Posted por em 26 jun 2016

Decors-Evange

Estudo oferecido no GFEIE Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Estêvão, em 24 de junho de 2016.

Áudio (mp3) – Estêvão – Exemplo de Testemunho e Fé

Em estudo a respeito da história do nosso personagem, muitas ideias foram surgindo à medida que os fatos eram descritos.

Em estudo a respeito da história do nosso personagem, muitas ideias foram surgindo à medida que os fatos eram descritos.

Reflexões que tomaram por base os relatos oferecidos por Emmanuel, no livro Paulo e Estêvão.

A própria introdução, com o título Breve Notícia, já proporcionava ricas oportunidades para elevarmos nossos pensamentos e buscarmos entendimentos a respeito dessa história tão densa e repleta de testemunhos e promessas.

Fala-nos do chamado ao ministério que pode chegar de maneira sutil e inesperada, mas muitos resistem a esse chamado. Deixam passar a oportunidade de servir ao Senhor.

O livro basicamente remete à conversão de Saulo, no caminho de Damasco, e sua trajetória como Apóstolo dos Gentios. O intenso chamamento de Jesus e a entrega sem reservas com a simples frase: – “Senhor, que queres que eu faça?” É a expressão da total confiança de um discípulo a seu mestre.

No entanto, essa conversão não ocorreu pelo chamamento puro e simples. Muitas experiências vivenciadas pelo então Saulo, em seus encontros com nosso personagem, foram de profunda importância para que o doutor da Lei, jovem de grande cultura e candidato a ingresso no Sinédrio, pudesse, naquele momento em que o Mestre lhe surgiu em intensa luz, entregar-se de pronto à vontade do Senhor.

Que fatos foram esses que a pouco e pouco sensibilizaram o então doutor da Lei, ainda intenso em suas atitudes, áspero, orgulhoso? Quem fora aquele que, com a profundeza da sua convicção e fé por vezes conseguira levar ressonância ao coração desse romano por ter nascido em uma província romana, judeu por ter como origem a tribo de Benjamim. Defensor intrépido da Lei de Moisés, convicção que o leva a atitudes indômitas para levar à frente a manutenção das crenças judaicas nos textos sagrados.

Diz Emmanuel: “Sem Estêvão, não teríamos Paulo de Tarso. (…) A vida de ambos está entrelaçada com misteriosa beleza. A contribuição de Estêvão e de outras personagens desta história real vem confirmar a necessidade e a universalidade da lei de cooperação.” E, para verificar a amplitude desse conceito, recordemos que Jesus, cuja misericórdia e poder abrangiam tudo, procurou a companhia de doze auxiliares, a fim de empreender a renovação do mundo.

Este personagem de vital importância na vida de Saulo, e mais tarde do próprio Paulo, é Estêvão, nosso tema de estudo.

Seu nome antes era Jeziel.

Sempre tinha uma palavra de conforto e de incentivo.

Mostrara-se durante todo o tempo, um fiel servidor à Lei de Moisés. Grande conhecedor do Testamento, principalmente do conteúdo do livro do profeta Isaías, que lhe tocara profundamente pela beleza das promessas divinas, anunciando a vinda do Messias.

Passou por vários revezes em sua vida: morte da mãe; perda dos bens; morte do pai; prisão; afastado de sua irmã, por quem tinha profundo carinho; condenado à escravidão nas galeras romanas; contrair doença grave. Não obstante tudo isso, manteve-se fiel aos princípios religiosos que aprendera com sua mãe.

A cada situação que lhe ocorria, ou a seu pai, sabia encontrar uma citação dos textos sagrados que viessem a alertar, consolar, orientar.

As circunstâncias acabaram por levá-lo a encontrar Pedro, João e Tiago, na igreja do “Caminho”, em Jerusalém.

Ali soube que o Messias que tanto aguardava, inspirado pelas profecias de Isaías, já estivera entre eles e fora crucificado e ressuscitara no terceiro dia.

Recebeu das mãos de Pedro o Evangelho escrito por Levi (Mateus). Ficou profundamente tocado pelos ensinamentos do Cristo. Descobrira ali o tesouro da vida, pressentia ali a chave dos enigmas humanos.

Soube, por intermédio de Pedro, que o Mestre amparava todos os sofredores e havia recomendado que seus discípulos fizessem o mesmo.

Cristo trouxe a mensagem de amor, completando a Lei de Moisés.

Disse-lhe Pedro: A Lei Antiga é justiça, mas o Evangelho é amor.

