Posted por em 29 jul 2017

Estudo oferecido no Grupo Irmão Estêvão, Sede do Paranoá, em 28-07-2017.

Áudio da palestra (mp3) – Regra de Ajudar

 

separador-AprenderMestre

Em o livro Jesus no Lar (1) o Mestre orienta o discípulo João a como se portar de forma digna diante do próximo. Assim responde o Mestre à pergunta que lhe é feita:

– amar o companheiro de jornada tanto quanto gostaria de ser amado por ele; 

quando quiser ajudar o próximo, recordar que muitos de nós conhecem a origem das próprias dificuldades e necessitam mais de amizade e entendimento do que de medicação ou corrigenda;

– todos têm problemas difíceis a resolver, precisamos aprender a cortesia fraternal para com os companheiros de jornada;

– expressarmo-nos não só com a saudação gentil, mas também com o sincero propósito de servir;

– ao ser procurado por alguém, demonstrar carinhoso interesse e mostrar-se um ouvinte interessado e atencioso, mantendo-se sereno sem alterar a voz. A solução de assuntos graves não dependem da intensidade do tom nas palavras;

– não só louvar quem trabalhe, buscar também reconhecer no outro qualidades que por certo detenha, ainda mesmo se lhe pareça ocioso e inconveniente;

– fugir ao pessimismo mantendo, não obstante, prudência diante de situações que mereçam cuidadosa observação. A tristeza inoperante não é útil, sempre deveremos mostrar bom ânimo diante da vida;

– expressar sempre um gesto de bondade espontâneo, ainda que nos pareça impossível, será de grande ajuda em momentos difíceis;

– fazer o possível em ser pontual, o companheiro de jornada merece nossa atenção e respeito;

– ser sempre grato por tudo o que se recebe, sejam as pequenas ou grandes coisas, “se o Sol aquece a vida, é a semente de trigo que fornece o pão.” (1);

– deixar que o movimento do Amor, bênção de Deus em nossas vidas, perpasse nossos corações em direção a tudo e a todos com quem vivenciamos essa experiência a que damos o nome de vida;

– ser instrumento de felicidade e elevação para aqueles com quem partilhamos esse instante na eternidade… em qualquer momento e em qualquer lugar.

Acrescenta o Mestre que o recurso para nos proporcionar condições para cumprir essas máximas é a Boa Vontade.

Fiquei refletindo sobre essas propostas durantes alguns dias e observei como nos surgem inúmeras oportunidades no dia-a-dia e não prestamos atenção:

– um olhar triste que por vezes percebemos em alguém e deixamos passar a oportunidade de acolher a pessoa em nossos corações, ainda que em uma breve prece e envolvimento com sentimento de amor;

– uma lágrima que poderíamos secar com um abraço e uma palavra amiga;

– quando procurados por alguém que precisa falar sobre algo, ser um ouvinte atencioso, um ombro amigo, sem fazer qualquer julgamento;

– podermos ser ternos e gentis a qualquer momento, necessário tão somente estarmos atentos às oportunidades que nos surgem, por vezes de forma inesperada;

– respeitar a opinião do companheiro, ainda que diferente da nossa, reconhecendo o direito de cada um a pensar como melhor lhe aprouver;

– aprender a sentir o que um olhar, um gesto poderá estar a nos dizer o quanto de dor estaria a fazer sofrer o coração de alguém que está ao nosso lado e tentar ser o bálsamo a aliviar a sua dor.

Assim tantas outras oportunidades que deixamos passar por não nos colocarmos de forma compassiva para com aqueles que experienciam conosco esse momento tão especial em que Deus nos oportuniza aprendermos, evoluirmos, acertarmos arestas com nós mesmos e com aqueles que partilham conosco o que denominamos vida.

