Posted por em 14 maio 2017

Aprender com o Mestre - Ilustração msg siteEstudo oferecido no GEAEF – Grupo Fraternidade, em 14-05-2017.

Áudio do estudo (mp3) – Devagar, mas sempre

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Tudo o que nasce neste Planeta se desenvolve por etapas bem definidas. Diz-nos Emmanuel(1):

“Enche-se a espiga de grão em grão.

Desenvolve-se a árvore, milímetro a milímetro.

Nasce a floresta de sementes insignificantes.

Levanta-se a construção, peça por peça.

Começa o tecido nos fios.

As mais famosas páginas foram produzidas, letra a letra.

A cidade mais rica é edificada, palmo a palmo.

As maiores fortunas de ouro e pedras foram extraídas do solo, fragmento a fragmento.

A estrada mais longa é pavimentada, metro a metro.

O grande rio que se despeja no mar é conjunto de filetes líquidos.”

Dá para ter uma ideia do que se quer dizer com o Devagar, mas sempre.

Gostaríamos de fazer uma reflexão sobre a história do próprio Planeta.

O orbe em que nós vivemos, diz-nos a ciência, tem aproximadamente 4,5 bilhões de anos. E fazendo uma pesquisa para tentar ir mais fundo nesse devagar, os primeiros seres vivos devem ter surgido há aproximadamente 3,8 bilhões de anos.

Os primeiros organismos invertebrados, há aproximadamente 650 milhões de anos.

Os primeiros vertebrados, há aproximadamente 520 milhões de anos.

O Ser Humano, com características semelhantes às que temos hoje, entre 125 e 200 mil anos. E só há 50 mil anos adquiriu o comportamento mais próximo do que expressamos na atualidade.

Visualizando com cuidado esses períodos de evolução do Planeta, dos seres, vertebrados ou não, e do próprio homem, podemos perceber similaridade dentro do tema sobre o qual queremos discorrer – devagar.

A caminhada, neste Planeta, teve seu desenrolar por um longo tempo, mas sempre passando por períodos que podemos chamar de curtos, comparativamente à extensão do decorrido desde sua criação.

É bom também nós nos lembrarmos de como o planeta foi formado. Refletirmos sobre importância do Ser Crístico, a que denominamos Jesus, em todo esse processo desde a criação do sistema em que vivemos. Este Ser é que nos proporcionou os ensinamentos que buscamos acolher na busca pela nossa evolução como Espíritos. Assumiu um corpo físico para conviver conosco e ensinar-nos como viver melhor.

Ele, Jesus, reuniu-se com outros seres angélicos e perfeitos, para solução de problemas relativos à organização e direção do orbe, quando de seu desprendimento da nebulosa solar.(2)

Desde muito tempo temos sido acompanhados e orientados por Ele. Mesmo que não tenhamos estado à época da formação do planeta, estávamos já sendo preparados, de alguma forma, para vivermos aqui, a partir de várias experiências, tanto no plano sutil quanto no plano físico.

Somos seres em evolução gradativa e constante, tanto sob o ponto de vista da ciência, como sob o olhar dos conceitos do espiritismo.

A ciência nos diz que biologicamente evoluímos a partir de micro-organismos que se modificaram com o passar do tempo – milhares de anos – até chegarmos às configurações dos dias de hoje.

O espiritismo também nos revela que nossa origem material se fez de forma similar aos dos seres inorgânicos, produtos de reações químicas cujos elementos, sob determinadas circunstâncias, sofrem mudanças em seu estado e resultam em novas configurações e aparências.(3)

Podemos concluir que nós começamos de algo muito pequeno e em tempo bem remoto. Crescemos devagar e sempre. Vamos continuar o caminhar nesse mesmo passo.

Parece-nos muito extenso esse tempo que levamos a desenvolver nossas condições físicas e intelectuais.  Estamos há aproximadamente 50 mil anos como seres humanos e nos perguntamos… por quanto mais tempo ficaremos aqui?

Isso não é importante. É algo com o que não devemos nos preocupar  ̶  o quanto tempo ainda temos nesse processo evolutivo.

