Orgulho e humildade – Missão do homem inteligente na Terra

Posted por em 12 ago 2019

Estudo oferecido no Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Estêvão, em 12-08-2019

Folheto distribuído ao público (PDF) – Orgulho e humildade – Missão do homem inteligente na Terra

Áudio do estudo (mp3) – Orgulho e Humildade – Missão do homem inteligente na Terra


“Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus. “ Mt 5:3

Pobres de espírito… Orgulho e humildade

Para que tenhamos indulgência, tolerância, respeito, compaixão, fraternidade… precisamos ser humildes de coração. Afastar o orgulho e outras expressões menos nobres do nosso modo de viver.

Humildade é reconhecermos nossa condição de Espíritos ainda frágeis, todos nós.

Estamos indistintamente vivenciando processo de aprendizado.

Se uns já dominam alguma área do conhecimento, muito ainda tem a aprender sobre outras áreas.

Mesmo cientistas de grande expressão não dominam todo o conhecimento.

A própria Ciência está em processo de evolução. O que hoje é reconhecido como conhecimento de grande expressão, pouco tempo depois, e a cada momento esse processo é mais e mais acelerado, algo é desvelado podendo até mesmo derrubar antigas teorias, mudando o olhar e o desenvolver de novas teses.

Vemos hoje a evolução da tecnologia a passos largos. Chegamos até a pensar: o que ainda está por vir nos próximos anos, ou mesmo meses.

Orgulho e Humildade

O orgulho é uma de nossas deficiências mais significativas, pois dela resulta tantas outras como a vaidade, a soberba, a imprudência, o egoísmo, a arrogância, impertinência, impaciência.

Há uma parábola chamada “O Fariseu e o Publicano” (Lc 18:9-14) em que ambos os personagens se propõem a elevar seus pensamentos aos céus para orar. Apesar de a intenção ser idêntica, falar com Deus, as formas como se apresentam são inteiramente diferentes. Essa parábola, como acredito pretendia o próprio Cristo, remete-nos a muitas reflexões interessantes e importantes a respeito de como nos colocamos perante o Pai.

Tentarei fazer um exercício a respeito do tema com a intenção de promover uma autorreflexão em todos nós.

Estamos sempre a buscar o conhecimento intelectual, o que, de certo, é importante por proporcionar oportunidades de ver a vida sob pontos de vista mais amplos, como também oferecer novas alternativas nesse caminhar e evoluir. Abre novos horizontes, disponibiliza novas perspectivas.

Aprender mais, evoluir intelectualmente é determinante de uma vida melhor, mais consciente, mais salutar.

Essa é uma verdade irrefutável.

No entanto, percebemos muitas vezes que o conhecimento intelectual, por si só, não proporciona essa percepção mais rica sobre a vida. É um simples colecionar de aprendizados teóricos, mesmo que adquiridos a partir da prática científica. É como formarmos uma biblioteca em nosso cérebro, onde as informações são catalogadas para que sejam recuperadas e utilizadas para alguma finalidade imediata, sem a percepção de que estamos aqui para algo além de uma simples jornada terrena.

Essas informações, muitas vezes, se aplicam tão somente a nos oferecer uma vida mais confortável, com mais bem estar material, mas não nos remetem a como poderão ser úteis para o verdadeiro Ser que existe em nós – o Ser Espiritual.

Quando temos essa visão tão estreita sobre a vida, a conquista de vasto conhecimento se presta a nos deixar mais envaidecidos e orgulhosos, a acreditar que somos melhores do que outras pessoas.

Esse é o caso do personagem Fariseu da Parábola. Ele conhecia todos os textos das Escrituras Sagradas e cumpria os ritos e exigências da Lei, até mais do que isso, como ele próprio afirmava no Templo, ao se colocar para falar com Deus. Sua visão puramente intelectual é que o fazia se perceber um ser especial, acima de todas as outras pessoas.

Apesar de conhecer a Lei e os Profetas, não percebia que o texto da Lei é frio e estéril se não acompanhado do entendimento que ele deverá proporcionar, impulsionando-nos à elevação moral e espiritual.

Ele se apresenta de forma arrogante e, em sua apresentação ao Pai, não apresenta nem louvor, nem gratidão, como também não pede coisa alguma. Só expressa em alta voz aquilo de que se orgulha: deter o conhecimento, cumprir os ritos religiosos, ser correto no proceder, e ainda desqualifica o Publicano que está ao seu lado no Templo.

