Posted por em 12 nov 2019

Estudo oferecido no GFEIE Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Estêvão, em 11-11-2019

Folheto distribuído ao público (PDF) – Egoísmo, Fé e Caridade-GFEIE

Áudio do Estudo (mp3) – Palestra e finalização com Alexandre Paredes – Aos Pés do Monte, de Tim e Vanessa (MP3) – Egoísmo, Fé e Caridade


Evangelho Segundo o Espiritismo XI 11 a 15

Egoísmo

Há alguns dias eu perguntei em um grupo de estudos: “O que é egoísmo para você?”

Um dos participantes respondeu: “Amor exacerbado por si mesmo.”

É verdade, esta é uma das definições para este sentimento.

À busca de uma definição para trazer para este Estudo, encontrei algumas referências interessantes:

“Um sujeito egoísta é aquele que se coloca no centro do seu universo. (…) mas não necessariamente desprezando-os (…) acredita que, na sua perspectiva de ser, é mais importante do que os demais seres.

A psicologia do desenvolvimento observa que a Infância se caracteriza pela passagem de uma atitude naturalmente egocêntrica – em que a criança tem por referência seu organismo e suas necessidades – para uma atitude social e interativa. Deste modo, o egoísmo seria a recusa da pessoa em deixar essa fase infantil, uma luta por manter viva a fantasia do egocentrismo.” (1)

Em o Evangelho Segundo o Espiritismo encontramos:

“Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento!”

Podemos desenvolver um raciocínio relacionando Egoísmo e Instinto. Egoísmo viria a ser a primeira manifestação do amor – O amor por si mesmo. Uma forma de instinto dirigido à autopreservação.

A partir de certo momento em sua história, o Ser desenvolve sua maneira de perceber o que o cerca, à medida que avança em seu processo evolutivo. O instinto/egoísmo evolui para suas fases subsequentes: sensações e sentimentos.

Em sendo Amor ponto delicado do sentimento(1), inicia-se então a capacidade do Ser de se perceber fazendo parte de um contexto social, onde importa que se relacione com os demais seres, como também com tudo o que o cerca.

Não é mais aquele Ser que busca sua exclusiva subsistência e autopreservação, eleva sua sintonia com o ambiente em que vive e tudo passa a ter importância para sua existência, a partir da percepção de que somos todos parte de um todo único, onde o bem individual não só reflete no que lhe é próximo, como o que ocorre com o próximo também reflete em seu próprio Ser.

Desenvolve o sentimento Amor vindo a ser a expressão da Caridade – o Amor em ação.

Encontramos na primeira carta de Paulo aos Coríntios 13:1-6 e 13:

  1. Se eu falar as línguas dos homens e dos anjos, e não tiver caridade, tenho-me tornado como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.
  2. Se eu tiver o dom de profecia, e souber todos os mistérios e toda a ciência; se tiver toda a fé a ponto de remover montes, e não tiver caridade, nada sou.
  3. Se eu distribuir todos os meus bens em sustento dos pobres, e se entregar o meu corpo para ser queimado, se, todavia, não tiver caridade, isto nada me aproveita.
  4. A caridade é longânima, é benigna, a caridade não é invejosa, não se jacta,
  5. não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal,
  6. não se regozija com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;
  7. Mas agora permanecem estas três: a fé, a esperança, a caridade; porém a maior destas é a caridade.

A Fé e a Caridade

“…entende-se como fé a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança.”

“A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender.” Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, itens 3 e 7

A Fé nos oferece a esperança.

Devemos ter em mente que essa Fé tem de ser ativa. Ela deve proporcionar ações que a fortaleçam e a divulguem a tantos quantos seja possível.

O Evangelho coloca que a Fé nos proporciona duas filhas – a caridade e a esperança.

A esperança é a Fé nos motivando a seguir em frente com coragem, com determinação, com vontade de realizar.

Caridade é o partilhar essa Fé com nossos companheiros de jornada, seja na demonstração de afeto ou na doação do amor que há em nós; seja no compartilhar bens materiais que nos foram oferecidos para que cumpramos nossos objetivos nessa etapa da vida do espírito.

A Fé verdadeira toca a alma de quem com ela faz contato. Quando sentimos essa Fé sincera nós conseguimos convencer os outros de sua existência, em um simples olhar, nas ações do dia-a-dia, sem grandes esforços.

Quando sentimos essa convicção do que estamos falando, nós nos destacamos na multidão. Um destaque, não por uma beleza física. Um destaque, não por capacidade intelectual de grande proporção. Um destaque, não por sermos melhores do que os outros, e sim porque:

– emitimos uma luz interior que nos torna mais visíveis aos outros; somos notados porque estamos convencidos de ter as melhores oportunidades à nossa frente;

– traríamos estampado o brilho da felicidade no nosso rosto, porque acreditamos em Deus, no Seu amor, na Sua luz, no Seu poder, e por acreditarmos que somos especiais, como o são todas as criaturas do Universo criadas pelo Pai;

– buscaríamos oportunidades de partilhar essa Fé com todos aqueles com quem convivemos; por querer que também as outras pessoas conheçam o poder da Fé e que também sejam felizes, como nós conseguimos ser, tendo a Fé em nossos corações;

A Fé verdadeira não é egoísta, como também não o é o amor verdadeiro.

Amor e Fé andam juntos e precisam ser disseminados por todo o Universo para que estejamos todos em uma só direção.

A Fé, como dissemos no começo, deve ser consciente para ser verdadeira.

Citando o próprio Evangelho:

“Amai a Deus, mas sabei porque o amais; crede em suas promessas, mas sabei porque nelas credes…” Cap. XIX, item 11 do Evangelho Segundo o Espiritismo

Caridade para com os criminosos

Trazendo o conceito de Amar os inimigos para este tema.

No Novo Testamento, também escrito em grego, a palavra Amor é utilizada em vários sentidos:

Eros – que significa sentimentos baseados numa atração, num desejo ardente;

Stongé – afeição familiar;

Philos – fraternidade, amor recíproco;

Ágape – amor incondicional, sem exigir nada em troca. É o amor baseado no comportamento e escolha.

O sentido utilizado nesta passagem bíblica: Amai os vossos inimigos, é Ágape. O amor-comportamento.

Nem sempre conseguimos controlar o que sentimos por alguém, mas conseguimos controlar nossos comportamentos.

Ágape é o mesmo que comportar-se amorosamente (ser paciente, honesto, respeitoso), não se comportar inconvenientemente, não compactuar com a maldade, mas com a verdade, não conservar um erro cometido, desistir de manter o rancor.

O “Amai os vossos inimigos” não significa que devamos ter a mesma ternura para um inimigo do que a que dispensamos para um amigo, ou irmão. Não está na nossa natureza.

É o comportar-se com dignidade, não ter ódio, não querer a vingança, esquecer, abster-se de atos ou palavras felinas, e não humilhar.

Isso pode ser difícil, mas é muito mais fácil e até mesmo possível de se colocar em prática, basta querer ter a boa vontade, basta agir de acordo com o “amor comportamento”.

Deve-se expor a vida por um malfeitor?

Questão difícil de ser abordada.

Uma das reflexões que poderíamos oferecer é a de que expor a vida não é necessariamente arriscar-se à morte.

De acordo com o Evangelho Segundo o Espiritismo, poder-se-á oferecer oportunidade para que este, o malfeitor, reflita sobre o seu passado, abrindo-se-lhe condições de rever questões importantes antes que eventual desencarne ocorra e venha a “reencarnação vir a ser-lhe terrível.”

Não sei o que ocorre a outras pessoas. No meu caso, tenho refletido com alguma constância com eventual possibilidade de eu me deparar com experiência de me ver face-a-face com situação de algo risco, por ataque a mim ou a filhos ou netos. O que eu faria?

Em examinando como uma ocorrência fictícia, posso até afirmar não vir a ter uma atitude agressiva ou mesmo com desfecho fatal.

No entanto, eu me comportaria dessa forma? Estou realmente preparada para enfrentar uma situação dessa dimensão?

Uma reflexão que ofereço neste momento a quem venha ler este texto.

(1)       Wikipédia, verbete Egoísmo

(2)       Evangelho Segundo o Espiritismo XI, item 8.

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