Ao contar ao Apóstolo tudo o que lhe ocorrera, Pedro deu-lhe um novo nome, Estêvão, para que mantivesse o anonimato. Acolheu-o como filho.

Estêvão dedicou-se ao serviço com os doentes e indigentes de Jerusalém, ali na igreja do “Caminho”. Estes o tinham como servidor de Deus para alívio de suas dores.

Surge Saulo nesse contexto. Homem de grande cultura com pretensões a cargo no Sinédrio.

Ouve falar sobre Estêvão, suas pregações e curas que promove.

Entende que o trabalho de divulgação do Evangelho, pelos homens do “Caminho” é uma afronta à Lei de Moisés. Marca de ir para ouvir uma das pregações de Estêvão e avaliar o tom de suas prédicas e o quanto seriam ou não inofensivas.

Saulo entra na igreja humilde de Jerusalém, observando os pobres e miseráveis que ali se encontravam com esperança nos olhos.

Estêvão entra. Frequentadores daquele ambiente, sempre em busca de um lenitivo, recebem-no com sorriso. Estes o têm como desdobramento do amor do Cristo e ouvem sua prece em que suplica a inspiração do Todo-Poderoso. O jovem pregador lê uma passagem de Mateus.

“Seu reino é o da consciência reta e do coração purificado ao serviço de Deus. Suas portas constituem o maravilhoso caminho da redenção espiritual, abertas de par em par aos filhos de todas as nações.”

Acrescenta

“Dia virá em que o seu reino abrangerá os filhos do Oriente e do Ocidente, num amplexo de fraternidade e luz. (…) A Lei é humana; o Evangelho é divino. (…) Com a Lei, éramos servos; com o Evangelho, somos filhos livres de um Pai amoroso e justo!”

Saulo, não obstante sentir em si a ressonância do que pregava Estêvão, percebeu o perigo que sua mensagem acarretaria para o Judaísmo.

Salientou em alta voz que ali eles ousavam dizer que a mensagem daquele carpinteiro estaria em superioridade à lei de Moisés.

Estêvão, não obstante ter empalidecido, manteve-se sereno e imperturbável.

Volta Estêvão a falar:

“O Filho de Deus trouxe a luz da verdade aos homens, ensinando-lhes a misteriosa beleza da vida, com o seu engrandecimento pela renúncia. Sua glória resumiu-se em amar-nos, como Deus nos ama. Por essa mesma razão, Ele ainda não foi compreendido.” (…)

“O Cristo edificou, entre nós, seu reino de amor e paz, sobre alicerces divinos. Sua exemplificação está projetada na alma humana, com luz eterna! Quem de nós, então, compreendendo tudo isso, poderá identificar no Emissário de Deus um príncipe belicoso? Não! O Evangelho é amor em sua expressão mais sublime.” (…)

“O Cristo é vida, e a salvação que nos trouxe está na sagrada oportunidade da nossa elevação, como filhos de Deus, exercendo os seus gloriosos ensinamentos.”

Saulo, naquele momento, coloca-se para revide, mas Estêvão finaliza sua fala pedindo as bênçãos do Cristo para todos ali presentes.

Saulo o ameaça dizendo que Estêvão aprenderá a renunciar ao nazareno. Responde então o jovem pregador que o Sinédrio teria meios de fazê-lo chorar, mas não poderes para obrigá-lo a renunciar ao amor de Jesus Cristo.

Aproxima-se uma mulher com sua filha que ficara muda. Pedia a graça da cura para ela.

Estêvão disse que nada tinha para oferecer, mas poderia esperar do Cristo as dádivas que lhes fossem necessárias.

Naquele momento a enferma falou.

Diante do que ocorrera, Saulo busca uma forma legal para abrir um processo contra Estêvão.

Estêvão, tomando conhecimento do fato, manteve-se sereno para responder ao que fosse requerido. Rogou a Jesus o amparo para testemunhar sua fé no Evangelho.

No Sinédrio, o Sumo Sacerdote anuncia, para interpelar o denunciado, Saulo, conforme sua própria solicitação.

Chamado a identificar-se, Estêvão responde com firmeza que pertence à tribo de Issacar, o que trouxe surpresa a seu inquiridor. Em razão de sua condição de israelita, teria o direito de replicar livremente às interpelações que lhe fossem dirigidas.

Saulo explica a Estêvão que, em razão de sua resistência em prestar esclarecimentos quando do primeiro encontro com ele na igreja do “Caminho”, fora considerado inimigo das ordenações do judaísmo. Ali seria Estêvão obrigado a responder a todas as interpelações, bem como que a condição de israelita não o livraria da punição reservada aos traidores.

