou manter comigo e guardar como um tesouro da vida de uma neta que ama profundamente esse Ser maravilhoso que foi, é e será o meu VovôTali.

Ele ainda vive, de alguma forma, dentro de mim.

   

  

Áudio da mensagem – Nephtali Vieira em minhas memórias

 

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