Posted por em 15 set 2017

Aprender com o Mestre - Ilustração msg siteEstudo oferecido no GFEIE Grupo da fraternidade Espírita Irmão Estêvão – Sede Asa Norte

Áudio do estudo (mp3) – Nada nem ninguém é inútil em a Natureza

Folheto em PDF – Nada nem ninguém é inútil em a Naturezaseparador-AprenderMestre

Podemos começar nossa reflexão a partir da imensidão que é o Universo em que vivemos, a Casa do Pai.
Atualmente podemos afirmar existirem vários mundos, sendo um deles o planeta a que chamamos Terra. Somente na Via Láctea poderíamos considerar a existência de mais de 17 bilhões de planetas semelhantes à Terra.
Tudo está em um ordem perfeita e com funções muito bem definidas, ainda que não tenhamos, por ora, ideia de quais sejam.
Todas as conclusões a que chegarmos serão por inferência, tendo como referência o próprio planeta em que vivemos, e outros astros aos quais possamos ter acesso por imagens ou coleta de matéria ali existente.
Muitas dessas informações nos são difíceis para assimilar. Estão muito distantes do conhecimento de muitos de nós e da capacidade de abstração que porventura tenhamos.
O que não podemos negar é de serem resultado de observações, cálculos e deduções com fundamentos científicos.
Encontramos em o Livro dos Espíritos (1):
“Nada é inútil em a Natureza; tudo tem um fim, uma destinação.
Em lugar algum há o vazio; tudo é habitado, há vida em toda parte.
Assim, durante a dilatada sucessão dos séculos que passaram antes do aparecimento do homem na Terra, durante os lentos períodos de transição que as camadas geológicas atestam, antes mesmo da formação dos primeiros seres orgânicos, naquela massa informe, naquele árido caos, onde os elementos se achavam em confusão, não havia ausência de vida. Seres isentos das nossas necessidades, das nossas sensações físicas, lá encontravam refúgio.”
As moradas da Casa do Pai são instituições educativas para o nosso processo evolutivo. Transitamos pelos mundos de acordo com as nossas necessidades e condicionamentos, visando sempre a escalada para purificação dos Espíritos que somos.
Nada é obra do acaso. Tudo tem sua razão de ser. Há interligação em tudo o que existe na Natureza, desde o minúsculo ser vivo, ou até mesmo qualquer substância inorgânica.
Geramos vida e somos vidas geradas por outrem.
Criamos substâncias, fazemos conexões, promovemos resultados importantes para a manutenção da vida. Como também somos resultados de conexões e interação de substâncias. Isto desde que passamos a existir, mesmo que ainda sem consciência da própria existência.
Somos cocriadores todo o tempo, indefinidamente, se imaginarmos nosso processo evolutivo ao longo de várias encarnações.
Encontramos em o livro Evolução em Dois Mundos (2):
“Cocriação em plano menor
Em análogo alicerce, as Inteligências humanas que ombreiam conosco utilizam o mesmo fluído cósmico, em permanente circulação no Universo, para a Cocriação em plano menor, assimilando os corpúsculos da matéria com a energia espiritual que lhes é própria, formando assim o veículo fisiopsicossomático em que se exprimem ou cunhando as civilizações que abrangem no mundo a Humanidade Encarnada e a Humanidade Desencarnada.”
Tendo a convicção de que tudo o que existe na Casa do Pai tem origem, utilidade e destinação muito bem definidas, podemos vir a afirmar que nada nem ninguém é inútil em a Natureza.
Trazendo o assunto a um patamar mais palatável para nós, reflitamos sobre a nossa missão, lembrando Emmanuel(3):
“Não aguardes aparente grandeza para ser útil.
Missão quer dizer incumbência.
E ninguém existe ao acaso.”
Muitas vezes sentimo-nos autossuficientes no processo da vida, da construção, das realizações. É um mero engano facultado pelo nosso orgulho e vaidade.
Precisamos uns dos outros, somos interdependentes. Tudo é resultado da nossa capacidade, individualmente falando, conjugada à daqueles com quem vivemos, ou com quem tenhamos vivido em outra época. Acolhemos criação e conhecimento e, com o que conseguimos amealhar ao longo da nossa jornada evolutiva – intelectual e moral – promovemos transformações à nossa volta.
Ao tempo em que muitas vezes sentimo-nos autossuficientes, deixamos de realizar o que nos seria possível. Cremos não sermos capazes de concretizar ações de vulto. Tomamos como referência expoentes como Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Mahatma Gandhi, Chico Xavier e tantos outros. Pensamos que sermos úteis exigiria de nós ações semelhantes às deles.
Todos temos missão a cumprir. Faz parte do caminho que trazemos traçados para a jornada terrena.
Muitos dizem que não realizam algo por não terem ciência do que lhes compete fazer. Além do ignorar,  há desatenção e falta de responsabilidade com compromissos assumidos desde antes.
Todos somos convocados ao trabalho com Jesus. O como poderá variar, mas a essência do apelo está sempre presente. A chamada ao trabalho com o Mestre poderá surgir de forma sutil, até mesmo inesperada. A maioria de nós, no entanto, resiste ao chamado amoroso e compassivo do Cristo.
Falta-nos a consciência de que temos um dever a cumprir e responder a Jesus, como Paulo fez no caminho de Damasco: “Senhor, que queres que eu faça?”
Importa sejamos mais conscientes do nosso papel em o Universo onde estamos sediados.
Como podemos agir? Como podemos nos perceber úteis?
Sempre somos cocriadores, mas que tipo de cocriadores?
A condição de ser útil depende muito da nossa capacidade de realização, conceitos, consciência, evolução intelectual e espiritual.
O que estamos criando com esses nossos valores?
A experiência que já conseguimos amealhar ao longo de nossas existências já nos proporciona capacidade suficiente de realização e criação.
Ainda que não nos vejamos como seres em condição de realizações importantes para um plano mais amplo, sempre somos úteis sob diversas formas. Somos importantes, independentemente do que sejamos capazes.
Não percebemos o quanto podemos fazer no dia-a-dia, pequenas atitudes que poderiam ter significação importante, como consolar alguém em um momento de dor – um abraço, um ombro amigo, disposição para ouvir, sem julgamento, tão-somente ouvir. Quantas vezes precisamos de alguém com paciência, carinho, respeito para ouvir o que precisamos falar a fim de nos desconectarmos das amarguras, difíceis de serem suportadas quando sozinhos!
Quanto mais nos dedicarmos ao aprendizado e à sua prática em nossa escalada evolutiva, mais úteis seremos a nós mesmos, àqueles que comungam conosco nosso momento na eternidade, à Natureza e ao próprio Planeta que nos serve de morada, entre tantas moradas na Casa do Pai.
Em o livro Nosso Lar(4), há uma passagem em que Narcisa(5) diz:
“Como vê, nada existe de inútil na Casa de Nosso Pai. Em toda parte, se há quem necessite aprender, há quem ensine; e onde aparece a dificuldade, surge a Providência.”
Ela diz isso depois de encontrarem, na Natureza, fluidos que auxiliariam no atendimento que estava a ocorrer em outro personagem do Nosso Lar – Ernesto.
Refere-se não só às substâncias que foram obtidas a partir de mangueiras e eucaliptos e utilizadas no atendimento que ocorrera, mas também aos seres da Natureza que a auxiliaram a encontrar as árvores de onde poderiam extrair o material para que fosse manipulado e aplicado no enfermo.
Mesmo antes desse fato, foi possível observar a importância da fé e da vontade verdadeira em ajudar. André Luiz, ao tentar auxiliar Ernesto, sentiu que precisava de auxílio e mentalmente procurou fazer contato com Narcisa e esta, prontamente, veio atender ao chamado, ciente da importância da ocasião e a possibilidade de socorrer o amigo naquele atendimento.
É assim que ocorre. Quando estamos verdadeiramente empenhados em realizar algo com dedicação fraterna, o auxílio espiritual prontamente se faz presente. Bem como o ensinamento necessário para nosso aprendizado e exercício do amor.
Esse processo do aprender e trabalhar poderá proporcionar momentos de dor e de dificuldades, faz parte da jornada  objetivando o progresso. No entanto, será instrumento para a nossa transformação moral e espiritual, nossa reforma interior. Seremos espíritos mais íntegros e de excelência.
Há duas histórias que nos levam a refletir de forma lúdica sobre o assunto.
Conta-se que em certo lugar haveria um concurso para se destacar o coração mais bonito que ali havia.
Surgiram vários concorrentes.
Certo homem estava para ganhar o concurso, pois seu coração era lindo, sem nenhuma marca ou defeito, até que apareceu um velho que questionou o fato de o coração do jovem ser mais bonito do que o dele. Seu coração era mais bonito pois havia marcas e cicatrizes.
As pessoas não entendiam a razão de o coração do velho ser mais bonito, com tantas cicatrizes e marcas.
O velho então explicou que exatamente por isso o coração dele era mais bonito. As marcas e cicatrizes eram registros de sua vida, das pessoas que ele amou e o amaram, experiências pelas quais passou, suas dores e alegrias. Era isso que realmente valorizava aquele coração.
Nós também teremos mais valia de acordo com as experiências vivenciadas, dores e alegrias que nos marcam a Alma e nos tornam mais especiais.
Há uma arte praticada no Japão – Kintsukuroi, a arte de consertar cerâmicas quebradas. “O simbolismo dessa arte remete à beleza do amadurecimento e das superações da vida. Nossas cicatrizes reais e emocionais quando trabalhadas.” Josie Conti
A arte se desenvolve no restaurar a cerâmica com ouro e laca e compreender que a peça é mais bela e mais valiosa por ter sido recuperada depois de quebrada.
Assim somos nós. Mais belos, como o coração, quando passamos por experiências na vida a nos trazer cicatrizes promovidas pelo aprendizado, através das dores e também das alegrias; marcas a registrarem que amamos e fomos amados. Evoluímos pelo exercício de viver.
À semelhança da cerâmica, sermos quebrados no nosso orgulho e vaidade. E, depois de sermos “consertados” pela redescoberta e reconstrução do nosso Ser, encontraremos o nosso verdadeiro valor como seres mais dignos e com mais excelência. Espíritos purificados pelo amor e misericórdia divinos.
 separador-AprenderMestre
(1) Livro dos Espíritos – 2ª. Parte – Capítulo VI, Questão 236 “e”
(2) Evolução em Dois Mundos, André Luiz, Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira
(3) Livro da Esperança, Emmanuel, Francisco Cândido Xavier
(4) Nosso Lar, Capítulo 50 – Cidadão de Nosso Lar –, André Luiz, Francisco Cândido Xavier
(5) Enfermeira da colônia Nosso Lar, trabalha prestando assistência espiritual aos recém-chegados

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