Acusado de caluniador, feiticeiro e blasfemo, pergunta Estêvão em qual sentido. Responde Saulo que blasfemo por afirmar que o carpinteiro de Nazaré ser o Salvador; caluniador por desqualificar a Lei de Moisés e os princípios sagrados que regem os destinos, de acordo com os princípios do judaísmo.

Estêvão lhe responde que reconhece o Cristo como o Salvador prometido pelo Eterno, por meio dos profetas. Quanto à Lei de Moisés, nunca deixou de venerar a Lei e as Sagradas Escrituras, mas o Evangelho do Cristo é seu complemento. A lei de Moisés e as Sagradas Escrituras “são o trabalho dos homens”, o Evangelho do Cristo é o “salário de Deus aos trabalhadores fiéis.”

Afirma Estêvão que Moisés é a justiça pela revelação, mas o Cristo é o amor vivo e permanente. Sente-se honrado em ser instrumento humilde em suas mãos. Complementa que, para Deus, Israel significa a Humanidade inteira.

Nesse ponto, Saulo apresenta a sua primeira condenação, por Estêvão considerar toda a Humanidade como filhos de Deus.

Com relação à denúncia sobre ser feiticeiro, esta em razão da cura da jovem muda, Estêvão, então, responde dizendo que na história do judaísmo muitos desses fatos ocorreram. Moisés fez jorrar água de uma rocha; abriram-se ondas revoltas do mar para que a fuga do cativeiro; Josué atrasou a marcha do sol.

O doutor de Tarso, percebe a dificuldade em que se encontrava para apresentar uma argumentação, diante da resposta concisa e lúcida, embasada na própria história do povo judeu. Considerou urgente sua tomada de decisão e dirige-se ao sumo sacerdote.

Saulo, naquele momento, confirma a denúncia e diz que o denunciado acaba de confessar que é blasfemo, caluniador e feiticeiro. No entanto, como israelita, tem direito à última defesa. Estêvão assim se expressa:

Muito falais da lei de Moisés e dos profetas; todavia, podereis afirmar com a mão na consciência a plena observância dos seus gloriosos ensinamentos? Não estaríeis cegos atualmente, negando-se à compreensão da mensagem divina? Aquele a quem chamais, ironicamente, o carpinteiro de Nazaré, foi amigo de todos os infelizes. Sua pregação não se limitou a expor princípios filosóficos. Antes, pela exemplificação, renovou nossos hábitos, reformou as ideias mais elevadas, com o selo do amor divino. Suas mãos nobilitaram o trabalho, pensaram úlceras, curaram leprosos, deram vista aos cegos. Seu coração repartiu-se entre todos os homens, dentro do novo entendimento do amor que nos trouxe com o exemplo mais puro.”

Ouviu-se então a voz daqueles que o acusavam condenando-o ao apedrejamento. Apressou-se Estêvão a acrescentar, antes que lhes tirassem a oportunidade da palavra: “– Vossa atitude não me intimida. O Cristo foi solícito no recomendar não temêssemos os que só podem matar-nos o corpo.”

Saulo, naquele momento, pelo direito que lhe fora concedido em caso de defrontar-se com um irmão desertor, bateu-lhe no rosto de punhos fechados, inúmeras vezes. Recorria à força física por mais não ter o que dizer diante da lógica do Evangelho.

Estêvão roga a Jesus o necessário auxílio para manter-se no testemunho. Se conseguira enfrentar as dificuldades pelo conhecimento de Moisés e dos profetas, mais ainda agora poderia testemunhar com o Cristo no coração. Sentiu Estêvão as lágrimas verterem pelo rosto.

Neste momento Saulo observou o pranto misturar-se como sangue a jorrar da ferida causada por sua cólera. Conteve-se não compreendendo como o agredido recebera sua agressão com tanta passividade.

Pergunta então a Estêvão se ele não iria reagir.

O pregador Cristão responde com firmeza:

– A paz difere da violência, tanto quanto a força do Cristo diverge da vossa.

O doutor da Lei, então, verificando a superioridade de concepção e pensamento, no auge da irritação profere finalmente:

– Analisando a peça condenatória – acrescentou ufano – e, considerados os graves insultos aqui expostos, como juiz da causa rogo seja o réu lapidado.