Na realidade, o entendimento da essência dos ensinamentos contidos nos textos sagrados é que deverá ser perseguido por todos nós para que tenhamos um novo olhar sobre nós mesmos, sobre as pessoas com quem convivemos, sobre a Humanidade de uma forma geral. Enfim, sobre a vida com todas as suas variáveis e circunstâncias.

O personagem Fariseu, na parábola em questão, remete-nos a parte de nós mesmos quando nos colocamos em posição de destaque, subestimando os demais; quando nos vangloriamos do que temos e conquistamos ao longo da vida. Uma visão de nós mesmos pelo que expressamos exteriormente em palavras, ações e bens.

Com relação ao Publicano há também reflexões a serem feitas.

Um personagem que se apresenta como alguém que cumpre com suas obrigações (no caso coletor de impostos para o Império Romano), mas que percebe não agir de forma correta para com o seu próprio povo. Mostra-se arrependido e com intenção de promover mudanças em sua vida. Coloca-se de forma humilde ao buscar falar com Deus no Templo. Nem sequer se dispõe a levantar a cabeça durante a sua oração. Além do mais, bate no peito para expressar seu arrependimento e pede perdão por seus erros.

O texto da Parábola começa assim:

“Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano.” (Lc 18:10)

A intenção dos dois personagens era a de orar ao Pai.

Refletindo sobre a forma como se colocaram perante o Pai, poderíamos perguntar: qual deles efetivamente se apresentou para orar?

Disse-nos Jesus:

“E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.

Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.” (Mt 6: 5-6)

Assim, creio que podemos afirmar que o Fariseu não esteve a orar, mas simplesmente se vangloriava das virtudes de que acreditava ser portador.

No entanto, o Publicano de fato recolheu-se ao íntimo do seu coração e expressou ao Pai sua intenção em buscar sua reforma íntima, sua reformulação moral e espiritual. Ele demonstrou envergonhar-se de suas atitudes e pediu perdão: “… ó Deus, sê propício a mim, o pecador!” (Lc 18:13).

A expressão “sê propício a mim” tem um significado especial na linguagem do Evangelho: pedir perdão a Deus pelos pecados, com a intenção de restaurar sua comunhão com Ele.

Também em nós há um Publicano a orar. Somos parte Fariseu e parte Publicano.

A busca pela nossa reforma íntima proporciona a oportunidade de refletirmos sobre qual dessas partes está se destacando mais no nosso proceder no dia a dia. Praticando o autoconhecimento somos mais eficazes no manter o que há de melhor das duas partes: buscar o aprendizado, compreender a essência dos ensinamentos e praticá-los, colocarmo-nos humildemente no reconhecimento das nossas fragilidades e defeitos e prosseguir a nossa jornada em direção à nossa evolução intelectual e espiritual.


Missão do homem inteligente na Terra

Aprender, compartilhar e evoluir

Nós vemos não só com os olhos, também com os ouvidos, com o olfato, com a sensibilidade, os sentimentos, com as emoções, com o tato, com nossos condicionamentos, memórias, conceitos, conhecimentos.

Compreender o que está nos Evangelhos passa pelo olhar sob várias fontes de percepções. Quanto mais conhecimento, memórias, sentimentos, melhor e mais aguçado torna-se nosso olhar para alcançar os significados dos ensinamentos em maior amplitude e profundidade. 

Estar sempre aberto ao novo, sem preconceitos.

Saber colher de cada oportunidade, cada experiência, o ensinamento ali contido.

Estar disposto a compartilhar o conhecimento adquirido tornando o mundo melhor para si e para os outros.

Ao longo de nossas vidas precisamos buscar modelos como referências de valores, conceitos e comportamentos. No entanto, chega um momento em que precisamos encontrar e exercitar nossos próprios valores e conceitos para fazer nosso próprio caminho. Tão mais válido o nosso caminhar a partir daí, mais útil seremos no processo transformador. Pois passaremos a ser referencial a outras pessoas que ainda estão no patamar de precisarem deles para formar o próprio alicerce de conceitos, valores e crenças.


“Um intelectual é um homem que diz uma coisa simples de uma maneira difícil;

Um sábio é um homem que diz uma coisa difícil de maneira simples.” Charles Bukowski

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