“Guardai-nos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas” Jesus (Mc 12:38)
Diz-se que escrever é uma arte.
Uma arte do expressar-se com palavras. Arte do conhecimento colocado à disposição do outro. Do amigo ou amiga, daqueles que estão perto como também longe. Até de pessoas que nem conhecemos e, talvez, nem venhamos a conhecer algum dia.
Arte do comunicar-se e do disponibilizar-se ao bem comum.
Há aqueles que se expressam de maneira formal, compartilhando conteúdo intelectualizado. Há outros que suas palavras são quase tão só sentimentos e emoções. Outros, no entanto, sabem envolver-nos com o requinte de quem sabe emocionar-nos com palavras sábias do intelecto.
Escrever é uma arte como as outras, e podem ser tudo isso que disse antes, como também podem causar dor e sofrimento.
O bom uso da palavra não é um simples parafrasear… é abraçar seus ouvintes ou leitores como se os estivessem abraçando com energias sutis, embora não os conheçam e nem os venha a conhecer um dia.
O escritor expressa-se como um amigo a contar-nos histórias, casos, fatos, causos. Enfim, trazer-nos conteúdo que venham a nos encantar como também ensinar algo.
Escrever com seriedade envolve responsabilidade e respeito para com aqueles aos quais dirigem suas palavras. Estas devem ser escolhidas com cuidado, para um bom entendimento do conteúdo a ser oferecido. A interpretação vacilante pode gerar conflitos e aplicabilidade indevida.
Tudo o que foi colocado até o momento refere-se a qualquer tema.
Há temas, no entanto, que exigem mais cuidado do que em outros. São os de conteúdo científico como também filosóficos. Incluindo-se entres estes os religiosos.
Falar sobre o Evangelho do Mestre, seja pela escrita ou pela palavra falada, é não só contar histórias. É também, e principalmente, falar sobre Sua missão entre nós.
É passar Seus ensinamentos como importantes referências para nossas vidas. Um alinhamento de nossos comportamentos no lidar com companheiros de jornada, não só terrena, no plano físico, como também no inter-relacionamento entre planos sutis. Seja em dimensões perceptíveis por nossas capacidades mentais, seja em dimensões que vão além do que nossa mente possa alcançar ou até imaginar.
Escrever é arte e saber.
Também não só pelo conteúdo intelectual a que se presta o escritor a oferecer.
Este também deverá cuidar da forma como leva sua mensagem.
Bom seria que cuidasse quanto ao público a que se dirige. Respeitar o nível intelectual deste para que a mensagem possa ser acolhida de forma segura e, ao mesmo tempo, seja acolhedora e interessante. Passar um quê de interesse, instigar curiosidade não só para ler o que está ali disponível, como também a procurar mais sobre o assunto e se aprofundar no tema. Ir além.
Ter-se o cuidado com o conteúdo, como também com a forma.
Falamos até este momento sobre como o escritor deverá cuidar de seus escritos – conteúdo e forma.
Indo além a respeito do tema, bom registrar sobre o cuidado também do leitor ao buscar conteúdo para suas leituras, mais ainda sobre o perfil dos assuntos porventura comtemplados.
Emmanuel diz em seu texto Escritores:
“Há livros cuja função útil é a de manter aceso o archote da vigilância nas almas de caráter solidificado nos ideais mais nobres da vida. Ainda agora, quando atravessamos tempos perturbados e difíceis para o homem, o mercado de ideias apresenta-se repleto de artigos deteriorados, pedindo a intervenção dos postos de “higiene espiritual”.
Podereis alimentar o corpo com substâncias apodrecidas?
Vossa alma, igualmente, não poderá nutrir-se de ideais inferiores, na base da irreligião do desrespeito, da desordem, da indisciplina.
Observai os modelos de decadência intelectual e refleti com sinceridade na paz que desejais intimamente. Isso constituirá um auxílio forte, em favor da extinção dos desvios da inteligência.” (1)
Atualmente temos vivenciado circunstâncias complicadas.
Temos estado sujeitos a comentários inquietantes e nem sempre verdadeiros. Artigos que pretendem nos levar a atitudes que não só nos desestabilizam, como também às pessoas de nosso convívio.
Devemos ter um olhar ainda mais amplo… se acolhermos notícias e comentários, sem uma devida avaliação de seus conteúdos e veracidade dos fatos, por certo seremos responsabilizados por consequências por vezes inevitáveis e desastrosas. Não só no plano físico, como também no plano sutil com o qual interagimos, independente de estarmos ou não conscientes dessa realidade.
Enfim, escritores devem estar atentos ao que escrevem e como escrevem – conteúdo e forma.
Leitores, precisam estar conscientes do que leem, como leem e atitudes decorrentes das escolhas que fazem. Estarem conscientes das consequências de seus atos, sejam no plano material, seja no plano sutil.
(1) Escritores, no livro Caminho, Verdade e Vida, Emmanuel, por Chico Xavier
Interpretação – Reflexões…
“O tema proporciona uma gama muito extensa de reflexões sobre várias situações que nos ocorrem ao longo da vida, principalmente no que se refere a relações interpessoais, valores e conceitos.
A interpretação sobre a vida, os valores éticos, os conceitos religiosos, passam, inevitavelmente, tanto pelo aprendizado intelectual, como pelo moral e ético. São conhecimentos que vão se agregando à nossa bagagem na jornada física e espiritual.
Quanto mais conhecimento e mais abrangente nossa capacidade de perceber o mundo, mais perspicazes nos tornamos para avaliar a nós mesmos, o mundo e tudo o que nele há ― as pessoas em suas mais diversas expressões, a Natureza, de que fazemos parte, como um todo.
A nossa condição de intérpretes da vida será muito mais eficaz, promovendo um diferencial em nós ― instrumentos e agentes de transformação.
Precisamos nos acostumar a olhar o mundo com olhos atentos, mesmo, ou principalmente, aos pequenos detalhes.
Qualquer informação é veículo de conhecimento e oportunidade de aprendizado.
A vida torna-se mais bela e útil quando percebemos a riqueza que nela existe. São detalhes que na maior parte das vezes passam despercebidos aos olhares pouco atentos e pouco interessados em aprender e admirar o que existe à volta.
Sermos capazes de interpretar um olhar, um gesto, uma palavra, sejam carinhosos ou mesmo agressivos ― pois que a agressão vem muitas vezes de uma angústia interior, contida e insuportável para aquele que se expressou naquele momento. Faz-se importante saber interpretar um ensinamento, uma contraposição de ideias ou de ideais.
Chegou a hora de pensarmos em começar tudo de novo, rever nossos conceitos e valores. Buscar o autoconhecimento com humildade e resignação. Assumirmos no âmago da Alma a responsabilidade e o compromisso de rever nossa interpretação sobre a vida e sobre nosso Ser verdadeiro… o Espírito em evolução que somos.”
Em o livro Aprender com o Mestre – Sobre o amor, Elda Evelina, Bookess Editora