Posted por em 24 jan 2015

Decors-Evangelho-extra

Tema levado para estudo na FEB, em 26 de janeiro de 2015.

Perdão – O sacrifício mais agradável a Deus.

O tema perdão é muito rico, proporciona várias reflexões.

Construir um estudo a respeito do perdão exige de nós reflexões profundas sobre o ressentimento, a mágoa, sobre os nossos sentimentos com relação às atitudes do companheiro de jornada e até mesmo dos sentimentos destes a respeito do nosso comportamento.

Começando nossa reflexão a partir dos nossos sentimentos, podemos nos perguntar: Por que razão ressentimo-nos com outras pessoas a partir de alguma atitude delas para conosco? Ou mesmo para com alguém que nos é caro?

Há várias formas de olharmos para esta questão.

As atitudes daquela pessoa não correspondem às nossas expectativas? Será porque criamos uma imagem de como deveria ela se comportar e nos vemos frustrados?

Boa parte das vezes é assim que acontece.

Ainda estamos em um patamar evolutivo em que é importante para nós sermos reconhecidos, valorizados. Termos nossa opinião prevalecendo sobre a opinião alheia. Sentimo-nos mais importantes do que as pessoas com quem vivemos, ainda que sejam especiais para nós.

É o nosso orgulho que fala mais alto do que a nossa consciência a nos dizer a todo o tempo: precisamos amar o próximo, respeitar nossos companheiros de jornada, respeitar o ambiente que nos cerca.

A vaidade e o orgulho ainda se expressam com muita intensidade em nós.

No entanto, a percepção dessa realidade não nos pode desequilibrar emocionalmente. Ao tempo que tenhamos consciência dessa particularidade do nosso perfil psicológico, precisamos também apaziguar nossas emoções com a consciência de ainda não sermos perfeitos e nos trabalharmos no sentido de acalmar a nossa Alma.

Como faríamos isso? Como alcançar essa condição de equilíbrio e harmonia interior sabendo-nos ainda envolvidos pela energia do orgulho e da vaidade?

Primeiro precisamos buscar o conhecimento sobre nós mesmos. Há uma frase no Templo de Apolo em Delphos que vale sempre lembrar: Conhece-te a ti mesmo.

É com a proposta e a atitude de buscar o se conhecer que poderemos encontrar em nós as características da nossa personalidade que devem ser reavaliadas e transformadas.

A partir desse momento, olhar para cada uma dessas características não com a emoção de culpa ou de negação, mas com a percepção de que elas fazem parte de nós mesmos e de que somos capazes de promover nossa mudança interior. É a atitude de quem está disposto a amar a si mesmo, de acolher em seu coração tanto as suas virtudes como seus enganos e defeitos. O amor tem o poder transformador de que precisamos para impulsionar a nossa evolução espiritual.

Um grande Mestre, há pouco mais de dois mil anos, nos disse: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32)

Ao buscar o autoconhecimento e trabalharmos as nossas emoções a partir do que encontrarmos em nosso íntimo, de mente aberta e sem sentimento de culpa, tão-somente com a vontade de se encontrar e se transformar, estaremos expressando por nós o verdadeiro sentimento do amor.

E como poderemos proceder a essa transformação a partir desse momento? Porque a simples conscientização não é por si só transformadora. Há a necessidade de ações que promovam a nossa reforma pouco a pouco. Como se costuma dizer… não há saltos quânticos na nossa evolução.

Faz-se necessário colocar essa descoberta do amor em ação.

Li certa vez sobre a experiência de uma pessoa que, na busca pelo encontro com seu íntimo, em processo meditativo, começou a perceber seus “inimigos” interiores. Características de sua personalidade que lhe vinham trazendo dificuldades no seu caminho de evolução espiritual. Aqueles desvios de comportamento, pequenos ou até mesmo grandes defeitos morais. E tomou consciência de que deveria acolher cada um deles em seu coração, expressando seu amor.

A cada atitude de acolhimento amoroso que promovia, diante de cada “inimigo” que encontrava, foi percebendo uma mobilização interior em direção à libertação da sua Alma. O amor se fazia instrumento de transformação alquímica. Era o amor perdoando tudo o que, em sua Alma, estivera impedindo a sua evolução moral e espiritual.

No entanto, para que consigamos fazer esse contato profundo com nós mesmos precisamos buscar o silêncio interior para que o nosso interior possa se expressar com intensidade e de forma verdadeira.

Importante ressaltar que, mesmo quando demonstramos determinação em promover essa mudança em nós, haverá momentos em que ainda venhamos a fraquejar.

É o processo de transformação que ainda se faz em nós.

Poderão ser, provavelmente, algumas particularidades da nossa personalidade que ainda não alcançaram a transformação almejada, ou mesmo outras que não tenhamos conseguido identificar no procedimento anterior de busca pela autotransformação.

Nosso ego (orgulho e vaidade) muitas vezes camufla nossos “inimigos” interiores não nos permitindo identificá-los de pronto.

Precisamos nos lembrar de buscar o silêncio que apazigua nossa alma e afasta o nosso ego, deixando-nos mais fortalecidos e disponibilizados ao autoconhecimento e ao encontro com o que há de melhor em nós – o amor e o autoperdão.

Esse processo requer uma atitude firme e constante.

Ao percebermos um impulso em nós que demonstre o desabrochar de algum daqueles “inimigos” interiores, é o momento de parar, avaliar nossos sentimentos e tentar acolhê-lo em nosso coração buscando a alquimia do amor.

É um processo dinâmico incessante.

O não despertar para a necessidade de processo de autoconhecimento e autotransformação proporciona em nós um sofrimento, muitas vezes nem o percebemos conscientemente. Fica escondido, camuflado pelo burburinho que não nos permite silenciar a nossa Alma. Até mesmo como um processo de autodefesa, instinto de autopreservação. Não queremos ver o que nos incomoda.

No entanto, esse comportamento só faz agravar nossa perturbação interior. Precisamos trazer à superfície o nosso “lixo” mental para então promover a reciclagem desse conteúdo. É preciso proceder à transformação. Mais uma vez lembrando que é a alquimia do amor em ação – autoperdão.

A disposição, determinação e perseverança na dinâmica desse processo abre em nós uma nova perspectiva para a vida.

Não será tão-somente a nossa própria transformação com relação a nós mesmos, estaremos também abertos a algo ainda mais grandioso no nosso processo em direção à evolução espiritual, despertamento para o encontro com o poder do perdão dirigido ao nosso próximo.

O amor desenvolvido em nós, no acolhimento do nosso eu em nossos corações, passará a acolher também aqueles com quem partilhamos nosso momento na eternidade, indistintamente.

A partir de então, estaremos cumprindo o segundo grande mandamento: Amar ao próximo como a nós mesmos.

A paz, a luz e o amor estejam sempre em nós.

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Aprender, transformar-se e amar

Elda Evelina Vieira

Onde está, companheiro?

Estivemos juntos em passado remoto,

Vivenciamos experiências

Por vezes difíceis.

Incompreensão, desamor, injustiças,

Paixões desmedidas.

Não sei qual a nossa ligação!

Por certo estamos ligados,

Conectados por sentimentos,

Emoções nem sempre nobres,

Por vezes até inconfessáveis!

É até constrangedor reconhecer

E confessar a nós mesmos.

Quero dizer a você, companheiro,

Que tenho tentado me conhecer,

Buscar no recôndito da minh’Alma,

Meus erros, meus deslizes,

Dos mais variados matizes.

Preciso encontrá-los,

Reconhecê-los,

Mais do que simplesmente isso,

Preciso resgatá-los!

Para tanto, meu primeiro passo

Está no me transformar, de certo.

Sei que me acompanha,

Olha para mim com os olhos espirituais,

Talvez com rancor, com mágoa,

Ódio até, talvez.

Nem sei o que lhe fiz,

Mas algo existe no seu Ser,

Marcado pela minha insensatez.

Volto a dizer, meu amigo,

Que busco me encontrar.

E no me encontrar,

O me transformar.

Quem sabe você,

Ao ver o meu novo ser,

Poderá perceber meu novo caminhar,

E nesse novo caminhar

Encontrar a minha busca

De aprender a amar?

Quem sabe, meu amigo,

Companheiro de vidas idas,

Venha até mesmo conseguir

Se descobrir como alguém

Capaz de também se encontrar

Ao me ver em novo proceder?

E podermos juntos, então,

Olhar um para o outro,

Abrindo novos sentimentos,

Emoções tocando o nosso novo Ser

Emoções de arrepender,

Do aprender e do se encontrar.

E nos abraçarmos,

Ainda que seja em sonhos

Ou em percepções sutis.

Um dia, quem sabe?

Poderemos nos encontrar em corpo,

E nos reconhecermos,

Não como desafetos,

Mas como grandes amigos

Que aprenderam a se amar.

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