Posted por em 29 out 2015

Gotas de energia

Não sei exatamente o que dizer.

Há momentos em que somos surpreendidos de tal forma a ponto de nosso cérebro silenciar-se e não encontrar palavras para expressar alguns sentimentos. Ficamos totalmente impactados pelas circunstâncias e perdemos a capacidade de encontrar palavras adequadas, por não nos permitirmos fazer aflorarem emoções menos nobres.

Depois que tentamos buscar novos caminhos para nossa forma de ser, queremos deixar nossos corações influenciarem nossas ações. O coração costuma ser um bom conselheiro e auxilia-nos a manter o equilíbrio.

Quando nos deixamos mover pelas paixões, não creio que sejamos conduzidos pelo coração, deve existir algo em nós que nos guia para ações desequilibradas. Creio que nem mesmo o cérebro, já que seu papel é ser a origem da razão e as ações desarmoniosas costumam ser irracionais.

Creio que foi isso que aconteceu ontem aqui em Brasília – 28 de outubro de 2015. Pudemos observar uma mobilização desarmoniosa e desequilibrada, a tal ponto de presenciarmos agressões descabidas, sem sentido, algo como irracionais.

Quando digo irracionais quero dizer: ações que ultrapassaram o limite da capacidade de se buscar sentido e justificativa lúcida para virem a acontecer.

Professores… São pessoas muito importantes em nossas vidas.  Afinal de contas, delegamos a eles, por boa parte do tempo, o poder de instruírem nossos filhos; até mesmo orientá-los para a vida.

Como estamos tratando essa classe de profissionais?

Como tem sido nosso comportamento como cidadãos na condução dos assuntos afetos aos nossos profissionais do ensino?

Não estou me referindo somente a ações como as de ontem. Quero também fazer uma reflexão sobre como está o comportamento de nós pais e mães com relação a eles. E as coordenações e diretorias das escolas? Como têm conduzido questões havidas entre alunos, pais e professores?

Temos dado voz a eles, professores, de forma devida? Temos considerado esses agentes do ensino de forma compatível com seu esforço em acompanhar nossos filhos, levar até eles o conhecimento e até mesmo noções éticas?  Estas últimas têm sido a grande falha em todo esse processo, partindo mesmo, muitas vezes, da própria família!

É, creio que toquei no ponto nevrálgico de toda esta questão – a ética, em todos os níveis e em todas as áreas da nossa sociedade!

Como eles têm sido tratados no âmbito profissional? Têm tido remuneração condigna?

Normalmente os professores têm carga de trabalho além das simples horas em que estão presentes nas escolas. Têm aulas para elaborar, deveres de casa e provas para corrigir, avaliações extracurriculares para conduzir, reuniões de colegiado, atendimento ao aluno fora do horário das aulas, atendimento aos pais e em muitas outras circunstâncias.

Será que percebemos isso ao avaliarmos aqueles que estão com nossos filhos em grande parte do tempo no dia-a-dia? É bom lembrarmo-nos de que eles também têm família e precisam ter tempo para seus próprios filhos, cônjuges e outros familiares, como todos nós.

Bem, voltando ao que aconteceu ontem aqui em Brasília.

Ao ver as imagens divulgadas nas redes sociais senti-me envolvida em uma profunda tristeza!

Observar professores colocados em miras de armas de alto poder de fogo. Serem retirados de seus carros à força, de forma agressiva, serem levados ao chão de forma desrespeitosa, acuados e pressionados ao chão sob a pressão de joelhos fortes de pessoas imponentes, creio poder dizer até mesmo arrogantes.

Agentes de ensino sendo tratados como marginais de alta periculosidade!

Pergunto novamente: é assim que realmente devem ser tratados esses profissionais?

Afinal de contas, são a eles que entregamos nossos filhos para cuidarem na tentativa de formar novos cidadãos para uma sociedade ética, com capacidade de discernimento entre o certo e o errado, com condições de elaborar questões de grande importância para a sobrevivência dessa mesma sociedade.

Serão nossos filhos, orientados, instruídos e formados por esses agentes do ensino, que assumirão, de futuro, a condução do nosso País!

Que tipo de cidadãos está essa sociedade formando quando mostra para nossos filhos que seus agentes de ensino, muito das vezes amigos e confessores, podem ser tratados desta maneira e seus agressores serem mantidos impunes?!

Queremos que nossos filhos tenham esta impressão sobre como agir com relação a seus professores? Será que não são ações deste tipo, como ocorreu em Brasília ontem, a razão de tantos casos de agressão e desrespeito para com nossos agentes de ensino nas escolas?

Esta mesma sociedade estaria oferecendo passe livre aos agressores dentro das escolas – os estudantes que muitas vezes fazem o que querem e continuam impunes! Vale a pena refletirmos sobre isso.

Que tipo de sociedade estamos formando?

Criticamos a sociedade, mas esquecemo-nos de que a sociedade somos nós.

Queremos uma sociedade justa, precisamos ser justos.

Almejamos uma sociedade ética, devemos ser éticos.

Desejamos viver em um país com uma melhor educação? Precisamos respeitar e dar melhores condições para nossos agentes de ensino e proporcionar uma educação firme e ética para nossos filhos em casa.

Meu carinhoso e fraternal abraço a todos aqueles que buscam a sua própria transformação, visando ser um Ser melhor a cada dia.

sugestão de leitura – www.eldaevelina.com/?p=6553

em o  livro Textos em Contextos, Bookess Editora

2 Comentários

  1. 29-10-2015

    Apesar de muito triste, esse texto é de uma riqueza emocionante. Realmente amiga, temos carência de Justiça e Ética no nosso país. Nossos professores abnegados e dedicados estão sendo torturados moral e fisicamente Isso tudo tem que ser revertido urgentemente.

  2. 29-10-2015

    Excelente reflexão para o momento.
    Gostei muito!

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