Quase um pássaro

Fico a me imaginar como um pássaro, com a possibilidade de alçar voos pelo espaço.

Sei que por vezes sou repetitiva, sempre a dizer que gostaria de estar por entre astros e sóis, ou pelo menos a voar como os pássaros.

Esses desejos são sonhos e assim se mantêm invariavelmente.

No entanto, quando pinto ou escrevo eu me abstraio dos obstáculos da matéria, registro nas palavras ou nas cores e formas meus anseios e me liberto, como se tivesse asas ou poderes de lançar-me no ar, bem alto, à velocidade do vento com quem eu provavelmente iria me consorciar como grandes amigos.

No caso dessa arte que ora apresento, eu comecei a simplesmente espatular na tela relevos aqui e ali, de certa forma com algum propósito, pelo menos o de manter uma certa simetria no trabalho.

Depois deste quase pronto, ainda só com o fundo verde e os relevos em branco, olhei e pensei: como irei terminar… o que estarei vendo ali a me envolver emocionalmente ou a me levar a um propósito?

Algumas cores vieram-me à mente e retornei ao trabalho, agora em uma outra fase, a de trazer-lhe cores.

Depois de considerá-lo concluído olhei e pensei: parecem penas… penas de pássaros.

Mais uma vez percebi o quanto minha mente, ainda que de forma inconsciente, leva-me ao sonho de voar.

O título? É algo importante, pois dá vida à arte, propõe-lhe uma razão de ser. É a ideia do artista que naquele momento torna-se quase um poeta.

Por falar em quase… porque não quase um pássaro? Não é esse o meu desejo, no âmago de minh’Alma?

Pois assim será! Quase um pássaro, multicolorido, intenso, proporcionando o meu voar, ou flutuar, ainda que em sonhos.