Separador-Evange

A partir de então, as perseguições fizeram-se presentes por toda a região. Saulo, tocado pelas atitudes de Estêvão – digno e imponente em sua fé e determinação na defesa do Evangelho – encheu-se de ódio, com sede de vingança, sentira-se ferido profundamente pelas humilhações públicas que, no seu modo de ver, fora infringido pelo pregador do Evangelho.

A morte de Estêvão

Saulo mantinha o seu romance com Abigail. Encontrá-la sentia renovavas suas forças, depois das lutas que travara em Jerusalém. Esses momentos eram como dádivas concedias por Deus, um pouso de consolação.

Abigail suavizada o seu coração, por vezes perturbado por sua impulsividade. Ela corrigia-lhe o espírito, aparava-lhe as arestas do seu caráter violento. Tentara, em certo momento, sensibilizar Saulo a modificar a pena imposta a Estêvão.

No entanto, Saulo mantinha-se firme em sua decisão e lembrava que bastava terem libertado Pedro, Filipe e João.

Insistira, ainda, que Abigail estivesse presente ao cerimonial do apedrejamento do pregador revolucionário – Estêvão -, não obstante a jovem pedir para ser poupada do espetáculo.

No momento aprazado, Estêvão, bastante desfigurado, embora sereno, barba crescida que lhe alterava o aspecto fisionômico, cujos olhos mantinham a mesma fulgurância de cristalina bondade.

Instado ainda a negar-se a seguir o Mestre, como última oportunidade para conservar a sua vida, Estêvão afirma que morrer por Jesus significaria uma vitória.

Diante desta afirmativa, fora o pregador do Evangelho atacado por alguns dos presentes, ficando seminu. Envergonhado, fora ajudado por um legionário romano a recompor suas vestes já rotas, em frangalhos. Sentira-se humilhado, mas lembrando-se do que contara Simão Pedro, a respeito do que vivenciara Jesus em seus últimos instantes, sentiu-se consolado ouvindo em seu coração a voz do Mestre a dizer: “Todo aquele que desejar participar do meu Reino, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga os meus passos.” (Mateus 16:24)

Lembrou-se da irmã, que há muito não via e sentiu uma certa angústia no coração. Gostaria de revê-la.

Sentiu em si o convite do Mestre ao testemunho público dos valores espirituais. Não obstante ferido e com passos inseguros, manteve-se firme e sereno. Continuavam as palavras ferinas e as ameaças da população ao redor.

Saulo mostrara-se satisfeito com toda aquela manifestação popular. A morte daquele pregador seria seu grande triunfo, a conquista de prestígios políticos em Jerusalém, orgulhava-se das perseguições que gerenciara aos organizadores do “Caminho”. Não obstante a forte impressão que o comportamento de Estêvão marcara em sua vida. Indagava-se sobre qual a origem de tanta serenidade, mesmo enquanto apedrejado, sem demonstrar qualquer temor ou revolta.

Em certo momento chega Abigail. Olha para aquele homem ali ensanguentado, rosto pálido, barba crescida. Tremia ao tempo que se indagava se não seria o seu irmão. Recordava-se do irmão Jeziel em situação semelhante, após a morte do pai. Teve ímpetos de atirar-se à frente daqueles que atiravam pedras em naquele homem e buscar saber a identidade daquele homem.

Ao mesmo tempo o pregador do Caminho viu Jesus olhando de forma triste o doutor de Tarso, como a lamentar seu comportamento tão desviado dos princípios religiosos. Estêvão experimentou pelo seu algoz sincera amizade. Com o seu coração preenchido pelo sentimento fraterno olha para o Cristo e lhe diz:

– Senhor, não lhe imputes este pecado!…

Quando olha para Saulo vê junto dele a irmã amada, por quem tivera tanta saudade e esperança. Pensa naquele momento que ela havia sido levada ao Reino do Mestre e estava ali com ele em espírito, para dar-lhe as boas-vindas a um mundo melhor.

Sente o afago do Mestre, acariciando-lhe a fronte onde uma pedra o atingira abrindo-lhe uma “flor de sangue”.

Abigail naquele momento exclama:

– Saulo! Saulo!… é meu irmão.

Saulo fica transtornado e não acredita que possa ser Jeziel.

Abigail insiste e pede para falar com aquele moribundo. Saulo diz não ser possível, mas ela insiste, apelando pela lei de Moisés.

Saulo acaba cedendo, diz que irá com ela identificar aquele homem, mas exige que ela se cale.

Diz para um funcionário de alta categoria, que leve o morto ao gabinete dos sacerdotes. Soube que o pregador do Caminho ainda não morrera, mas insiste na sua recomendação.

Ficaram ali sozinhos Saulo, Abigail e Estêvão.

