Posted por em 12 fev 2016

Anjo 1

Áudio do estudo oferecido no GFEIE, Sede do Paranoá, 12-fev-2016 – Carnaval e o Mundo Espiritual

Palestra proferida no dia 21 de fevereiro de 2012, no

GEAEF – Grupo Educacional Assistencial Espírita Fraternidade, na SGAS 909 W5 Sul

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Lembrando a música de Caetano Veloso, “Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu …”, é importante que reflitamos sobre uma verdade inquestionável para nós espíritas – não são somente os “vivos” que fazem parte da multidão de foliões nas ruas e nos clubes onde se comemora o Carnaval. Como também não só durante os dias de festas essa multidão se envolve nas energias extravagantes típicas desse período(1).

Podemos perceber, se observarmos bem a movimentação que antecede os dias oficialmente reconhecidos como sendo de Carnaval, uma energia diferente e até mesmo aumento de casos de violência.

Dizem alguns estudiosos que a razão dessa necessidade das pessoas de se extravasarem nesses períodos se dá em razão das condições em que ainda se encontra a Terra, em termos evolutivos. Como planeta ainda no estágio de “provas e expiações”, a Terra abriga espíritos que encarnam recém-saídos da barbárie, dando seus primeiros passos na sua história de aprendizado de evolução moral e espiritual. Ainda trazem sensações que os impulsionam a atitudes compatíveis com instintos arraigados em sua memória espiritual.

A festa carnavalesca é uma oportunidade para alguns espíritos expressarem o que há de mais profundo e mais primitivo em si mesmo.

A doutrina nos esclarece que a todo o tempo estamos em companhia de uma inumerável legião de seres invisíveis aos nossos olhos, recebendo deles boas e más influências, dependendo da faixa de sintonia em que nos encontremos.

Durante o período dessas festas, até mesmo às vésperas, aumenta sobremaneira o número de espíritos envolvidos nos festejos, aqueles que proporcionam influências negativas de toda sorte. Muitos encarnados, invigilantes, se deixam dominar por essas influenciações.

As pessoas desavisadas, em preparativos de fantasias e outros apetrechos, pensando em aproveitar de forma sadia e inocente as alegrias desses dias, não imaginam que podem, muitas vezes, estar sendo inspiradas por entidades menos comprometidas com prazeres saudáveis. Philomeno de Miranda, em “Nas fronteiras da loucura”, informa que tais entidades buscam “vítimas” em potencial para “para alijaì-las do equiliìbrio, dando início a processos nefandos de obsessoÞes demoradas” (1).

Sabemos da existência de preparação intensa de grupos de espíritos, nos dias de Carnaval, com o intuito de envolver e influenciar, principalmente os jovens, a participar de ações desregradas e violentas nas multidões e até mesmo a agredir seus próprios corpos(2).

É importante que nos mantenhamos sob vigília, para não sermos envolvidos por essas energias dissonantes que pairam na atmosfera de nossas cidades.

Esses espíritos participam de verdadeiros treinamentos para uma ação efetiva e eficaz, no deleite do prazer desumano, levando inúmeros desavisados a atitudes desordenadas e inimagináveis.

Philomeno de Miranda nos relata, em contraponto, episódios de equipes socorristas junto a encarnados em desequilíbrio, conduzidas por Bezerra de Menezes(1).

Muitas pessoas buscavam a prece com fervor, intercediam por familiares envolvidos nos desregramentos muito comuns nessa época de festejos. Interessante observar que entre os voluntários ao trabalho socorrista havia os seletores de preces. Esses auxiliavam as conexões dos orantes com os Núcleos Superiores da Vida, “enquanto aparelhagens específicas acolhiam pensamentos e forças psíquicas que se transformavam em agentes energéticos que irradiavam correntes diluentes das condensações deletérias” (1).

Podemos imaginar as energias multicores formando imagens de beleza indescritível, transmutando o quadro negativo e possibilitando o resgate de espíritos que buscam a ligação com planos mais elevados. É a conexão das mentes de almas abnegadas e amorosas em socorro aos seus entes queridos que ainda demonstram, ainda que de forma frágil, incipiente, interesse no encontro do equilíbrio de suas emoções.

Importante acrescentar que vários grupos religiosos – católicos, protestantes, espíritas e de outras denominações – promovem, no período de Carnaval, retiros espirituais onde se dedicam ao estudo evangélico, momentos de oração e meditação, bem como confraternização sincera entre seus membros. Certamente o mundo espiritual se utiliza dessas vibrações para o trabalho de equilíbrio e harmonização do ambiente nas cidades, minimizando os reflexos das manifestações carnavalescas.

Tendo conhecimento dessas providências, mais ainda cresce a nossa responsabilidade no que concerne a nossas atitudes e envolvimento emocional, tanto no período que antecede os preparativos para o Carnaval, como também, e principalmente, nos dias em que efetivamente se realizam os festejos nas ruas.

Vale lembrar que o envolvimento emocional e espiritual não se dá tão-só nas atividades nas ruas e clubes. Mesmo quando assistimos aos desfiles pela televisão, ainda que a intenção seja a de somente observar a beleza plástica e a expressão artística. Em caso de invigilância e fragilidade, poderemos ser imantados por espíritos que nos querem ver desequilibrados e agindo de forma inadequada nos nossos lares e com nossas famílias.

A vigilância é sempre recomendada, em qualquer circunstância. Precisamos estar atentos ao que nos ocorre na alma, em nossos pensamentos, buscando o equilíbrio e a elevação moral.

Bezerra de Menezes esclarece que boa parte dos seres humanos ainda guarda vestígios do primitivismo das paixões violentas e estes acabam por se expressar nas festividades “momescas” com toda a intensidade do desequilíbrio que lhes é própria. “Natural que se permitam, nestes dias, os excessos que reprimem por todo o ano, sintonizados com as Entidades que lhes são afins” (1). Ele lamenta, no entanto, que muitas pessoas que se dizem seguidoras de Jesus, busquem, nesse período, se sintonizar com as energias desarmoniosas das festividades carnavalescas.

Considerando que a meta do Espírito é a evolução, um dia esse tipo de manifestação desaparecerá e surgirá, em seu lugar, a alegria sadia, a satisfação jovial despertada pela beleza e pela arte, sem a necessidade da expressão mais ruidosa e agressiva.

Muito se fala a respeito da elevação do Planeta Terra ao nível de “Planeta de regeneração”. No entanto, pouco de reflete sobre a responsabilidade de cada um de nós nesse processo de transformação. No mais das vezes pensamos em nos elevarmos acompanhando a elevação da Terra, mas devemos ter em mente que é a nossa própria elevação que permite e promove a elevação do Planeta. Não é o Planeta que nos levará a outros patamares espirituais. É a nossa própria evolução que proporcionará a transformação espiritual necessária à elevação do ambiente em que estamos inseridos e, por sua vez, a elevação do próprio Planeta Terra a patamar espiritual tão desejado por todos nós.

Diz Bezerra de Menezes, como mentor dos trabalhos socorristas, que por ora deveremos auxiliar, sem reprimenda, com amor e compaixão,“enfermos que somos todos nós, em trânsito para a superação das deficiências que nos tisnam a claridade e o discernimento sobre a vida” (1).

Sejamos compassivos, amorosos, compreensivos. Nossos companheiros de jornada precisam do nosso envolvimento emocional nesse sentido para que, envolvidos por energias de amor e harmonia se sintam impelidos a buscar novos caminhos, à luz dos ensinamentos Evangélicos trazidos pelo Mestre.

Para conclusão desses registros e reflexões, gostaria de lembrar o conselho desse Irmão Maior – “Orai e vigiai”. Mesmo quando pensamos estar dispostos a buscar a elevação moral, poderá haver um momento de fragilidade em que nos descuidamos e poderemos nos tornar alvo de emanações menos saudáveis e influenciações indesejáveis. Precisamos estar atentos, e não só por ocasião das festas “momescas”, mas em todos os momentos em nossas vidas. Buscar o equilíbrio interior, a conexão com o mundo espiritual mais elevado, em prece, e a nossa evolução.

Elda Evelina Vieira

  • (1) Nas Fronteiras da Loucura, Manoel Philomeno de Miranda, por Divaldo P. Franco
  • (2) Esculpindo o próprio destino, Lúcius, por André Luiz Ruiz
  • (3) História do Carnaval – Livro “Carnaval”, de Hiram Araújo

Curiosidades

Voltando aos registros do livro “Nas Fronteiras da Loucura”, há a menção de um encontro com um sambista desencarnado, poeta do bairro boêmio de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Na oportunidade, no plano espiritual, ele integrava equipes socorristas encarregadas de prestar atendimento espiritual durante os dias de Carnaval.

O autor pergunta ao sambista como ele conciliava sua anterior condição de “sambista vinculado às ações do Carnaval com a atual, longe do bulício festivo, em trabalhos de socorro ao próximo(1). Ele respondeu, de forma tranquila, que em suas canções traduzia as dores e aspirações do povo – dramas, angústias, tragédias amorosas -, e compreendeu, ao desencarnar, ter estado “sob maior soma de amarguras, com fortes vinculações aos ambientes pelos quais transitara em largas aflições” (1).

No entanto, sua obra musical sensibilizara tantos corações que os bons sentimentos despertados nas pessoas atuaram em seu favor no plano espiritual: “Embora eu não fosse um herói, nem mesmo um homem que se desincumbira corretamente do dever, minha memória gerou simpatias e a mensagem das músicas provocou amizades, graças a cujo recurso fui alcançado pela Misericórdia Divina, que me recambiou para outros sítios de tratamento e renovação, onde despertei para realidades novas. Passei a compreender as finalidades superiores da vida, … descobrindo, porém, que é sempre tempo de recomeçar e de agir, iniciando, desde então, a composição de outros sambas ao compasso do bem, com as melodias da esperança e os ritmos da paz, numa Vila de amor infinito …

O Carnaval, para mim, é passado de dor, e a caridade, hoje, é-me festa de todo dia, qual primavera que surge após inverno demorado, sombrio.” (1)

Aspectos históricos sobre o Carnaval

Na Grécia antiga, as festas dedicadas ao deus Dionísio ou Baco tornaram-se muito perniciosas para o equilíbrio das cidades e, por isso, foram reprimidas no século V a.C., no auge do desenvolvimento artístico cultural da Grécia (governo de Péricles – 443 a 429 a.C.)(3). Transformaram-nas em espetáculos teatrais, como uma maneira de “domesticar” o conteúdo nocivo da alma humana, sem maiores consequências para o controle das atitudes e implicações negativas sobre a sociedade.

Na Idade Média é que essas festividades tomaram a feição de que nos seria lícito enlouquecer uma vez por ano com desvarios e excessos.

A palavra Carnaval tem sua origem em período de festas na Idade Média que era marcado pelo “Carne nada vale”. Durante essas festas poder-se-ia acompanhar concentração de festejos populares e cada cidade brincava segundo os costumes da sua população.

As festas em Veneza, Itália, surgem a partir da implantação da Semana Santa no século XI. Era antecedida por quarenta dias de jejum – Quaresma. O longo período em que a população era mantida com restrições alimentares e de movimentos festivos acabou por incentivar a promoção de festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. A palavra Carnaval tem, por isso, relação com a restrição aos prazeres da carne – carne nada vale.

Em contraste com a Quaresma, com restrições e penitência, os dias de festejos são chamados de “gordos”, em especial a terça-feira, último dia antes da Quarta-feira de Cinzas.

O carnaval, como conhecemos hoje – desfiles, fantasias -, tem sua origem na sociedade vitoriana do século XIX, e seu principal exportador é a cidade de Paris.

À exceção do Natal, todos os outros feriados eclesiásticos são calculados em função da Páscoa. Assim, a determinação do dia de Carnaval ocorre com a definição do domingo de Páscoa – primeira lua cheia que se verificar a partir do equinócio da primavera (no hemisfério norte) ou do equinócio do outono (no hemisfério sul); a sexta-feira da Paixão é a que antecede o Domingo de Páscoa; a terça-feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa.

 

10 Comentários

  1. 26-2-2014

    MARAVILHOSO e muito bem colocado, Elda.
    Estou guardando essa lição espiritual para enviar a meus filhos.
    Obrigada, querida amiga e que Deus a abençoe.

    • 26-2-2014

      Grata por suas palavras, querida amiga. Abraços fraternos.

  2. 26-2-2014

    Já compartilhei seu link com alguns amigos. Estávamos justamente conversando sobre este assunto poucas semanas atrás……… 🙂

    • 26-2-2014

      Muito bom. Bjs, sobrinha.

  3. 26-2-2014

    Ótimas reflexões, amiga! De fato, estejamos atentos a tudo especialmente à recomendação “orai e vigiai”. bjs.

    • 26-2-2014

      É isso, amiga. Orai e vigiai, sempre. Bjs

  4. 28-2-2014

    OBRIGADA, ELDA!!!!!
    ABRAÇO AMIGO,
    MARILIA

  5. 15-2-2015

    Estava mesmo pensando em fazer uma pesquisa a respeito…e já a encontro não só pronta como bem completa como havia pensado.
    Tudo muito bem colocado e explicado. Passarei adiante com certeza para um cunhado que justamente conversou comigo a respeito. Grata.

  6. 15-2-2015

    Olá amada irmã!

    Muito enriquecedoras suas reflexões.

    Muito obrigada.

    Com carinho,

    Clarinda Maria

  7. 26-2-2015

    DESCULPE, ELDA, MAS SÓ HOJE ESTOU PONDO EM ORDEM OS MEUS E-MAILS. PASSEI UNS BONS DIAS FORA, LONGE DO COMPUTADOR, DESCANSANDO.
    O CARNAVAL JÁ PASSOU, MAS ESTAS INFORMAÇÕES E REFLEXÕES QUE VC NOS TRAZ CONTINUAM VÁLIDAS, POIS, DO PONTO DE VISTA ESPIRITUALISTA, SERVEM PARA QQ DIA, E PARA A VIDA INTEIRA, ATÉ!
    VALEU, MUITO OBRIGADA!
    ABRAÇOS, TUDO DE BOM,
    MARILIA

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