Posted por em 9 jun 2017

Aprender com o Mestre - Ilustração msg siteEstudo oferecido no Grupo Irmão Estêvão – Sede Asa Norte, em 9-06-2017.

Áudio do estudo – Interpretação… Reflexões

Folheto distribuído ao público – Interpretação… Reflexões (PDF)

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Como costumamos olhar à nossa volta e interpretar o mundo em que estamos inseridos?

Qual o nosso procedimento ao nos depararmos com alguma situação no dia a dia?

Somos acolhedores ou críticos? Uma ou outra dessas opções ocorre de forma mais exacerbada ou expressa-se de forma equilibrada em nós?

Quando observamos em nós atitudes veementes e repetitivas, costumamos fazer uma análise do que nos ocorre ou temos esse comportamento como normal e correto?

Temos a preocupação em nos conhecermos e buscar sermos pessoas melhores?

Nosso estudo tem como referência o texto “Interpretação” em o livro Seara dos Médiuns, de Emmanuel, por Chico Xavier.

O tema proporciona uma gama muito extensa de reflexões sobre várias situações que nos ocorrem ao longo da vida, principalmente no que se refere a relações interpessoais, valores e conceitos.

A interpretação sobre a vida, os valores éticos, os conceitos religiosos, passam, inevitavelmente, tanto pelo aprendizado intelectual, como pelo moral e ético. São conhecimentos que vão se agregando à nossa bagagem na jornada física e espiritual.

Quanto mais conhecimento e mais abrangente nossa capacidade de perceber o mundo, mais perspicazes nos tornamos para avaliar a nós mesmos, o mundo e tudo o que nele há ― as pessoas em suas mais diversas expressões, a Natureza, de que fazemos parte, como um todo.

A nossa condição de intérpretes da vida será muito mais eficaz, promovendo um diferencial em nós ― instrumentos e agentes de transformação.

Precisamos nos acostumar a olhar o mundo com olhos atentos, mesmo, ou principalmente, aos pequenos detalhes.

Qualquer informação é veículo de conhecimento e oportunidade de aprendizado.

A vida torna-se mais bela e útil quando percebemos a riqueza que nela existe. São detalhes que na maior parte das vezes passam despercebidos aos olhares pouco atentos e pouco interessados em aprender e admirar o que existe à volta.

Sermos capazes de interpretar um olhar, um gesto, uma palavra, sejam carinhosos ou mesmo agressivos ― pois que a agressão vem muitas vezes de uma angústia interior, contida e insuportável para aquele que se expressou naquele momento. Faz-se importante saber interpretar um ensinamento, uma contraposição de ideias ou de ideais.

O referido texto traz-nos percepções interessantes sobre várias situações que nos ocorrem. Reflitamos então a respeito de alguns pontos:

– sobre fenômenos – muito valor dá a eles o buscador do Espiritismo, por chamar-lhe a atenção, sendo ponto de referência para o neófito. Importante saber que o exercício da mediunidade não tem como fundamento a fenomenologia e sim a busca pelo aprendizado. O entendimento do que ocorre àquele que tem sensibilidade para expressar o intercâmbio com o mundo sutil. Interpretar o exercício da mediunidade é compreender sua ação como instrumento de renovação e compartilhamento entre as dimensões: material e espiritual;

– o uso da palavra – muito valor se dá ao uso de palavras intensas, pouco usais, denotando boa capacidade e conhecimento intelectualizado. No entanto, na seara do discípulo do Evangelho o que importa é a palavra que toca o coração, que promove transformações na Alma. A palavra que auxilia no entendimento e no discernimento. Há uma expressão de grande valor para o entendimento sobre a palavra: a boca fala do que está cheio o coração. A mensagem que queremos transmitir deve estar envolvida pelo amor e pelo bom entendimento;

–  muito se comenta que precisamos ter condições financeiras para o trabalho no bem, na caridade. Não obstante os valores materiais serem úteis no trabalho no bem, eles por si só não expressam sentimentos, nem auxiliam espiritualmente. O verdadeiro valor para o trabalhador na seara do Mestre é o espiritual. Conhecermos as palavras mais agradáveis aos ouvidos daqueles que estão sofrendo; sermos ternos e afáveis no contato com pessoas em situações de constrangimento e sofrimento; oferecermos um ombro amigo e um abraço acolhedor, por exemplo;

– vivemos em um mundo onde a competitividade se expressa a todo momento. Não é esse o tipo de atitude de que necessitamos para alcançar uma condição desejável no caminhar espiritual. O texto até lembra ser a competição um exercício que colabora para o alcance de mais habilidade em alguma atividade. No entanto, a concorrência não auxilia em uma maior capacidade de discernir e de interpretar melhor a vida e as nossas realizações, muito pelo contrário.

Ainda acrescenta que, para um viver mais digno e sermos fiéis ao Senhor, deveremos buscar em nossas vidas a paciência – que ajuda na construção do progresso -, a compreensão e o amor – o verdadeiro poder transformador à nossa disposição.

Vale refletir sobre alguns tipos de comportamento muito comuns.

Há um texto do filósofo, educador e artista Rudolf Steiner, que oferece reflexões esclarecedoras sobre o comportamento de muitos de nós a respeito da palavra e do pensamento:

“A maioria das pessoas não têm pensamentos e, geralmente, não se percebe essa lacuna lamentável. Por quê? Porque para perceber isso com seriedade, necessita-se precisamente do pensamento. Começamos chamando a atenção para o seguinte: aquilo que, em amplas esferas da vida, nos impede de ter pensamentos, é que as pessoas, todos os dias, não sentem o desejo de avançar até o pensamento, mas em vez disso, estão satisfeitas com a palavra. Normalmente, a simples discussão de palavras é levada como pensar: se pensa em palavras, e é assim muito mais do que imaginamos. Há muitas pessoas que, ao solicitar explicação sobre isto ou aquilo, se dão satisfeitas por qualquer palavra que lhes soe conhecida e lhes recorde isto ou aquilo; Tomam por “explicação” aquilo que a palavra lhes sugere e a recebem como se fosse um pensamento.”

Reflexões outras:

– acreditamos que tão-somente ler o Evangelho, seja do Novo Testamento, seja o Evangelho Segundo o Espiritismo, proporcionará conhecimento e base suficiente para nossa transformação espiritual. Não é assim que acontece. Precisamos nos deter no estudo, buscar a interpretação dos textos com lucidez e cuidado. Abstrairmo-nos de conceitos cristalizados, abrirmos nosso olhar a novos valores oferecidos nesse estudo e absorvermos o novo conhecimento aplicando-os em nossas vidas;

– também observamos muitas vezes que pessoas leem sobre a vida de personalidades dos livros, sejam romances, sejam de histórias do Evangelho e de livros espíritas, e depois creem que precisam comportar-se tal e qual, como testemunho de sua transformação moral. Enquanto nos preocuparmos no como nos expressamos, sem uma verdadeira interpretação dos textos e ensinamentos maiores, continuaremos sendo as mesmas pessoas com os mesmos valores, conceitos e crenças. A verdadeira transformação ocorre de dentro de nós para o exterior, só assim seremos autênticos no caminhar espiritual;

– pessoas que têm sensibilidade mediúnica mais expressiva e não buscam oportunidades para o estudo do que lhes ocorre, nem conhecer como se dá efetivamente o intercâmbio com o plano espiritual, têm a tendência de acharem-se mais espiritualizadas e deixam-se levar pelo ego que lhes “sopra”. Creem ser iluminadas ou mestres espirituais. Desviam-se de compromissos porventura assumidos quando no plano sutil. Perdem excelentes oportunidades para desenvolverem seus talentos e virem a ser efetivamente instrumentos valiosos para a espiritualidade maior e agentes de transformação no mundo em que estão inseridos;

– em complemento à reflexão anterior, vale acrescentar que muitos dos casos de comportamentos egóicos resultam em espíritos que se sentem protegidos, impenetráveis a qualquer influência negativa. Sem o perceberem, pela supervalorização do seu eu, tornam-se frágeis e susceptíveis a interferências espirituais de entidades que lhes querem utilizar como instrumentos de hábitos contrários aos dos ensinamentos preconizados pelo Amado Mestre;

– um dos comportamentos inseridos nesse particular é o sentirem-se grandes conhecedores das verdades eternas, como também veículos do mundo sutil mais evoluído. Quando lhes surgem ideias que lhes pareçam originárias de iluminação espiritual, assumem o papel de gurus, de mestres, e buscam adeptos para os conceitos e valores que pretendem disseminar. A personalidade egóica não permite um olhar claro e lúcido para interpretar o que lhes ocorre e deixam-se levar pelas aparências dos fatos e fragilidade dos pensamentos;

– há outras pessoas que, ao contrário, buscaram em sua vida, por anos a fio e com afinco, o estudo, a compreensão do Evangelho e dos ensinamentos maiores mas, passam a super valorizar o que conseguiram amealhar durante esse tempo. Tornam-se orgulhosas e vaidosas quanto ao nível intelectual que alcançaram. Em alguns casos, chegaram mesmo a conquistar valores espirituais com o trabalho dedicado ao bem e ao próximo. No entanto, o orgulho e a vaidade são tão expressivos em seu Ser que passam a acharem-se melhores do que os demais. É uma fragilidade ainda do Espírito que ali vive. Não percebe estarmos em um caminhar evolutivo e que cada um de nós tem particularidades diferenciadas, tendo conquistado patamares intelectuais e espirituais diferenciados, mas ainda deficitários. Precisamos do intercâmbio de informações, compartilhamento de aprendizados e distribuição de auxílio entre todos, indistintamente. Todos temos algo a oferecer, como também, todos temos algo a aprender;

– interessante também contemplar uma situação, nem sempre percebida por nós no dia-a-dia. É a formação de conceitos e valores de grupo constituído. É muito salutar que nos organizemos em grupos de estudo, facilita o intercâmbio de conhecimento e experiências. Precisamos estar atentos, no entanto, para o fato de em esses grupos criarem-se conceitos e valores como verdadeiros e indiscutíveis. É o orgulho e a vaidade em grupo. Há uma expressão usada para identificar essa maneira entendida como correta de pensar e agir: “mente de grupo”. Ficam tão cristalizados e arraigados a suas ideias que não permitem refletir-se sobre novas atitudes e conceitos que não estejam em conformidade com as regras instituídas. É uma maneira inadequada de interpretação dos direitos e deveres daquele que busca a verdade: ser solidário, indulgente, caridoso, humilde. Respeitar a diversidade e acolher novas ideias que proporcionam novos aprendizados e enriquecimento espiritual e intelectual do indivíduo;

– tendo um olhar ampliado para o conceito acima, podemos estender o da “mente de grupo” para o do “povo escolhido”. No que difere do item anterior é só o número de agregados, pois no fundo a ideia é a mesma. É uma comunidade que se vê como muito especial, merecedora de créditos inalienáveis. É uma expressão exacerbada de orgulho e vaidade. É um caminhar antagônico ao do que se espera de um discípulo do amor, da caridade e da fé. Aqui, mais intensa ainda, vê-se interpretação profundamente inadequada do Evangelho e dos ensinamentos do Mestre Jesus.

Se em algum dia crermos ter chegado ao ponto de estarmos prontos:

– sabermos tudo sobre o espiritismo, sobre o Evangelho, sobre os ensinamentos de que precisamos para alcançar o ápice da evolução;

– acreditarmos termos sido escolhidos para missões muito especiais e passarmos a assumir o papel de líderes espirituais.

– termos tanta convicção de que não temos mais nada a aprender no caminhar evolutivo…

Chegou a hora de pensarmos em começar tudo de novo, rever nossos conceitos e valores. Buscar o autoconhecimento com humildade e resignação. Assumirmos no âmago da Alma a responsabilidade e o compromisso de rever nossa interpretação sobre a vida e sobre nosso Ser verdadeiro… o Espírito em evolução que somos.

Em o livro Aprender com o Mestre – Sobre o amor, Elda Evelina, Bookess Editora

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