Posted por em 21 jan 2015

Decors-Evangelho-02

Estudo oferecido no Centro Espírita Luiz Antônio em 20 de janeiro de 2015

Audio da palestra (mp3) – A vida e a morte

O que se entende como morte do corpo físico é a extinção de suas funções vitais. É uma definição óbvia. Com o envelhecimento ou deteriorização do corpo, este fica frágil, mesmo quando jovens e acometidos de uma determinada doença. Isto é fácil de compreender.

O que poderíamos falar a respeito deste tema que nos pudesse enriquecer, acrescentar informações para uma reflexão mais profunda.

Lembro-me de um texto que publiquei, neste mesmo livro, que tem como título Somos seres imortais, que tem um pouco a ver com o tema sob reflexão neste momento.

Foi abordada a questão do corpo como complexo orgânico, mais objetivamente seu envelhecimento ou perda de algumas de suas funções cognitivas ou mesmo físicas. Nesse estudo a que me refiro foi contemplado um elenco de variáveis dentro desse contexto.

O que poderia ser acrescido ao que já havia sido estudado que pudesse enriquecer nossa reflexão sobre tema que tanto influencia a muitos de nós?

No texto acima referido encontramos:

“Somos Seres imortais, nossa verdadeira identidade, neste Universo multidimensional, é o Espírito que dá vida ao nosso corpo e, através dele, assume uma personalidade com valores, compromissos, responsabilidades éticas, particularidades bem específicas, bem como características físicas que nos identificam junto a outros espíritos também vivenciando experiências únicas, com compromissos e responsabilidades que dizem respeito ao processo evolutivo de cada um.

Enquanto neste corpo com que nos identificamos por alguns anos, passamos por vários processos de experiências, aprendizados, conhecimento que nos alavancam na jornada evolutiva, por vezes no sentido que nos oportuniza progresso espiritual, em outros momentos não nos permitimos evoluir e estacionamos, postergando nossa ascensão espiritual, o que nos leva a ter de repetir experiências até que consigamos encontrar o nosso verdadeiro caminho em direção ao que o Mestre nos convida: “Sede perfeitos como perfeito é nosso Pai celestial.” Bem como nos aconselha Paulo em II Coríntios 13:11: “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco.””

Creio que é muito importante abordarmos, além da questão do evoluir de nossas condições físicas – motoras, intelectuais e cognitivas -, o como desenvolvemos o nosso viver enquanto acolhidos pelo corpo físico que nos oportuniza a experiência e o aprendizado. Enfim, esse período a que damos o nome de vida.

Porque, na realidade, a forma como nos mantemos nesse período como encarnados é que nos vai remeter a que tipo de morte, ou vida após o desencarne, nós iremos experienciar.

Creio, então, que seria bom refletirmos sobre o que nos ocorre entre o período em que estivemos na condição de espírito, depois como alma (espírito encarnado), e o preparo para um novo desencarne, quando teremos nova experiência como espírito, sem o invólucro do corpo físico.

Preparando este estudo lembrei-me de outra reflexão a respeito do envelhecimento, que consta do livro “Reflexões Evangélicas”, sob o título Envelhecer com sabedoria, que aborda o tema sob a ótica de como deveremos procurar viver.

Quando jovens nós conduzimos nossa jornada com a confiança de que tudo está certo, temos muita energia e cremos poder fazer qualquer coisa e tudo ficará bem. Não alcançamos uma verdade muito simples, vamos envelhecer e teremos que enfrentar várias situações, fragilidades, limitações físicas, emocionais e intelectuais.

E o envelhecer com sabedoria é uma abordagem muito interessante sobre esse período. É quando o corpo está, muitas vezes, declinando em seu vigor.

O que seria envelhecer com sabedoria? Não podemos só contemplar um período em que já estejamos perdendo esse vigor físico e intelectual, precisamos pensar sobre este assunto desde mais cedo, porque é um preparo para esta fase a que estamos fazendo referência. Para que esses momentos mais à frente não nos surpreenda desprevenidos.

Muitas pessoas não conseguem administrar o chegar aos quarenta, outras até mesmo antes, aos trinta. Chegam a sentirem-se desajustadas e emocionalmente perturbadas com a chegada dos anos, como se essa condição não tivesse sido levada em conta. Não se prepararam para o inevitável.

Há uma constatação importante que devemos ter em mente… ou nós envelhecemos, ou nós partimos jovens para o plano espiritual. Não há outra opção. Percebem?

O envelhecer com sabedoria, então, é nós percebermos ser um momento que nos vai chegar, a não ser que deixemos o corpo físico antes do envelhecimento.

A primeira coisa de que devemos nos conscientizar é: não é ruim envelhecer. Envelhecer é o resultado de ainda estarmos aqui, vivenciando uma fase de aprendizado, de convivência com os nossos queridos, com nossos familiares.

Precisamos aprender a gostar de estarmos envelhecendo. Quem não gostaria de continuar a viver em corpo por mais tempo e poder usufruir dessa convivência com familiares ou pessoas queridas? Precisamos olhar o envelhecer de forma positiva.

Como alcançarmos a velhice, ter mais sabedoria, como alguns se referem a esta fase como forma de amenizar eventual emoção negativa com relação ao ganho de anos nessa jornada? Como chegar a esse momento de uma forma tranquila, emocionalmente bem? Ou sábia, no sentido exato da palavra.

Nós temos que buscar o nosso autoconhecimento, algo de que a doutrina nos fala muito.

Sempre ouvimos esta chamada: precisamos nos autoconhecer. Precisamos saber o que somos, quem somos, qual o nosso perfil. Esse perfil corresponde a um caminho que Jesus mostra em seus ensinamentos? Será que estamos agindo corretamente? É vivenciar cada cometimento de erro não com assunção de culpa, mas como um momento muito importante de perceber em que precisamos nos melhorar. É um momento de sabedoria da nossa parte. E nós só conseguiremos alcançar esse momento, perceber essa realidade, se estivermos com o olhar mais tranquilo com relação a nós mesmos. Sem sentimento de culpa, sem medos, sem mágoas, sem ressentimentos até por nós mesmos.

Quando falamos que precisamos amar o nosso próximo como a nós mesmos, muitas vezes não nos amamos! Queremos procurar amar o próximo, mas ainda não conseguimos nos amar de uma forma mais sábia – o amarmo-nos de forma plena ainda não está nas nossas possibilidades, infelizmente. Percebermo-nos como seres frágeis, seres que cometem erros. Caso fôssemos perfeitos não estaríamos vivenciando nossa experiência nesta vida aqui na Terra. Temos que nos reconhecermos como seres falíveis, mas sem sentimento de culpa.

Nosso olhar deveria ser como de alguém que se percebe em condições de buscar um caminho melhor.

Se olhamos para nós como seres perfeitos, não procuraremos nos melhorar, pois já nos acharemos em condição de saber sobre tudo e não precisaríamos rever atitudes, agregar conhecimentos, enfim, nos reformarmos espiritualmente.

Só vamos buscar um caminho de reforma íntima, de revisão de valores, sentimentos e comportamentos, se identificarmos a nós como seres que erram e precisam mudar.

É o se autoconhecer.

Em um dos livros de Madre Teresa de Ávila encontrei uma reflexão interessante que dizia algo assim: Deus criou a todos nós à sua imagem e semelhança. Muitas vezes sentimos dificuldade em saber quem é Deus. Se Deus nos criou à sua imagem e semelhança, nós só conheceremos Deus no dia em que nós nos conhecermos. Enquanto nós não nos conhecemos (que somos à imagem d’Ele), como poderemos conhecer Deus? (releitura do que consta do livro Moradas do Castelo Interior)

Esta reflexão remete-nos a algo que a própria doutrina espírita nos coloca, precisamos nos conhecer, mudar os nossos conceitos e nos aproximarmos da perfeição que Jesus espera de nós. O Mestre convidou-nos: “Sede perfeitos como perfeito é nosso Pai celestial.” Bem como nos aconselha Paulo em II Coríntios 13:11: “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco.”

Precisamos nos conhecer melhor. A partir desse momento, nós seremos mais sábios, não só na velhice, mas em toda a vida. E o quanto mais cedo nós nos propusermos a esse autoconhecimento e autorreforma, mais cedo nós iremos alcançar essa perfeição. Poderá levar alguns mil anos, não importa, se não nos propusermos a isso poderemos levar muitos mil anos mais, provavelmente.

Caso tenhamos o propósito a esse autoconhecimento e reforma íntima quando jovens, vivenciaremos o envelhecimento de forma mais tranquila e mais sábia realmente.

A busca deve ser mais ampla, não só do autoconhecimento, mas também do aprendizado. Qual é a nossa referência para evolução espiritual? A mensagem do Cristo. Ele esteve conosco, como Jesus, companheiro de jornada terrena, para nos ensinar como chegar a uma condição espiritual melhor. Seus ensinamentos estão fundamentados no próprio exemplo que Ele nos deu. O que mais marcou a Sua presença conosco foi o seu modo de agir, sempre coerente com os ensinamentos que buscou nos repassar.

Precisamos objetivar o conhecimento das mais variadas formas e, essencialmente, sobre os ensinamentos do Mestre, como nos foi legado pelos Evangelistas e outros apóstolos com quem Ele viveu. Verdadeiros mensageiros da luz, aos quais devemos ser muito gratos.

Conhecer mais sobre os ensinamentos de Jesus vai nos proporcionar condições de fortalecer a nossa fé, mais confiança e convicção. Vai nos proporcionar uma percepção melhor do mundo em que estamos vivendo.

Assisti recentemente a um documentário “Janela da Alma”(1), que contempla reflexões de pessoas que perderam parcial ou totalmente a visão. Depoimentos de como eles percebiam o mundo. De um desses depoimentos eu faço a seguinte releitura: Nós não percebemos o mundo somente com nossos olhos. O que vemos com os olhos são normalmente percepções pontuais, o para quê estamos olhando. Nós enxergamos o mundo com os nossos olhos, com os nossos ouvidos, com o olfato, com o nosso conhecimento, com o que temos na memória, proporciona o emergir da informação guardada e que nos leva a perceber aquele momento de forma diferente, com os nossos condicionamentos e conceitos.

Quanto mais conhecimento, sentimentos e emoções temos, de forma mais ampla conseguiremos perceber o que nos ocorre, com mais detalhamento, com mais nuances, com mais profundidade.

Se nós refletirmos com mais carinho a respeito disso, quanto mais conhecimento tivermos, conquistado sob várias formas – leitura, percepções, busca pelo aprendizado -, quanto melhor nossas emoções, sentimentos, quanto mais rica a nossa memória, melhor enxergamos, percebemos melhor este mundo em que vivemos, com suas várias características, saudáveis ou não. Poderemos ter atitudes melhores em várias circunstâncias que se faça necessária uma decisão nossa.

Essas reflexões nos levam a ampliar a percepção a respeito do olhar que poderemos ter a respeito do próprio Evangelho. Compreender melhor o que está nos ensinamentos do Mestre passa pelo olhar sob várias fontes de percepções. Quanto mais conhecimento, memórias, sentimentos, melhor e mais aguçado torna-se nosso olhar para alcançar os significados dos ensinamentos em maior amplitude e profundidade.

Quanto mais buscamos o conhecer, quanto mais profundamente percebermos o que nos cerca, e a forma como agimos e interagimos com este contexto, melhores condições nós teremos de nos perceber e ver em que precisamos mudar.

E na medida em que vamos revigorando esse olhar, mudando a nós mesmos, e buscando interagir melhor com as pessoas e com as coisas que nos acontecem, mais evoluídos estaremos.

Mais informações vamos agregando, fazendo um upgrade em nossas vidas.

Devemos buscar essa reformulação, porque é assim que vamos conseguir cumprir esta jornada, como encarnados, de uma forma mais equilibrada e acrescentando mais sabedoria às nossas vidas, enriquecendo o nosso próprio modo de ser.

Envelhecer com sabedoria é valorizar o Eu Espírito e que estou aqui em um processo evolutivo. Esse processo evolutivo requer que eu tenhamos mais conhecimento, que cresçamos intelectual, moral e espiritualmente. Em fazendo isso passaremos por esse período de forma mais tranquila. Enfatizando, passaremos por essa fase de uma forma mais sábia. Estaremos melhor com o mundo e com as nossas fragilidades.

Por vezes poderemos ter algumas recaídas? Sim, é fato. Em momentos que tivermos alguma notícia mais dura, ou com relação a alguma doença, ou com alguma dificuldade, até mesmo familiar, teremos recaídas, somos frágeis ainda. Ainda estamos em processo de aprendizado, inclusive com relação a como agirmos. A cada experiência dessas vamos nos fortalecendo mais, se soubermos superar os problemas com fé e confiança.

Quando tivermos a percepção de que o término da nossa experiência na Terra está próximo, devemos vivenciar esta experiência também de forma tranquila e com alegria. As lamentações e o apego à vida ou às pessoas com quem estamos experienciando essa jornada, o ressentimento e a saudade virão a nos prejudicar nessa passagem.

Somos, na realidade, o somatório de nossas aquisições morais, e independe do processo orgânico.

A cada fase de nossa jornada adquirimos experiências que nos enriquecem, proporcionando novas conquistas a serem agregadas ao que já amealhamos nesse caminhar, em forma de bênçãos.

Procuremos não ficar acabrunhados por estarmos envelhecendo, sejamos gratos por isso.

Precisamos estar sempre ativos na busca por novos caminhos, novos conhecimentos, novos olhares. Não podemos nos acomodar. Ter sonhos e procurar realizar esses sonhos, de forma saudável.

Mesmo quando queremos algo que sabemos não poder realizar, devemos manter a nossa esperança, mantermo-nos vivos emocionalmente.

Precisamos viver de forma a que nosso corpo não fique enfermo precocemente.

Viver de maneira saudável não está no cuidar só do corpo, mas também no cuidar da mente, do nosso ser em plenitude. Estarmos bem com o Espírito que somos. Nós somos um Espírito que tem, como instrumento para experienciar esta etapa da vida, um corpo físico.

Precisamos cuidar com mais carinho do Espírito que somos, o nosso verdadeiro Eu. E cuidar do Espírito que somos é buscar os ensinamentos do Mestre, vivenciá-los da melhor forma que nos for possível, buscar o autoconhecimento, nossa reforma íntima e alcançarmos o momento da nossa passagem de forma tranquila e até mesmo alegre.

Espero que consigamos alcançar essa graça maravilhosa, eu me incluo nesse grupo de esperança.

 

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Canto de amor e de vida

Canto o meu canto

De amor pela vida,

Sigo por caminhos de voltas,

Sigo por caminhos de idas,

Observo variados sons,

Percebo ruídos de cores intensas

Como sou tocada por suaves matizes.

Há momentos de dor,

Como momentos de risos.

Por vezes os risos são de dores,

Por vezes as dores são sorrisos.

Dou voltas pelos contornos da vida,

Quebro linhas do horizonte

E deixo-me cair na imensidão.

Chego a lugares inimagináveis

Para onde só o sonho pode me levar.

Sonho com cores e sons,

Sons de cores

E cores de silêncio.

Silêncio que repercute em minh’alma

E me faz cantar.

Cantar melodias de amor,

Por vezes de dor,

Por vezes de risos.

Continuo por caminhos de voltas,

Sigo por caminhos de idas.

Ouço cores,

Observo sons,

De intensos momentos

Ou suaves matizes.

Vivo de amor, de dor e de sorrisos

A vida é o meu canto de amor

Meu caminho é de amor pela vida.

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