Posted por em 25 ago 2021

Sermos fraternos, reconhecermo-nos como Humanidade e Família.

A paz tão almejada por todos nós acontecerá quando a fraternidade universal suceder ao ódio e a luz iluminar as mentes. Quando conscientes de fazermos parte de uma grande Família

A paz está distante porque ainda não a temos construída em nós mesmos. Convivemos com incertezas.

O que é viver em paz?

A paz é algo que acontece no nosso interior, independente da ambientação externa que nos cerca. Não é necessariamente a ausência de inquietação, ou estarmos indiferentes às condições dos nossos companheiros de jornada, pois isso seria falta de amor, insensibilidade à dor alheia. Podemos estar insatisfeitos com ocorrências ao nosso redor e, no entanto, mantermos a tranquilidade interior tendo a compaixão, o respeito e a confiança de ser possível fazer algo por um mundo melhor.

É ter a consciência tranquila de haver buscado sinceramente o dever bem cumprido; do proceder de acordo com as leis do amor e da compaixão.

Para encontrarmos a Paz verdadeira, é importante termos em paz a nossa consciência. Investirmos no autoconhecimento, na autotransformação, na higiene emocional. Investirmos no desenvolvimento de virtudes como:

Verdade  Tolerância  Indulgência  Compaixão  Honestidade  Humildade  Ética  Moral  Esperança  

Essas virtudes já fazem parte do nosso Reino interno, precisamos tão somente fazê-las brilhar em nós, pois a Paz está diretamente ligada ao desenvolvimento, à iluminação dessas virtudes.

Ela ocorre na medida em que respeitamos as Leis do Amor inscritas em nossa consciência, quase sempre embaciadas por nossas condições evolutivas ainda incipientes.

O descumprir alguma dessas Leis compromete a nossa jornada em direção à Paz e à felicidade. Desviamo-nos da rota que nos encaminha pela senda redentora.

A paz verdadeira faz parte da nossa essência.

Como conseguiríamos alcançar essa paz que não é do mundo, mas que pode ser conquistada no mundo?

Há algumas reflexões que nos podem auxiliar na busca por uma resposta a esta indagação.

A paz que nós tanto queremos só vai ocorrer quando percebermos a real necessidade de vivermos de forma fraterna.

Enquanto estivermos com o olhar de julgamento, nós não teremos paz. É comum percebemos algo e incomodarmo-nos com a forma como outro é. Se nos sentimos incomodados, já deixamos de sentir paz. Essa falta de paz não é por causa do outro, é por nós mesmos! Nós é que nos permitimos sentir incomodados em razão de o outro ser diferente do que gostaríamos que fosse.

Não é simples nós identificarmos nossas fragilidades, imperfeições. Não queremos ver os nossos próprios erros, não queremos nos enxergar como realmente somos. Ainda somos orgulhosos e vaidosos. Não devemos nos sentir culpados por isso, é uma realidade que pode e deve ser transformada.

Precisamos nos conhecer mais. Quem eu sou, como me comporto perante a vida, qual é a minha atitude nas minhas relações com as pessoas?

Li certa vez uma frase que nos remeteria à seguinte reflexão: se eu partir amanhã, eu poderia dizer hoje que estou satisfeito com o que sou? Será que eu estou fazendo o que deveria fazer? Ou preciso mudar algo em mim?

Caso tenhamos esta proposta como meta, certamente conseguiremos ser melhores a cada dia, transformando pouco a pouco o Ser que somos.

Todas as noites deveríamos fazer uma reflexão sobre como foi o nosso dia: Meu comportamento foi adequado; há algo que deveria ter sido diferente e por isso devo procurar mudar o meu comportamento?

No dia seguinte, antes das tarefas rotineiras, deveremos pensar: Qual o compromisso que devo assumir hoje, visando melhorar a minha vida, minhas atitudes?

Fazendo isso nós vamos encontrando a paz aos poucos. Começaremos a gostar mais de nós mesmos.

