Posted por em 15 dez 2014

Decors-Evangelho-08Estudo oferecido na Federação Espírita Brasileira em 15 de dezembro de 2014 – Explanação do Evangelho

Jesus nos Evangelhos

– Jesus e o Pai eterno, em o Evangelho de João

Ao estudarmos as Escrituras Sagradas, tanto o que contêm o Velho e o Novo Testamentos, não podemos nos deter na literalidade dos textos. Precisamos buscar o ensinamento proporcionado pelas passagens que eles nos proporcionam sobre a história do povo judeu, seus conceitos, valores, até mesmo os significados de determinados símbolos ali mencionados, de acordo com sua linguagem, seus costumes e religiosidade predominante à época.

É assim que devemos conduzir nossos estudos para que possamos alcançar, tanto quanto nos for possível, o entendimento da essência do que nos é oferecido pelos evangelistas quando escrevem sobre a vida de Jesus, seus ensinamentos, suas parábolas, sua relação com as pessoas. Precisamos buscar o entendimento do que está subjacente na mensagem que ele nos oferece. Pois temos ali duas questões importantes a serem consideradas com relação ao que foi escrito: o conteúdo dos ensinamentos, propriamente dito, bem como a forma como cada um dos evangelistas utilizou para transmitir esses ensinamentos. Cada um deles com suas características próprias – conhecimento, maneira de se expressar, tipo de relacionamento que teve com o Mestre, e outras.

Aqui temos o Evangelho de João, considerado por alguns estudiosos, como discípulo amado, que acompanhou Jesus até o Calvário e a quem o Mestre ofereceu a missão e oportunidade de acolher Maria como sua mãe.

João também foi o único discípulo, dentre os doze, que teve uma vida longa e morreu de forma natural, pois todos os outros tiveram vida muito atribulada e morreram de forma trágica.

Isto nos remete a interpretar como sendo João um Espírito muito especial com uma missão diferenciada junto ao Mestre. Por isso, creio eu, a razão de buscarmos o estudo sobre Jesus através do olhar desse discípulo amado.

Importante começarmos pela questão 625 de o Livro dos Espíritos, para intensificar nossa conscientização sobre a importância desse Ser tão especial sobre o qual tentamos conhecer um pouco mais:

  1. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?

“Jesus.”

Tendo como base o Evangelho de João, cabe-nos o contido em João 5:16-47 e João 6:44-45. Acompanhemos o texto do Evangelho e façamos algumas reflexões a respeito das passagens selecionadas em grupos. (o contexto em que se dão os fatos está ao final) *

João 5: 16-18 – Cura dum paralítco de Betesda

Por isso os judeus perseguiram a Jesus, porque fazia estas coisas no sábado.

Mas Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.

Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.

Os judeus guardavam o sábado tendo como referência a passagem no livro do Gênesis onde está registrado que Deus criou a Terra em seis dias e no sétimo descansou. Acreditam que precisam descansar no sábado (sétimo dia), pois Deus assim o teria feito.

Sabemos que tudo está em pleno movimento e não há interrupção das ações divinas. Deus continua atuante em todos os acontecimentos.

Interessante refletirmos sobre o sentimento dos judeus quanto a Jesus não dever se chamar filho de Deus, como se isso lhe conferisse a condição de ser também Deus. Somos todos filhos de um mesmo Pai, Deus, somos todos irmãos.

João 5:19-21

Disse-lhes, pois, Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho de si mesmo nada pode fazer, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente.

Porque o Pai ama ao Filho, e mostra-lhe tudo o que ele mesmo faz; e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis.

Pois, assim como o Pai levanta os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quer.

As palavras de Jesus expressa com propriedade que ele esteve entre nós, na Terra, cumprindo orientação do Pai e a esta se submete humildemente. Ainda nos fala do amor que o Pai para com o filho e, por esse amor, ensina-lhe tudo o que deverá fazer.

Remete-nos à necessidade de nos mantermos humildes e obedientes às Leis Maiores, oferecidas a nós por Deus, como Jesus o fez.

Com relação à passagem em que diz sobre o Pai levantar os mortos e lhes dar vida, poder conferido ao Filho, certamente refere-se à vida espiritual. O mostrar-nos o caminho para a evolução do espírito a partir das reflexões sobre os ensinamentos, promover o autoconhecimento e a reforma moral.

João 5:22-30

Porque o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o julgamento, para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.

Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida.

Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.

Pois assim como o Pai tem vida em si mesmo, assim também deu ao Filho ter vida em si mesmos; e deu-lhe autoridade para julgar, porque é o Filho do homem.

Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.

Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

Considerando-se que o Filho (Jesus) foi enviado pelo Pai, a nossa obediência ao Pai passa pela obediência aos ensinamentos oferecidos pelo Filho (Jesus).

Se não honrarmos o Filho, também não estaremos honrando o Pai que o enviou e orientou quanto à missão que deveria cumprir entre nós.

O poder de julgar conferido a Jesus certamente não corresponde ao de condenar, pois Jesus não condenou ninguém, tão-somente fazia uma leitura do comportamento daqueles com quem convivia e ofereceu a cada um deles a reflexão de que necessitava para fazer sua reformulação de vida e realinhar o seu caminho em direção à luz.

João 5:31-43

Se eu der testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro.

Outro é quem dá testemunho de mim; e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro.

Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade; eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto para que sejais salvos.

Ele era a lâmpada que ardia e alumiava; e vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz.

Mas o testemunho que eu tenho é maior do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que faço dão testemunho de mim que o Pai me enviou.

E o Pai que me enviou, ele mesmo tem dado testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua forma; e a sua palavra não permanece em vós; porque não credes naquele que ele enviou.

Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; mas não quereis vir a mim para terdes vida!

Eu não recebo glória da parte dos homens; mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus.

Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, a esse recebereis.

Referindo-se a João Batista, muito respeitado à época e que já falava sobre a vinda do Messias.

Jesus volta a salientar que sua missão era por orientação do Pai e, por isso, o próprio Pai é que dava testemunho sobre ele (Jesus). Não crer em Jesus era o mesmo de não crer no próprio Pai que o enviou.

As pessoas estudavam as Escrituras e criam na veracidade do que ali encontravam. No entanto, não viam nele (Jesus) o Messias que viera para oferecer-lhes vida.

Percebia Jesus que faltava em seus corações o amor a Deus. Eles não tinham Deus com eles, pois ainda não O haviam aceitado de forma verdadeira em seus corações.

João 5:44-47

Como podeis crer, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus?

Não penseis que eu vos hei de acusar perante o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais.

Pois se crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim ele escreveu.

Mas, se não credes nos escritos, como crereis nas minhas palavras?

O texto é claro por si mesmo.

Apesar de estarmos em um nível de evolução em que damos mais importância aos prazeres e glórias materiais, Jesus não nos condena.

O amor de Jesus, e do Pai que o enviou, proporcionam a todos nós as oportunidades e o tempo que forem necessários para que alcancemos o patamar espiritual a que se referiu Jesus: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial..” (Mateus 5:48)

Quando Jesus disse:

Pois se crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim ele escreveu.

Mas, se não credes nos escritos, como crereis nas minhas palavras?

Na realidade, creio que ele estava se referindo às Leis de Deus que estão escritas na nossa consciência, e a todo o tempo alerta-nos por nosso comportamento inadequado. Nós temos o conhecimento do bem e do mal, no entanto, ainda nos deixamos levar por atitudes que dificultam nossa evolução espiritual, como seria de se esperar e desejar.

JOÃO 6:44-46 – Jesus é o pão da vida para os que crêem

Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.

Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.

Não que alguém tenha visto o Pai, senão aquele que é vindo de Deus; só ele tem visto o Pai.

“O aprender com Deus é vir a conhecer os fundamentos das Leis Universais, os ensinamentos trazidos por Seu enviado, Jesus, o Cristo, e aplicá-los em nossas vidas.

É verdade que, de início, essa prática se dará como um exercício de disciplina e determinação, tendo em vista o nível evolutivo em que ainda nos encontramos. Mas o exercício constante dessa prática no internalizar os conceitos de tal forma que, a partir de determinado momento, nossas ações serão coerentes com os ensinamentos evangélicos de forma natural, espontânea.

Esse nível de conscientização do aprendizado passa, inevitavelmente, pelo conhecimento de si mesmo. Ao darmo-nos conta da essência do Evangelho do Cristo passaremos a nos observar melhor – comportamento, valores, conceitos, emoções, sentimentos – e identificaremos em que ainda precisamos melhorar para efetivamente termos coerência entre o que estamos a aprender e o nosso agir. É a efetivação do aprendizado em nossas vidas.

Poderemos então afirmar que conseguimos ser ensinados por Deus e estamos com Jesus, o Cristo.

Com relação ao contido no Evangelho de João: “E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia.” (João 6:39), como podemos interpretar?

Sabemos que são esses os níveis de evolução dos mundos habitados: Mundo Primitivo; Mundo de Expiação e Provas; Mundo de Regeneração; Mundos Ditosos; e Mundos Celestes ou Divinos.

A interpretação que podemos inferir dos ensinamentos doutrinários, com relação ao referido por João: “mas que eu o ressuscite no último dia.” (João 6:39), é o de quando estaremos prontos para o encontro com Deus no Mundo Celeste, ou Divino. É quando teremos aprendido e exercido os ensinamentos oferecidos por Deus, através do Cristo. Estaremos plenos para esse encontro.

Nós queremos ser felizes, mas acreditando que a felicidade está nas coisas materiais. Precisamos nos conscientizar de que a felicidade verdadeira está na espiritualização de nossa Alma, através do aprendizado constante e do exercício desse aprendizado.

Nós almejamos a libertação dos males, das dificuldades, do sofrimento. Lembremo-nos do que Jesus nos disse, como escrito em João: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” (João 8:32). Conhecer a verdade é deixar-se ensinar por Deus, através de Jesus, o Cristo.” (2)

(1) JOÃO 5

  • Cura dum paralítco de Bethesda
  • 1 Depois disso havia uma festa dos judeus; e Jesus subiu a Jerusalém.
  • 2 Ora, em Jerusalém, próximo à porta das ovelhas, há um tanque, chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco alpendres.
  • 3 Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados [esperando o movimento da água.]
  • 4 [Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.]
  • 5 Achava-se ali um homem que, havia trinta e oito anos, estava enfermo.
  • 6 Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ficar são?
  • 7 Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que, ao ser agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
  • 8 Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda.
  • 9 Imediatamente o homem ficou são; e, tomando o seu leito, começou a andar. Ora, aquele dia era sábado.
  • 10 Pelo que disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito.
  • 11 Ele, porém, lhes respondeu: Aquele que me curou, esse mesmo me disse: Toma o teu leito e anda.
  • 12 Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda?
  • 13 Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se retirara, por haver muita gente naquele lugar.
  • 14 Depois Jesus o encontrou no templo, e disse-lhe: Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.
  • 15 Retirou-se, então, o homem, e contou aos judeus que era Jesus quem o curara.

(2) Do livro Evangelho é Amor – Reflexões Evangélicas, Capítulo “Cristo em nossas vidas… Nossas vidas com Cristo”, Elda Evelina, Bookess Editora www.bookess.com.br

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