Li certa vez a Lenda do Floquinho de Algodão. A história tem como pano de fundo uma pequena aldeia onde não havia dinheiro. Tudo o que era produzido, cultivado, era trocado entre eles. Quando alguém não tinha um bem material para oferecer em troca por algo, oferecia seu carinho. Simbolicamente esse carinho, que significava a Amizade, era representado por um floquinho de algodão. Vale a pena conhecer a história.(2)

Aqui um pequeno texto de Madre Tereza de Calcutá, trazido em o livro “5 minutos com Deus e Madre Tereza”:

Amor em ação (3)

“Se, às vezes, os nossos pobres morrem por privações, não quer dizer que Deus não cuidou deles, mas é que vocês e eu não lhes demos aquilo que deveríamos dar, não fomos para eles instrumentos de amor nas mãos de Deus, para oferecer-lhes pão, roupas etc. Não o reconhecemos, quando mais uma vez, Cristo veio a nós escondido sob as aparências de homem faminto, do homem solitário, da criança sem casa em busca de um refúgio.

Deus se identificou com os famintos, os doentes, os nus, os sem-teto. A fome não é somente fome de comida, mas também fome de amor, de cuidados, de significar algo para alguém. A nudez não é só falta de roupa, mas necessidade daquela compaixão que tão poucos demonstram em relação aos desconhecidos. A falta de um teto não é só a falta de um abrigo feito de pedras, mas não ter nada nem ninguém para poder considerar como seu.”

Caridade (4)

“Muitos de nós creem que caridade é oferecer algo material a quem esteja precisando.

Alguns pensam que passar necessidades é não ter coisas, bens, alimento para o corpo.

Outros, no entanto, começam a ter consciência de que ser caridoso é perceber as carências daqueles com quem convivemos, em suas diversas formas de expressão.

Há aqueles que já sentem em si mesmos algo que vai além do precisar e do oferecer aquilo que podemos tocar e perceber com os cinco sentidos do nosso ser.

A partir deste momento, os que alcançaram uma certa consciência do que seja caridade, sentirão uma força interior que os remeterá não simplesmente a doar, também, e principalmente, ao doar-se. Estes perceberão que as necessidades mais prementes, pelas quais passa a quase totalidade da humanidade, estão na carência do acolhimento fraterno, no aconchego de um abraço amigo, na valorização do Ser como um bem maior, no reconhecimento de que, antes de estarmos aqui como uma Alma em exercício do aprendizado e buscando seu crescimento moral, somos um Espírito eterno que necessita de fazer contato com o amor como instrumento de sua profunda transformação.”

(1) – Regra de ajudar, em o livro Jesus no Lar, Néio Lúcio, por Chico Xavier

(2) – A lenda do floquinho de algodão – http://www.vozesdapaz.com.br/mensagens/2013/12/a-lenda-doalgodao/

(3) – 5 minutos com Deus e Madre Tereza”, organizado por Roberta Bellinzaghi, Edição Paulinas.

(4) – Caridade, Elda Evelina, em o livro Reflexões da Alma II, Bookess 

Reflexão sobre o texto – É assim que acontece a bondade, de Rubem Alves

Que reflexão eu gostaria de trazer com o que disse Rubem Alves? Sob o olhar poético da crônica, alguns caracteres que poderemos imaginar para o divulgador do Evangelho do Cristo:

1 – Procurar fazer ouvir, naqueles a quem se dirige, aquela música que se mostra no espaço vazio entre as palavras – tocar o sentimento, fazer expandir a emoção existente em cada um.

2 – Fazer brotar a semente que foi enterrada em nossos corpos. Ela está ali presente aguardando ser estimulada para fazer-se brotar e transbordar, nascendo e florescendo. Esta semente poderemos, por analogia, dizer que é a luz divina que existe em cada um de nós que precisa ser despertada para que se expanda e ilumine o mundo à nossa volta.

3 – Despertar naqueles, que estão a ouvir a mensagem de Jesus, o sentimento que possibilite ao próprio corpo ser morada do outro e saber levar a mensagem de forma a poder despertar no outro o gérmen que poderá fazer florescer nele os ensinamentos do Evangelho do Cristo.

É assim que acontece a bondade, de Rubens Alves, em o livro As melhores crônicas de Rubem Alves – https://rubemalvesdois.wordpress.com/2010/09/11/e-assim-que-acontece-a-bondade

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *