Posted por em 21 maio 2016

Decors-Evange

Estudo oferecido no Grupo Fraternidade Espírita Irmão Estêvão – Sede do Paranoá -, em 20-05-2016

Áudio (mp3) – Convivência familiar / No recinto doméstico

Separador-Evange

Não é fácil analisar questões relativas ao convívio familiar, interações emocionais e eventuais conflitos.

Há muitas reflexões, emoções. Há muito o que dizer, mas as palavras não fluem com facilidade para exprimir realidades que muitas vezes tocam suscetibilidades e transgridem valores por vezes tão arraigados.

Variáveis surgem à mente, envolvimentos de conceitos e preconceitos. Dores que foram guardadas, não mencionadas. Escondidas no imo da Alma, sem conseguirmos formular palavras que as representem.

Reflexões sobre os próprios pensares e agir, buscando compreensão e sem ela não poderíamos dizer o que nos ocorre no íntimo.

Como dizer o que pensamos e sentimos se não nos compreendemos ainda?

Experiências vividas pesam e deixam marcas. Dificultam nossos expressares, pois que ainda não cicatrizaram na Alma.

Bom termos consciência de que, enquanto não estiverem cicatrizadas, elas dificultam a caminhada a dois, até mesmo a três ou mais, considerando os filhos e outros personagens da relação em questão.

Deixando a nossa mente navegar por tantos olhares, eis que podem surgir algumas possibilidades e permitir o expressar que vai na Alma.

Em meio a tudo isso fala alto o orgulho, a prepotência, o sentimento de poder e do se ter razão, sem deixar margem a que outros poderes se manifestem. Orgulhos de parte a parte.

Há quem diga que precisamos deixar nosso orgulho de lado. Podemos perguntar: de qual de nós?

De todos nós… Poderão responder! No entanto, se para um só dos envolvidos já está difícil cumprir essa meta, imaginem de todos a um só tempo?!

Normalmente somos mais condescendentes com pessoas fora do convívio familiar do que com aqueles que nos são caros. Creio que esperamos mais destes do que daqueles.

Acreditamos que os mais próximos não irão nos decepcionar e, como somos todos seres ainda limitados e frágeis, sentimo-nos traídos em nossas expectativas e nos magoamos com mais facilidade com estes.

Aqueles com quem não temos muito convívio são-nos, de certa forma, indiferentes. Como não esperamos uma atitude fraterna ou de respeito e consideração, se não somos tratados assim não damos importância para o fato e seguimos em frente, sem termos sido tocados em nossa sensibilidade.

Sentimo-nos mais tocados pelo agir do outro na medida em que esperamos deste um comportamento mais positivo, fraterno, respeitoso, compreensivo.

O problema é que nos deixamos envolver de tal forma com esse sentimento de decepção que permitimos transformarem-se em mágoa, rancor. É a expressão do orgulho, por não nos sentirmos merecedores de tratamento diferente do esperado em nosso íntimo. Esquecemo-nos de nossas próprias imperfeições que, quando expressas por nós, achamos muito natural.

Por certo todos precisamos afastar essa sombra de nós mesmos. Buscar o amor dentro nós. Quando efetivamente amamos não há rancor ou mágoa, há compreensão, tolerância, respeito.

E até que consigamos esta vitória sobre nós mesmos, o que fazermos para buscar um convívio saudável, respeitoso, de harmonia?

É um aprendizado a ser conquistado. A cada um de nós cabe saber como, principalmente se quisermos um convívio de paz e harmonia no lar.

Estamos nessa jornada terrena para buscarmos o autoconhecimento e, só conhecendo a nós mesmos – nossas limitações, erros, sombras… até virtudes, talentos, acertos –, é que conseguiremos alinhavar as ações a serem promovidas no nosso dia a dia.

Analisar o quanto valorizamos nossas relações e o quão importante é dispensar nosso tempo e capacidades para alcançarmos nossos objetivos.

Uma das faces do orgulho é o imaginar-se dono da razão. É quando oferecemos nossa forma de pensar sem refletir, agimos por instinto, por vezes em voz alterada, principalmente quando não somos atendidos em nossos interesses.

Ah! Quando ficamos alterados, temos por costume mobilizar-nos com estardalhaço, como a chamar a atenção daqueles que estão à volta, como a dizermos: Quero que vocês me ouçam, minha vontade é mais importante. Vocês devem me obedecer, dar-me razão. É uma expressão de raiva, por vezes descontrolada, até mesmo por vezes quase incontrolável.

Será que é assim que conseguiremos manter a harmonia no lar? Pela imposição?

Certamente que não! Poderemos até mesmo termos acatadas as nossas opiniões, mas será por medo.

Quais ações poderiam ser positivas nessa busca pelo equilíbrio e harmonia?

Buscar a consciência do conviver… viver com as pessoas, mais ainda se forem pessoas que amamos e escolhemos para serem companheiras nessa jornada.

Não intensificar ou valorizar em excesso nossos próprios problemas. Sempre haverá alguém que também passa por dificuldades e está tentando superá-las. Ao invés de buscar a sobreposição dos próprios problemas em detrimento dos problemas de nossos familiares, busquemos soluções juntos, analisando cada variável e alternativas que viriam a acomodar a situação de forma favorável a todos.

Quem sabe a solução para um poderá ser uma luz para a solução de outros?

Tentar elencar as dificuldades identificadas, em ordem de importância, e dar prioridade de análise para a que mais se identificar como prejudicial. Acertar uma a uma. É possível até que, resolvendo uma das questões já se encontre solução para a próxima, pois cada exercício oferecerá um novo olhar acrescentando aprendizado nessa tarefa.

O carinho, o respeito, a renúncia por vezes necessária, e até mesmo indispensável, promove uma energia, uma vibração entre os envolvidos, e até mesmo ao ambiente em que estão inseridos. É a harmonia se fazendo possível e visível.

Um momento de oração, de carinho, de aconchego, promove mudanças por vezes surpreendentes.

Quando um dos familiares oferecer uma sugestão, não desqualifiquemos de forma impulsiva. Levemos o assunto para o entendimento de todos. Quem sabe esta não seja a luz necessária para que se veja a saída almejada. Mesmo que seja uma tênue luz, mas permitirá um olhar mais aguçado para vislumbrar a solução.

Valorizemos a participação de cada um em todo o processo. Seja no encaminhamento de sugestões, seja por oferecer seu próprio trabalho para que outro ou outros detenham-se nas reflexões e encaminhamentos necessários.

Outros fatores importantes para a manutenção de um lar equilibrado e harmônico: mantermos no lar conversas de bom senso. Afastarmos a ocorrência de assuntos desagradáveis que poderão promover discórdias, arrefecendo ações desenvolvidas para a manutenção do equilíbrio.

Não nos esqueçamos de manifestar o nosso carinho a cada momento. Nunca será perda de tempo um abraço, oferecer um ombro amigo para ouvir e atenuar as dores do outro.

Buscar conhecer as atribuições e as tribulações daqueles com quem partilhamos nossa casa, nosso tempo. Ações como essas promovem maior e mais saudável conexão com nossos companheiros de jornada.

Não nos deixemos envolver pela pressa muitas vezes descabida. Um minuto ou dois a mais junto com os que amamos não fará nenhuma revolução no desenrolar de nosso dia de tarefas e obrigações.

Voltando ao assunto do início destas reflexões…

As dores ainda não cicatrizadas deixam marcas tão profundas que nos podem cegar e insensibilizar no convívio com outras pessoas.

Chegaremos até mesmo a culpar aquelas que estão ao nosso lado, por não conseguirmos perceber que estamos vivendo um outro momento, por vezes com outras pessoas que nada têm a ver com as experiências passadas.

Se as pessoas envolvidas são as mesmas… Poderão ter o mesmo nome, serem a mesma personalidade. No entanto, já cresceram espiritualmente, buscaram sua reforma de comportamento e pensar. Nós é que ainda não mudamos e continuamos a culpá-las por algo que creditamos a elas, como também a responsabilidade pelos dissabores que ainda calam em nossa Alma.

Quando nosso Ser estiver em desequilíbrio, respiremos fundo e reflitamos: qual a razão da minha angústia; o que ainda falta para que eu promova a minha transformação? Procuremos a compreensão sobre nós mesmos, antes de buscar no outro as razões dos nossos transtornos emocionais.

É o autoconhecimento que oportuniza essas reflexões e nos auxiliam a encontrar soluções. Mais do que isso, as mais adequadas a cada momento de nossas vidas.

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