Estêvão murmurou: Abigail!…

Ela exclama: Jeziel, como te vejo eu!…

Ele responde: Não chores!… Eu estou com o Cristo!… Jesus é o nosso Salvador…

Agora chamam-me Estêvão, e conta o lhe acontecera desde sua condenação como Jeziel.

Mostra-se sereno e diz que não tem por Saulo um inimigo. Reconhece que Saulo deve ser bom, pois defendera Moisés até o fim… isto leva-o a crer que, quando conhecer Jesus também servi-lo-á com a mesma devoção. Diz a Abigail que seja para ele companheira amorosa e fiel.

Naquele momento Estêvão lembra a parte final do Salmo 23: “o amor e a misericórdia seguirão por todos os dias de nossas vidas…” Pede a Abigail que recite a prece dos aflitos e agonizantes.

Senhor Deus, pai dos que choram,

Dos tristes, dos oprimidos,

Fortaleza dos vencidos,

Consolo de toda a dor,

Embora a miséria amarga

Dos prantos de nosso erro,

Deste mundo de desterro,

Clamamos por vosso amor!

Nas aflições do caminho,

Na noite mais tormentosa,

Vossa fonte generosa

É o bem que não secará…

Sois, em tudo, a luz eterna

Da alegria e da bonança

Nossa porta de esperança

Que nunca se fechará.

Quando tudo nos despreza

No mundo da iniquidade,

Quando vem a tempestade

Sobre as flores da ilusão!

Ó Pai, soia a luz divina,

O cântico da certeza,

Vencendo toda aspereza,

Vencendo toda aflição.

No dia da nossa morte,

No abandono ou no tormento,

Trazei-nos o esquecimento

Da sombra, da dor, do mal!…

Que nos últimos instantes,

Sintamos a luz da vida

Renovada e redimida

Na paz ditosa e imortal.

Terminada a prece Abigail mostrava seu rosto molhado pelas lágrimas. Acaricia Jeziel que serenamente aquietara-se.

Saulo naquele momento diz que é impossível seu relacionamento com Abigail. Não poderia desposar a irmã de um inimigo que fora pregador de um carpinteiro e o havia humilhado diante de toda a cidade.

Abigail contraiu uma doença que lhe tomou os pulmões. A partir de então buscara conhecer o Evangelho. Sentira-se consolada, não obstante com expressão de amargura e melancolia.

Convidado por Zacarias, pai adotivo de Abigail, Saulo é levado a ver Abigail. Ele se surpreende com o que vê e pergunta se ela o perdoara e não o esquecera. Ela o recebe com alegria sincera e lhe diz que não pode esquecer aquele que lhe deu vida, e não há como falar em perdão, pois alguém pode perdoar-se a si mesmo?

Diz Abigail que, em sua amargura conhecera a história do Cristo. Leu avidamente o seu Evangelho. Pôde então compreender a ele, Saulo, reconhecendo a sua própria situação.

Saulo insiste em saber se ela o desculpara, ao que Abigail responde que sua alma está tranquila. Jeziel está com Cristo e deixara a ele Saulo um pensamento fraterno. Deus estivera sendo misericordioso com ela oferecendo a oportunidade de ter a presença de Saulo ali na casa. Ela não queria morrer sem poder vê-lo pelo menos por mais uma vez.

No dia seguinte Saulo fora chamado por Zacarias que pedira fosse ele informado de Abigail estar agonizante. Saulo vai até lá. Abigail lhe diz que fora visitada por Jeziel e que seu quarto enchera-se de luz. Dissera-lhe que ela seria levada naquele instante e que Jesus amava muito a Saulo e tinha muita esperança nele.

Conclui, antes de morrer, que ela e Jeziel o ajudariam de um plano mais alto. Seguirá seus passos e o auxiliaria a conhecer a verdade. Ainda que não tivesse aceitado o Evangelho, Jesus encontraria um meio de tornar possível o encontro de seus pensamentos levando-os à verdadeira compreensão.

Separador-Evange

Temos aqui dois exemplos de convidados ao trabalho, a uma missão.

1 – aquele que, de certo havia assumido um compromisso, resistira e desviara-se dele.

2 – aquele que desde o início assumira o seu papel, buscou o aprendizado com afinco, dedicou-se ao exercício da bondade e do trabalho fraterno; honrou o seu compromisso e ofereceu a oportunidade de um novo olhar àquele que se tornara cego à beleza e verdade que o Evangelho encerra, cristalizando-se nos ensinamentos antigos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *