Reflexão sobre o espírito na infância da vida terrena

Posted por em 18 out 2014

ImgCapaSite-EvangelhoAmorEstudo oferecido na Casa do Caminho, Guará II, em 18-10-2014

Áudio da palestra (mp3) – Criança, na visão espírita

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Uma criança é preparada para nascer.

Pensamos em um ser que poderá proporcionar grandes mudanças.

Quem é? De onde vem?

Indagações mil nos surgem, por vezes é difícil conceber que um ser tão pequenino possa promover transformações em nossas vidas!

Para a mãe, o desenvolver dentro do seu corpo parece mágico. É a vida que se expressa dentro da vida. Conexões ocorrem, troca de emoções nem sempre percebidas ou identificadas por aquela que carrega dentro de si um outro ser.

No entanto, a vida que toma forma percebe e sente todas as emoções daquela que a envolve, sejam sentimentos bons ou não, alegria ou tristeza, acolhimento ou desprezo.

Se sentimentos bons, logo se fará uma relação de afeto e aceitação. Se emoções negativas, logo surge um processo de rejeição, seja do ser que envolve, seja do ser envolvido.

É um fato de que devemos ter sempre consciência.

Para alguns, esse ser está surgindo para o mundo nesse momento. Uma alma nova que nunca teve experiências em corpo.

Para outros, uma alma de experiência única que nada trouxe e nada levará do que aqui experienciou.

Para aqueles que acreditam na multiplicidade das experiências da alma, seja em plano físico, seja em plano sutil, aquele ser que ora se desenvolve é um espírito que transitou por culturas e povos em diferentes momentos e circunstâncias. Traz em si um grande cabedal de conhecimentos, sejam empíricos ou científicos; desenvolveu emoções positivas ou não.

Suas experiências podem ter sido traumáticas, o que poderá resultar em atitudes agressivas, trazendo dificuldades para seu novo momento de vida, que nem sempre ocorrerá com companheiros de jornada com quem se identifica de forma agradável. Podem ter sito positivas, prazerosas e com belas realizações. Neste caso, a nova experiência que se inicia terá como referência esse viver com repercussões bem positivas a impulsionar esse ser.

Há um leque de opções para esse conviver, mais amplo do que possamos imaginar.

Para os que acreditam em uma jornada em vários planos e momentos, essa experiência remete a várias reflexões:

– Já conheço esse ser? Qual a relação que ele tem comigo ou eu com ele?

– Quais compromissos assumimos na programação desse encontro?

– Será uma convivência por expiação, por prova ou por reparação? Ou um reencontro para que juntos possamos realizar algo de importante?

– Terei condições de vencer os desafios que se apresentarão à minha frente?

Essas reflexões são válidas, pois demonstram uma preocupação em buscar acertos.

No entanto, há preocupações mais importantes como o compreender qual a melhor forma de conduzir essa experiência!

Qual o papel daquele que recebe esse ser? Qual a melhor forma de lidar com a convivência?

Diz-nos a Doutrina Espírita que, dependendo do grau de conhecimento e de preparo moral, podemos ter parte na programação da nossa próxima existência física. Isso requer estar identificado com as necessidades que temos de acertos com os companheiros da nova jornada em corpo físico, o que precisamos e pretendemos aprender com eles, estarmos preparados para eventuais embates decorrentes de divergências de quaisquer espécies.

No caso de não se ter o preparado moral e emocional adequado, somos levados a ter, à nossa revelia, experiências que o Plano Espiritual identifica como a melhor oportunidade que nos poderão proporcionar o aprendizado requerido, os acertos mais necessários e possíveis.

O que é mais importante nessa busca pelo entendimento do que ocorre é ter a certeza de tudo estar de conformidade com a programação maior para o nosso caminhar – a evolução espiritual.

Voltando à questão da criança que está em processo de desenvolvimento físico, vale reforçar que a preparação para essa experiência se dá desde antes da fecundação.

Com relação à capacidade desta criança, dizem-nos os espíritos respondendo à questão 379 em o Livro dos Espíritos:

A infância

379. É tão desenvolvido, quanto o de um adulto, o Espírito que anima o corpo de uma criança?

“Pode até ser mais, se mais progrediu. Apenas a imperfeição dos órgãos infantis o impede de se manifestar.” (…)

Importante também registrar o que nos diz o Evangelho Segundo o Espiritismo sobre o como se manifesta o espírito que se apresenta fisicamente na infância – Capítulo VIII, item 4:

“Pois que o Espírito da criança já vive, por que não se mostra, desde o nascimento, tal qual é? Tudo é sábio nas obras de Deus. A criança necessita de cuidados especiais, que somente a ternura materna lhe pode dispensar, ternura que se acresce da fraqueza e da ingenuidade da criança. Para uma mãe, seu filho é sempre um anjo e assim era preciso que fosse, para lhe cativar a solicitude. Ela não houvera podido ter-lhe o mesmo devotamento, se, em vez da graça ingênua, deparasse nele, sob os traços infantis, um caráter viril e as ideias de um adulto e, ainda menos, se lhe viesse a conhecer o passado.”

Há maneiras diferentes de se olhar para esse fato de a criança ser frágil tão somente por ainda estar em um corpo que requer cuidados. O espírito que a conduz pode ter mais experiências do que os adultos com quem conviverá na jornada terrena.

No entanto, a possibilidade de esta criança ter mais experiências do que o adulto que a acolhe não implica, necessariamente, em ela ser mais evoluída moral e espiritualmente. Poderá tão-somente ser mais capacitada intelectualmente, mas estar comprometida por desvios de comportamento em outras vidas e vir a experienciar essa nova jornada a fim de aprender sobre as leis morais e relacionamento familiar e social mais equilibrado. Enfim, aprender mais sobre as Leis de Deus.

Em casos assim, grande é a responsabilidade daqueles que se propõem a acolher esse ser. Os adultos que com ele irão viver poderão, em contrapartida às parcas aquisições intelectuais na presente jornada, serem espíritos evoluídos moral e espiritualmente e se prontificam a participar do processo educacional dessa criança para proporcionar a ela a descoberta de novos níveis de conhecimento e, principalmente, o evangelho do amor.

Há uma reflexão em o Evangelho dos Humildes, quando o autor aborda a passagem em que Jesus disse: “Deixai venham a mim as criancinhas.” Rigonatti nos esclarece: Estas palavras de Jesus também são uma ordem, para que as crianças sejam instruídas em seu Evangelho, desde pequeninas. Embaraçar as crianças e mesmo repeli-las para que não se acerquem de Jesus, simboliza a indiferença dos pais em não cuidarem da educação evangélica de seus filhinhos. Proceder assim é um erro de lamentáveis consequências espirituais; porque os pais se esquecem de indicar aos filhos o caminho que facilmente os conduziria a Deus.”

O aprendizado do espírito em a infância terrena tem dois aspectos a mencionar: a educação e a instrução.

A educação compete desde o início ao instituto da família. Ali se instala a pedra fundamental na formação do ser. Depois, dar-se-á a continuidade na escola, onde acrescentar-se-á a contribuição intelectual e as experiências sociais aprendendo a se relacionar com outras pessoas fora de seu círculo familiar, onde buscará aprender e exercitar a fraternidade, o desapego, a colaboração, o desprendimento, a compreensão, a compaixão, por exemplo.

O processo educativo tem como objetivo o intercâmbio de aprendizagem. Tem-se que levar em conta o conteúdo a ser oferecido, os métodos e a finalidade a que se propõe, quando se restringe à instrução.

A educação não deve estar restrita a formar hábitos e desenvolver a capacidade intelectiva, mas principalmente manter-se de forma dinâmica na troca de experiências, tendo em vista as necessidades do conviver em sociedade e a autorrealização daquele a que propõe educar.

Os métodos a serem utilizados no processo educativo deverão ser adequados às condições mentais e emocionais do aprendiz. Não deverá ser um simples impor do material didático, como também não ter como dinâmica um processo repetitivo. O educador deverá motivar o aprendiz às próprias descobertas, permitindo que ele desenvolva seus métodos de apreensão do conteúdo oferecido.

Ao começar a redescobrir o mundo e se reidentificando com o que a cerca, a criança costuma repetir atitudes que lhe são familiares, ou que lhe tenham proporcionado prazer ou tenham provocado a sua queda em vidas anteriores.

As tendências que demonstram, aptidões e percepções são expressões de sua memória que se apresentam de forma inconsciente.

O Espiritismo traz grande contribuição para os pais que acolhem e compreendem os princípios doutrinários.

Aquele que estuda e tenta compreender os fundamentos das vidas sucessivas terá mais facilidade para perceber as nuances, por mais sutis que sejam, do comportamento daquele espírito que se encontra na infância do processo reencarnatório.

Compreendendo que ali se encontra um ser em processo de aprendizado e que traz experiências que lhe possam proporcionar até mesmo sofrimento interior, sem que ainda venha a ter delas consciência, poder-se-á encontrar uma forma de melhor abordar questões que porventura venham a ocorrer e, portanto, proporcionar oportunidades mais efetivas de ajustes e acertos que promoverão a evolução daquele ser em menor espaço de tempo.

Importante voltar a registrar que grande é a responsabilidade daqueles que acolhem uma criança em seu lar ou ao seu convívio social.

Diz-nos Joanna de Ângelis: “O lar constrói o homem. A escola constrói o cidadão”. Diz ainda: “A educação encontra no Espiritismo respostas precisas para melhor compreensão do educando e maior eficiência do educador no labor produtivo de ensinar a viver, oferecendo os instrumentos do conhecimento e da serenidade, da cultura e da experiência aos reiniciantes do sublime caminho redentor, pelos quais os tornam homens voltados para Deus, o bem e o próximo.” (Estudos espíritas, Joanna d Ângelis, por Divaldo franco)

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Missão de amar

Enquanto preparava-me para nascer,

Em mil questões a refletir,

Buscava no meu íntimo sentir

Razões pelas quais devesse viver.

Dúvida, desejo, emoção,

A todo momento vibrando em mim,

Sabia precisar vir, sentir a vida, por fim.

Era grande o querer no meu coração.

Viria como mulher, experiência na dor.

Querer realizar, conquistar, vencer.

Também viria a emoção de viver

A experiência da beleza do amor.

Amor que conforta, acolhe,

Compreende, ensina, emociona.

Amor sem reservas, que não condiciona

O dar com o receber, liberta e não tolhe.

Entre nós, os seres em evolução,

Há um só amor que se faz presente quase como mito,

Por fazer-se maior do que a dor e o conflito,

É o amor de um grande coração.

Assim, pedi para nascer e aprender a amar.

E para que eu pudesse realmente aprender,

Deus deu-me Seres, maravilhosos, que me ensinaram,

Em cada momento de dor e de dúvidas,

Que além do amor de Mãe também podemos encontrar

O amor filial, verdadeiro, em espíritos especiais

Que vêm como filhos para nos ensinarem a amar.

Um Comentário

  1. 19-10-2014

    Lendo as considerações acima, foram tantas as lembranças da minha experiência como mãe! Amor, carinho, afeto, responsabilidade, dever, compromisso, mesmo não tendo, à época, nenhum conhecimento da Doutrina e/ou Evangelho que tão bem aborda e esclarece o assunto. Hoje, consciência tranquilos em relação à formação que proporcionamos ao nosso filho e que por sua vez já é pai também.
    Mandei o texto da mensagem para eles, pois é muito esclarecedora!

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