Posted por em 29 jan 2016

Estudo oferecido no Grupo Fraternidade – SGAS 909 -, em 31 de janeiro de 2016, reunião às 18:30

Áudio da palestra (mp3) – Nos Dons do Cristo

Separador-Evange

“Mas a cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo.” Efésios 4:7

Convidada a falar sobre a mensagem de Emmanuel “Nos dons do Cristo” (1), fiquei a refletir sobre a abordagem.. Primeiro por querer entender o que poderíamos interpretar como sendo os “dons do Cristo” e, a partir de então, como tecer considerações que pudessem fazer-nos alcançar o objetivo almejado.

O contexto da referência de Emmanuel:

“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz.

Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos.

Mas a cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo.” Efésios 4:1 a 7

A partir deste texto, podemos perceber que a rogativa de Paulo aos Efésios está, de forma explícita, fundamentada na busca pelo entendimento, em primeiro lugar, de qual seja a vocação dos seguidores do Evangelho – “(…) que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados (…)”. Para que soubessem qual a vocação, certamente precisariam conhecer-se, como também ao caminho que lhes fora ensinado.

Para nós espíritas seria como dizer: busquem o autoconhecimento e a compreensão sobre qual a missão com que teriam se comprometido quando do preparo para a reencarnação.

É fato que não podemos alcançar, com exatidão, quais compromissos assumimos ao reencarnarmos. No entanto, podemos ter indicações sobre o nosso caminhar desejado quando observamos os dons que nos foram disponibilizados para a jornada terrena; estudamos, com dedicação, os ensinamentos do Mestre; identificamos as portas que se abrem para o estudo e para o trabalho; ficamos atentos, com empenho, a estes detalhes e qual caminhar estariam apontando para nós.

Esse estágio está mais compatível com os que já têm alguma noção do que a vida lhes mostra como comportamento desejado e necessário. Mesmo assim, nem todos os que estão nesse patamar de busca pela evolução apresentam disposição para o trabalho e o estudo na seara do Cristo. Mas, com certeza, já sabem o que têm pela frente, como também que precisam buscar o comprometimento nesse caminhar. O que fazem é adiar, tão-somente. Inevitável, não obstante, será o abraçar sua missão algum dia.

Alerta-nos Emmanuel que, após vinte séculos em contato com o Cristianismo e ensinamentos de Jesus, já podemos nos considerar consciências esclarecidas pela razão. Esta afirmativa é profunda e intensa. Caso façamos uma análise sobre nossas vidas, nossas atitudes, tendo como referência o que já alcançamos de conhecimento, comparado com o que efetivamente estamos comprometidos, é provável que encontremos uma expressiva lacuna, um vazio a ser preenchido.

Ainda há uma “luta” interior entre o nosso eu material e o Eu espiritual. Entre o nosso Ego e o nosso verdadeiro Eu, o Espírito.

Mantemos cristalizados em nós alguns vícios e valores, egoísmo e vaidade, que não nos permitem buscar a luz que brilha à nossa frente. Esta está embaciada pelos valores terrenos ainda tão especiais para muitos de nós.

Ao longo de várias experiências em vidas pregressas, novos aprendizados, busca por novos olhares para os valores da vida, vamos agregando ao nosso Eu qualidades e valores imprescindíveis à nossa evolução espiritual.

Diz-nos Emmanuel, ainda, que essas qualidades sublimes são, na realidade, os dons de Jesus, expressando-se incipientes, reduzidos, regulares ou até mesmo expressivos, dependendo das condições em que nos encontramos espiritualmente.

À medida que plasmamos virtudes em nosso Ser, despertamo-nos para uma verdade singela, mas nem sempre clara a nós. A partir de então, disponibilizamos a nós mesmos a oportunidade de nos preenchermos, ainda que aos poucos, com a graça divina, e deixamo-la crescer dentro de nós.

A rogativa de Paulo, na Carta aos Efésios, é como um chamamento para nós. Procuremos criar em nós solo fértil em nossos corações para que as “sementes” oferecidas pelo Cristo venham a germinar e produzir frutos da nossa boa-vontade distribuída ao nosso redor, em forma de graças.

Importante ressaltar que grandes mudanças não ocorrem de forma instantânea. Faz-se necessário o auto-aperfeiçoamento e este só ocorre com o esforço disciplinado e constante.

O andar nos dons do Cristo remete ao entendimento de que precisamos aprender com o Mestre do Amor e da Renúncia.

À medida que aprendemos, focados nos dons do Cristo, e nos aperfeiçoamos, disponibilizamos nosso Ser, o Eu espiritual, a ser ocupado e enriquecido pela Graça Divina.

Elda Evelina Vieira – do livro Evangelho é Amor II, Reflexões Evangélicas, Bookess Editora

Separador-Evange

Podemos tomar como referência, para nossas reflexões sobre como encontrarmos nosso caminho de elevação espiritual, aproximando-nos daquele Ser que o Cristo espera de nós, podemos citar as Bem-aventuranças.

Bem-aventuranças – Mateus 5:3 a 11

“Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos, e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:

Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.

Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.

Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.

Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.

Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.

Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.”

Reflexões (2)

Bem-aventurados os humildes de espírito – Sermos humildes de espírito é reconhecermos que ainda muito temos a aprender; que não somos sábios, não detemos a verdade e temos muito a crescer. Dispomo-nos a buscar o progresso espiritual.

Bem-aventurados os que choram – Aqueles que choram por arrependimento sincero, diante do erro cometido. Não só com relação a si, ao próximo, como também com relação a Deus.

Reconhecem o seu erro, têm o coração sofrido. Choram por terem errado, mas não se mantêm na dor do erro e do arrependimento. Buscam o crescimento, a evolução, o aprendizado, novos caminhos. Buscam a sua reforma íntima. Empenham-se na correção do seu erro.

Bem-aventurados os mansos – Precisamos ser fortes, ser confiantes para conseguirmos ser mansos, pacíficos. Quando não somos mansos, nós demonstramos a nossa fraqueza espiritual.

Sentindo-nos prejudicados pela atitude de alguém, não reagimos de forma agressiva. Sermos tolerantes, no sentido de sermos compassivos com essa pessoa. Não concordarmos com o que ela fez, mas reconhecermos que ela ainda tem muito a caminhar, precisando de uma mão amiga, da nossa tolerância, da nossa compaixão.

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça – A expressão “sede de justiça” remete-nos ao sentimento de o quanto queremos que as coisas sejam corretas, o quanto gostaríamos que o mundo funcionasse melhor. O quanto gostaríamos de que existisse mais paz no mundo, que a humanidade fosse mais consoladora e compassiva.

Se temos sede de justiça nesse sentido, vamos tentar ser pessoas que levam essa mensagem, que buscam transmitir isso às outras pessoas.

Agindo assim, seremos fartos. Fartos pela satisfação em exercitarmos o bem e estarmos tentando fazer com que isto ocorra à nossa volta. Mas é importante que esse processo seja de forma mansa, sem imposições nem agressividade.

Bem-aventurados os misericordiosos – Ter compaixão, ou ser misericordioso, é sentir: eu estou em você e você está em mim; eu sinto o que você sente e você sente o que eu sinto. Perceber, com um simples olhar, quando o outro está triste ou alegre. Quando eu sinto uma dor não é só eu quem a sente, sentem todos os que estão conectados pelo sentimento da compaixão. Sentem a mesma emoção, têm a mesma percepção.

Bem-aventurados os limpos de coração – Limpos de coração, de coração puro. Aquele que reconhece o seu erro, reconhece os seus limites. Acolhe qualquer aprendizado, qualquer ensinamento, de coração aberto.

Bem-aventurados os pacificadores – Anteriormente falamos sobre a mansidão. O pacificador está além do manso, pois, pacificador além de ter a paz interior, ele procura promover a paz.

Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça – Quando buscamos um caminho novo, nesse caso um caminhar com Cristo, poderemos não ser exatamente perseguidos mas, de certa forma, poderemos ser marginalizados, segregados, ou mesmo apenas observados como diferentes.

Bem-aventurados somos porque, apesar de as pessoas à nossa volta não nos acolher como seus parceiros de jornada, em razão de estarmos mudando, permanecemos no nosso caminhar em busca da nossa evolução.

(1) Fonte Viva, Capítulo 25, Emmanuel, por Chico Xavier

(2) Livro Reflexões Evangélicas, Elda Evelina, Bookess Editora

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