O tempo, na realidade, é uma criação humana. Temos a necessidade dele para traçar compromissos, realizar tarefas a nosso cargo. Ainda precisamos muito dessa divisão de tempo, marcação de períodos. É uma necessidade pelas limitações ainda existentes em nós.

Vamos seguindo sempre, devagar. Acreditar estarmos indo devagar creio que também se deve por nossas limitações.

Nós queremos tudo a pronto, agora. Por vezes até nos expressamos: isso é para ontem!

A vontade de querer tudo de imediato é que nos proporciona a sensação de demora em atingir um determinhado objetivo, realizar uma vontade, atender expectativas.

Há um livro que oferece uma reflexão sobre a sensação do tempo e da eternidade. É muito interessante. Diz assim:

“̶  Portanto, inferimos que, em última análise, o mal e o egoísmo encurtam o tempo, enquanto que o bem e o altruísmo o dilatam. E o verdadeiro amor o supera definitivamente, fazendo-o estacionar na eternidade. Eis a realidade última do relativismo que a ciência da Terra ainda não pôde vislumbrar.” (4)

Como poderíamos simplicar o entendimento desse conceito? Creio que seria interessante falar um pouco sobre o tema.

O vivenciar a eternidade seria a libertação que nos proporcionaríamos dessa premência, por vezes até sem bom senso, de realizar as coisas. Faz-nos parecer que o tempo é muito curto.

À medida que nos libertamos dessa sensação e trazemos mais paz para o nosso Ser, esse tempo já não se mostra tão curto. Começamos a perder a noção de tempo e a necessidade de medi-lo.

A eternidade é a sensação de não precisar medir o tempo.

É interessante fazer uma experiência. Quando vamos pegar o trânsito e estamos com muita pressa em chegar ao destino, parece que o tempo não passa e vamos nos atrasar.

Vale fazer uma experiência, tomando o cuidado de sair para o compromisso com tempo hábil, com uma boa medida do tempo necessário. Mantendo uma razoável tranquilidade interior, faremos o trajeto e chegaremos ao destino na hora aprazada, sem nos estressarmos.

É uma experiência interessante. Tivemos oportunidade de vivenciar essa sensação e foi muito gratificante. Proporciona paz interior, de bem-estar.

Trazendo a reflexão para o desenvolver do processo evolutivo. Caso sintamo-nos apressados a atingir uma meta de progresso espiritual, dar saltos na evolução, não vamos conseguir. Vamos trafegar por esse processo de forma angustiada, até mesmo nos violentarmos por exigir de nós comportamentos muito além da nossa capacidade de realização.

No entanto, tendo consciência desse processo, etapas a vencer e obstáculos a transpor, esse caminhar virá a ser com tranquilidade, galgando pequenos períodos de evolução com mansidão, de forma saudável.

Essa forma de agir proporciona a nós prazer e a sensação de estarmos cumprindo o que nos compete. É importante que tenhamos essa percepção, com fé de que o processo estar se desenrolando como deve ser.

Temos o costume de lamentar. Ah! Estou sofrendo.

É um outro aspecto que vale a pena acolher para reflexão.

O que é sofrimento?

Normalmente chamamos de sofrimento estar sentindo dores, enfrentando obstáculos e dificuldades.

Joanna de Ângelis oferece-nos reflexões sobre isso, como também Confúcio, na antiguidade.

Nós sofremos porque não aceitamos as experiências vivenciadas no nosso caminhar. Problemas físicos, espirituais, psicológicos etc.

Muitas vezes os problemas são causados por nós mesmos. E se foram causados por outras pessoas e sofremos é porque acolhemos esse problema como nosso. Nós aceitamos ser invadidos por algo que o outro fez.

Se percebemos essas dificuldades, problemas ou dores em nossas vidas como exercícios de evolução e aprendizado, teremos prazer… é isso mesmo, prazer em passar por eles porque vão proporcionar a nós um progresso mais rápido, desde que estejamos bem com nós mesmos e com as dificuldades que nos ocorrem.

Sofrer, Confúcio dizia, é resistir ao aprendizado.

São inúmeras essas oportunidades em nosssas vidas. Se aceitamos como ensinamento e aplicamos no nosso dia-a-dia o ensinamento apreendido, nós não sofremos e sim agradecemos pela oportunidade.

Essas oportunidades são realmente presentes. Por que? Vão nos fortalecer, abrir novos horizontes, ajudam a sedimentar aprendizados. Em nos sentindo mais fortes e conscientes, novos olhares se abrem e novas vivências ocorrem impulsionando-nos mais e mais à frente.

No devagar, mas sempre… o tempo que levamos para nosso progresso depende de nós mesmos.

Todos nós, indistintamente, vamos chegar à condição de Espíritos Puros, um dia. Esta é uma afirmativa que a Doutrina Espírita nos traz. Em quanto tempo? Depende unicamente de nós.

O atingimento desta meta está nas escolhas que fazemos de estilo de vida. Na forma de ver e acolher os ensinamentos que o Mestre nos trouxe. O conteúdo do seu Evangelho proporcionado pelos trabalhos dos evangelistas, também pelas cartas do Apóstolo Paulo, proporcionando muitos ensinamentos. Estes estão conosco há pouco menos de dois mil anos. Considerando que o primeiro evangelho foi escrito por volta dos anos 70 ou 80 d.C.

Temos esses ensinamentos conosco.

Também importante lembrarmo-nos de que, no Livro dos Espíritos encontramos a afirmativa de que Deus nos criou para sermos felizes.

E o que é ser feliz?

É desenvolver virtudes já registradas em nós, desde nossa criação como espíritos. Onde poderemos encontrá-las em nós? Estão inscritas em nossa Consciência – As Leis Divinas.

À medida que desenvolvemos essas virtudes que já fazem parte do nosso Ser, teremos mais consciência do viver, da razão de estarmos vivenciando experiências de mais variada ordem. Sentimo-nos mais à vontade no que se relaciona a viver a vida e mais prazerosa ela se torna pela sensação do dever cumprido. De estarmos atingindo metas propostas que nos cabem cumprir.

Vale lembrar as palavras do apóstolo Paulo quando disse: “Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé.” (II Timóteo 4:7)

Poderíamos tomar essas palavras como referência, para um dia chegarmos a afirmar da mesma forma.

Em uma só vida… não é provável! É quando deveremos ter a percepção de que é devagar, mas sempre.

Ao longo das experiências, seja em corpo, seja no plano espiritual, vamos acolhendo novos aprendizados. É um exercício constante, não só de aprendermos, como também de exercitarmos os aprendizados acolhidos. Progredir intelectualmente e espiritualmente.

Diz-nos Emmanuel, em O Consolador: (5)

358 –Para os Espíritos desencarnados, que já adquiriram muitos valores em matéria de fé, qual o melhor bem da vida humana? 

 – A vida humana, nas suas características de trabalho pela redenção espiritual, apresenta muitos bens preciosos aos nossos olhos, na sequência das lutas, esforços e sacrifícios de cada espírito. Para nós outros, porém, o tesouro maior da existência terrestre reside na consciência reta e pura, iluminada pela fé e edificada no cumprimento de todos os deveres mais elevados.  

Elucidam-nos os espíritos (6) :

Progresso e Evolução

780 O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?

“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.”

792. Por que não efetua a civilização, imediatamente, todo o bem que poderia produzir?

“Porque os homens ainda não estão aptos nem dispostos a alcançá-lo.”

Nós crescemos intelectualmente, mas nem sempre crescemos moralmente na mesma proporção.

Quanto a não estarmos aptos a alcançar todo o bem que poderíamos produzir… esse é o nosso problema. Não temos ainda condições ou consciência da necessidade desse progresso e o que devemos fazer para progredirmos.

Conta-nos Madre Teresa de Calcutá, em o texto “Mil palavras não valem um gesto” (7) que, logo no início de sua vida como missionária, preocupada com a questão da fome no mundo, resolveu participar de um congresso em que a proposta era encontrar uma forma de tornar possível, em quinze anos, haver comida suficiente para todos.

Ela foi e, chegando lá, constatou haver muitos interessados neste mesmo tema. No entanto, antes encontrara um homem demonstrando estar faminto e bem debilitado. Leva-o para casa, dá-lhe de comer e cuida dele. No entanto, ele viera a falecer tal sua fragilidade.

Ela referiu-se, primeiramente, a esta passagem em Mateus: “Eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber, eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim, na prisão, e fostes visitar-me.” (Mateus 25;35 e 36)

 Depois concluiu com a seguinte reflexão em conclusão ao que percebera daquela experiência: (7)

“Vocês percebem a diferença? Não penso nunca que serei responsável pelas grandes multidões. Preocupo-me com cada pessoa; não posso amar, de fato, senão uma pessoa por vez. Somente uma, uma, uma.

Vocês se aproximam de Cristo aproximando-se uns dos outros. Jesus disse: “todas as vezes que fizestes isso a um destes pequeninos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 25:40).

Vocês podem começar assim… Eu comecei assim, recolhendo uma pessoa que estava morrendo na rua. Talvez se não tivesse recolhido aquela única pessoa, não teria nunca recolhido outras 42 mil. Basta começar… uma, uma, uma.”

Voltando ao Devagar, mas sempre, de Emmanuel. Creio que este texto tem muito da reflexão oferecida pela Madre Teresa de Calcutá.

Não adianta querermos resolver todos os problemas do mundo de uma vez só. Não somos capazes dessa tarefa hercúlea.

O que está ao nosso alcance? Fazer uma coisa de cada vez.

Nós não devemos ter como metas resultados que vão além das nossas capacidades e competência de concretização.

Por qual razão, podem perguntar. A resposta é simples, porque não vamos conseguir. O mais provável é sentirmo-nos frustrados. Perderemos a vontade de realizar por sentirmo-nos incapazes.

Devemos nos propor pequenas metas, possíveis de serem atingidas.

A partir do momento em que consigamos alcançar um resultado positivo na programação almejada, sentimo-nos à vontade para projetar uma nova meta, uma realização.

Como no contexto da história contada pela Madre Teresa. Fazendo bem uma coisa de cada vez, com determinação e bons propósitos. Ela alcançou quarenta e dois mil atendimentos ao longo do seu trabalho, até aquele momento em que conta sua história.

No caso de estarmos seguindo o Evangelho e buscando apoio emocional e espiritual, mais uma vez podemos nos lembrar da Madre Teresa.

Um certo dia em que tratava feridas e acalentava vários mendigos bem frágeis em condições mesmo deploráveis, alguém lhe perguntou como ela conseguia realizar com tanto prazer aquele trabalho tão difícil. A resposta foi muito simples e direta, ela disse que, ao acolher e auxiliar aquelas pessoas, via nelas o próprio Senhor, o Mestre Jesus.

Devemos nos espelhar nesse exemplo para termos a certeza de alcançarmos o nosso progresso moral e espiritual. Ter como referência o amado Mestre Jesus que, como Ser Crístico que nos acompanha, desde a há muito tempo.

Precisamos estar conscientes da companhia d’Ele em nossas vidas, seja no plano espiritual, seja no plano encarnado. Ele não esteve conosco só há dois mil anos, Ele está conosco há bilhões de anos.

Esta a maior demonstração do amor d’Ele por nós e a preocupação com cada um de nós.

Qualquer coisa que façamos, tenhamos como referência este Ser Crístico a quem damos o nome de Jesus, por ter sido a personalidade que Ele assumiu ao encarnar no nosso Planeta.

Sejamos felizes, não tenhamos preocupação com a eternidade, nem de tentarmos ser pessoas melhores de uma só vez.

É devagar, mas sempre.

Muita paz.

(1)  Devagar, mas sempre, em o livro Fonte Viva, Emmanuel, por Chico Xavier, FEB

(2)  A Caminho da Luz, Emmanuel, por Chico Xavier, FEB

(3)  A Gênese, Capítulo X, a Gênese Orgânica, Pentateuco Kardequiano, FEB

(4)  Tabernáculo Eterno, Adamastor, por Gilson Freire, Editora Inede

(5)  O Consolador, Emmanuel, por chico Xavier

(6)  Livro dos Espíritos, Kardec

(7)  Cinco minutos com Deus e Madre Teresa de Calcutá, organizado por Roberta Bellinzaghi, Edição Paulinas

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