Posted por em 30 out 2017

Aprender com o Mestre - Ilustração msg siteEstudo apresentado na FEB Federação Espírita Brasileira, em 30-10-2017

Áudio do estudo (mp3) – Diálogos de Jesus com os Fariseus – Sinais do Céu

Folheto distribuído ao público – Dialogo de Jesus com os Fariseus-Sinais do céu (PDF)

separador-AprenderMestre

Reflexões iniciais sobre as palavras de Jesus

Nos estudos sobre os diálogos de Jesus, com os Fariseus, temo-nos expressado de forma muito intensa sobre as palavras de Jesus, escritas nos Evangelhos.

Quando lemos um texto em voz alta, podemos falar dando entonações várias, dependendo do nosso olhar sobre o texto, dando maior ou menor intensidade ao tom da nossa voz, valorizando mais ou menos algumas das palavras e, dependendo da nossa interpretação ou interesse, dar sentidos diferentes ao que poderia estar sendo dito naquela oportunidade.

Assim é que eu vejo essa questão dos diálogos de Jesus com os Fariseus.

Quando Jesus diz:

– como está escrito em Mateus 16:4 “Uma geração perversa e adúltera” (…);
– ou em Lucas 12:56 “Hipócritas,” (…)

Podemos ler este texto em voz alta de várias formas:

– lendo tão somente, não oferecendo valor melódico que dê, às palavras perversa, adúltera ou hipócrita, valoração mais intensa da que estivera na intenção de quem as proferiu;
– ou podemos, ao ler as frases, dar maior destaque a estas palavras, ao oferecer intensidade que mostre intenção de rejeição ou raiva.

Graficamente, utilizando recursos que hoje são correntes nas redes sociais ou em outros textos informais, poderíamos nos expressar, no caso da frase em Mateus:

– “geração perversa e adúltera”, representando um dizer natural, tão somente mostrando como estaríamos interpretando o comportamento observado, sem dar conotação de revolta ou desprezo; ou
– se escrevêssemos as mesmas palavras em “caixa alta” (maiúsculas) estaríamos oferecendo uma conotação violenta às mesmas palavras.

Da mesma forma quanto ao texto em Lucas: “Hipócritas”, caso também utilizássemos o recurso da “caixa alta”.

Esse tipo de atitude estaria coerente com o nosso nível evolutivo. Por vezes, ainda sentimos a necessidade demonstrar nossa revolta, raiva, emoções, exteriorizadas através da entonação e no volume da voz.

Um Ser elevado, assertivo (1) em suas atitudes, pleno Amor, não viria a exteriorizar seus sentimentos com atitudes que tais.

Vale a pena refletirmos sobre qual é a imagem que fazemos de Jesus. Como ele está no nosso conceito?

Encontramos no Livro dos Espíritos:

624. Qual o caráter do verdadeiro profeta?

“O verdadeiro profeta é um homem de bem, inspirado por Deus. Podeis reconhecê-lo pelas suas palavras e pelos seus atos. Impossível é que Deus se sirva da boca do mentiroso para ensinar a verdade.”

625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?

“Jesus.”

Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava. Quanto aos que, pretendendo instruir o homem na lei de Deus, o têm transviado, ensinando-lhes falsos princípios, isso aconteceu por haverem deixado que os dominassem sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regulam as condições da vida da alma, com as que regem a vida do corpo. Muitos hão apresentado como leis divinas simples leis humanas estatuídas para servir às paixões e dominar os homens.”

Diante do que nos colocam os espíritos que inspiraram Kardec, ao produzir o Livro dos Espíritos, como poderíamos crer que Jesus tivesse dito o que mencionamos acima, em os dois evangelistas, expressando-se de forma violenta?

Considerando o Ser Crístico que habitava o Homem Jesus, veremos ali um mentor, orientador, Mestre, como referimo-nos a ele. Rabi, como fora chamado pelos judeus à época – Rabi, no Judaísmo, significa professor e mestre, ou literalmente grande. A palavra Rabbi – Meu Mestre -, deriva da raiz hebraica Rav, que no hebraico bíblico significa grande ou distinto, em conhecimento.

Um Mestre da envergadura moral de Jesus deverá ter dito essas frases, no nosso entendimento, de uma forma natural, como um Mestre de Amor realmente deve se expressar, como a chamar a atenção de alguém por um comportamento inadequado ali observado, tentando levar ao aluno uma lição, oportunizando revisão de conceitos e atitudes, visando a reformulação de seu entendimento e de sua vida.

Entendimento sobre a solicitação dos fariseus a Jesus

Seguindo o estudo sobre o texto oferecido para interpretação – os fariseus e os saduceus aproximam-se de Jesus e pedem-lhe um sinal do céu.

Emmanuel, no texto Demonstrações (2) traz com muita propriedade a interpretação do versículo encontrado em Mc 8:11, remetendo-a aos tempos atuais quanto ao comportamento de muitos de nós praticamente exigindo sinais do céu, como fizeram os fariseus à época de Jesus dizendo:

“E saíram os fariseus, e começaram a disputar com ele, pedindo-lhe, para o tentarem, um sinal do céu.”

Ainda hoje muitos de nós, Cristãos, precisam das provas materiais para crermos.

Emmanuel afirma, até mesmo, que:

“Médiuns e companheiros outros, em grande número, não se precatam de que os pedidos de demonstrações celestes são formulados, quase que invariavelmente, em obediência a propósitos inferiores.”

Nós, trabalhadores na seara do Mestre, precisamos estar atentos às solicitações de sinais para que se possa vir a crer.

Alguns aprendizes da Boa Nova, achando-se em condições de prover resultados de interesse de alguns curiosos ou simpatizantes, colocam-se à disposição a atender certas requisições no âmbito da fenomenologia psíquica.

Considerando que no Evangelho as solicitações dos fariseus e saduceus foram interpretadas como tentações direcionadas ao Mestre, poderemos interpretar também como tentações, semelhante ao que ocorrera à época a que se refere a passagem em destaque.

Importante que os aprendizes dos ensinamentos de Jesus estejam atentos ao que lhes ocorre no íntimo. Saberem o que realmente lhes compete na jornada em que estão engajados para o trabalho.

Não lhes é competente buscar sinais para provocar fenomenologia para encantamento dos que lhes buscam para esse fim. Sua função é, com certeza, a de exercer atividade no ministério da fraternidade no meio em que está inserido. Buscar habilitar-se ao esclarecimento dos companheiros de jornada no seu tempo e no porvir.

Diz Emmanuel textualmente:

“Quem reclama sinais do Céu será talvez ignorante ou portador de má-fé; contudo, o seguidor da Boa Nova que procura satisfazer o insensato é distraído ou louco.”

Trabalhadores da Boa Nova devem, ao serem solicitados a apresentar demonstrações de ocorrências extraordinárias, cumprir a missão de esclarecer àqueles que o procuram. Estarem determinados, sim, a aprender cada vez mais com o Mestre sobre a vida que prometeu a todos nós – Vida abundante. Compartilhar os sinais de amor e de luz que Jesus nos ofereceu, ser firme, sólido e perseverante na fé, procurando resistir sempre a toda e qualquer circunstância que o levaria a fraquejar em sua missão de obreiros do Senhor.

(1) Assertividade – dizer o que pensa sem agredir. Ser assertivo sem ser pacífico, sem ser passivo.
(2) Vinha de Luz, Emmanuel, por Chico Xavier

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *