Posted por em 27 out 2017

Aprender com o Mestre - Ilustração msg siteEstudo oferecido no GFEIE, Sede da Asa Norte, em 27-10-2017

Áudio do estudo – Crianças nas moradas do Pai

Folheto distribuído ao público – Crianças nas moradas do Pai (PDF)

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Há vários aspectos que poderiam ser abordados dentro deste tema:
– somos espíritos que já vivenciaram inúmeras experiências em um corpo físico;
– a roupagem terrena, enquanto encarnados, expressa tão-somente a aparência que desenvolvemos enquanto na experiência material. Nascemos e passamos por várias fases como: recém-nascidos, bebês, crianças, adolescentes, jovens, moços, adultos e idosos. No entanto, é o mesmo espírito que nos anima e proporciona as vivências necessárias para nosso processo evolutivo;
– enquanto espíritos, sem a roupagem de um corpo, podemos nos expressar de forma diversa da que tivemos na vivência material anterior;
– é possível que, logo depois de havermos abandonado o corpo material, ainda venhamos a nos expressar com a aparência que tivemos na vida pregressa;
– dependendo da nossa capacidade evolutiva, conquistada ao longo do processo de aprendizado por várias encarnações, podemos até mesmo escolher como nos expressar enquanto desencarnados, dependendo das circunstâncias e necessidades que venham a se apresentar, principalmente para executar um trabalho.
Um outro ponto interessante a ser colocado é de que há muitas moradas na casa do Pai, como nos disse Jesus:
“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.”
Jo 14:2
Essas moradas estão na relação direta das conquistas evolutivas que tenhamos alcançado ao longo de nossas existências, seja no plano material, seja no plano espiritual. Por conseguinte, haverá várias nuances a serem consideradas quanto à aparência, tanto espiritual quanto dos corpos que estivermos ocupando para o desenrolar das várias existências.
Por vezes, estaremos em um corpo com aparência infantil. Em outros momentos em corpo com aparência de adulto e até mesmo de idoso. Isso não representa sermos, na condição de espíritos, uma criança, um adulto ou um idoso, é tão só uma circunstância daquele momento, naquela experiência ali vivenciada.
Quanto ao título deste estudo – Crianças nas moradas do Pai –, interessante lembrar que, transitando pelo Mundo de Expiações e Provas, todos nós somos ainda crianças sob o ponto de vista espiritual. Ainda falhamos em várias etapas da vida. Somos frágeis. Poderemos estar referindo-nos a nós mesmos nas inúmeras moradas do Pai não como nos apresentamos fisicamente, mas com relação a nossa condição moral e espiritual.
Com relação às crianças que estão aos nossos cuidados no plano físico, interessante refletir sobre como estamos nos conduzindo na condição de pais ou responsáveis.
Elas são como presentes do Pai para que venhamos a conduzi-las na jornada evolutiva. São compromissos assumidos muito antes de tê-las conosco no plano material. Há toda uma preparação que pode perdurar por anos ou até mesmo décadas.
Sabemos que passam por múltiplas experiências, seja em plano físico, seja em plano sutil, aquele ser que ora se desenvolve é um espírito que transitou por culturas e povos em diferentes momentos e circunstâncias. Traz em si um grande cabedal de conhecimentos, sejam empíricos ou científicos; desenvolveu emoções positivas ou não. Suas experiências podem ter sido traumáticas, o que poderá resultar em atitudes agressivas, trazendo dificuldades para seu novo momento de vida, que nem sempre ocorrerá com companheiros de jornada com quem se identifica de forma agradável.
Há um leque de opções para esse conviver, mais amplo do que possamos imaginar.
Algumas perguntas podem ocorrer-nos, como:
– Já conheço esse ser? Qual a relação que ele tem comigo ou eu com ele?
– Quais compromissos assumimos na programação desse encontro?
– Será uma convivência por expiação, por prova ou por reparação? Ou um reencontro para que juntos possamos realizar algo de importante?
– Terei condições de vencer os desafios que se apresentarão à minha frente?
Essas reflexões são válidas, pois demonstram uma preocupação em buscar acertos.
