Posted por em 15 fev 2015

Decors-Evangelho-10

Palestra oferecida no Centro Espírita Casa do Caminho, no Guara II,  dia 19 de fevereiro de 2015

Audio (mp3) Parábola do Joio e o trigo

“Deixai crescer ambos juntos até à ceifa e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros:

Colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar.” – Jesus. (MATEUS, 13:30.)

“Quando Jesus recomendou o crescimento simultâneo do joio e do trigo, não quis senão demonstrar a sublime tolerância celeste, no quadro das experiências da vida.” (Emmanuel)(1)

Podemos identificar em todas as situações da existência planetária que há uma diversidade muito grande de culturas, costumes, expressões religiosas, atividades artísticas, aspectos morais e éticos, enfim, convivência de seres em seus mais diferentes níveis de conhecimento e evolução.

Por vezes deparamo-nos com comportamentos que nos incomodam e pensamos no quanto ainda temos a aprender e evoluir espiritualmente.

Referindo-nos a circunstâncias que se apresentam rotineiramente no mundo, os escândalos, por exemplo, Jesus nos disse em certo momento: “Ai do mundo por causa dos escândalos, porque é necessário que venham escândalos, mas ai do homem por quem o escândalo venha.” Podemos fazer algumas reflexões a respeito:

“Buscando a essência das palavras de Jesus, qual seria a importância do escândalo para o nosso crescimento, nossa evolução espiritual?

É importante que nós estejamos atentos a qualquer ocorrência à nossa volta, pois essas situações são sempre oportunidades de aprendizado e reflexão. Quando algo nos incomoda precisamos observar e apreender o porquê da nossa reação e verificar em que esse momento pode nos ajudar a observar melhor a nós mesmos, nossos valores e prioridades.

As situações de escândalo nos fazem perceber, de forma real, o mundo em que vivemos. Muitas vezes nós criamos um mundo de fantasias para fugirmos de uma realidade que nos incomoda e, quando isso acontece, tudo passa a ser utópico e perdemos contato com a essência existencial do mundo à nossa volta, se não no todo pelo menos em parte. (…)

Um outro aspecto que merece a nossa reflexão é o de que só quando alguém expõe a sua verdadeira essência é que passa a ser objeto de observação e corrigenda. Isso é mais uma faceta positiva do escândalo, pois nesse momento há como aplicar-se a lei e a justiça para proporcionar um novo caminho para aqueles que possam ter sido prejudicados pelo escândalo; bem como para o motivador, pois terá a sua oportunidade de autocrítica e análise e refazer a sua jornada com novos princípios e valores. Essa mudança quase nunca ocorre em uma só existência, mas a experiência já será um começo nesse processo de aprendizado e reformulação.

Assim, podemos perceber a verdade inserida nas palavras do Mestre. O escândalo pode tornar-se um mal necessário e até mesmo motivador de crescimento e evolução, tanto para aquele que foi objeto do escândalo, como para outros que foram simples observadores; também o daquele que foi motivador do escândalo.

Em qualquer dessas circunstâncias, necessário de faz que cada um dos participantes desse processo reflita e compreenda ser uma maravilhosa oportunidade de aprendizado, reformadora dos valores éticos, morais e espirituais.” (2)

“O Mestre nunca subtraiu as oportunidades de crescimento e santificação do homem e, nesse sentido, o próprio mal, oriundo das paixões menos dignas, é pacientemente examinado por seu infinito amor, sem ser destruído de pronto.

Importa considerar, portanto, que o joio não cresce por relaxamento do Lavrador Divino, mas sim porque o otimismo do Celeste Semeador nunca perde a esperança na vitória final do bem.” (Emmanuel)(1)

Importante lembrar o que o Mestre nos disse: ‘Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.’ (Mateus 5:48), como também disse: “…ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mateus 28:20)

O amor e a misericórdia do Pai, e envolvidos pela energia do Cristo, há em nossos caminhos a esperança de alcançarmos a condição de espíritos puros quando compreendermos os ensinamentos do Mestre, despertarmos em nós a plena consciência das Leis de Deus. Lembremo-nos do que nos diz a questão 621 de o Livro dos Espíritos:

  1. Onde está escrita a lei de Deus?

           “Na consciência.”       

           a) Visto que o homem traz em sua consciência a lei de Deus, que necessidade havia de lhe ser ela revelada?

                 “Ele a esquecera e desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada.”

“O campo do Cristo é região de atividade incessante e intensa. Tarefas espantosas mobilizam falanges heróicas; contudo, apesar da dedicação e da vigilância dos trabalhadores, o joio surge, ameaçando o serviço.

Jesus, porém, manda aplicar processos defensivos com base na iluminação e na misericórdia. O tempo e a bênção do Senhor agem devagarinho e os propósitos inferiores se transubstanciam.

O homem comum ainda não dispõe de visão adequada para identificar a obra renovadora. Muitas plantas espinhosas ou estéreis são modificadas em sua natureza essencial pelos filtros amorosos do Administrador da Seara, que usa afeições novas, situações diferentes, estímulos inesperados ou responsabilidades ternas que falem ao coração; entretanto, se chega a época da ceifa, depois do tempo de expectativa e observação, faz-se então necessária a eliminação do joio em molhos.” (Emmanuel)(1)

Quanto às atividades do Cristo lembremo-nos das palavras de Jesus em João 5:17: Mas Jesus lhes respondeu: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.”

O trabalho do Senhor é incessante. Sua misericórdia e o seu amor são plenos. Somos constantemente estimulados e impulsionados ao processo evolutivo.

Nossa fragilidade, inquietação e limitações são sempre objeto da compreensão, tolerância e compaixão do Mestre e de nossos companheiros do Plano Espiritual, quem nos auxiliam, intuem e impulsionam para melhor realizar nossas tarefas e cumprir nossos compromissos de há muito assumidos diante do Senhor.

A jornada terrena é uma experiência repleta de desafios que nos exigem esforços e buscas de soluções. À medida que vencemos alguns obstáculos e encontramos formas de prosseguirmos, defrontamo-nos com novas experiências que promovem em nosso caminhar novos aprendizados e oportunidades de despertamos para novos e muitas vezes surpreendes horizontes.

Esse experienciar da vida exige, no mais das vezes, sacrifício, renúncia e intensa dedicação.

São convites ao aprendizado, ao exercício das lições, ao conhecimento e ao autoconhecimento. Se dispomo-nos a esse exercício e empenhamo-nos no processo evolutivo.

Ao nos encontrarmos amadurecidos nesse processo, perceberemos que todo esse movimento que envolve obstáculos, dificuldades e por vezes dores (físicas ou emocionais) nada mais é do que a dinâmica da vida repleta de oportunidades de novos caminhos no caminhar evolutivo, enriquecendo-nos no despertamento da luz que existe em cada um de nós.

Caso contrário, não percebendo a riqueza que existe em cada uma dessas experiências, encontrar-nos-emos em um desenrolar de experiências desarmoniosas que por certo nos levarão a dificultar o desenrolar do nosso processo de evolução espiritual.

Faz-se necessário o despertar para o autoconhecimento e o caminhar objetivando a maturidade espiritual, para que nosso caminhar seja leve como nos disse Jesus:

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.

Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.” (Mateus 11:28-30)

O nosso compromisso perante a vida, é o de construir-se interiormente. O autoconhecimento e a reforma íntima. Sabemos que não é uma tarefa de fácil realização, mas também não é de impossível cometimento. Precisamos buscar nossa meta como espíritos em processo evolutivo – autovalorização e o aperfeiçoamento interior.

“A colheita não é igual para todas as sementes da terra. Cada espécie tem o seu dia, a sua estação.

Eis por que, aparecendo o tempo justo, de cada homem e de cada coletividade exige-se a extinção do joio, quando os processos transformadores de Jesus foram recebidos em vão. Nesse instante, vemos a individualidade ou o povo a se agitarem através de aflições e hecatombes diversas, em gritos de alarme e socorro, como se estivessem nas sombras de naufrágio inexorável. No entanto, verifica-se apenas a destruição de nossas aquisições ruinosas ou inúteis. E, em vista do joio ser atado, aos molhos, uma dor nunca vem sozinha.” (Emmanuel)(1)

Como afirma Emmanuel, para a colheita correta deve-se sempre respeitar o momento de cada semente.

Sabemos que algumas espécies de plantas medicinais, para que alcancemos de forma mais plena possível a finalidade a que nos propomos – produção do medicamento com a erva escolhida – devemos respeitar o seu momento de maturidade, a melhor forma da colheita, até mesmo se devemos colhê-la ao sol, ou no meio da noite. Se não observamos as especificidades de cada uma delas não conseguiremos alcançar nosso intento e a erva não será de valia na sua aplicação.

Assim ocorre também com a colheita na seara do Senhor. Precisamos alcançar nossa maturidade espiritual para que despontemos no campo e possamos ser identificados como plantas já em condições de cumprir a nossa missão.

Em não sendo assim, precisamos ainda passar por novos processos de depuração, aprendizado, conscientização e transformação no campo junto com outras sementes, onde compartilharemos o que já conseguimos apreender dos ensinamentos, bem como aprender com outros irmãos, companheiros de jornada, em um processo de acolhimento e doação constantes.

Aquele que alcançou o conhecimento, alavancado pelo auxílio de companheiros do plano superior da vida e de tantos espíritos de elevação moral que nos proporcionam, com seus estudos, reflexões que nos acrescem espiritual e moralmente, tem por compromisso partilhar também suas aquisições intelectuais, morais e éticas. É a dinâmica do auxiliar e ser auxiliado.

O nosso equilíbrio físico, emocional e espiritual só será alcançado quando nos propusermos a ser úteis de forma prazerosa, no trabalhar a benefício dos companheiros de jornada, aperfeiçoando caminhos e promovendo, dentro de seus limites, o progresso planetário.

  1. Do livro “Vinha de Luz”, capítulo 107 “Joio”, Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier
  2. Do livro “Reflexões Evangélicas”, da própria autora, Bookess Editora

 

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