Posted por em 19 dez 2016

Aprender com o Mestre - Ilustração msg siteEstudo oferecido no Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Estêvão, em 19-12-2016.

Áudio do estudo (mp3) –  O Homem no Mundo

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O que poderia representar esta expressão – O homem no mundo?

Percebam que não estamos falando sobre um homem do mundo… traria reflexões bem diferentes das que pretendemos trazer nesse momento.

A expressão o homem do mundo poderá levar-nos a pensar em alguém que tem pensamentos menos nobres; ou sentimentos mais conectados com questões e valores materiais.

Quanto à expressão homem no mundo, remete-nos à busca do como deveremos nos comportar enquanto em experiências no plano material; que tipos de relações interpessoais poderemos vivenciar de forma a tornar nossas vidas com sentido, com razões de ser.

Para aqueles que creem no intercâmbio entre Espíritos e Almas(1), também é importante que venham a refletir sobre a expressão homem no mundo. Não se deve considerar tão somente que o comportamento a ser levado em questão seja o entre aqueles de nosso convívio familiar, profissional, social. Os intercâmbios entre os planos, material e sutil, também existem, não se restringindo aos proporcionados por nós mesmos ao rogarmos, em prece, por algum auxílio ou orientação. Há os contatos sutis provocados pelos irmãos que vivem sem o envoltório carnal e, como consta da Questão 459 em o Livros dos Espíritos: “Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?” A que respondem os Espíritos: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”

Em o texto O homem no mundo (Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 10), encontramos:

“Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as vistas do Senhor e imploram assistência dos bons Espíritos. Purificai, pois, os vossos corações, não consintais que neles demore qualquer pensamento mundano ou fútil.”

Alertam-nos os orientadores espirituais, no entanto, para o fato de que a orientação acima não seja para exortar-nos a uma vida santificada, mística(2), como se pudéssemos manter-nos em condição de pureza. Não, ainda não atingimos essa condição. Estamos vivendo sob a égide da Lei de Sociedade(3), em nível mais consentâneo ao estágio dos espíritos que experienciam o viver em mundos onde ainda se encontram almas e espíritos não evoluídos o suficiente para o exercício pleno do amor, da fraternidade, da caridade.

O mundo a que nos referimos é aquele em que coexistem as almas ainda em estágios próximos aos dos primitivos, como também as que já conseguiram atingir níveis de alguma evolução espiritual; aquelas em que se sobressaem sentimentos egóicos, sombrios, bem como aquelas que já despertaram em si a fraternidade, o desejo de exercer a caridade, ainda que de forma incipiente. Importante ressaltar que, também nesse mundo a que nos referimos, expressam-se almas que já alcançaram condições mais exemplares. São aquelas que nos mostram os caminhos que devemos acolher em nossos corações. São nossos mentores nos planos da matéria, a quem devemos nossa gratidão, respeito, reverência.

Considerando essas preliminares para o tema a ser exposto, há vários fatores a serem trazidos, como:

– o viver em um lugar onde há um elenco razoável de diferentes expressões psicológicas, de sentimentos, de valores; diversos níveis intelectual e espiritual;

– modo de interação com as personalidades(4) de nossas relações;

– estados d’Alma; comportamento; perfis psicológicos que apresentamos diante de determinadas circunstâncias;

– áreas de atritos ou de maciez identificadas nessas relações.

Importante considerarmos a necessidade de aprendermos a conviver com a diversidade em suas mais variadas expressões. Sabermos respeitar novos valores, olhares, conceitos. Com a troca de conhecimentos, informações, aprimoramos nosso aprendizado, promovemos melhoramento na nossa capacidade de observação e de decisão; intensificamos mais alternativas de conexões entre os dados coletados ao longo de nossas vidas; identificamos mais possibilidades de soluções a partir de resultados obtidos, sejam negativos ou positivos, em experiências anteriores; passamos a estar mais próximos de uma condição de excelência nas nossas realizações.

As relações interpessoais, a partir do respeito pelas diversidades entre as personalidades à nossa volta, passam a ser mais fraternas, acolhedoras. Seremos mais compreensivos, menos preconceituosos. A alegria pelo viver e conviver estará mais presente em nosso semblante, por expressarmos a virtude existente em nossos corações.

Como deveremos assumir a expectativa da ocorrência da virtude em nossas vidas? Termos a consciência de que não somos perfeitos. Ainda somos frágeis, cometemos erros. Ainda que já tenhamos atingido um estágio razoável de consciência quanto a como devemos nos comportar, eventualmente voltaremos a cair no erro e deveremos, diante dessa realidade, voltar a nos erguer diante das dificuldades e agir de forma a buscar o aprendizado que essa experiência proporcionou e acolher o ensinamento, sem culpa ou desalento. Tão somente seguir em frente com bons propósitos.

Sermos observadores quanto à forma como nos comportamos diante de determinadas circunstâncias. A maneira como reagimos ou agimos a partir de um fato, de uma expressão vinda de outrem, de um olhar que interpretamos dessa ou daquela forma, é a porta para o autoconhecimento. Quando identificamos em nós uma reação de aspereza, de resistência a acolher, seja um resultado, uma pessoa, uma ação, é a nossa dificuldade ao novo, ao diferente a se expressar, trazendo dificuldade e tirando a nossa paz interior. Como também a oportunidade de estarmos bem diante do mundo em que vivemos. Nosso Ser no mundo estará em perigo em razão do desequilíbrio promovido em nosso interior, a desarmonia da nossa Alma.

“Precisamos conhecer melhor a nossa lente de observações do mundo, pessoas, circunstâncias e conscientizarmo-nos da necessidade de perceber melhor o que fazemos, sentimos e pensamos, pois com o nosso modo de viver interferimos em tudo o que nos cerca (sejam outras pessoas, animais, plantas, matéria inanimada). Nossas ações, pensamentos, palavras, emoções não só podem ajudar como também desajustar, dependendo do padrão vibratório que emitimos ao nosso redor – diz-nos a ciência ser esta ambientação todo o Universo ou Multiverso, considerando que tudo está interligado por uma rede de energia a que, no Espiritismo, damos o nome de Fluido Cósmico Universal.

Identificarmos sermos responsáveis pelo nosso bem-estar, pela nossa saúde e processo evolutivo, como somos também responsáveis por tudo o que nos rodeia, na proporção direta de nosso próprio cometimento.

Um pequeno pensamento, uma ideia que se mostra interessante, em decorrência procedemos a conjecturas, elaboramos ações… a partir de então, essas ações como que tomam vida e estaremos disponibilizando nossas ideias àqueles que têm sensibilidade para percebê-las, seja no plano físico da vida, seja um espírito no plano invisível.

Compartilhamos, a todo o momento, informações, ideias, conhecimento e, muitas vezes, não temos percepção de o estarmos fazendo. Somos agentes constantes. Devemos considerar então: que tipo de agente temos sido? Somos praticantes de boas causas; buscamos a nossa reforma moral; temos como meta o aprimoramento nas relações sociais; visamos a transformação, para melhor, do meio em que vivemos?

São perguntas que nos devemos fazer e almejarmos alcançar, dentro do nosso possível, respostas afirmativas para todas elas.

A dinâmica do aprender, fazer e transformar é determinante da nossa evolução espiritual, principalmente se envolvidos pela energia do amor, conjugada à fé em realizar.

Em procedendo assim, encontraremos a alegria em viver, a satisfação em ser útil através da caridade em sua mais forte expressão.”(5)

Em todas as obras a que nos dedicarmos à realização, buscar a conexão com Deus e pedir auxílio para a consecução do trabalho, para êxito no sentido de bem o fazer, de acordo com os ensinamentos ministrados pelo Mestre. Ao concluir a realização proposta, buscar bênçãos para que o trabalho alcance mérito e o resultado seja concordante com a beleza, a virtude, com os bons propósitos. Espelhem a imagem do Criador, ainda que de forma tênue.

A perfeição almejada por todos nós, em tudo o que pretendemos realizar, está na relação direta do que buscamos no pensar, expressar, sentir, agir e dizer. Na prática da caridade, e ela só poderá estar presente quando da interatividade dos seres. Precisamos estar conectados para que a prática do bem venha a ocorrer. Quando buscamos nos isolar em uma vida de recolhimento, tentando assim o não errar, já estaremos cometendo o erro de não nos disponibilizarmos ao aprendizado, através do exercício diário de nos relacionarmos com o que se oferece diverso, diferente dos propósitos acolhidos em nossos corações.

Alertam-nos os amigos espirituais orientadores que, para conexão com o plano maior da vida, de forma eficaz, faz-se necessário sermos ditosos e, para isso, buscarmos essa relação com sentimentos puros de amor e exercitarmos continuamente a prática da caridade.

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(1)              – Maneira didática de nos referirmos aos espíritos quando em planos sutis e quando expressão em corpo material;

(2)              – Mística – experiência mística é quando concebemos Deus como absolutamente transcendente, além da Razão, do pensamento, do intelecto e de todos os processos mentais. É a experiência da comunicação direta com Deus.

(3)              – Lei de Sociedade – Livro dos Espíritos Capítulo VII

(4)              – Personalidades – identificação do Espírito enquanto em corpo material

(5)              – Texto Convivência Sagrada – Família Universal, em o livro Aprender com o Mestre – Sobre o Amor, Elda Evelina Vieira, Bookess Editora

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