Diz-nos a Doutrina Espírita que, dependendo do grau de conhecimento e de preparo moral, poderemos ser parte na programação da nossa próxima existência física. Requer estarmos identificados com as necessidades que temos de acertos com os companheiros da nova jornada em corpo físico; o que precisamos e pretendemos aprender com eles; estarmos preparados para eventuais embates decorrentes de divergências de quaisquer espécies.
No caso de não termos preparo moral e emocional adequado, poderemos ser levados a ter, à nossa revelia, experiências que o Plano Espiritual identifica como a melhor oportunidade a nos poder proporcionar o aprendizado requerido, os acertos mais necessários e possíveis.
O que é mais importante nessa busca pelo entendimento do que ocorre é ter a certeza de tudo estar de conformidade com programação para o nosso melhor caminhar – a evolução espiritual.
Dizem-nos os espíritos respondendo à questão 379 em o Livro dos Espíritos:
A infância
379. É tão desenvolvido, quanto o de um adulto, o Espírito que anima o corpo de uma criança?
“Pode até ser mais, se mais progrediu. Apenas a imperfeição dos órgãos infantis o impede de se manifestar.” (…)
Diz o Evangelho Segundo o Espiritismo sobre o como se manifesta o espírito que se apresenta fisicamente na infância (1):
“Pois que o Espírito da criança já vive, por que não se mostra, desde o nascimento, tal qual é? Tudo é sábio nas obras de Deus. A criança necessita de cuidados especiais, que somente a ternura materna lhe pode dispensar, ternura que se acresce da fraqueza e da ingenuidade da criança. Para uma mãe, seu filho é sempre um anjo e assim era preciso que fosse, para lhe cativar a solicitude. Ela não houvera podido ter-lhe o mesmo devotamento, se, em vez da graça ingênua, deparasse nele, sob os traços infantis, um caráter viril e as ideias de um adulto e, ainda menos, se lhe viesse a conhecer o passado.”
Há maneiras diferentes de se olhar para esse fato de a criança ser frágil tão somente por ainda estar em um corpo que requer cuidados. O espírito que a conduz pode ter mais experiências do que os adultos com quem vivenciará na jornada terrena.
No entanto, a possibilidade de esta criança ter mais experiências do que o adulto que a acolhe não implica, necessariamente, em ela ser mais evoluída moral e espiritualmente. Poderá tão somente ser mais capacitada intelectualmente, mas estar comprometida por desvios de comportamento em outras vidas e vir a experienciar essa nova jornada a fim de aprender sobre as leis morais e relacionamento familiar e social mais equilibrado. Enfim, aprender mais sobre as Leis de Deus.
O aprendizado do espírito em a infância terrena tem dois aspectos a mencionar: a educação e a instrução.
A educação compete, desde o início, ao instituto da família. Ali se instala a pedra fundamental na formação do ser. Depois, dar-se-á a continuidade na escola  ̶  contribuição intelectual e experiências sociais. O aprender a se relacionar com outras pessoas fora de círculo familiar e exercitar a fraternidade, o desapego, a colaboração, o desprendimento, a compreensão, a compaixão, por exemplo.
O processo educativo tem como objetivo o intercâmbio de aprendizagem. Tem-se que levar em conta o conteúdo a ser oferecido, os métodos e a finalidade a que se propõe, quando se restringe à instrução.
A educação não deve estar restrita a formar hábitos e desenvolver a capacidade intelectiva, mas principalmente manter-se de forma dinâmica na troca de experiências, tendo em vista as necessidades do conviver em sociedade e a autorrealização.
Os métodos a serem utilizados no processo educativo deverão ser adequados às condições mentais e emocionais do aprendiz. Não deverá ser um simples impor do material didático, como também não ser um processo repetitivo. O educador deverá motivar o aprendiz às próprias descobertas, permitindo que ele desenvolva seus métodos de apreensão do conteúdo oferecido.
Ao começar a redescobrir o mundo e se reidentificar com o que a cerca, costuma repetir atitudes que lhe são familiares, que lhe tenham proporcionado prazer ou tenham provocado a sua queda em vidas anteriores.