Quanto mais satisfeitos estivermos com o nosso comportamento, com o nosso olhar, com os nossos pensamentos, mais estaremos em paz. Não porque teremos encontrado a perfeição, mas saberemos que poderemos transformar a nós mesmos.

Todas as vezes em que nos percebermos em condições de mudar, e de nos melhorarmos, estaremos mais perto de encontrar a paz.

Nosso compromisso não é tão somente buscar a Paz em nós. É também ajudar nossos companheiros de jornada a encontrarem-na no recôndito da sua Alma. E não só isso. É ter atitudes que os façam conseguir mantê-la, tendo comportamento fraterno. Respeitar seu modo de pensar, suas necessidades, seu tempo de compreender sobre a vida, ainda que sejam diversos dos nossos.

Vivemos em um mundo em que coexistem várias personalidades, com suas próprias idiossincrasias. É importante que tenhamos consciência disso. Cada um de nós tem o seu próprio modo de proceder; seu tempo para compreensão das ocorrências; valores muito particulares construídos durante a vida atual, bem como por várias existências ao longo de séculos ou milênios.

Mesmo quando estamos dispostos a buscar a Paz e tentar mantê-la em nós, por várias vezes podemos receber comentários de companheiros que nos levam a reagir de forma não fraterna. É quando a atitude do companheiro acaba por tirar a nossa harmonia interior e, de nossa parte, também agimos de forma a trazer desconforto a ele. Sabemos não ser fácil esse convívio.

Nós vamos encontrar a paz quando percebermos esse Ser de luz que somos e deixarmo-nos brilhar para iluminar o mundo.

O que aprendemos durante a nossa jornada deve ser tornado útil, não pode ser guardado.

Quando nós efetivamente percebermos isso e cada um de nós vier a fazer com que a luz própria brilhe, o seu conhecimento seja compartilhado, o mundo tornar-se-á melhor.

Lembrando as palavras de um grande pensador e educador brasileiro – Paulo Freire. Ele disse certa vez: “não se pode confundir esperança do verbo esperançar com esperança do verbo esperar. Isso não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo.”

Precisamos ter persistência, mesmo quando não atingimos, de imediato, nossos objetivos. Quando queremos atingir uma meta, temos que promover, na nossa vida, atitudes que nos levam a alcançar essa meta.

Para alcançarmos a nossa paz e atingirmos aquilo a que viemos, devemos estudar, acolher o conhecimento, compartilhar, reconhecermos que somos luz e fazer brilhar essa luz e agir. Se não agirmos, não haverá mudanças, continuará sendo o mundo para o qual simplesmente olhamos.

Temos que olhar o mundo e tentar transformar esse mundo. Sermos agentes da autotransformação e da transformação da sociedade em que vivemos, do mundo em que estamos inseridos.

Vale a pena assistir a um documentário cujo título é “Quem se importa” (*). É uma amostra da mobilização que há em várias partes do Planeta. Visa a nossa conscientização sobre o que há no mundo e o que podemos fazer para melhorar as condições em que vivemos.

Precisamos ter esperança e olhar para o mundo como seres iluminados que somos. Porque a paz será alcançada quando descobrirmos que somos pessoas melhores do que imaginamos.

Termos a esperança do verbo esperançar e sermos agentes da nossa transformação.

Sermos abertos ao novo e olharmos como algo que pode ser acrescido ao nosso conhecimento e à nossa vida. Não termos tantos bloqueios, nem ficarmos cristalizados em preconceitos.

Termos um olhar fraternal com relação às pessoas e de acolhimento a ideias que podem transformar o mundo. É sermos agentes dessa transformação.

Será a nossa paz interior que vamos fazer brilhar no contexto em que estamos vivendo. Façamos brilhar a nossa luz. Seremos, então, agentes dessa transformação.

(*) Quem se importa – “Um filme para quem acredita que pode mudar o mundo”, de Mara Mourão, DVD

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *