Posted por em 12 out 2014

Olhar verde amareloNós temos nos acostumado a conviver, desde o Brasil colônia, com uma sociedade em que as pessoas que detêm o poder, seja político, econômico ou intelectual, colocam-se como em um pedestal, olhando as outras pessoas com um olhar altivo, como fossem melhores, mais importantes.

Esse tipo de sociedade vige, de certa forma, até hoje, onde o poder político se mantém quase inteiramente nas mãos das mesmas pessoas, ou melhor, das mesmas famílias, de uma forma mesmo arrogante como se só a elas tivessem sido delegados os direitos de estarem em situações de comando e a todos os outros só restasse a condição de comandados e servos.

No entanto, muitos não percebem que o mundo está mudando, as pessoas estão tomando mais consciência de que essa realidade anterior está sendo transformada em razão do acesso maior ao estudo (ainda que não tenhamos alcançado o ideal); à capacidade intelectiva, que proporciona maiores e melhores percepções do que há à volta e do onde poderemos chegar; consciência dos direitos que foram conquistados, sem prejuízo do respeito aos deveres que cabem a cada um para a manutenção de uma sociedade equilibrada.

Aqueles que aprenderam que deveriam manter-se de forma hegemônica, dominando as outras pessoas pela força do poder – político, econômico ou intelectual – não querem abrir mão disso. É a força que exerce sobre eles o orgulho, a vaidade, a ambição, por exemplo. Têm receio de perderem esse status quo, pois sabem que o poder político e o intelectual podem mudar a partir da elevação da condição consciencial do povo, o perceber que pode ser alcançada a possibilidade de lutar pelos direitos e conquistar um novo patamar na condução da história do País. A partir de então, também abre-se a possibilidade da mudança da condição econômica, pois novas oportunidades são proporcionadas àqueles que se esforçam na busca de mudanças mais sólidas em suas vidas.

Quando se procura elevar o padrão econômico-financeiro de um povo; seu acesso às melhorias que a tecnologia proporciona; dar condições mais humanas de viver onde até bem pouco tempo se via um povo sem acesso a necessidades básicas – ainda muito longe do ideal, mas se tenta oferecer o que lhes é de direito –; fazer florescer nas mentes do povo a alegria de poderem fazer o que há séculos lhes tem sido negado; o abrir novos horizontes de oportunidades e de olhares sobre o que se poderia ter disponível para um viver melhor… isso acaba por incomodar aqueles que se acostumaram a só eles terem esses direitos e não querem ceder o que lhes considera de direito inalienável, intransferível.

São tempos de mudanças, estruturais e não somente superficiais. Não pode ser algo somente de discurso, tem que ser de ação efetiva. O discurso não muda nada, são palavras que, como se costuma dizer, o vento carrega. As ações é que devem ser consideradas, elas é que promovem as transformações.

Observemos as ações e procuremos identificar as que promovem ou poderão promover o melhor para a sociedade em que estamos inseridos. De outro lado, procuremos identificar também as que, no passado remoto e ou mais recente, são nitidamente dirigidas para que se mantenha uma realidade de manutenção de um poder que não quer abrir mão do seu domínio e muito menos disponibilizar conquistas sociais, tecnológicas e políticas.

A decisão é pessoal e deve ser resultado de uma reflexão séria, consciente, equilibrada, sustentada no conhecimento, em informações fidedignas, para que se alcance um resultado que verdadeiramente corresponda ao que cada um entenda ser o melhor.

O que devemos é não acolher, sem reflexão, sugestões de outras pessoas com conceitos, preconceitos, valores, bases culturais, filosóficas ou religiosas, ou qualquer que seja a sustentação de suas decisões, quando diferentes das nossas, por simplesmente nos parecerem bonitas e de discurso aparentemente lúcidos, mas não se coadunando com o que esperamos como resultados de nossas decisões. Nossas escolhas devem corresponder aos nossos anseios. Como disse anteriormente, correspondam ao que verdadeiramente entendemos ser o melhor.

Se ouvimos ou percebemos alguma linha de pensamento que de início nos pareça interessante, primeiro vamos analisar todos os aspectos subjacentes ao que nos é oferecido e tomarmos partido após uma conscientização baseada em profunda reflexão.

Uma decisão implica em responsabilidade, obrigações e resultados.

Quando tomarmos decisões, sejam envolvendo aspectos simplesmente pessoais, ou familiares, e principalmente sociais, estejamos prontos a assumir a responsabilidade, poder cumprir as obrigações dali resultantes e administrar as consequências delas decorrentes.

Sejamos autênticos, conscientes, responsáveis, justos, coerentes, imbuídos de bom senso e vontade de acertar, não só em favor de nós mesmos, de interesses pessoais, mas principalmente em favor de uma sociedade mais justa onde o direito prevaleça para todos, independente de classe social, econômica e cultural.

Paz, luz e bênçãos para todos nós.

 

 

 

4 Comentários

  1. 12-10-2014

    Acho que em todos os tópicos muito bem abordados a consciência de cada um é que deve prevalecer!

  2. 13-10-2014

    Concordo, em grande parte, com você. Só a educação, a liberdade da sociedade – aí incluída a de ir e vir, da imprensa, de escolher seus governantes, etc – poderá levar o povo e o país a um estágio mais alto de desenvolvimento e felicidade. O domínio econômico, político ou intelectual de alguns sobre os demais, no meu entender, é uma consequência natural dessa falta de educação. Por falta de cultura/educação, o grande número de informações que hoje toda a população consegue acessar (rádio, tv, celular, computador, etc), se perde, provoca poucos bons efeitos nela, justamente pela limitação de entendimento, de raciocínio, de análise, da ausência preocupação com seu futuro (imediatismo) e do país, o que é a mesma coisa, pois se o futuro não a atingirá, não se pode dizer o mesmo dos seus entes queridos.

    Um grande abraço
    Nilson

    • 13-10-2014

      É isso, amigo, precisamos investir mais na educação, na informação de qualidade sem manipulação dos dados, na formação ética e moral. Só assim formaremos um povo mais lúcido e capaz de tomar suas próprias decisões com segurança.
      Uma Nação fortalecida e promissora só se fará dessa forma.
      Não podemos nos manter com o discurso de um País sem futuro, sem esperança. Lembrando o grande mestre Paulo Freire, precisamos mais do verbo esperançar, é a esperança com atitude de busca pela realização, e não do verbo esperar quando ficamos simplesmente esperando pela ação do outro, sem efetivo empenho na busca pela transformação.
      Com grande carinho, um abraço fraterno ao amigo.

  3. 16-10-2014

    SE BEM ENTENDI NAS SUAS ENTRELINHAS, MUITO BEM COLOCADAS, ELDA, PENSAMOS DA MESMA FORMA.
    TENHO OUVIDO DIZER, E MUITO, QUE O GOVERNO ATUAL, DO POVO, PRECISA SER MUDADO POIS JÁ ESTÁ HÁ MUITO TEMPO ANCORADO NO PODER.
    SEMPRE ME ESPANTO AO OUVIR ISTO, SINCERAMENTE, JÁ QUE NUNCA OUVI A MESMA COISA SER DITA A RESPEITO DAS OLIGARQUIAS, QUE DESDE PRISCAS ERAS VINHAM COMANDANDO O PAÍS, E QUE AGORA, MAIS DO QUE NUNCA, ESTÃO ÁVIDAS POR TOMAR AS RÉDEAS NOVAMENTE.
    PARECE, COMO VC DISSE, QUE SÓ ELAS E SEUS DESMANDOS TÊM O DIREITO DE IMPERAR POR PRAZO INDETERMINADO.
    ENFIM, ROGO AOS CÉUS QUE O POVO NÃO SE TENHA ESQUECIDO DO HORROR PELO QUAL PASSOU SOB O JUGO DE FHC (AGORA TÃO CONSULTADO, NÃO É MESMO?), E QUE VEJA COMO MINAS GERAIS JÁ DEU AS COORDENADAS DO BOM CAMINHO A SEGUIR. FIQUEMOS ESPERTOS (NO BOM SENTIDO)!
    GRANDE ABRAÇO, SAÚDE E PAZ,
    MARILIA

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