As tendências que demonstram, aptidões e percepções são expressões de sua memória que se apresentam de forma inconsciente.
O Espiritismo traz grande contribuição para os pais que acolhem e compreendem os princípios doutrinários.
Aquele que estuda e tenta compreender os fundamentos das vidas sucessivas terá mais facilidade para perceber as nuances, por mais sutis que sejam, do comportamento daquele espírito que se encontra na infância do processo reencarnatório.
Compreendendo que ali se encontra um ser em processo de aprendizado e que traz experiências que lhe possam proporcionar até mesmo sofrimento interior, sem que ainda venha a ter delas consciência, poderá encontrar uma forma de melhor abordar questões que porventura venham a ocorrer e, portanto, proporcionar oportunidades mais efetivas de ajustes e acertos que promoverão a evolução daquele ser em menor espaço de tempo.
Importante voltar a registrar que grande é a responsabilidade daqueles que acolhem uma criança em seu lar ou ao seu convívio social.
Diz-nos Joanna de Ângelis (2):
“O lar constrói o homem. A escola constrói o cidadão”. Diz ainda: “A educação encontra no Espiritismo respostas precisas para melhor compreensão do educando e maior eficiência do educador no labor produtivo de ensinar a viver, oferecendo os instrumentos do conhecimento e da serenidade, da cultura e da experiência aos reiniciantes do sublime caminho redentor, pelos quais os tornam homens voltados para Deus, o bem e o próximo.”
Há um aspecto que gostaríamos de acrescentar ao tema – Crianças nas moradas do Pai. Como nos comportamos quando um espírito entregue aos nossos cuidados volta para a verdadeira Pátria ainda na condição de uma criança?
Precisamos estar sempre conscientes de que todos nós temos um caminho a seguir e este poderá ser, no plano material, de curta ou longa duração.
Muitas vezes observamos pessoas que perdem seus filhos e demonstram uma certa revolta por não mais poderem estar com eles. No entender dessas, de forma prematura. Encontramos no Evangelho Segundo o Espiritismo (2):
“Quando a morte ceifa nas vossas famílias, arrebatando, sem restrições, os mais moços antes dos velhos, costumais dizer: Deus não é justo, pois sacrifica um que está forte e tem grande futuro e conserva os que já viveram longos anos cheios de decepções; (…) Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa? Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. (…) Vós, que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações do vosso coração a chamar esses entes bem-amados e, se pedirdes a Deus que os abençoe, em vós sentireis fortes consolações, dessas que secam as lágrimas; sentireis aspirações grandiosas que vos mostrarão o porvir que o soberano Senhor prometeu. – Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. (1863.) “ 
Importante buscarmos entender como está a nossa fé e compreensão quanto às Leis Divinas e ao Amor do Criador por todos nós.
Compreender que o espírito que deixou o corpo físico continua sua jornada evolutiva, não obstante estar desligado da matéria densa com que cumpriu sua jornada entre nós.
Precisa estar livre para seguir em frente e melhor que não tentássemos prendê-lo a nós pelos laços do apego e do egoísmo.
A melhor prova de amor que poderemos oferecer a ele é acolher a vontade do Pai Criador e prosseguir com nossa experiência terrena. Sentiremos falta e saudade, por certo, mas não deveremos tentar manter o ente querido sob o controle dos nossos sentimentos menos nobres.
A Doutrina Espírita esclarece-nos, com muita pertinência, que conexões, na forma de clamores e chamamentos, podem implicar em obstáculos para o caminhar dos espíritos, seja em plano sutil ou até mesmo entre espíritos ainda em corpo material. São situações a que damos o nome de obsessão.
Por certo não queremos que o nosso amor tenha o perfil de um sentimento possessivo.
Amar significa querer que o ser amado seja feliz.
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(1) Capitulo VIII, item 4, de o Evangelho Segundo o Espiritismo
(2) Estudos espí­ritas, Joanna de Ângelis, por Divaldo franco 
(3) Capítulo V, item 21, de o Evangelho Segundo o Espiritismo

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