Posted por em 7 nov 2018

Estudo oferecido no Grupo da Fraternidade Espírita Cícero Pereira, em 07-11-2018

Folheto distribuído (PDF) – Saber escutar

Áudio do estudo (mp3) – Saber escutar

Ouvidos

“Quem tem ouvidos de ouvir, ouça.” – Jesus. (MATEUS, 11:15.)

Ouvidos… Toda gente os possui.

Achamos, no entanto, ouvidos superficiais em toda a parte.

Ouvidos que apenas registram sons.

Ouvidos que se prendem a noticiários escandalosos.

Ouvidos que se dedicam a boatos perturbadores.

Ouvidos de propostas inferiores. 

Ouvidos simplesmente consagrados à convenção.

Ouvidos de festa.

Ouvidos de mexericos.

Ouvidos de pessimismo.

Ouvidos de colar às paredes.

Ouvidos de complicar.

Se desejas, porém, sublimar as possibilidades de acústica da própria alma, estuda e reflete, pondera e auxilia, fraternalmente, e terás contigo os “ouvidos de ouvir”, a que se reportava Jesus, criando em ti mesmo o entendimento para a assimilação da Eterna Sabedoria.

Em o livro Palavras de Vida Eterna, Emmanuel, por Chico Xavier

Como temos sido em nossas vidas com relação a esse tema?

Sabemos praticar o exercício de escutar?

Quando alguém começa a expressar algum sentimento/emoção, tenta trazer-nos algum tema que lhe pareça importante compartilhar… como tem sido a nossa atitude?

Prestamos atenção para compreender bem a essência do que está sendo oferecido?

Buscamos assimilar o contexto da abordagem?

Experimentamos alguma emoção de conectividade com relação ao conteúdo e contexto e, principalmente, com a pessoa que nos deu a oportunidade desse encontro?

Diz-nos o professor, teólogo, pedagogo, escritor, poeta, cronista, Rubem Alves, em o texto “Escutatória”:

“Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil…

Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer…”

Acrescenta Rubem Alves:

“Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar – quem faz mergulho sabe – a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.

Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto. Ouçamos os clamores dos famintos e dos despossuídos de humanidade que teimamos a não ver nem ouvir. É tempo de renovar, se mais não fosse, a nós mesmos e assim nos tornarmos seres humanos melhores, para o bem de cada um de nós.”

Percebemos hoje em dia grande dificuldade em as pessoas estarem de fato conectadas às outras, sejam filhos, pais, amigos, relações de trabalho e outras.

São as atividades de trabalho cada vez mais intensas, o corre-corre para atingimento de metas. Esse movimento interfere sobremaneira nas relações familiares: marido / mulher, pais / filhos, filhos / pais. Como também outras.

A expectativa de atender aos “chamados” das redes sociais. Excessiva “cobrança” quanto à expertise em nossas atividades. São alguns dos componentes mais expressivos a nos levarem a essa “indiferença” para com nossos semelhantes, muitas vezes necessitados de serem ouvidos por nós.

Tudo forma um turbilhão no nosso interior deixando-nos incapacitados para escutar nosso silêncio interior, o silêncio da Alma.

Inúmeras são as circunstâncias em que pessoas procuram nosso apoio tão só para serem ouvidas. Precisam externar o que lhes ocorre interiormente. Elas precisam expressar-se, expor o que lhe faz sofrer a Alma que por vezes resulta em casos de depressão, de baixa autoestima, de desvalorização do próprio “Eu”.

Quando estamos conversando com as pessoas precisamos nos aquietar e deixar surgir o silêncio que promove a nossa capacidade de observar o que nos ocorre, bem como ao que se faz à nossa volta.

Esse silêncio é que nos permite a condição de observadores mais atentos, deixando os pensamentos “egoísticos” em segundo ou terceiro plano.

Precisamos aprender a agir como instrumentos de semeadura do bem, do equilíbrio, da incorruptibilidade; como cristãos… sermos semeadores do amor, da mansuetude, tolerância.

Como deverão ser nossas atitudes?

Absorver as instruções do Evangelho do Mestre de Amor e espalhar seus ensinamentos por onde seguirmos, em forma de bênçãos. São os frutos pelos quais seremos conhecidos na semeadura do bem.

O Mestre foi um ouvinte prestimoso em toda a sua jornada terrena, e o é, desde sempre – o Cristo enviado pelo Criador como nosso Mentor e Guia.

Lembrando a Questão 625 de o Livro dos Espíritos:

  1. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?

“Jesus.”

Aprendermos a manter o silêncio interior sempre que um companheiro de jornada nos procurar para expressar sua dor, suas dificuldades, necessitando do nosso “ombro amigo”. Por vezes tão só ouvir é a maior graça que precisamos disponibilizar naquele momento.

Deixar a Alma “desafogar as mágoas”, expressão que por vezes usamos para dizer da necessidade de nos libertarmos de dores emocionais que pesam no nosso íntimo, já é uma terapêutica suficiente para levantarmos o moral de um companheiro, um amigo.

Mais uma vez lembrando Rubem Alves:

“É chegado o momento, não temos mais o que esperar. Ouçamos o humano que habita em cada um de nós e clama pela nossa humanidade, pela nossa solidariedade, que teima em nos falar e nos fazer ver o outro que dá sentido e é a razão do nosso existir, sem o qual não somos e jamais seremos humanos na expressão da palavra.”

Sugestões de leitura

A importância de escutar alguém – Revista O Reformador, de janeiro de 2012

Saber Ouvir e Compreender

Texto do livro “Um Novo Caminhar” – Elda Evelina Vieira

A Paz do Senhor esteja conosco.

Muitas vezes encontramo-nos em condições difíceis.

Não paramos para pensar no que nos ocorre, por que fazemos tantas coisas sem sentido.

É hora de pararmos, irmos ao encontro da nossa saberia interior, onde guardamos a memória dos tempos. Ele sabe do que precisamos e quando precisamos. Ali estão registros de motivos de tantas provas e exercícios de aprendizado. Nossas mais expressivas, tesouros guardados para exercitarmos nossos objetivos e vencermos.

Quando não sabemos como agir é porque não estamos fazendo contato com o nosso Ser, não permitindo o despertar dessa memória.

Deus nos permite colecionar conhecimentos valiosos ao longo de nossas vidas. No âmago de nossa Alma sabemos o caminho a seguir e as razões que nos levariam a realizações mais adequadas para nossas vidas.

Aquietemo-nos e ouçamos a intuição.

Não nos esqueçamos, porém, de pedir ao Pai que envie seus Anjos para nos proteger e auxiliar nessa busca. Sem a Luz Maior e o auxílio de irmãos de luz talvez não ouçamos com clareza as orientações e possamos ser desviados dos bons propósitos.

Tenhamos sempre Deus em nossos corações. A Paz esteja com todos nós.

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