Posted por em 27 set 2017

Aprender com o Mestre - Ilustração msg siteEstudo oferecido no Grupo da Fraternidade Cícero Pereira, em 27-09-2017

Áudio do estudo (mp3) – Ouvidos de ouvir – Acústica da Alma

Folheto (PDF) – Ouvidos de ouvir – Acústica da Alma – folder

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Os ouvidos são uns dos instrumentos que nos permitem fazer contato com o mundo exterior, através das percepções das vibrações que os corpos produzem à nossa volta.
Essas vibrações sensibilizam nossos ouvidos que, por suas particularidades, transformam-nas em sons.
No entanto, não só pelos sons percebemos as vibrações, podemos identificá-las pelo movimento de partículas ao tocarem nosso corpo.
Mesmo as pessoas que não têm capacidade auditiva captam as vibrações pelo movimento de partículas que transitam pelo ar. Na realidade, o som que identificamos com os ouvidos é pela sensibilização do tímpano, membrana situada em nossos ouvidos. Ela reverbera as vibrações que ali chegam e são transmitidas através do ouvido médio.
A escolha deste tema para o estudo desta tarde (1) foi pela proximidade com o Dia dos Surdos, momento para reflexão sobre a ausência da capacidade auditiva em algumas pessoas. Como elas percebem o mundo, como interagem com as vibrações que, para muitos de nós, chegam também como sons?
Considerando este estudo referir-se à busca do entendimento da passagem em que Jesus nos diz “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (2), à luz da doutrina espírita (3), seria interessante estender nossas reflexões inter-relacionando o perceber os sons com os preceitos evangélicos, conceitos doutrinários, comportamento, aprendizado e emoções.
Quanto ao ouvir como capacidade de identificar e compreender os sons, como seria viver sem esse tipo de percepção sensorial?
Há alguns documentários, ou mesmo relatos jornalísticos, em que se mostra a possibilidade do perceber os sons sem, no entanto, ter-se a capacidade auditiva preservada. Afinal de contas, o som é só a expressão auditiva da vibração do ar, por conseguinte, as ondas sonoras podem ser percebidas sem que se tenha a vivência auditiva delas.
Apresentações musicais, com performance primorosa, protagonizadas por pessoas com deficiência auditiva. Constatação indiscutível de que podem usufruir das vibrações sonoras pela sensação sensorial em seus corpos.
Não é uma visão interessante da situação apresentada? Aqueles que “ouvem” a vibração do som, muitas vezes limitam-se a percebê-lo tão somente através desse sentido, por focarem sua percepção no ouvir. Os com capacidade auditiva reduzida têm a experiência real e intensa da sensação por todo o seu corpo. Precisamos nos conscientizar dessa realidade. Por certo incrementará conceitos sobre a própria vida, ampliando nosso olhar sobre o mundo à  nossa volta.
Aqui também há uma observação interessante, tanto para a percepção física das vibrações, quanto para a percepção de forma mais sutil. O médium – que somos todos nós – precisa ter cuidado com os ambientes que visita. Da mesma forma que o deficiente auditivo pode interagir com o som, mesmo sem ter condições de ouvi-lo, todos nós somos suscetíveis a sermos influenciados por ondas de energia que estão à nossa volta.
Em síntese, precisamos ter um olhar mais arguto sobre o como interagir com as pessoas e com o mundo, não importando eventuais dificuldades ou limitações do nosso dia a dia.
Como trazer essas observações para o estudo evangélico e doutrinário?
A mediunidade permite-nos a percepção do que ocorre no plano espiritual, em algumas pessoas mais do que em outras. Há mesmo aqueles que nem identificam estarem interagindo com um plano para eles invisível.
Da mesma forma que podemos perceber a existência de vibrações sonoras, ainda que nossos ouvidos não as identifiquem como sons, os médiuns também não precisam ouvir ou ver os espíritos para que sejam sensibilizados por eles.
O não percebermos a presença de amigos do plano espiritual não indica que não estejam presentes ao nosso redor. É importante que estejamos conscientes disso para estarmos atentos ao tipo de ambiente com o qual estamos interagindo.
Ainda há muito a aprender sobre o como essas relações se dão e grande parte das vezes nós nos mostramos frágeis e suscetíveis ao envolvimento dos mais variados. Reconhecer nossas limitações, e buscar o entendimento a respeito das conexões a que estamos sujeitos, são instrumentos imprescindíveis para uma jornada segura, tanto no campo espiritual, quanto no campo material.
Devemos buscar fazer de nossas fragilidades “molas” propulsoras no nosso caminhar. Não sejam fragilidades e sim alavancas para novas descobertas, novas percepções, novos horizontes. Muitas vezes deixamo-nos abater pelas dificuldades em alcançar alguns objetivos… quem sabe precisemos aprender novos caminhos, “sair da caixa”, como se diz atualmente?
O importante é saber driblar os obstáculos, contornando as dificuldades, percebendo o que existe à nossa volta através de novos olhares e percepções. Aproveitar a vida em sua beleza, por simplesmente podermos existir agora, em um intervalo de tempo dentro da eternidade.”
Em um documentário sobre a perda da acuidade visual, até mesmo a perda total da capacidade de ver, há uma declaração de um dos entrevistados que diz algo como: nós vemos não só com os olhos, também com os ouvidos, com o olfato, com a sensibilidade, os sentimentos, com as emoções, com o tato, com nossos condicionamentos, memórias, conceitos e conhecimentos.
Podemos trazer essa reflexão para o tema a que nos propusemos abordar. Não ouvimos só com a percepção do som em nossos ouvidos. Acessamos essa percepção também com o corpo, com a associação de ideias pelas experiências vivenciadas, emoções, conceitos, conhecimentos adquiridos através de outros sentidos, sensibilidade, até mesmo o olfato, por que não? Daí resultando um aprendizado mais eficaz e abrangente.
Trazendo o tema à luz dos ensinamentos doutrinários, recorremos ao Evangelho do Mestre.
Emmanuel (2) traz-nos uma reflexão sobre o versículo “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (Mt. 11:15), com o título “Ouvidos”.
Fala-nos sobre a maneira como utilizamos nossa capacidade auditiva. Afirma encontrarmos ouvidos superficiais por toda a parte.
Alerta-nos Emmanuel:
“Ouvidos que apenas registram sons.
Ouvidos que se prendem a noticiários escandalosos.
Ouvidos que se dedicam a boatos perturbadores.
Ouvidos de propostas inferiores. 
Ouvidos simplesmente consagrados à convenção.
Ouvidos de festa.
Ouvidos de mexericos.
Ouvidos de pessimismo.
Ouvidos de colar às paredes.
Ouvidos de complicar. “
Por certo devemos entender que essa forma de ouvir não está contemplada no chamado de Jesus. Ele nos convida ao ouvir com sabedoria, entendimento do que é bom e correto. Conciliar nossa capacidade auditiva às vibrações salutares oferecidas pelos companheiros que nos querem auxiliar a todo o tempo.
Estarmos preparados para compreender melhor os ensinamentos contemplados nos evangelhos, a Boa Nova.
Na maior parte do tempo estamos disponíveis às palavras, aos sons que não são instrumentos de elevação e sim de despertamento ao plano material, às sensações, aos prazeres, às perturbações emocionais e sensoriais. Ao que nos parece resplandecer ao olhar e ao ouvir. Que nos remete ao que pensamos dever acreditar e acolher, diante das convenções sociais.
Somos muitas vezes surdos ou ouvintes convenientes. Somos seletivos no que queremos ouvir ou deixar de ouvir.
Se prestarmos atenção aos diálogos que ocorrem à nossa volta, com cuidado necessário, perceberemos que há fatos ou narrações que deixam de ser acolhidos por muitos de nós. Quando isso acontece, é usual alguém retornar com perguntas mais ou menos assim:
– creio que você não estava prestando atenção ao que eu estava dizendo; ou
– não foi exatamente isso que perguntei, ou disse.
Quantas vezes já nos aconteceu algo assim e nem nos demos conta?
Nas relações interpessoais é importante que estejamos dispostos a ouvir o que o outro está tentando transmitir a nós, ou perguntar-nos. Fazermo-nos interessados no diálogo que está transcorrendo naquele momento.
É uma demonstração de respeito ao outro, de consideração àquele que está ali trocando palavras com a intenção seja de ouvir, aprender, compartilhar, ou mesmo ensinar-nos algo que lhes pareça ser interessante oferecer.
Com o que está sintonizado o nosso ouvir?
Com que tipo de sons?
Acessamos que tipo de mensagens? A que nos estamos disponibilizando?
Também assim ocorre com a mensagem do Mestre.
Quantas vezes estamos efetivamente interessados em prestar atenção ao que lemos ou ouvimos a respeito da Boa Nova?
Ao assistirmos a uma palestra ou apresentação de algum estudo, nós nos disponibilizamos a acolher a mensagem que está sendo oferecida, ou simplesmente estamos presentes em corpo, mas divagamos com o ouvir e o olhar? Prestamos mais atenção ao que está acontecendo à nossa volta, nos movimentos de outros ali presentes, quem sabe com olhar de crítica ou de julgamento?
É possível estarmos deixando passar oportunidades maravilhosas de recebermos ensinamentos e percepções novas sobre o evangelho, novas maneiras de olhar e compreender as palavras do Mestre!
Podemos afirmar ser real a intenção de buscarmos nossa evolução moral e intelectual, mas nem sempre estamos dispostos a verdadeiramente dedicar nosso tempo a este trabalho. Por vezes, fica mais fácil deixarmos para depois. Abrir nossos olhos ou disponibilizar nosso ouvir a assuntos mais interessantes que não exigem dedicação mais profunda e cuidados mais específicos.
Lembrando o que dissemos antes quanto ao podermos “ver” e “ouvir” não só com os olhos e os ouvidos, como também que o aprendizado se faz pela percepção mais abrangente do mundo em que vivemos, proporcionada por instrumentos mais amplos – outros sentidos, sentimentos, memórias, conceitos, conhecimento -, podemos afirmar que estaremos mais capacitados a compreender a realidade que nos cerca.
Encontramos em o livro O Céu e o Inferno (4)
“Uma comparação vulgar fará compreender melhor esta situação. Se se encontrarem em um concerto dois homens, um, bom músico, de ouvido educado, e outro, desconhecedor da música, de sentido auditivo pouco delicado, o primeiro experimentará sensação de felicidade, enquanto o segundo permanecerá insensível, porque um compreende e percebe o que nenhuma impressão produz no outro. Assim sucede quanto a todos os gozos dos Espíritos, que estão na razão da sua sensibilidade.”
Trazendo este texto para nossa reflexão, estenderemos nosso entendimento para o fato de, ao dedicarmo-nos com mais carinho ao estudo, como também ao acesso maior à nossa sensibilidade em aprender sobre os ensinamentos, ampliamos também a nossa capacidade de atenção e compreensão. Encontraremos, por certo, a felicidade de nos percebermos mais capazes de não só aprender, mais ainda, como de apreender a essência do evangelho.
Emmanuel alerta-nos em o texto Ouvidos:
“Se desejas, porém, sublimar as possibilidades de acústica da própria alma, estuda e reflete, pondera e auxilia, fraternalmente, e terás contigo os “ouvidos de ouvir”, a que se reportava Jesus, criando em ti mesmo o entendimento para a assimilação da Eterna Sabedoria.” (3)
(1) Dia dos Surdos – último domingo de setembro. Este estudo foi oferecido em 27 de setembro de 2017.
(2) Mateus 11:15
(3) Palavras de Vida Eterna, Emmanuel, por Chico Xavier
(4) O Céu e o Inferno, Cap. III, item 6.
Sugestões:
– O Céu e o Inferno, Cap. III, itens 6 e 7
– Texto “Olhos de Ver e ouvidos de ouvir”, de Sérgio Biagi Gregório
    – www.ceismael.com.br/artigo/olhos-ver-ouvidos-ouvir.htm
– As cores das flores ( vídeo) – www.youtube.com/watch?v=s6NNOeiQpPM

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